14 janeiro 2008

Moçambique mantém em debate as línguas nacionais em coexistência com a língua oficial.

Um excelente artigo de João Craveirinha, já escrito em Janeiro de 2007, mas hoje (re)publicado no “Moçambique Online Blog” sob o título “A Questão das Línguas Nacionais na identidade africana” e o sub-título “A Questão das Línguas Nacionais na identidade africana em Moçambique
Craveirinha com a liberdade que o caracteriza critica o medo da Frelimo, que teve em dado momento histórico, ao perder “a grande oportunidade histórica de fazer uma verdadeira e pacífica revolução cultural…o povo multicolor (arco-íris) de Moçambique estava receptivo às mudanças para uma afro-moçambicanização - moderna - mesmo usando a língua portuguesa como plataforma de união reforçada pela libertação das línguas nacionais…” citando, para isso, Eduardo Mondlane nas conversas que mantinha com os quadros em 1967/68.
A defesa das línguas nacionais não é, nem pode ser, nunca um sinónimo de ostracização da língua oficial. E João Craveirinha dá como exemplo o antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros do regime do “apartheid”, Pik Botha, um bóer, quando este, durante a celebração dos “Acordos de Nkomati”, em 1984, “corrigiu o changane de Samora Machel pois dominava melhor que o mesmo SM…este ficou profundamente admirado de um white/boer falar melhor a língua materna que ele próprio…é que mesmo com apartheid o ensino das línguas locais eram ensinadas em paralelo com o inglês e o afrikaans…chama-se a isso pragmatismo por cima do racismo...
Um artigo a ler e a ponderar, nomeadamente, o aparecimento “político-histórico” de Maputo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto do ensino das linguas etnicas, por parte dos colonialistas, era um pau de 2 bicos: Para os paises que praticavam o apartheid, Ingleses,Belgas, franceses, alemães, até era oportunissimo, ficar tudo bem distinto entre todos, no caso de Portugal dentro da desorganização caracteristica, em que alem do fenómeno da mestiçagem, cada comerciante branco aprendia uns rudimentos das linguas locais,acabava por ninguem aprender didaticamente o português.

Conclusão, hoje os governantes africanos, não se podem queixar que os europeus lhe tenham usurpado as proprias linguas, em contrapartida estes deixaram nas mãos deles próprios, arcarem com o trabalho enorme que é proceder a uma destribalização que está a ser feita com matanças, deslocção violenta de aldeias, formação de campos de concentração com mistura de etnias, etc. e mesmo com mais de 40 anos de independências, o problema etnico continua cada vez mais latente.