30 maio 2007

Entrevista ao JN sobre as eleições em Timor

O Jornal de Notícias publica hoje uma pequena entrevista que me fizeram relativo ao período eleitoral timorense que agora se iniciou.
Entrevista:
"Xanana como líder do CNRT nada garante" (título do Jornal de Notícias)

(JN) Os cabeças de lista são os mesmos que concorrem às presidenciais. Isso revela o quê? (EA) Mais do que uma eventual imaturidade política ou falta de quadros, o problema timorense, e de todas as independências que não tiveram um período mais largo de preparação e formação de quadros e elites políticas, prende-se com o facto de os actuais políticos timorenses serem os mesmos que já existiam durante o período pré-revolucionário que antecedeu a primeira independência e terminou na ocupação indonésia.

Tudo indica que o CNRT de Xanana vai ganhar. Será? O facto de Xanana estar a liderar o novo CNRT não lhe garante nada. Muitos dos que votaram Ramos-Horta já dizem que não votam CNRT. O eleitorado timorense gosta de castigar os políticos que não provam ter estofo nem capacidade para manter a estabilidade política.

Então a vitória será para quem? A FRETILIN será dos mais votados. Quanto ao CNRT, tenho dúvidas. Xanana não anda de muito boas relações com a Igreja. E, quer queiramos, quer não, foi a Igreja Católica que influenciou a votação presidencial na segunda volta quando "impediu" que Lu-Olo ultrapassasse os 27,9% dos votos do primeiro escrutínio.

E os outros partidos? Não nos esqueçamos de que PSD, PD e ASDT conseguiram na primeira volta das presidenciais um resultado muito perto dos 40%.

E do ponto de vista dos países vizinhos? Aí temos a Austrália, que já se arvora, com o beneplácito dos EUA e do Reino Unido, no "gestor" das questões político-militares da região. A Austrália quer ser a potência regional em todo o subsistema do Sudeste Asiático.

E o petróleo? Este será o grande problema timorense. Caberá ao novo presidente e ao Governo conseguirem manter a cabeça fria face às investidas australianas, e por que não dizê-lo, também indonésias.

A entrevista pode ser igualmente lida aqui onde poderão e deverão também ler uma excelente análise às eleições legislativas timorenses de 30 de Junho. Só se lamenta que o portal do JN não tenha incluído a análise aos candidatos que o suporte papel traz e que seria de muita ajuda para analistas e investigadores que usam, com mais frequência, este suporte informático e, também por lapso, não identificam o entrevistado, talvez pensando que toda a gente conhece a chipala do dito.

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