30 setembro 2007

Os novos garimpeiros de África

Decorreu este fim-de-semana na cidade do Porto, numa organização da Fundação Portugal-África, uma Conferência sobre o tema "Europa-África: uma estratégia comum?" a que fui convidado mas, à qual, lamentavelmente e pelo que lá se disse e afirmou, não pude estar presente.
Uma das intervenções que, pelos vistos, mais brado deu foi a do deputado Lopo do Nascimento, antigo primeiro-ministro de Angola e governador da província da Huíla – chegou a estar apontado com um possível “delfim” de Eduardo dos Santos à presidência –, ao afirmar, franca e lucidamente, que os novos garimpeiros de África são a China e a Índia, como se pode ler aqui.
Uma das suas afirmações mais fortes, só talvez para quem não quer ver as coisas para além do óbvio, a chamada “cooperação” prende-se com aquilo que os países cooperantes, ditos doadores, realmente deixam em África.
Segundo Lopo do Nascimento, só ficam em África 20% do que os doadores “investem”. Tudo porque em cada 100 dólares “doados”, 80 são para pagar os técnicos expatriados e sabemos, como se constata com os técnicos chineses que são sempre muito mais do que os técnicos afro-nacionais e, em regra, melhor pagos.

Basquete e futebol angolanos no fim-de-semana

O Afrobasket feminino 2007, que decorreu em Dakar, teve o seu epílogo com a vitória do Mali sobre a caseira Senegal por 65-58. As basquetebolistas de Angola obtiveram o bronze, destronando a selecção de Moçambique, após a vitória por 73-58. Nos lugares imediatos ficaram a Nigéria, a anterior campeã, que venceu as Camaronesas por 63-50; em sétimo a RD Congo que venceu a Costa de Marfim por 53-43 e, por último, Cabo Verde, na nona posição.
O facto de não haver mais informação do que aquela que nos é disponibilizada pelos órgãos angolano e cabo-verdiano, mais este que nos revela os resultados todos impede-me de confirmar quais as equipas participantes no CAN vão apurar, no torneio pré-olímpico, a representante feminina a Pequim2008. Angola sei que foi apurada.
No futebol, o Girabola2007 aproxima-se do final com algumas equipas a posicionarem-se para o título. São os casos dos “polícias” do Interclube e dos “militares” do 1º de Agosto – tem menos um jogo a disputar com os “aviadores” do ASA – que nas duas jornadas que faltam ainda podem carimbar o título.
No lugar oposto, os “cabeças de pungo” do Atlético do Namibe e os "petrolíferos" do Académico do Soyo juntaram-se aos "diamantíferos" da Juventude do Moxico e vão, na próxima época, disputar a Segundona.
Entretanto, o Kabuscorp regressa ao Girabola depois de penar 10 anos na Segundona. Falta saber quais as outras duas equipas o acompanharão.

28 setembro 2007

Afrobasket, depois dos Homens, as Senhoras

(imagem FIBA-Africa)
No Senegal está a decorrer o CAN2007 Afrobasket-Senhoras onde Angola, Cabo Verde – na série B – e Moçambique – na série A – estão, tal como em homens, presentes.
Apesar de derrotadas na última jornada de grupos pela RDCongo, Angola terminou em primeiro lugar na sua série beneficiando das 4 vitórias obtidas sobre a campeã em título, Nigéria, (53-42), Quénia (62-44), Cabo Verde (66-41) e Camarões (63-38). Cabo Verde perdeu na última jornada com os Camarões e terminou na última posição da poule.
Já Moçambique venceu na última jornada a Tunísia por 69-56 garantindo um lugar na fase seguinte.
De lamentar a falta de informação e a existência de um portal exclusivo dedicado a esta competição como aconteceu em Angola no recente Afrobasket para homens.
O único portal é o da FIBA-Africa com limitações várias, entre as quais o atraso ou mesmo a não divulgação dos resultados já verificados como se pode constatar acedendo aqui. E do Senegal, mesmo procurando diversificar através deste meu acesso, o melhor que consegui foi isto. Lamentável!
Por esse facto a única informação válida é a que se obtém dos portais noticiosos de Angola, Moçambique e de Cabo Verde.
Daí que através da Angop se saiba que Angola vai defrontar a Costa do Marfim para os quartos de final, que por via do Liberal Online saiba que Cabo Verde vai disputar o torneio de consolação dos 9º ao 12º lugares e Moçambique também se qualificou para os quartos de final onde vai defrontar as ainda campeãs em título, Nigéria.
As outras duas partidas colocarão frente-a-frente Camarões e Mali e o Senegal ao Congo Democrático. As partidas serão todas amanhã dia 28 de Setembro.
No cabo-verdiano SportKriolu temos os resultados gerais ao longo das cinco jornadas qualificativas.

26 setembro 2007

Os Direitos Humanos em Angola

"O jornal angolano “O Apostolado” numa das suas últimas edições e sob o título “Angola esconde violação de Direitos Humanos” alerta para um relatório das Nações Unidas emitido pela Comissão para a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos das Nações Unidas onde se acusa Angola de não produzir relatórios sobre os Direitos Humanos no país há já treze anos.
Surpresa? talvez, para uns quantos que andam arredados da realidade angolana e agarrados ao facto de Angola ser, desde Maio passado, um dos países com assento no conselho de Direitos Humanos para o triénio 2007-2010. Fui um dos que aplaudiu esta entrada. Para mim como para outros seria uma maneira de Angola mostrar que, paulatinamente, os Direitos Humano começavam a fazer sentido no País. Ou seja, a entrada de Angola seria “um passo no caminho certo” como chegaram duas associações cívicas angolanas a dizê-lo. (...)" (continuar a ler aqui).
Publicado n’ , edição 66, de 26-Setembro-2007, sob o título “Faz sentido falar de Direitos Humanos em Angola? (edição em PDF por assinatura)

25 setembro 2007

Para que é e de quem é o banco?

Segundo o blogue “O país do Burro” alguém deixou perdido, junto de um Multibanco, na Figueira da Foz, um banco (imagem ao lado) que, pela característica, teria sido para efectuar pagamentos – longos pagamentos – na referida Caixa, conforme refere o citado blogue e passo a citar “uma alma bondosa pagou, eram altas horas da noite, as quotas a mais de 200 militantes do PSD”.
Não sei quem precisaria, e a altas horas da noite, de um banco para poder chegar à máquina – vulgo Caixa – do referido Multibanco nem percebo a ironia face ao préstimo de tão piedosa pessoa que pagou as citadas quotas. Se todos fossem assim, tão piedosos, principalmente aqueles que têm muito e gostam de mostrar a sua solidariedade, eu poderia pagar menos impostos… Ke ganda nóia, não seria?
O blogue só não diz como o “esquecido” – talvez devido à sua pequenez – poderá reouver o seu prestimoso produto.
Caso alguém saiba de quem pertence, ou o próprio possa estar a ler estas linhas, e deseje recuperar o interessante tamborete pode sempre se dirigir ao referido blogue e entrar em contacto com eles através da opção “Contacto” à esquerda.

NOTA: Se o banco era para ajudar "elevar" o "ganda nóia" ao mais alto, parece que de nada serviu dado que foi Menezes quem venceu as eleições internas do PPD/PSD. Como os políticos costumam ter memória curta estarei aqui para, nas próximas eleições legislativas e caso vença, o relembrar do possível "Ministério da Lusofonia" como recordou, e muito bem, Orlando Castro.

Poluir por poluir que se polua a casa do meu irmão…

(seria algum destes?)

A Invicta Cidade do Porto, também reconhecida pela capital do Norte e sede do clube de alguns dos líderes nacionais afro-lusófonos – porque será? coincidências de actuações? –, no âmbito da germinação que fez com a cidade da Beira, também em tempos reconhecida como a capital ferroviária e económica de Moçambique, decidiu oferecer – ainda se lembram quem falava? eu repito; a cidade do Porto, em Portugal, União Europeia, ofereceu à cidade da Beira, Moçambique, União Africana – uma viatura de recolha de lixo além de 150 casacos de fatos de trabalho, três computadores, livros e equipamento escolar.
Bonito. São duas cidades germinadas. Só que há sempre uns mas…
Pois a cidade do Porto ofereceu um camião com 25 (VINTE E CINCO) anos porque… “ "não possuir valor comercial" – não difere de outras situações e em vez de ir para abate sempre ajuda; "estado de conservação que não confere a sua utilização na recolha de lixo pela cidade" – talvez que os contentores já sejam diferentes e por isso admite-se e ache-se natural a oferta; e o "desempenho do motor" ser "desajustado para vencer as solicitações que o tipo de recolha requer", aqui é que já não entendo. O que tem o motor a ver com recolha de lixo? será que eles querem subtilmente dizer que o veículo é poluente e poderia reprovar nas inspecções periódicas aos veículos além da Câmara portuense não desejar comprar “emissões de CO2” - facto agora debatido na ONU - e por isso poluir, então que polua na casa do meu irmão; e se for fora da Europa, melhor. Hum!!! com irmãos destes quem precisa de maus vizinhos…
Bom, mas sempre há os fatos e o resto.
Mas – como escrevia, há sempre uns mas –… também aqui o mas é forte. Segundo os serviços camarários os ditos fatos de trabalho "estão desajustados relativamente aos usados pelos colaboradores das oficinas, não tendo qualquer valor comercial"; por acaso, não quererão antes dizer que estão impróprios e que os funcionários da Câmara não estão dispostos a passar frio à custa deles? Na cidade da Beira, como há muito calor, eventuais buracos sempre servem de “ar condicionado natural…
Esperemos que as restantes ofertas, nomeadamente os computadores estejam operativos e não aconteça como alguém fez a uma Casa de africanos, em Lisboa, que ofereceram cerca de uma dúzia de monitores e CPU’s e só se conseguiu obter um e…
Pois é, para germinações destas mais vale não haver ou então é preferível ajudar de outras formas.
Por exemplo, os livros que vão oferecer terão muito mais valor porque poderão ser sempre uma ajuda formativa e educativa. Mesmo que usados, ou em deficiente estado, um livro vale sempre muito mais que nenhum. E se a Câmara publicitasse esta ideia de oferta de livros, provavelmente a "Sala de Leitura Cidade do Porto" ficaria cheia e poderia ajudar muitos beirenses (é assim que se chamam?).

Este texto foi também publicado n' ,edição 68, de 28 de Setembro de 2007

Os melhores países africanos em governação

A Fundação Mo Ibrahim, criada pelo magnata sudanês Mo Ibrahim a viver em Londres, apresentou a lista anual dos que considera os melhores países africanos em termos de Governação. A lista reflecte somente 48 dos 52 países africanos; não contempla os países ao Norte do Sara.
Os critérios principais para a nomeação são a Segurança; a Transparência e a Corrupção; Direitos Humanos; Desenvolvimento económico sustentável; e o Desenvolvimento Humano.
Face a estes critérios a Fundação considera que Maurícias, Seychelles, Bostswana, Cabo Verde – melhorou face ao ano passado – África do Sul, Gabão, Namíbia, Gana, Senegal e São Tomé e Príncipe são os 10 melhores países.
No extremo oposto os cinco piores são a Somália – o pior de todos, o que se compreende face à guerra-civil que persiste –, o Congo Democrático, Chade, Sudão e… Guiné-Bissau (desceu do 23º para o 44º).
Mas para que os restantes países afro-lusófonos não fiquem eventualmente envaidecidos por não estarem nos lugares piores ou enciumados porque não foram referidos, sublinhe-se que Angola ocupa o pouco honroso 42º lugar (subiu cinco lugares), logo à frente da Libéria, e atrás de países como a Serra Leoa, Zimbabué – que a Fundação diz ter melhorado face ao ano anterior – ou Guiné-Equatorial (três claras ditaduras) ou da Eritreia – que se perfila como um Estado-terrorista para o Ocidente –, enquanto Moçambique está na primeira metade da tabela, em 23º lugar, descendo três posições.
Sublinhe-se os dois países insulares afro-lusófonos entre os 10 países que apresentam melhores índices de governação; registe-se que entre os 10 primeiros, 4 são arquipélagos.
Mas a Fundação não se fica por este índice de Boa Governação. Paralelamente decidiu criar um prémio de 5 milhões de dólares para o presidente reformado que melhor se distinguiu na boa “transferência democrática do poder”.
Note-se que o prémio é válido por alguns anos e depois a “reforma” manter-se-á pelo resto da vida mas só por 200 mil dólares. Ainda assim…
Não será isto um incentivo para certos governantes se decidirem por eleições e não se recandidatarem?

24 setembro 2007

Myanmar, as duas faces da revolta pela Liberdade


Monges Budistas em protesto e Aung Suu Kyi

Em Myanmar, Monges Budistas abraçam a causa da Nobel da Paz, Aung Suu Kyi, na luta pela Liberdade e pelo respeito pelos Direitos Humanos.
Uma causa que goza de mais visibilidade porque o seu principal líder, Dalai Lama, está em digressão por alguns países sendo, nuns recebido por governantes locais que não temem as represálias chinesas – o Dalai Lama é um líder religioso, e como o Papa, o único com direito a “Santidade”, mais que eventual líder político – ao contrário de outros países que nem como líder espiritual o receberam oficialmente.
Só é pena que Zimbabué não tenha tanta visibilidade senão para os britânicos como para os desejos socráticos de “boa-figura”…

Este apontamento foi citado e publicado na rubrica "Hoje Convidamos.." do Demoliberal.

Mais um ano em agonia

Decorre hoje o 34º aniversário da Declaração uunilatral da Independência da Guiné-Bissau, em Medina, Boé, pelo então comandante da Região Militar e, hoje, o actual Presidente da República, João Bernardo "Nino" Vieira.
34 anos de incertezas e subdesenvolvimento causados, em grande parte, por conflitos internos entre militares e entre estes e civis, golpes de Estado, por uma corrupção e um compadrio inqualificáveis, subserviências múltiplas, desrespeito pelos Direitos Humanos e políticos e jurídicos, por uma falta continuada e indigna do pagamento de vencimentos enquanto uns quantos jactam-se nos seus belos bólides pelas ruas das cidades guineenses, por acusações de narcotráfico que as autoridades não conseguem anular, pela “expulsão” das forças de Manutenção de Paz da ONU (um facto que levou o jornalista Bissau-guineense João Carlos Gomes alertar sobre como é que militares senegaleses, também acusados de certos desmandos, alguns até na Guiné-Bissau, se mantém nos Capacetes Azuis e os Bissau-guineeenses não? um caso para pensar e ponderar), e, acima de tudo, um forte e vil desrespeito pela insigne história do País e dos seus Homens Grandes.
Até quando a Guiné-Bissau e alguns dos seus líderes – sê-lo-ão? – que vão resistindo, uns mais que outros, pensarão que a Comunidade Internacional insistirá em continuar a admitir e a suportar financeira e organizacionalmente, os desmandos que uns quantos fazem em nome do Povo mas em seu total proveito?
Até lá só me resta desejar felicidades ao povo irmão da Guiné-Bissau e, tal como eles, esperar com paciência de Jó que o Desenvolvimento, a Igualdade, a Alegria regressem um dia e em força, e para ficar, à Guiné-Bissau.

NOTA: Igualmente publicado na rubrica "Colunistas" do Notícias Lusófonas, sob o título "Guiné-Bissau: mais um ano de agonia"

Uma visita com um pagamento solidário?

(©foto Elcalmeida via RTP-África)
José Eduardo dos Santos visitou Cube e encontrou-se como o líder dinossauro da política mundial, um ainda convalescente Fidel Castro.
Será que foi pagar a “quota anual” do antigo apoio solidário das forças cubanas na 2ª e 3º guerras civis angolana ou pedir mais técnicos – reconheça-se, altamente qualificados e por isso bem pagos – cubanos para Angola, em vez de incrementar e dar condições de retorno e pagamento – leia-se, vencimentos, – aos técnicos angolanos que se encontram fora do País, a maioria desejosa de voltar a Angola, mas com condições humanas e humanitárias mais correctas.
Agora dizer que foram debater questões como a pobreza, num País, Cuba, onde o vencimento é iníquo – as sanções económicas e o bloqueio norte-americano não justificam tudo – ou num País, Angola, onde poucos persistem em ter tudo – muito –, enquanto muitos – milhões – pouco ou nada têm, é, no mínimo, ininteligível.
Talvez que a comunicação social, em geral, não tenha compreendido bem o protocolo da visita angolana a Cuba…
Agora já aceitável e aplaudível é o protocolo com o Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia. São vários os exemplos que emergem de Cuba sobre os estudos genéticos que fazem e que já levaram a descobertas, ou grandes desenvolvimentos, em certas doenças. Portugal que o diga.

22 setembro 2007

Portugal e a neutralidade colaborante

"Portugal continua a fazer uso da sua já proverbial “neutralidade colaborante” ou seja, estar bem com Deus e com o Diabo.
S ão quatro os casos recentes que demonstram essa teoria. A presença em Portugal das FARC, entretanto reconvertidas em Café da Colômbia, o Tratado Europeu, Robert Mugabe e Dalai Lama.
Há dias escrevi para um portal noticioso lusófono, o Notícias Lusófonas, um artigo onde o título era, só por si, indicador da inépcia e da incongruência da diplomacia do lusitano Palácio das Necessidades “Se as FARC entram em Portugal porquê impedir Robert Mugabe?”.
O que distingue um do outro? (...)
" (pode continuar a ler aqui ou no portal do CS através do título)
Artigo de opinião publicado no semanário , de 15.de.Setembro.2007, sob o título "Portugal e a diplomacia da neutralidade colaborante"

Bush "mata" Mandela!!

(Bush com um provável sósia - só pode - de “Madiba”; foto ©daqui)

Durante um discurso, em Washimgton, onde fazia a apologia da defesa da sua estratégia na guerra, Bush terá afirmado que a brutalidade do regime de Saddam impossibilitou o aparecimento de um líder carismático que pudesse unificar o Iraque e impedisse a actual violência desvairada e sectária. E citou que uma das vítimas do regime de Saddam foi um tal Mandela!
'Onde está o Mandela?' Bom, Mandela está morto porque Saddam Hussein matou todos os Mandelas
SEM MAIS COMENTÁRIOS!!!
E Bush terá recebido, há poucos meses, Mandela para discutir questões relacionadas com a pobreza de alguns Países…

21 setembro 2007

Algumas verdades do senhor ACNUR

(Se vocês ficarem por aí, os tipos dão mais dinheiro… ©BBC)

"O Conselho Informal do Desenvolvimento – um conselho, mais um, de um grupo dos 27, também conhecido por União Europeia, onde todos são iguais mas onde há uns mais iguais do que outros – está reunido na Madeira – uma região algures no meio do Atlântico e perto de África, mas que se diz europeia. Também diz que quer ser independente mas sem alterar bandeira e hino porque senão ficava sem "kumbu" e os sobas locais perderiam certas prorrogativas – para debater uma matéria tão interessante quanto incompreendida e incompreensível face aos últimos desenvolvimentos relativos à Cimeira UE-África.
Um dos “mais iguais do que outros”, e usando da sua prorrogativa de velho aliado do país organizador, quer que este se submeta à sua vontade e não convide um velho soba de um antigo território português do velhinho “mapa-cor-de-rosa” que os ingleses, simpática e delicadamente, retiraram após um Ultimatum, não fosse também ele, como o da Guiné-Equatorial pedir a sua inclusão na lívida CPLP. Entre os convidados está o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres.
Pois o senhor ACNUR, esquecendo-se da sua condição de convidado, lembrou-se de dizer duas verdades indesmentíveis e outras que acertaram no alvo, mas beijando a “mouche”:
- A Comunidade internacional foi incapaz de transformar “estados frágeis em democracias consolidadas, com processo de desenvolvimento sustentado”;
- A Comunidade não tem sabido minorar o problema dos refugiados por não saber, por vezes, distinguir um atenuar dos seus problemas em vez de os ajudar a resolver.
E para Guterres, “a solução tem sempre que ser uma solução política e essa solução política, infelizmente, nem sempre tem aparecido da melhor maneira e a tempo no mundo de hoje. Nós sentimos a enorme pressão que sofremos de vários conflitos que se continuam a desenvolver”.
Dois tiros directos e certeiros. Talvez os únicos. (...)" (Pode continuar a ler acedendo ao título infra ou aqui)
Parte de um artigo publicado no (Manchete de hoje) sob o título "Verdades de Guterres sobre África e Europa"

20 setembro 2007

Brown, Mugabe… e África que se lixe!

O senhor primeiro-ministro britânico Gordon Brown, ameaçou que boicoteará a II Cimeira África-UE caso o senhor presidente Robert Mugabe, do Zimbabwé, apareça na mesma.
Um facto já admitido, há muito, no seio da diplomacia afro-europeia, pelo que não surpreende.
O problema não está na presença do britânico Brown ou do autocrático zimbabueano Mugabe. O problema chama-se “África solidária”.
E tudo por causa da disputa entre dois idiotas que desejam manter as suas “razões” acima dos interesses dos europeus e dos africanos. Porque ambos jogam na solidariedade entre os seus pares
O problema não está que Mugabe seja ou não um ditador e um defensor das restrições dos Direitos Humanos no seu país. Se esse fosse o problema então o senhor Brown também não iria à Cimeira com a presença de outros ditadores como Muamamar Kadhafi, da Líbia, de Teodoro Nguema Mbasogo, da Guiné-Equatorial, de Lasana Conté, da Guiné(-Conakry), de Omar Bongo, do Gabão, de Yahya Jammeh, d’ A Gambia, ou de países como a Eritreia ou o Sudão que apoiam terroristas e genocídios.
Não! O senhor Brown, da excelsa, vetusta e democrática United Kigdom só se preocupa com o senhor Mugabe, um ditadorzeco do Zimbabué, por acaso uma ex-colónia sua. Mas também a A Gambia foi uma colónia sua que onde actual presidente derrubou um legitimamente eleito democraticamente e, nem por isso, se ouve críticas à sua presença. E quem diz estes dir-se-á de outros que se não são ditadores ou autocráticos para lá caminham.
E também os britânicos se esqueceram de boicotar a sua presença na reunião Asean-UE onde estava presente uma personalidade proibida, também ela, como Mugabe, de entrar na Europa. Ah! é que a reunião foi fora da Europa. Pois, mas os fundos vão da europa e não distinguem países defenores dos direitos Humanos ou castradores dos mesmos, como a Birmânia/Myanmar. Por outro lado, os ingleses e o senhor Brown não apresentam propostas que conciliem a presença de zimbabueanos na Cimeira – mesmo admitindo que seria sempre um tiro no escuro – não, para os britânicos só a palavra “Mugabe” parece criar urticária. Esquecem tudo o mais!
Será que o verdadeiro problema do senhor Brown não é a presença do senhor Mugabe na Cimeira mas que este consiga forçar os seus “colegas” produtores de chá a não mais enviar este produto para a velha Albion como já chegou a aventar numa recente reunião dos países centro e leste-africanos, em Nairobi?
Uf!!! Os Britânicos sem o seu cházinho é como os italianos sem a sua “pasta”, os franceses sem as suas “baguets”, os espanhóis sem as suas “largadas e tomatadas”, os alemães sem as suas “salsichas”, ou os portugueses sem os seus “cozidos e feijoadas bem regados”…
Entrementes, a presidência portuguesa da União Europeia vai afirmando que a presença de Mugabe é “um facto perturbador” e por “uma questão de princípio para a UE”. Mas, também ela, não apresenta alternativas… públicas!
Entretanto, África e a Europa que se lixem!
Os primeiros porque ainda dependem, de certa forma – mas talvez por pouco mais tempo – das políticas comunitárias europeias quanto às protecções alfandegárias e das exportações e importações ao abrigo dos Acordos de Lomé-Cotonou.
A Europa que se dane, porque se continuar a depender dos humores dos britânicos, África terá sempre a China para a ajudar mesmo que isso acabe por tornar os africanos em suserados da nova superpotência.
E a isto, o que responderão os norte-americanos?
Ou teremos, no futuro como num passado não longínquo, uma partilha de África entre duas superpotências, uma partilha sino-americana?

NOTA: Parece que o senhor Brown tem razão quanto ao efeito e ao poder do senhor Mugabe. A prova foi dada hoje pelo senhor Levy Mwanawasa – que além de presidente da Zâmbia é o presidente em exercício da SADC – ao ter já afirmado, via Rádio Zâmbia, que se ele (Mugabe) não for convidado como líder do País, eu (o Presidente Mwanawasa), também não vou a Lisboa.
Talvez por causa da inoportunidade da visita de Mugabe, segundo palavras do inquilino português do Palácio das Necessidades (pelos vistos deste palácio, ultimamente, só saem – ou entram – coisas destas), que se diz por aí que o senhor bispo Desmond Tutu anda a ver se consegue que o senhor Mugabe seja aconselhado a sair da presidência do Zimbabué.
Será que alguém já se lembrou de pedir emprestado ao Museu de Santa Comba Dão – acho que já existe – a cadeira que fez cair António de Oliveira Salazar? Quem sabe não seria remédio santo…
.
O texto inicial foi agora também publicado n' nº67, de 27 de Setembro de 2007

Miala condenado!?

(DDR)
Apesar de todos os indícios parecerem indicar no sentido contrário, até porque os discursos no Tribunal a isso pareciam indiciar, aliado à forma como o julgamento decorreu, o general Fernando Miala, antigo director do SIE, acabou por ser condenado a 4 anos de detenção.
Ou seja, parece que a montanha não pariu um rato, mas…
Além dele dois dos seus três colaboradores foram, igualmente, condenados a penas que variam entre seis meses e dois anos (e o terceiro, foi ilibado? ou é o que está adoentado e leva a leitura posteriormente?).
Veremos quais as razões que o Tribunal evocou para a condenação, como ela se irá proceder e como irão recorrer – porque por certo os advogados o irão fazer – da sentença os condenados.
Algo me diz que a magnanimidade presidencial – que deve desejar, e de certeza o deseja, que lhe digam sempre a verdade – vai comutar em pena e evitar que se faça mais barulho sobre um assunto que ainda não foi cabalmente explicado e em que parece ter havido influências extra-jurídicas – e que o Tribunal, por certo, é alheio – para que o mesmo não fosse devidamente esclarecido no Supremo Tribunal Militar.
Note-se que Miala estava a responder por um facto que, só indirectamente, estava relacionado com a questão “Fevereiro 2006” denunciado pelo moçambicano “Canal de Moçambique”. A acusação que prevaleceu foi a de insubordinação por não se ter apresentado para a desgraduação e ao que parece nunca ter existido razões para tal dado que ele nunca chegou a ser promovido ao posto imediato. Também nunca se entendeu, ou talvez porque o assunto não tinha mesmo nada a ver com o caso “Fevereiro 2006” que não tenha sido autorizada acareação entre Miala e certas testemunhas acusatórias e, ou, abonatórias..
Onde está a acusação mais grave que levou à sindicância pedida pelo presidente dos Santos e que se prendia com uma eventual apropriação de funções, por parte de Miala, que não lhe estavam confiadas?
Relembro-me que foi uma notícia do um órgão de Comunicação Social, que alguém quer manter restrito a Luanda e pouco mais, quem tornou público uma primeira notícia sobre o “caso Miala”. Interessante que o portal que mais próximo se encontra desse órgão comunicacional, por acaso radiofónico, está desde o meio da manhã indisponível ao contrário do seu “irmão” mais velho já quase dasactivado.

Serra Leoa com novo presidente

(um sorridente(?) novo presidente ©foto Word News/AP Photo/Rebecca Blackwell)

Depois de uma primeira volta onde o candidato do poder, o então vice-presidente Solomon Berewa, surgia com vantagem em suceder a Alhaji Ahmad Tejan Kabbah, a segunda volta das presidenciais – aqui começou a surpresa, porque não era crível que viesse a acontecer – trouxe para o poder o candidato Ernest Bai Koroma, que já na primeira volta tinha obtido o primeiro lugar com 44% dos votos.
A segunda volta das presidenciais serrraleonesas apresentaram um povo civicamente culto e maduro elegendo um empresário de 54 anos e líder do principal partido da oposição, Congresso de Todo o Povo (APC), com cerca de 55% dos votos expressos nas urnas.
Korona prometeu mudanças. Mudanças que os eleitores serraleoneses muito desejam como sendo a melhoria dos serviços básicos e o fim da corrupção.
Apesar da calma com que ocorreram as eleições o partido de que faz parte o candidato derrotado, o Partido Popular de Serra Leoa (SLPP), já avisou que vai accionar os meios legais que tem ao seu alcance porque terá detectado irregularidades na votação – leia-se fraudes – que a Comissão Eleitoral Nacional (NEC), de conivência com alguns membros da comunidade internacional, nomeadamente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), e da Representação Integrada das Nações Unidas, quererá manter.
Mas o interessante é que foram nos círculos eleitorais onde houve mais votantes foram os que tradicionalmente pertencem ao SLPP, que também perdeu o poder legislativo, a Câmara dos Representantes, que o candidato “oficial” menos votos obteve.
As mudanças de Korona passam, essencialmente, por combater com tolerância zero a corrupção – uma expressão que já começa a estar gasta por tantos candidatos a utilizarem e logo dela se esquecerem – e uma melhor distribuição e gestão da "administração das reservas do país".
Desde o dia 17 de Setembro que Serra Leoa tem um novo presidente.
Vamos esperar, e como nós, os países da região, nomeadamente Níger e Costa do Marfim, que em breve vão estar sob os holofotes das eleições, que os serraleoneses realmente acatem o veredicto das urnas e vivam em Paz e para o progresso do seu País.
Seria um segundo bom exemplo depois da Libéria e um reforçar do acreditar nas Instituições nacionais e no voto.
Pelo menos as autoridades e os serviços de segurança serraleoneses, durante a fase do voto, mostraram, também elas, já saudado pelos EUA, o seu elevado grau de civismo e "pela sua imparcialidade e pelos esforços envidados para permitir ao povo serraleonês votar sem recear de ser intimidado, no quadro dum processo transparente e equitativo".
Que outros sigam este exemplo… desde que queiram eleições!

19 setembro 2007

Há sempre uma razão para dar voz a quem não a tem!

(DDR)
O silêncio do que se pensa e não se diz ou escreve é por vezes, e não poucas vezes, mais inciso e gritante do que o que se escreve (o artigo que se segue deve ser complementado com dois importantes artigos e apontamentos aqui e aqui colocados; só assim será melhor entendível).

"Há quem não goste que se escreva, diga ou palestre sobre certos assuntos. E se os assuntos estão na génese da crítica aos pretensos ditadores e claros autocratas para quem as eleições são um devaneio de uns quantos nunca efectuado, então aí as ameaças mais que “fascinantes” são-no efectivas e claras. Tudo isto porque alguns angolanos não gostam de calar o que pensam, mesmo que isso os obrigue a pensar e sentir 24 horas da sua vida pela vida daqueles que mesmo querendo pensar – e pensam – não conseguem fazer-se ouvir nem conseguem chegar aos meios comunicacionais para apresentarem os seus pontos de vista.
E por isso alguns pretensos bajulo-ditadores – por certo ao arredio do interesse das cúpulas nacionais e mesmo partidárias – ameaçam a vida privada de quem se sente capaz de ser arauto da verdade – mesmo que seja a sua verdade, embora pense e produza como verdade de todos – sem se preocuparem com os efeitos que provocam.
Por isso, muitos desses bajulo-ditadores conseguem sobreviver, quais macacóides em árvores de ramos finos, porque habituaram-se em estar de bicos-de-pés e, com isso, estragarem os sapatos e endurecerem os dedos que lhes permite estarem pendurados quais ratos, quais múcuas. (...)" (continue a ler o texto acedendo no título infra)
Artigo publicado como Manchete no , em 18-Set-2007, com o título "Há sempre uma razão para também dar voz a quem a não a tem!"

18 setembro 2007

A Televisão portuguesa e África

(Um programa diário da RTP, para a diáspora portuguesa, retransmitido para todos os emissores internacionais)

"Periodicamente vou me batendo por que a Diáspora afro-lusófona tenha uma televisão onde possa se rever e matar saudades dos seus países.
Ainda o recente Afrobasquete, em Angola – com a presença de 3 países dos PALOP, duas das quais foram só a campeã africana, Angola, e medalha de bronze, Cabo Verde –, e a não cobertura pela RTP-África do evento mostram quanto a televisão portuguesa e os seus directores se estão nas tintas para o público alvo a que se destinaria a RTP-África.
Muitas, e não poucas vezes, esses responsáveis esquecem-se que o grupo RTP tem um canal exclusivo para a comunidade portuguesa, a RTP-Internacional. Por isso, não se entende que mantenham programas que só interessam à comunidade lusitana, nomeadamente, anúncios para um público-alvo situado na região franco-belga, como aconteceu recentemente. Não se entende este ostracismo que os responsáveis lusitanos praticam com a comunidade afro-lusófona. (...)
"(continuar a ler aqui)
Publicado n', edição 61, de hoje, sob o título "A quem serve a RTP-África? RTP passa (bem) ao lado das realidades lusófonas" (edição em PDF por assinatura)

17 setembro 2007

Recenseamento angolano

Os angolanos mostraram que têm um elevado espírito cívico e todos os que estavam disponíveis inscreveram-se no recenseamento eleitoral preparando-se para as grandes datas que se aproximam fazendo valer o que têm de mais forte num debate com os políticos: o voto.
Todos os angolanos – todos, não, uns tais irredutíveis tipos de uma tal Diáspora não se recensearam porque… não lhes deixaram! – residentes em Angola, cerca de 7,5 milhões em 14,1 milhões de pessoas, segundo a ONU, – o que significa que, ou não foram “todos”, ou a população angolana é muito jovem; mas em compensação em Luanda conseguiu-se ultrapassar os 100%... espectáveis –, vão, finalmente e depois de alguns anos de Paz, que se saúda, querer escrever a sua cruzinha num quadrado alvo e depositar o correspondente suporte, a que chamam de voto, na respectiva urna.
E com isso, os angolanos irão verificar que o seu sentido cívico foi retribuído com as eleições legislativas e presidenciais no ano… espera-se que ainda seja no século XXI.

16 setembro 2007

Pululu envaidecido

(DDR)

Se não é o blogue será, pelo menos, o autor. E se o inchaço do ego pagasse imposto então o autor – mas o que é o autor se o blogue não tiver leitores – estaria a pagar a taxa máxima ou, na mais verdadeira das hipóteses, a procurar asilo num qualquer paraíso fiscal porque não teria kumbu mínimo para pagar o imposto.
Tudo isto porque num trabalho de Breno Baldrati – diga-se que fui alertado indirectamente pelo blogue de Feliciano Cangue (saúdo publicamente a sua aprovação em Doutoramento em Engenharia), o que agradeço, e pelos inúmeros acessos que daí resultaram – para o jornal Gazeta do Povo num artigo intitulado “50 blogs para entender o mundo”.
O articulista brasileiro realça o contributo da blogosfera e dos bloguistas para o novo entendimento do Mundo e como alguma certa imprensa, a chamada clássica. Esta ainda olha para os bloguistas como intrometidos no recanto da sua casa; daí o termo de “pajamahadeen” (uma mistura de pijama e mujahideen – guerreiro santo islâmico) em parte devido a uma certa frase de um ex-vice-presidente da rede CBS, Jonathan Klein, que subestimando o eventual potencial jornalístico de um bloguista os chamou de “cara sentado de pijamas na sala de sua casa escrevendo”. Talvez tenha razão para a maioria dos casos.
Mas muitos têm contribuído, à sua maneira, para reformular certas orientações políticas e sociais dos seus países.
Mas como alerta Baldrati ao citar Andrew Sullivan – um dos primeiros jornalistas/bloguistas nos EUA a largar as redacções dos grandes jornais para “vestir o pijama” –, num artigo para a revista Time, o aparecimento da blogosfera não só não mata a clássica Comunicação Social – são muitos os países onde o acesso à Internet é muito deficitária, tal como o é, infelizmente, ao jornal, ou à rádio ou, ainda mais, à TV – como parte dela, da blogosfera, depende “dos recursos jornalísticos dos grandes meios de comunicação para fazer o grosso da reportagem e da análise. O que os blogs fazem é oferecer a melhor investigação possível dos grandes meios de comunicação – melhorando o padrão dos profissionais, acrescentando novas opiniões, novos pontos de vista e novos fatos a cada minuto. (...) Em uma época de debate radicalizado, nunca antes a verdade esteve tão disponível. Agradeça aos camaradas de pijama. E os leia”.
Sobre o tema destaco um dos parágrafos de Baldrati “Do Egito ao Equador e da Angola à Armênia, o movimento blogueiro está se consolidando e ganhando respeito. Não porque individualmente cada blogueiro seja espetacular (alguns, de fato, são), mas porque juntos eles conseguiram criar um ambiente favorável para o debate e a troca de informações que se tornou relevante e a cada dia recebe novos adeptos.” (mantive a grafia como estava até porque, se tudo correr bem, em princípios de 2008 com a “armonização” da grafia lusófona algumas palavras serão objecto de alteração; cairão consoantes mudas e alguns quantos “H”, como em harmonização).
Aqui vos deixo o acesso aos 50 blogues que Baldrati considera como sendo dos melhores para entender o Mundo, escritos em português, inglês ou espanhol. De entre eles o meu – e vosso – Pululu (África-Angola), mas também blogues como “Timor Lorosae Nação” (Ásia-Timor) que alerta para o que se passa naquele país lusófono da orla Ásia-oceania, o “Diário de um Sociólogo” (África-Moçambique) do sociólogo Carlos Serra, o “This is Zimbabwe” (África-Zimbabué) de um grupo pró-democracia no Zimbabué, ou o colectivo “Global Voices Online”.
Igualmente publicado n' , edição 61, de 18-Set-2007, sob o título "Pululu ganha (mais) respeito e simpatia no mundo da blogosfera" (edição em PDF por assinatura)
NOTA: Por lapso, escapou-me a referência ao único blogue português no citado artigo de Baldrati: o Blasfémias.

13 setembro 2007

Depois do terramoto, a sufocada espera pelo tsunami

Indonésia sofreu – uma vez mais – um forte sismo com epicentro no mar, seguido de várias réplicas. Do abalo inicial suspeitou-se – o seguro morreu de velho – que pudesse originar um tsunami.
As pessoas ainda não se esqueceram do desastre de 26 de Dezembro de 2004.
Por isso, os países ribeirinhos fronteiros, ou seja, todos os países da orla indica, entre Austrália e África e o sul da Ásia, naturalmente que ficaram de sobreaviso.
Moçambique não foi excepção e colocou as suas populações, nomeadamente do Norte do País, de precaução.
Por isso surpreende-se que a entidade coordenadora pela cautela das populações moçambicanas face às intempéries e cataclismos tenha emitido o comunicado que o diário moçambicano O Observador publicou.
Como alerta o director-executivo deste diário “Ou se sabe o que se diz, ou o melhor é estar calado”.
Infra, um facsimile do texto publicado na página 2, da edição de amanhã, d’ O Observador, nº 59.

Ouvindo palestra na ONU sobre Desenvolvimento em África

(Como os entendo e como compreendo a sua audição compenetrada. O Desenvolvimento em e para África merece muito convicção)
"Caras(os) ,
Todos nós somos testemunhas daquelas sonolências monumentais que nos Congressos, Conferências e reuniões importantes, acometem até o mais diferenciado participante, congressista, o mais sisudo cientista- independentemente da sua cor, da convicção religiosa ou filosófica, e dos gostos musicais; especialmente depois da pausa para o almoço. E se o dito incluir um Tintol alentejano...
Pois é: esta foto carrega consigo alguma maldade..., ou, eventualmente, intenções cavilosas, como dizia um político local que gostava de usar o bom Português.
A foto dos nossos ilustres congressistas faz-me recordar a história de um polícia americano, num dos Estados do Sul, onde o preconceito racial ainda vigora ora quieto, ora escondido, e frequentemente de modo claro e transparente, que dizia o seguinte( anos 60/70):
"...Os Negros não fazem jogging, são é uma cambada de ladrões...". E acrescentava: "...Na dúvida, sobretudo se for ao anoitecer, disparo!..." .
Anda um tipo a seguir os conselhos e as sugestões dos médicos acerca da importância do exercício físico aeróbico e...choca com uma bala perdida; sem saber ler nem escrever.
Tudo isto, meus caros - pessoas sem preconceitos de ordem racial - é apenas para retomar o trabalho neste 2º período com um sorriso nos lábios. E sem aquela sonolência da foto...
Saudações amigas
Jerónimo Belo
"

Esta mensagem electrónica, que acompanhava a foto acima, recebi de Luanda e teve a devida autorização do autor como texto assinado. Pelo facto, assim está.

12 setembro 2007

O Quero, o Posso, e o Mando?

Falta de respeito pelos outros e pela lei é o que parece ser isso o que vê a Amnistia Internacional na Polícia angolana num relatório de 28 páginas para o período de 2005-2007 intitulado “Above de Law: Police accountability in Angola” coordenado pela representante da AI em Angola, Muluka-Anne Miti – estranhamente o citado relatório não parece estar disponibilizado conforme se verifica no respectivo acesso indicado (talvez uma indispo(zição)nibilidade momentânea).
Em dois meses é a segunda denúncia da AI. A anterior, sobre eventuais casos de tortura e maus-tratos, foi em Julho passado.

O compromisso de Namibe altera GURN; e as movimentações na CS

Uma das principais cláusulas do Memorando de Entendimento para Cabinda, assinado no Namibe em Agosto de 2006, entre os representantes do enclave de Cabinda e o Governo de Luanda foi, finalmente, implementado.
Desde segunda-feira que o GURN passou a incorporar membros do Fórum Cabindês para o Diálogo.
António Bento Bembe é o novo Ministro sem Pasta. Outros cabindenses, ou supostamente cabindenses – a não serem é o descrédito total do Memorando – também fazem parte do GURN. Destacam-se José Gualter dos Remédios Inocêncio é o vice-Ministro dos petróleos. Segundo Raul Danda, José Inocêncio é um cabo-verdiano – em circunstâncias ditas normais seria natural que um cabo-verdiano tivesse obtido a nacionalidade angolana e pelas suas qualidades ascendido a uma pasta Governamental, mas no caso concreto… – que sempre trabalhou para a segurança, já esteve apontado como alguém que se quis infiltrar no PDP-ANA e no partido FpD e que depois quis minar a Associação Tratado de Simulambuco em Portugal; José Bamoquina Zau, para vice-Ministro do Interior; André de Jesus Moda, como vice-Ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural para a área dos recursos florestais; Macários Romão Lembe, é o novo vice-Governador da província de Cabinda; e, por fim, o general Maurício Amado Zulo, empossado como vice-chefe do Estado Maior General das FAA para a área social.
Novos membros governamentais só para um ano(?), dado que, de acordo com o calendário eleitoral(?), em 2008(?), haverão eleições legislativas…
Aproveitando a deixa o presidente Eduardo dos Santos procedeu a outras remodelações.
Assim, Pedro Luís da Fonseca, foi empossado com o cargo de vice-Ministro do Planeamento; José Joana André, para vice-Ministro das Obras Públicas; Gilberto Buta Lutukuta, é o novo embaixador de Angola na República da Côte-d’Ivoire, substituindo o malogrado embaixador Carlos Belli-Bello; Pedro de Morais Neto, vai para embaixador na República da Zâmbia, e de Pedro Fernando Mavunza, é o novo embaixador na República do Congo.
Além dos ministeriáveis e dos embaixadores de realçar que o Ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais, decidiu que nas embaixadas deveriam estar elementos da CS como adidos para a informação em vez de certo tipo de pára-quedistas que nada sabem do assunto. Para Lisboa foi nomeado Estêvão Alberto.

O portal do Correio da Semana

Saúda-se a entrada, que se espera definitiva, do novo portal do semanário santomenses Correio da Semana - o Correio da Semana On line - com várias rubricas à disposição do leitor.
Particularmente, agrada-me por duas razões. Posso aceder aos meus artigos publicados no CS, o mais recente e já aqui referido, o d' "A Cooperação e as baleias" na secção Opinião, e, desculpem-me, a bela cor encarnada que simboliza o Benfica.
Aconselho uma visita ao portal.

11 setembro 2007

Fim ao Genocídio, ao Terrorismo, às Bombas

(Enquanto se puder falar em Terrorismo, relembra-se 9/11 ou 11 de Setembro)
Só de uma mente iluminada poderia vir a proposta que hoje/ontem surgiu na Internet via União Europeia, admitindo que tenha sido mesmo isto dito.
Segundo uma notícia aqui lida o Comissário (só esta palavra faz-me logo arrepios) Europeu da Justiça, Liberdade e Segurança, senhor Franco Frattini – se o nome quer dizer alguma coisa quanto à ascendência, está tudo explicado – propôs, ou pensa apresentar essa proposta aos eurocratas nacionais(??) que a Internet deixe de poder utilizar palavras como “Genocídio”, “Terrorismo” e “Bombas” que possam levar potenciais indivíduos que pensem provocar actos de terror – ou seja, terroristas, genocidas e bombistas, dizê-lo enquanto não for proibido – de aceder a portais e sites onde possam aprender fazer e manusear artefactos susceptíveis de provocar danos enormes – ou seja, bombas!
Realmente, é capaz de ter razão.
Se não se falasse em Terrorismo já há muito se tinha acabado a saga do 11 de Setembro que hoje, porque ainda não é proibido falar, relembramos os cerca de 3000 mortos causados pelo impacto de 4 aviões desviados nos EUA por pessoas que não poderemos, no futuro, chamar de terroristas.
Se não se escrevesse sobre Genocídio, provavelmente já teria acabado a saga de Darfur. Teriam sido todos exterminados sem que se soubesse. Nem se saberia dos seis italianos mortos na Alemanha devido aos senhores do código fechado muito característico de um País a que pertence o senhor Comissário.
Se não se contasse o que tem acontecido com Bombas desconheceríamos o que aconteceu em Londres, a 7 de Julho, em Madrid, a 11 de Março, em Beslan, a 1 ou 2 de Setembro ou, mais recentemente, o atentado de Argélia. Nem se falaria dos atentados na Turquia, no Iraque, na Indonésia, etc.
Ou seja, o Mundo era a tranquilidade absoluta!!!
Quase diria, e sem querer roubar protagonismo ao próprio, que isto é um proto-Bushismo!
Por vezes, ao quererem mediatismo, leva-os a dizer asneiras tão grandes. Ou teria sido uma deficiente interpretação do jornalista, ou interlocutor, que o ouviu? Como no caso de Madeleine McCann onde que já se traduzia “Full Match” por "100%" numa matéria, como o DNA, impossível de acontecer.
Enfim, é por estas e por outras…

09 setembro 2007

Eleições em Marrocos

(mapa do MRE do Brasil)

No fim-de-semana – mais propriamente na passada sexta-feira – os marroquinos foram às urnas para eleger o novo parlamento. Foram, é uma forma de dizer. Apesar de incentivados pela Comunicação Social e pelo próprio monarca, só 37% (oficializados) dos marroquinos cumpriram a sua obrigação cívica: depositar o voto. E ainda há quem reclame porque não lhes deixam fazer o mesmo, votar…
E esta abstenção poderia pôr a Europa, em geral, e a Península Ibérica, em particular, de prevenção máxima. Embora, também, a África magrebina estivesse de alerta.
Um dos principais e mais importantes candidatos – daí que uma parte significativa da CS se predispôs a incentivar ao voto – era o partido islamita que se posicionava como possível vencedor.
Felizmente, o tempo o dirá, os islamitas foram, a par do voto, um dos dois maiores derrotados destas eleições; segundo as últimas projecções os islamitas do Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD) não obtiveram mais que 47 assentos – o PJD apontou sempre para 80 deputados – e os socialistas da USFP, a anterior primeira força do Parlamento, quedaram-se pelo 5º partido mais votado.
Se em termos democráticos o grande vencedor foi o rei Mohammed VI – temiam que a sua posição pudesse ser, eventualmente, posta em causa com a vitória do PJD –, dado ter sido um dos maiores impulsionadores das legislativas, já em função do voto, os vencedores foram os nacionalistas do Istiqlal que obtiveram 16% dos votos e 52 assentos num universo parlamentar de 325 deputados. A terceira força foi Movimento Popular (MP) (rural e berbere), com 43 lugares, seguidos dos independentes liberais do Grupo Nacional Independente (RNI), com 38 assentos, e dos socialistas da União Socialista das Forças Populares (USFP) com 36 deputados no Parlamento.
Num primeiro relance, parece que os 5 partidos (Istiqlal, MP, RNI USFP mais o Partido do Progresso e do Socialismo (PPS), que obteve 14 cadeiras), que governavam coligados, desde 2002, na kutla (bloco) democrático devem voltar a fazê-lo sem necessidade que chamarem os islamitas. A única “nuance” será que, desta vez, caberá aos líderes do Istiqlal nomearem o novo Chefe de Governo.
Só que manda o bom-senso não desprezar a força islamita, principalmente quando uma das suas batalhas – e, diga-se em abono da verdade, da larga maioria dos marroquinos – prende-se com a devolução dos territórios espanhóis em Marrocos.
Esperemos pelos próximos desenvolvimentos e pelas reacções dos islamitas, apesar de haver quem os considerem como moderados dado serem estes quem, actualmente, lideram o PJD.
Outra questão que se põe, prende-se com o Sara (ou Saara, ou Sahara) Ocidental (RASD).
.
Este apontamento foi citado e publicado na rubrica "Hoje Convidamos.." do Demoliberal.

E ao fim-de-semana…

(pôr-de-sol no Algarve; foto © LAPA)
… sempre que se pode e se proporciona, dou umas pequenas férias ao computador e a mim-próprio.
Como estive fora destas lides no fim-de-semana só hoje posso dar conta e analisar dois factos importantes no continente africano.
Um, aconteceu em Marrocos onde se realizaram as legislativas, como analisarei à parte. O outro, não menos importante, o fim das qualificações para o CAN2008 onde Angola já tinha carimbado o passaporte, embora tenha perdido no último jogo com o Quénia – nos últimos minutos, a sina da lusofonia? – e onde Moçambique e Cabo Verde poderiam carimbar os seus vistos.
Infelizmente, e apesar da brilhante vitória conseguida na Tanzânia, os mambas que conseguiram, ainda assim, um brilhante segundo lugar no grupo, não conseguiram ser um dos três melhores segundos lugares. Apesar de ter, tal como outro duas ou três selecções que também ficaram com nove pontos, Moçambique que teve 2 vitórias e 3 empates ficaria impedida de seguir dado que o Togo, por exemplo, que ficou com 9 pontos teve 3 vitórias.
Também a equipa crioula não conseguiu o visto ao ser derrotada em Conakri por 4-0.
A dúvida fica, em qual grupo havia mais homogeneidade e mais equilíbrio? E como se pode dizer que são os três melhores quando, num grupo só havia 3 equipas o que, à partida, condiciona e coarcta qualquer hipótese ao segundo lugar?
E em questão de equilíbrio, no grupo 8(?) a diferença final entre o primeiro classificado, a Guiné, e o último, Cabo Verde, era SOMENTE de 3 (três) pontos! E o equilíbrio viu-se na última jornada onde a poderosa Argélia foi eliminada da fase final pel’ A Gambia.
Já, em nota de rodapé, a mundialista África do Sul (Mundial de 2010) parece ter sido eliminada na última jornada (1-3) pela Zâmbia. Na primeira volta os Bafana-bafana venceram por somente 1-0. Segundo o calendário/classificação do CAN2010, ainda não totalmente completo à hora que escrevo, dava como classificação final as duas selecções da SADC no topo com 11 pontos. Como a diferença é favorável aos zambianos…
perante estes factos só me resta esperar e desejar ver Moçambique e Cabo Verde no CAN2010, em Angola, e, por extensão, no Mundial da África do Sul do mesmo ano.
De saudar, também, a vitória da Nigéria no Campeonato do Mundo de Futebol em sub-17 ao bater a Espanha na transformação de pontapés da marca de grande penalidade. Ao fim do tempo regulamentar havia um 0-0; nos penaltis os leões nigerianos converteram 3 e os espanhóis, nada!

07 setembro 2007

Os Bushismos já esquecidos

(qual é que, realmente, devia de estar no Zoo?)

Já estava esquecido dos Bushismos do senhor Bush. Desde Maio passado, quando chamou à rainha inglesa de “A Mulher Mais Velha do Mundo” por esta ter visitado os EUA no século XVIII, que não havia recordação deles.
Nem mesmo quando está para deixar a Avenida Pensilvânia o senhor George Bush deixa de mandar as suas gafezinhas da ordem.
Será que ainda ninguém lhe explicou que não deve falar em público sem teleponto? Até Portugal, que passou do 40º e tal para 7º em países com Governos mais tele-informatizados já ninguém – da política, claro –, dispensa o seu telepontozinho, quanto mais um “gafista” como Bush.
As últimas foram na Austrália na reunião da APEC – Fórum para a Cooperação Ásia-Pacífico – que se está a realizar na Austrália (aquele país que quer ser a nova potência colonizadora de Timor-Leste).
Aos militares australianos chamou-lhes austríacos (são mesmo um ao lado do outro; um na Oceânia outro na Europa; faz-me lembrar o Mapa-mundi para os norte-americanos – ver acima); à APEC chamou-lhe OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) que, por acaso, tem sede em Viena – provavelmente, deve ser na ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul…; e para compor o ramalhete – o mais certo era já estar vinolento com tanto disparate – a segurança teve de lhe mostrar a correcta porta de saída.
Uff! Tantos bushismos de uma só vez, já estava destreinado…
Ao menos recordou-se da oposição civil birmanesa, ao pedir aos militares que governam Myanmar, a sua rápida libertação. Relembremos que a Nobel da Paz e líder da Liga Nacional para a Democracia, Aung San Suu Kyi, está sob prisão, e sem visitas de familiares, desde 2003.


Fotos e imagens de: 1, penso que d’ O Jumento; 2, recebido via e-mail há imenso tempo; 3, da enciclopédia Britânica

Poesia pela Liberdade e pelos Direitos Humanos

(a beleza da pureza face à força bruta; daqui)

No próximo dia 12 de Setembro, e indo ao encontro de uma iniciativa da Fundação Peter Weiss for Art and Politics, vão ser lidos na Livraria “Ler Devagar” poemas de autores zimbabueanos a favor da Liberdade e contra os ataques aos Direitos humanos no Zimbabué.
A iniciativa "Shout! Pela Democracia e Liberdade de Imprensa no Zimbabué" enquadra-se no âmbito de uma "Worldwide Reading", ou seja, uma leitura colectiva, à escala global, de poemas de autores zimbabueanos em espaços públicos, nas rádios locais e nacionais.
Em Lisboa, para além de poemas de zimbabueanos, também se prevê que sejam lidos temas de Mia Couto e João de Melo Neto.
Além de Lisboa, também outras cidades mundiais, em 50 países, aderiram à ideia.
Além de poesia haverá uma actividade, a que os organizadores chamaram de “campanha verde” onde árvores de parques lisboetas terão pendurados poemas de autores zimbabueanos.
A cultura a favor da Liberdade e da Justiça.

Foi há 15 anos! e…

(Chiluba entre Eduardo dos Santos e Savimbi, em Maio de 1995; ©foto daqui)

Só foi há 12 anos que esta foto foi chapada. Chiluba, então o primeiro presidente eleito da Zâmbia independente, juntou Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi, no que seria chamado de Acordos de Lusaka.
Nessa altura, já tinha acontecido uma reunião entre a troika, que controlava os Acordos de Bicesse, e os dois líderes dos principais candidatos às eleições legislativas que ir-se-iam realizar no final de Setembro de 1992, onde se sagrava um protocolo que 15 anos depois ainda persiste na sua versão inicial.
Nessa reunião de 7 de Setembro, ficou consagrado que, qualquer que fosse o resultado eleitoral, os dois movimentos/partidos formariam um Governo de Unidade e Reconstrução Nacional (GURN) em prole do engrandecimento e da consolidação da Paz angolana.
Foi há 15 anos!
Depois disso houve eleições legislativas e a não consumada eleição presidencial; e, durante anos, não houve mais Paz, nem mais sossego e nem Angola se tornou a Nação que todos desejávamos. E, por isso, não mais houve eleições.
A Guerra e a falta da Paz eram as principais razões para as não haver.
E, agora, não há mais a falta de PAZ para a sua desculpa.
Depois do “Mais Velho” ter sido morto nas chanas do Leste, em Fevereiro de 2002, estamos sem saber, com clareza, quando haverá eleições.
O registo eleitoral já há. Só que não é para todos. Mas há! E as eleições? serão para quando?
Enquanto isso, os angolanos vão sendo governados por um GURN onde alguém comanda mais, um partido manda e outro se cala. Até quando?
Quando é que vamos ter em Angola um governo saído de umas eleições livres, justas e não inquinadas?


Este texto foi, inicialmente, publicado como artigo no , de hoje, sob o título "O GURN foi há 15 anos, mas o futuro tarda"