27 dezembro 2006

Os oleodutos da desgraça

(imagem SIC)
Desta vez foram cerca de 500, talvez mais, os mortos resultantes de mais um furto de combustível dos oleodutos nigerianos. Foram 500 a juntar a outros milhares que, ao longo destes últimos anos, têm tido o mesmo destino e, nem sempre, alvo de notícia.
Nigéria, o maior produtor de crude da África, ao sul do Sahara, é também o maior deficitário em combustível de produção interna.
A maioria da sua exploração petrolífera nigeriana é para exportação, o que faz ao longo das centenas de oleodutos que saem das zonas de exploração e produção atarvés, a maioria, do delta do Níger. E cada empresa petrolífera tem o(s) seu(s) oleoduto. Cada oleoduto que é furado é um ganho qualitativo – leia-se lucro – para a outra empresa; sejam elas americanas, holandesas, francesas ou inglesas.
Mas o que interessa que em cerca de 133 milhões morram mais centena ou menos centena. Os lucros do crude e dos seus derivados são mais importantes que as vidas miseráveis das pessoas que vêem as suas terras, a maioria, as mais férteis do delta, serem ocupadas por oleodutos das grandes companhias petrolíferas com a conivência de governos locais – que por sua vez acusam o Governo Central, que agora os quer enterrar – e dos militares nigerianos.
Foram mais uns 500 a juntar a outros milhares. Mas quem liga a isso?!
Amanhã já todos terão esquecido que algumas centenas de pessoas tentaram aproveitar um furo de um oleoduto para minguar a fome de combustível no maior produtor e exportador sub-sahariano de crude.

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