01 setembro 2007

Que se passa em Cabinda?

(foto de Cabinda via satélite; daqui)

"Segundo as Forças Armadas Angolanas e alguns políticos na região Cabinda, apesar de ainda haver algum natural desassossego, parecia estar a caminhar para a estabilidade e para a Paz. Todavia, num e-mail recebido, através de terceiros, mas com emissão no activista de Direitos Humanos, Raul Danda, constata-se nele acusações muito graves para as FAA’s e para o Governo Central.
No citado e-mail diz-se que hoje, 31 de Agosto de 2007, em várias localidades do centro de Cabinda, de madrugada – o que contraria toda a lógica legal e humanitária de um Estado de Direito –, “centenas de militares das FAA fortemente armados e munidos de numerosas viaturas” levaram para a Planície do Cochiloango cidadãos que teriam sido retirados à força das suas casas de “Lico, Icazu, Cochiloango, Loango, Loango Pequeno, Ntunga, Mbuli, Bichékete, Caio e Mpuela”.
Segundo esse e-mail alguns desses cidadãos “terão sido espancados” e “outros ameaçados” por militares de armas emperradas.
Face à situação e porque os familiares não viam regressados algumas mulheres ter-se-ão deslocado a Cochiloango e dispostas a estarem, até às últimas consequências, quaisquer que elas sejam, e o e-mail, nesse aspecto é muito claro, junto deles.
Não sei se tudo se terá passado assim ou não. Também, por outro lado, não tenho razões para duvidar do conteúdo do e-mail.
Todavia, num Estado de Direito que se quer e se exige para Angola, casos destes – caso tenha acontecido, e parece, infelizmente, que sim – não podem acontecer sob pena de perdermos a face ao Enclave.
Todos sabem que, ao contrário de outras opiniões – algumas vincadas aqui no Notícias Lusófonas – defendo que Cabinda é uma província de Angola. Mas também sabem que defendo um Estatuto autonómico especial para o Enclave onde a justiça social e económica esteja devidamente defendida.
Quero acreditar que tudo não terá passado de uma mal entendido e que alguém tenha exorbitado das suas competências.
É que as acusações do activista angolano Raul Danda são graves e devem ser claras e cabalmente esclarecidas e, caso se confirmem, como espero e desejo que não, sejam efectivamente punidos quem ultrapassou das suas competências.
Mas quando a chefia militar vem desmentir a ida de militares para Zimbabué porque, segundo ela, este país tem militares competentes – ninguém o duvida – para a sua defesa e quando se sabe o que foi divulgado é que teriam ido – ou iam – militares de um corpo especial para proteger o presidente Mugabe, já que este teria perdido confiança na sua guarda pretoriana, que teria estado por detrás de uma intentona militar, já obriga-nos acreditar que as ordens e os despachos superiores perdem parte do sentido e do conteúdo pelo caminho.
Vamos recuperar o sentido de Estado e levar a situação de Cabinda a um claro caminho de estabilidade social, política e económica. Ou seja, vamos caminhar para a efectiva Paz em Angola.
"
Artigo de Opinião publicado na Manchete do , de hoje, sob o título "Situação em Cabinda - Não basta dizer que tudo está bem". Pode ainda aceder a este e as outros 79 artigos publicados no NL aqui.

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