03 outubro 2005

Divagações poéticas

Desculpem o impulso, mas como estamos no mês que antecede as comemorações dos 30 anos de Angola, tomei esta liberdade:

Negro-rubra

Que águas desassossegadas
se tragam
e se degustam.
Sejam as do Bengo e as do Catumbela,
do Cunene ou do Cubango,
do Cuanza ou as do Cassai,
do Congo, Cuito ou do Cuango
não há como fugir delas.
São prenhes,
adulantes
e macumbeiras.
Venham a singular gazela
e o soberbo elefante;
jornadeiam-nas a esbelta gaivina,
e o aristocrático leão,
mais a palanca galharda
e o dongo pescador.
Sejam rubra a determinação,
ornitológica dourada a vontade
ou negra a forma;
não há cuidados,
não há, dissimulação;
só transparências,
e naturalidade;
só mar,
terra,
ar,
só um povo:
Angola.

Lobitino Almeida N’gola
Lisboa, 2 de Outubro de 2005

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