17 fevereiro 2005

Aeroportos angolanos degradados

Do Jornal de Angola (edição online, página Especial), de 17 de Fevereiro, retirei este artigo, sob o título “Aeroportos degradados” que pela preocupação que encerra merece ser lido, analisado e, porque não, comentado a quem de direito (por razões que nada têm a haver com qualquer política de bem-criticar os erros ortográficos, coloquei o artigo como o tirei).
Gasta-se tanto dinheiro para coisas tão fúteis (pelo menos no imediato) como colocar bilhetes electrónicos nos transportes públicos angolanos, quando nem a Intenet está devidamente expandida pelo país - e se esta é um factor primordial nos novos Índices de Desenvolvimento Humano…-; mas também se lêem aqui uns mimos...

Por não receberem obras de grande vulto, os aeroportos do país, na sua maioria, erguidos há mais de 50 anos, apresentam ainda uma imagem pobre, degradante, do ponto de vista de infraestruturas e inadequadas, do ponto de vista de operações aeroportuárias. Traçamos aqui o quadro real de 16, dos 18 principais aeroportos existentes em Angola.
Aeroporto Internacional “4 de Fevereiro”: Existe uma procura reprimida por parte de companhias aéreas internacionais que aguardam condições para utilizarem Luanda como escala dos seus voos. Neste momento tal não é possível, porque a sua placa tem uma capacidade diminuta para parqueamento de aeronaves. As salas de embarque e desembarque já não satisfazem a demanda.Ele necessita de intervenções urgentes para que seja liberto de muitas das suas deficiências e insuficiências e lhe seja reconhecido confiabilidade nacional e internacional. Trata-se de uma acção que não pode ser protelada por muito tempo sob pena de o mesmo entrar em rotura.
Os seus responsáveis precisam nesta fase de pelo menos 30 milhões de dólares para a reabilitação da pista, placa, aerogar e iluminação ao longo das bermas das duas pistas.Todavia, a mudança da sua imagem está praticamente dependente da execução do Plano Director Estratégico, aprovado há cinco anos pelo Governo, entretanto engavetado. A implementação desse programa é um imperativo pelo seguinte: possui 603 hectares de domínio público aeroportuário e com a remodelação passará a ter 1012 hectares. Presentemente naquele aeroporto são transportados cerca de 825 mil passageiros por ano, portanto menos de 1 milhão.Por exemplo, o aeroporto do Porto tem 320 hectares e transporta cerca de 2,3 milhões de passageiros /ano, o de Barcelona com 1200 hectares transporta cerca de 15 milhões de passageiros/ano.
Se considerarmos uma duplicação do tráfego de passageiros a cada período de 10 anos, é portanto de esperar que em 2010 teremos aproximadamente 2 milhões de passageiros/ano e no ano 2020, quatro milhões de passageiros.
Kuito: Não recebe aviões de médio e grande porte há mais de três anos. Em meados de 2003, a pista foi reparada e poucos dias depois voltou a degradar-se, o que levou a Presidência da República a mandar instaurar um inquérito para apurar os culpados da situação. Agora, o Ministério das Obras Públicas chamou a si a responsabilidade para a recuperação da pista. Mas até aqui, a coisa não anda nem desanda. Precisa também de intervenção no aerogar. O perímetro aeroportuário não tem vedação.
Huambo: Considerado a alternativa ao 4 de Fevereiro, o aeroporto Albano Machado, tem a pista operacional. Recebeu intervenção de vulto no aerogar, nas áreas de passageiros e de bagagem, bem como no edifício que alberga as áreas técnicas e administrativa. Não tem cadeiras, nem balcão de “chek in” e muito menos, tapetes rolantes. Durante os últimos anos recebeu algumas obras, a base de paliativos, nas áreas de serviço e na instalação do Protocolo de Estado. Necessita de 16 milhões de dólares para dotá-lo de duas pistas, sendo uma de “taxi way”.
Benguela: Está operacional, mas com algumas limitações, porque reclama por nova pista, estando a actual já cansada. O aeroporto não é vedado. Neste momento só recebe aeronaves de pequeno e médio porte. As de maior calibragem são obrigadas a aterrar no aeroporto militar da Catumbela.
Dundo (Lunda Norte): A sua pista está degradada e, como tal, precisa de trabalhos profundos. As obras até então feitas não foram consistentes, e quando chove ela fica coberta de buracos, provocados pelo peso das aeronaves. Neste momento, precisa de investimentos na ordem dos cinco milhões de dólares.
Mbanza Congo: Apesar de ser dos poucos aeroportos com vedação no país, não tem aerogar para acomodação dos passageiros. A sua pista está em bom estado, o que permite a aterrissagem e descolagem de aeronaves durante o dia.
Soyo: Por ser uma região de intensa exploração petrolífera, o seu aeroporto teve de ser equipado com meios de comunicação de ajuda à navegação aérea para atender a demanda. O grande “handicap” tinha a ver com a falta de vedação, coisa que, entretanto, vem sendo já solucionado desde a segunda quinzena do passado mês de Janeiro. Até Abril próximo, segundo previsões, o aeroporto do Soyo terá já a sua cercania, o que será uma mais valia para a segurança de navegação.Malanje: Está operacional, precisa de melhorias no seu aerogar, pois ainda apresenta sinais da guerra.
Uíje: Requer intervenção em todas as vertentes, desde a aerogar às áreas de movimento, nomeadamente a pista e placa. A sua reabilitação está enquadrada no Programa de Investimentos Públicos (PIP) a nível central. Há já estudos realizados visando a facilitação dos trabalhos.
Cabinda: Obras de grande vulto são feitas, com vista a dotar o seu aerogar de condições para satisfazer o tráfego local e regional. No entanto, a empreitada não corre a contento, está atrasada devido a falta de verba. Tanto quanto se sabe, o atraso dos trabalhos não permite saber com exactidão uma data para a sua conclusão. Noves fora a isso, o aeroporto mais ao Norte do país está em condições de realizar voos nocturnos e tem operacional um sistema de combate e extinção de incêndios.
Lubango: Está operacional, mas o seu aerogar reclama por uma intervenção de maior intensidade, a julgar pelo crescimento do tráfego. Não é tudo. Há problema de infiltração de água nas instalações, principalmente quando chove. O Governo local é aqui chamado a contribuir no pagamento das despesas daí decorrentes, uma vez a Enana não estar em condições para por si só suportar. Neste momento, o aeroporto da Mukanka obteve o estatuto internacional, uma vez que recebe voos de carreira provenientes da Namíbia e vice versa. Os meios de extinção de incêndio não constituem problema. Estão lá para as encomendas.
Cunene: Está com cara completamente nova. Recebeu intervenção de alta invergadura a nível da pista, trabalhos resumidos em recelagem, alargamento e extensão do piso e uma aerogar com os requisitos indispensáveis. Já está ao serviço dos utentes, desde os últimos três anos. O seu mobiliário permite a uma melhor acomodação dos passageiros, quer na sala de embarque, quer no desembarque e quer ainda nas áreas públicas. Especialistas em navegação dizem mesmo que a sua pista é uma das melhores que o país possui, a julgar pela sua qualidade e extensão. Alegam que já merece um estatuto internacional e mais do que isso ser a alternativa ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, quando este estiver indisponível. A sua reabilitação iniciou em meados de 2003 e terminou no mês de Agosto, tendo sido reinaugurado em Novembro do mesmo ano.
Moxico: Em tempos teve uma intervenção levada a cabo pelo Minopu. A pista está em condições para receber aviões de grande porte. Não tem condições para a navegação aérea à noite e o espaço não é vedado. A ausência de meios de extinção de incêndio é outro facto relevante.
Kuando Kubango: Apesar de estar operacional, a pista apresenta ainda algumas marcas da guerra. Existem vários buracos à berma da pista, razão pela qual requer intervenção de grande impacto. Para além de não estar vedado, o aeroporto do KK não possui equipa de bombeiros. No entanto, no ano passado ele beneficiou de novo mobiliário o que permite a uma melhor acomodação dos passageiros que escalam a região.Saurimo: O Minopu interviu com a realização de algumas obras. Agora, ele contratou uma empresa que executa trabalhos na pista, o permite a recepção de voos durante o dia.
Namibe: Não há, neste momento razões de queixa. O aeroporto “Yuri Gagarin” precisa apenas de pequenas obras no seu aerogar. Apesar de não ter meios de extinção de incêndios, ele pode receber voos a qualquer hora do dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Por favor eu precisava da morada do aeroporto 4 de Fevereiro para um trabalho para a escola pode disponibilizar.me ?
muito interessante a sua matéria ,
Aguardo resposta .
Obrigado .