05 agosto 2008

Afinal quem manda mais na Guiné-Bissau?

Apesar da opinião contrária do Presidente da Assembleia Nacional Popular – quero acreditar que essa opção era puramente institucional e nada mais – o presidente João Bernardo “Nino” Vieira decidiu, através do decreto presidencial nº 57/2008 de hoje, dissolver a ANP por, segundo ele, a "grave crise institucional" que afecta o país, a isso o obrigar.
Só que “Nino” Vieira não explica se a crise é política (será por causa do regresso e mudança de nome de Ialá?), económica (os funcionários públicos, os professores e outros trabalhadores estão com os seus salários em atraso), judicial (o Supremo Tribunal de Justiça considerou inconstitucional uma lei aprovada pelos deputados, que prolongava o mandato de parlamentares e primeiro-ministro por seis meses, o que se entenderia dado a falta de recursos económicos do País e as eleições serem só em Novembro próximo) ou, mais concretamente, porque há pessoas estranhas que andam, segundo parece, a mandar claramente no País, os narcotraficantes, como aqui é evocado?
E se assim for, então teremos de admitir que, uma vez mais, os Bissau-guineenses foram derrotados por aqueles que acha, que o País é uma excelente plataforma para os seus narcóticos jogos, como recordou, recentemente, o representante especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau, Shola Omoregie.
Ainda esta semana foram detidos indivíduos no Senegal que transportavam bolos de cocaína no estômago e, segundo parece, obtidos na Guiné-Bissau.
Pois, a ANP foi dissolvida porque o Supremo tribunal decidiu pela inconstitucionalidade o que servia de mote à vontade dos deputados, mas estes vão continuar na mesma na ANP até às eleições de 16 de Novembro só que, nem eles, nem o Governo, terão capacidade para Governar mas só para gerir…
Até porque, constitucionalmente, se o Governo que vai estar em Bissau até à posse do novo saído das eleições próximas, é de gestão porque demitiu, também, o primeiro-ministro Martinho N'Dafa Cabi e nomeou Carlos Correia para o cargo de novo Chefe de Governo de gestão, apesar de, já em tempos idos, ter dado provas de ser um bom governante?
Realmente, quem ficou a ganhar? O povo Bissau-guineense é que parece não ter sido…

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