08 março 2006

Dia Internacional da Mulher

(Tela de Joyce Norwood)
Por norma, e por feitio, sou contra os chamados “Dias Internacionais”. A sua existência é sinónimo de que os temas a que estão subjacentes ou que os caracterizam ainda são objecto de tratamento especial.
É por isso que não aprecio o Dia Internacional do Animal porque simboliza os maus-tratos que o idiota do Homem – também animal, mas, às vezes, mais besta que aquelas a que chama de bestas – ainda pratica sobre eles; ou o Dia Internacional da Criança porque é manifesto – basta ver a comunicação social – que ainda não vê ser minimamente respeitado os seus Direitos mais elementares e consagrados nos Direitos Universais da Criança, ou o Dia Internacional do Trabalho – por azar o único dia que se devia trabalhar é o que se está em casa – ou o que hoje se consagra: o Dia Internacional da Mulher, dado que os atropelos por que ela passa são inúmeros e difíceis de quantificar; porque senão vejamos: ainda é miseravelmente explorada como objecto de adorno ou sexual, entrapada em burkas como se de um monstro se tratasse, aufere, maioritariamente, vencimentos inferiores aos seus congéneres homens.
Daí que, apesar de abominar os Dias Internacionais, não possa deixar de me associar a este dia através de um perfume do belo poema da angolana Ana Paula Santana:

Canção para uma mulher

Nunca me falaste
da tua música
estuprada à força do falo,
nem me contaste
das partículas que
pacientemente raspaste
ao sol para fecundar a terra.
...
O restante, poderão ler no Malambas.

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