04 novembro 2005

Saga guineense sem fim à vista

O PAIGC, invocando razões constitucionais apresentou, junto do Supremo Tribunal, um pedido de suspensão e anulação da nomeação de Aristides Gomes para p.m., acto já formalizado por “Nino” Vieira.
Segundo a petição do PAIGC, que parece congregar o apoio de 17 formações políticas, o p.m. deverá sair das fileiras do partido mais votado nas últimas legislativas – conforme estará consagrado na Constituição guineense em vigor.
Ora Aristides Gomes está suspenso do PAIGC há cerca de um ano pelo que, na concepção jurisdicional do Partido não poderia ser nomeado pm. Um acto que, na ideia do PAIGC foi tomado para provocar uma cisão no partido e, assim, “Nino” poder retomar as rédeas de um partido que já foi seu.
E para ajudar a esta pequena festa, cerca de 300 jovens manifestaram-se ontem em Bissau para exigir a anulação da nomeação de Aristides Gomes.
Também o Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento da Guiné-Bissau exigiu hoje a revogação do decreto que nomeou o novo p.m. e a retorno à legalidade constitucional anterior.
Ou seja, e como avisam analistas políticos locais, Guiné-Bissau começa a retomar o caminho mais perigoso para a sua existência e de que parecia já estar esquecida: o da guerra-civil.
Mas nem por isso o novo Governo deixou de receber as chaves da “Primatura”. Só que o novo p.m. primou pela ausência e o deposto ficou a cerca de 100 metros a ver o panorama.
E, no meio disto tudo, alguém já ouviu os militares dizerem ou comentarem alguma coisa?
Na Guiné-Bissau, em regra, o silêncio castrense costuma ser demasiado ensurdecedor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Com toda a franqueza: o tom final é de maldição sádica para que a coisa dê para o torto, os pretos guinéos desatem a voltarem a matarem-se uns aos outros (vá lá, militares!) e os luso-moralistas (nunca lá estivemos, não temos nada a ver com aquilo, se estivémos foi só de passagem e só ensinámos e fizemos coisas boas e santas, até lá baptizámos e fomos baptizados) fazermos mais umas quantas crónicas de prédica de "superioridade moral" a condenar a pretalhada que não se sabe governar sem nós. Porque o que lamento nos que esperam (com ansiedade contida ou por lapso de linguagem) que os militares da Guiné entrem em acção, faltou-lhes Guiledje em cima da cabeça. Francamente... Desabafo feito, segue abraço plebeu e de fair-play. João Tunes