09 agosto 2007

Os milhões de uns e... os milhões com nenhum




(Luanda dos milhões com muito pouco [©foto de Steven Le Vourc’h, em cima] versus Luanda dos poucos com muitos milhões [©foto de Diana, em baixo] e sem saber como utilizá-los)

"Volta, não volta, surge a notícia que Luanda vai deixar de ser a capital do país porque vai ser construída uma nova capital que será a… Nova Luanda.
Primeiro era no sul entre o antigo “forte presidencial” do Futungo de Belas e a foz do Kwanza onde já existe uma pequena cidade-satélite (Luanda-Sul) e que, se a memória não me atraiçoa, teve como base uma ideia do arquitecto angolano Troufa Real, que se chamava Angólia. Durante muito tempo foi esse o destino e a ideia-master da nova capital angolana, da “Nova Luanda”.
Depois surgiu a peregrina – salutar se não houvesse outros interesses – de recuperar a bela cidade da Kianda quer limpando os municípios – bairros – já existentes, quer requalificando os que se encontram dispersamente disseminados e sem a mínima qualidade e estrutura sanitária, quer, e aqui começa o novo-riquismo daqueles que pensam ter milhões – e uma pequeníssima parte, tem-no – recuperando a belíssima baía de Luanda com inestéticas ilhas artificiais onde seria implantados dois, ou mais, monstros verticais a que se chamaria de torres imobiliárias.
Pois, agora parece que tudo voltou ao início. Tudo, não! Como escreveriam Goscciny e Uderzo, criadores de Asterix, um pequeno e irredutível grupo com milhões não resiste em quer criar a Nova Luanda. (...)
" (continuar a ler aqui)
Artigo inicialmente publicado no sob o título "Os milhões e... os milhões"

2 comentários:

Pitigrili disse...

Os milhões que lutam pela sobrevivência não contam para quem está no poder.
A ideia da nova Luanda é muito simples: é mais fácil deitar fora e comprar novo do que consertar.
Foi o que aconteceu na Nigéria com Lagos...
Em Angola está a passar-se o mesmo. Fui há uns dez anos a Malanje e vi uma coisa curiosa. A cidade estava para aí com dez por cento da sua população de antes da dipanda. Quem lá morava tinha montes de casas à disposição - era só abrir a porta e entrar.
Pois nenhuma casa estava a ser consertada. Quanto um telhado começava a meter água, nada mais fácil do que mujdar para outra abandonada e que ainbda não estivesse a meter água.
Consertar os esgotos, a rede de saneamento, de energia, de água potável de Luanda? Não, nada disso. Os que lá ficarem, que se amanhem. Como temos milhões, vamos para outro sítio fazer uma cidade nova...
É a mentalidade que, instilada nos mais novos, faz antever os desastres futuros...

Terra disse...

Poizé Pitigrili, digo eu que estou cá a assistir à degradação, a que muitos chamam progresso (porque acredito que o novo-riquismo é uma forma de degradação de valores).
Quanto ao "estragou, deita fora e compra novo", foi sempre assim. Ainda me estou a lembrar da saga dos autocarros da rede pública (TCUL), os quais, quando avariavam, nem acessórios tinham para os manter a funcionar. Pouco tempo depois o cemitério de "maximbombos" era enorme.
E assim se vai por cá.