31 março 2006

Repatriamento de emigrantes

© “emigração italiana para o Brasil”

Sobre um dos assuntos de momento em Portugal, o repatriamento – leia-se expulsão – de emigrantes portugueses – leia-se clandestinos – no Canadá, um excelente, quanto pertinente, apontamento de Jorge Neto, no Africanidades, de que respigo este trecho:

No entanto, importa lembrar que o que se passa com portugueses, no Canadá, que os média tão intensamente entrevistam no aeroporto de Lisboa, acontece no mesmo aeroporto, mas em sentido inverso ou seja, imigrantes que são expulsos de Portugal. A diferença é que os que chegam são "nossos irmãos" e os que partem são "pretos", e estes não interessam aos portugueses nem à comunicação social lusa.
Não me admira que nos próximos dias, todos os deportados portugueses que cheguem vindos dos mais estranhos países do mundo (todos os dias regressam emigrantes deportados!), sejam entrevistados no tapete das bagagens do aeroporto, de maneira a que a comunicação social mostre a sua humanidade e preocupação para com os "excluídos". Não me admira também que ninguém fale nos imigrantes que todos os dias Portugal reenvia para África, de volta à miséria da qual fugiram. A diferença entre um emigrante português que regressa e um imigrante africano que é expulso, é que o primeiro encontra (nesse regresso) um país com oportunidades, paz, estabilidade; o segundo, encontrará um país sem oportunidades, governado por políticos corruptos, sem paz nem estabilidade.


Podem ler este apontamento, na íntegra, no Africanidades, sob o título “Calem a boca”.

1 comentário:

Kamia disse...

bem, bem.Penso que o texto acabou por sair dúbio.Sim, é verdade que Portugal tem paz (embora por vezes podre) e tem mais oportunidades e estabilidade.Mas vão me dizer o quê?Não há governantes corruptos?!
E todo e qualquer país de África é igual, não é? Pobre, com governantes corruptos, sem estabilidade nem oportunidades...
É por estas e por outras que muita gente continua a preferir a miséria nos seus países (inclusive Portugal) do que ir viver noutros paises e serem sempre vistos como inferiores.