16 agosto 2008

Onde fizeram a sondagem?

(estas também fazem sondagens mas... de água que tanta falta falta aos angolanos, num País onde existe muita!)
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Parece circular em Luanda entre os mundos diplomático e económico uma sondagem encomendada pelo poder próximo do Príncipe e feita, tal como em 1992, por especialistas brasileiros.
Não se contesta nem se questiona a qualidade dos operadores de marketing político brasileiros. Já deram bastas provas da sua qualidade.
O que se questiona é a forma como o fizeram para dizerem que o MPLA vai ter uma vitória folgada.
Feliciano Cangue chama-lhe, e com toda a propriedade, uma “intenção de voto artesanal”. Porque, de facto, só em critérios muito apertados seria possível fazer essa sondagem. Não seria, por certo nos bairros, musseques e sanzalas de Angola que os 58 especialistas brasileiros e 61 angolanos conseguiriam fazer uma sondagem (e o desconhecimento que o principal conselheiro demonstra do crescimento angolano é um sinal claro que não conhece realmente o terreno).
Porque as sondagens menos artesanais já efectuadas, e mesmo assim, são sob reservas porque são-no feitas em portais e, ou, blogues, dizem-nos que é possível a vitória do MPLA – ou não estivesse este no poder e a dominar os meios oficiais da Comunicação Social, que o Ministro que os tutela não deixa que esqueçam – mas por números muito próximos dos 50%.
Também militantes deste partidos, com quem recentemente falei, admitem que dos cerca de 4 milhões de militantes que o partido tem registado (números que me ofereceram e que cedo gratuitamente) não devem votar todos, nem pouco mais ou menos, no partido. Se eles já pensam assim e afirmam que se não ultrapassar os valores de 1992 será uma derrota…
Também contactos com sectores institucionais a operarem no terreno eleitoral, parecem não questionar uma possível vitória do MPLA – ou não estivesse este no poder e a dominar os meios oficiais da Comunicação Social, que o Ministro que os tutela não deixa que esqueçam – mas consideram que haverá uma proximidade entre o MPLA e o principal partido da oposição (que por acaso está na posição 11 do boletim de voto) UNITA e, talvez, apareça uma ou outra força que possa interferir na gestão do bem público que se chama Governo. Dizem-no discretamente porque não podem dar o seu testemunho público devido às suas funções.
Por isso, é no mínimo estranho, que os especialistas brasileiros tenham tão fortes convicções sobre as intenções de voto dos angolanos, a fazer fé no que os dirigentes e, ou, governantes afectos ao MPLA afirmam saber, quando não há liberdade para falar ou escrever nos meios independentes como se explica o mutismo por que passam dois dos maiores semanários independentes de Angola com os portais quedos desde há cerca de um mês (a última actualização reporta-se à edição da semana 12-19 de Julho, pelos menos na Internet).
Se é ou foi a única forma para pressionar e elevar o moral interno – o que é natural quando parecem deixar no ostracismo dirigentes como João Lourenço ou então para adormecer os investidores quanto às crises internas – nesse caso não deveriam mostrá-lo aos diplomatas e investidores externos.
Só se descredibilizam e colocam o patamar eleitoral num nível pouco credível para a Comunidade Internacional.
Ou, então, foram pagos por quem quer transformar Angola na nova Cuba, ou seja, num grande produtor de cana-de-açúcar, para exportar açúcar para a Europa e, acima de tudo, a menina dos olhos de Lula da Silva, o etanol!
Realmente Angola precisa de uma clara Mudança, porque 30 anos de poder e com uma economia girando, quase que unicamente, em torno do petróleo – cujo preço está a cair no mercado internacional – e nos diamantes, pertencentes a determinadas famílias “monoparentais”, não há Governo que possa ser muito justo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Voto artesanal é eleogio. É puro aldabrice. Do MPLA esperamos tudo. Outra coisa, quem é Angola caso seja peguntado, vai dizer que vota no outro partido?