31 maio 2008

Artoliterama

Quando se é jornalista 24 horas no dia e 7 dias na semana e ainda se consegue ter um tempozinho para dedicar a cultura das duas, três.

Ou se é doido, e parece que ele se assume alegremente como tal;
ou o relógio está deliciosamente parado no tempo e na saudade da terra onde o sol castiga mais;
ou então,... estamos perante um Homem que só conhece uma arte: o saboroso poder da escrita!

E para o provar, Orlando Castro oferece-nos, enfim e até que enfim, o prazer de nos deleitarmos com alguns dos seus poemas que, a maioria, sei-o, já foram editados - se alguém souber por onde anda o livro de poemas dele (Algemas da Minha Traição), avise que eu vou lá comprar - num blogue cultural que, como ele afirma foi beber aos idos tempos do liceu do Huambo onde foi criado o "Artoliterama – Grupo Juvenil de Artes e Letras do Huambo", por uns “jovens dos idos de 1975, que são hoje uns kotas rezingões espalhados pelos desertos da saudade e que sobrevivem à custa dos oásis da memória”.

Uma memória que, segundo ele, “hoje, com versos e prosas, regressa às origens” sob o mesmo título de Artoliterama.

Desorganização... ou incapacidade para ganhar?

"Há coisas que definem um staff organizativo de uma qualquer organização, empresa ou eventos. Quando tudo corre bem, por norma pouco transpira senão o que se quer que saia para o exterior. Mas quando as coisas começam a derrapar tudo aparece e como o azeite vem tudo ao de cima.

Há tempos aqueles que pugnam pela verdade e pela verticalidade questionaram as palavras de um Ministro angolano sobre a existência de eventuais paióis pertencentes à UNITA eventualmente espalhados pelo sagrado território angolano.

Se houve pessoas que afirmaram que estas palavras do Ministro demonstravam má-vontade e uma clara atitude de denegrir a imagem da UNITA dado que o Governo e as FAA’s desde o fim da guerra que sabiam da sua localização e se ainda não tinham destruídos seria por manifesta incompetência e desorganização, outros próximos da Direcção afirmavam que os paióis estavam destruídos e que este cíclico anúncio da existência de armas ou de militares escondidos mais não mostrava que uma falta de maturidade democrática por parte das autoridades governamentais (ACJ dixit).

Já por parte da Direcção da UNITA houve algumas oficiosas, discretas e polidas críticas, bem naturais, porque estavam a ser colocados sob o duvidoso epíteto de “fazedores de guerras” porque seria para isso que os tais paióis serviriam e de não estarem preparados para acolher os resultados das eleições.

E sobre estas, um parêntese para se registar que, segundo parece, o Presidente Eduardo dos Santos vai convocá-las na próxima terça-feira (terá que o fazê-lo para possa ser cumprido as normas legais previstas pela Constituição). (...)" (Continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado na rubrica "Colunistas" do , sob o título "Desorganização, incompetência, má-vontade, ou incapacidade para ganhar?"

29 maio 2008

Revista Africanologia apresentada hoje

Aproveitando o II Congresso Internacional de África Lusófona, que decorreu entre os dias 28 e 29 de Maio, na Universidade Lusófona, foi apresentada, ainda em versão online, a revista “Africanologia”.

Uma revista semestral que, futuramente, e segundo um dos seus responsáveis, passará a sair, simultaneamente, em online e em papel. Abordará temas cadentes não só com a África lusófona mas com tudo o que a África diga respeito.

Por razões pessoais só pude assistir – e nem poderia deixar de o fazer por questões académicas – às intervenções do painel “Prevenção, gestão e resolução de conflitos”, moderado pela professora Fátima Roque e que teve participações de Dra. Mónica Ferro, do ISCSP, de Fernando Jorge Cardoso, do IIEE, de António Almeida Tomé, da ULHT, e de Fátima Proença, de uma ONG.

Um naipe de intervenções interessantes, nomeadamente no que disse respeito à questão da questionável interpretação ocidental sobre os Estados Falhados, proferida por Mónica Ferro, assistente do ISCSP e doutoranda no mesmo Instituto, e o problema dos diferentes conflitos ou dos seus diferentes conceitos proferida pelo professor Fernando Jorge Cardoso.
Igualmente, interessante, mas que foi apresentado de uma forma um pouco corrida devido à ditadura do tempo, a análise sobre Prevenção, Comando e Resolução de Conflitos proferida pelo professor António Tomé. Fátima Proença abordou as relações entre ONG´s, a União Europeia e África e como muitos conflitos não se resolvem por causa da pressa que alguns cooperadores querem imprimir às questões político-administrativas africanas.

Se em termos de comunicação estas foram as que mais relevei, não posso deixar de registar a troca de opiniões entre um dos prelectores e uma jornalista reconhecida no meio português, apesar de não ser portuguesa, sobre as relações entre os jornalismo e a área social a que a personalidade da mesa pertencia.

Pelo que foi dado a perceber, há – ou havia – uma excelente relação entre a área dela e os jornalistas mas já não existe – ou existe cada vez menos – essa boa relação entre a referida área sociológica e o meio jornalístico, leia-se, as empresas de comunicação.

Sinteticamente afirmou-se que o grande problema actual entre estes dois actores passa pelo facto de muitos jornalistas estarem a ser colocados de parte e substituídos por meros estagiários que cumprem, unicamente, as directrizes dos meios que os empregam, esquecendo-se, porque disso não foram ou não têm quem os ensine, a ética que deve nortear as relações que devem haver entre a imprensa e as diferentes áreas sociais, económicas ou quaisquer outras.

Tribunal Britânico “condena à morte” doente com Sida

(pode ser cega mas não deve ser imoral...; imagem Net)
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Sem que com isto queira dizer que houve da parte de um Tribunal Europeu um claro golpe xenófobo não posso deixar de reconhecer que a Fortaleza Europeia está cada vez mais inexpugnável.
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Já não bastava, segundo os princípios que norteiam a liberdade dos estados em defenderem as suas fronteiras, em não deixar entrar os migrantes ilegais, ditos clandestinos, e, em alguns casos, conforme denunciado pela Amnistia Internacional, reprimem os ilegais de forma sistemática havendo ainda quem acuse alguns países europeus da prática de assassínios em pleno alto-mar afirmando depois que os recolheram já cadáveres;
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Já não bastava os 27 Euro-comunitários terem chegado a um acordo sobre a forma como deverão proceder ao retorno dos ilegais tendo em vista a harmonização da regulação das diferentes políticas de imigração dos Estados-membros de forma a conceder-lhes mais poder para poderem repatriar imigrantes em situação ilegal;
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Já não bastava aos Euro-comunitários de, até à expulsão dos ilegais ou irregulares, poder mantê-los em cativeiro sté 18 meses – sejam adultos ou crianças – e impedi-los de entrar na Europa durante os 5 anos subsequente e lhes terem retirado o direito a serem assistidos com apoio jurídico gratuito;
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Agora o Tribunal autorizou o Reino Unido a expulsar uma imigrante em situação irregular e com Sida, acabando por a condenar a uma morte atroz dado que não se sabe se o País de origem a aceitará de volta e em que circunstâncias!
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Se recordarmos da acusação da ONG da Papua-Nova Guiné, "Vivir con el VIH" que os doentes com Sida são enterrados vivos e pelos próprios familiares, devido aos receios da doença...

Combate á malária premiado

(imagem daqui)

Quatro organizações africanas que lideram o combate ao paludismo/malária foram galardoadas com o prémio espanhol, Príncipe das Astúrias.
As organizações galardoadas foram a ganesa Kintampo Health Research Centre, a Malaria Research and Training Center, do Mali, a moçambicana Centro de Investigação em Saúde de Manhiça e a tanzaniana Ifakara Health Research and Development Centre
O prémio destaca a busca de vacinas contra o paludismo/malária e o seu contributo na luta contra outras doenças endémicas como a tuberculose, o sida, a pneumonia ou as diarreias.
A malária continua a matar cerca de um milhão de pessoas todos os anos, representando uma contínua ameaça para cerca de 40% da população mundial, com especial destaque para os países da África subsaariana, onde, devido ao paludismo/malária, ainda continua a morrer uma criança, com menos de 5 anos, a cada 30 segundos.

28 maio 2008

Os desconfortos da Lusofonia...

"O Secretário-executivo da CPLP, o embaixador Luís Fonseca, admitiu há dias que a expressão “Lusofonia” ainda provoca algum certo desconforto junto de alguns sectores intelectuais e de dirigentes, nomeadamente, nos países onde as memórias de crises coloniais mais se fizeram sentir.

Segundo o Secretário-executivo, sobretudo “nos países africanos, registam-se dúvidas sistemáticas sobre a validade do conceito da Lusofonia enquanto factor de identidade supranacional”. Para eles a Lusofonia “é, por vezes, entendida como uma forma de tentativa de hegemonia da língua portuguesa sobre as línguas nacionais, da cultura portuguesa sobre as restantes”.

Não poderia estar mais correcto o Secretário-executivo da CPLP excepto, talvez, pelo facto de ele se ter circunscrito aos países africanos e esquecendo-se do Brasil e de Timor-Leste.

É certo que, nomeadamente em Angola e Moçambique que a expressão “Lusofonia” é acolhida com certo esgar e não menos estranheza, apesar desta palavra representar muito mais que uma mera expressão linguística, como se provou no recente encontro entre jovens da CPLP, ocorrido recentemente em Moçambique. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado na rubrica "Lusofonia" do sob o título "Quando a Lusofonia provoca desconforto"

Xenofobia, África versus Europa

(Cartoon recebido via e-mail)
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Sob o título "Xenofobia não acontece só em África na Europa já está em marcha" uma análise de João Craveirinha publicada na rubrica "Dialogando" no moçambicano "O Autarca".
Neste artigo, João Craveirinha faz um a comentário sobre ciganofobia em Itália tendo por base um artigo de Isaac Bigio citado no boletim Análise Global, e que, igualmente, se reproduz, com a devida autorização de João Craveirinha:

"ITÁLIA - Roma tem onda anti-Roma (ciganos)

Isaac Bigio*/Especial para BR Press

(Londres, BR Press) - Na Itália nasceu o fascismo e este é, hoje, o único pais da União Européia em que militantes que provêem desta corrente estão no partido do governo e detêm a prefeitura da capital. Roma está se convertendo no centro da maior onda de ataques contra os imigrantes provenientes de países pobres e contra os ciganos, principalmente os de origem romena.
Berlusconi quer criminalizar os “ilegais” e deportá-los tão logo os localize, mesmo que a maioria deles não seja formada por delinquentes, mas faça parte dos quase dois milhões de empregados domésticos e de cuidadores de pessoas idosas ou enfermeiras que vivem na Itália.

O Parlamento Europeu chegou, inclusive, a questionar Roma pela forma como maltrata os roma (chamados vulgarmente de ciganos) e pretende expulsar grande parte de seus 50.000 ciganos romenos (que são cidadãos da UE e por isso gozam do direito de estabelecer-se em qualquer nação do dito bloco). O ódio aos ciganos foi, juntamente com o anti-semitismo, um dos pilares do holocausto nazista. Se a ciganofobia não for detida, se acentuará a onda que se empenha em expulsar os latinos da Europa."

Xenofobia não acontece só em África
na Europa já está em marcha


por João Craveirinha

Nota à análise de Isaac Bígio: "Se a ciganofobia não for detida, se acentuará a onda que se empenha em expulsar os latinos da Europa."

Com pode ser possível serem expulsos os latinos da Europa latina. Os Italianos são o quê? Os verdadeiros latinos surgiram na antiga Roma hoje Itália por tal são os latinos nº 1 actualmente. Isso só traz confusão aos leitores pouco informados culturalmente sobretudo da América do Sul, Central e nos Estados Unidos da América. Há uma Europa Latina há milhares de anos.

Atenção ao termo latino na Europa: portugueses, espanhóis, franceses, italianos, romenos, parte dos suíços e belgas e os luxemburgueses, são povos latinos ou latinizados... Por essa ordem de ideias também haverá afro-latinos: os das antigas colónias francesas, portuguesas e espanholas em África e um pouco dos italianos na Etiópia e Somália.

O termo utilizado na América do Sul deveria se referenciar mais como América afro-ameríndia latina e não latina ou de latinos (pois não o são): os mestiços sul-americanos devido ao complexo colonial da cor mais clara e cabelo liso, conotar com superioridade por perto do europeu, não querem misturas com os mais escuros ou morenos das Américas de falas (hablas) portuguesa (Brasil) e espanhola (discriminando os mestizos mais morenos; índios e os negros por toda a América dita latina e nos EUA). Em Cuba, Venezuela e Bolívia também existe discriminação mas de outra forma. Das classes mais poderosas politicamente e economicamente. Note-se Chavez é mestiço negro / ameríndio e Morales é ameríndio com algum cruzamento passado com espanhol e antepassado escravo negro. Os escravos negros foram trazidos à força pelos portugueses e espanhóis para desenvolverem as Américas e se misturaram com o dito índio e o europeu incluindo na América central (México) e nos EUA e Canadá.
Resumindo: Na realidade os verdadeiros latinos só existem na Europa e são europeus.

Xenofobia não acontece somente na RSA ou em África. Na Europa já começou. Era isso se calhar que o Prof. britânico-jamaicano, Paul Gilroy (sociologia da cultura) se queria referir sem ferir susceptibilidades na última conferência que concedeu numa Universidade pública em Lisboa - sobre a Europa se estar a tornar mais europeia. Leia-se “branca”.

João Craveirinha

27 maio 2008

6 milhões de crianças com fome!!!!

(imagem via RTP-África "Repórter", 1ª edição, de 27/Maio/2008)

48 horas depois de se recordar o Dia de África uma notícia que já se tornou habitual.
De acordo com os Médicos sem Fronteiras, 6 milhões de crianças, como a da imagem, podem vir a morrer de fome na Etiópia!
Mas o que é que isso interessa enquanto dirigentes africanos vão, alegremente, fazendo eventuais ateliers sobre a segurança alimentar e nutritiva com a chancela da União Africana e da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD)!
E o que interessa uma eventual falta de alimentos em África desde que os terrenos possam ser utilizados para a produção de matérias-primas para os biocombustíveis?
E ainda há quem fale num eventual, tsunami silencioso, e cada vez menos, conforme demonstram os clamores que já se verificaram em Moçambique ou no Haiti ou… nos 6 milhões de futuras e inocentes vítimas na Etiópia!!

Uma notícia simplesmente abjecta!

(a função de um soldado é proteger e não violar; imagem da Net)
Uma notícia abjecta não porque o jornalista ou a imprensa a mostra – infelizmente, mas ainda bem que o faz –, mas por causa do conteúdo da mesma que já não deveria acontecer em pleno século XXI.
Já há tempos aqui, há cerca de um ano, deixei uma reflexão sobre uma matéria análoga e com os mesmos actores.
Infelizmente continuamos a ser bombardeados com notícias como a que hoje nos é dada a ler no “Sol” online e na Globo-online e que custa continuar a digerir por repetitivas!
Segundo aqueles dois órgãos informativos, que tiveram acesso a um relatório da ONG “Save the Children”, soldados da ONU são acusados de abusarem de crianças com idades compreendidas entre os seis e os 17 anos, em missões havidas na Costa do Marfim, Sudão, libéria, Rep. Dem. do Congo e Haiti.
Até quando a ONU vai continuar a permitir que energúmenos destruam a já tão difícil imagem da organização?
Há que seguir as recomendações, de há um ano, do relator das Nações Unidas sobre torturas, o austríaco Manfred Nowak, que pediu “critérios mais rígidos” no recrutamento dos capacetes azuis.
Não serão estes loucos passíveis de serem, também eles, de serem levados ao TPI em vez de serem simplesmente expulsos dos países onde prevaricam?
Tal como escrevi na altura começam a ser casos a mais para a nobreza de uma missão como é, ou deveria ser, a da manutenção da Paz.

26 maio 2008

Senhor Ministro, não vale chamar estúpidos aos contribuintes de Portugal

(Gráfico com base nos números recolhidos aqui)

O ministro da economia de Portugal, Manuel Pinho de seu nome, – quem fala como ele falou não merece maiúsculas no título governativo – chamou, sem dizer a palavra, "estúpidos" aos contribuintes do País que lhe pagam o seu principesco ordenado; será sempre muito maior que a média daquilo que os trabalhadores em Portugal recebem!
Chamou estúpidos quando afirmou que os combustíveis em Portugal não são dos mais caros da Europa, dizendo que os preços em Portugal, segundo o ministro – quem fala como ele falou não merece maiúsculas –, “são idênticos à média da União Europeia e até mais baixos do que na Holanda, Bélgica, Alemanha e Reino Unido”.
Sê-lo-ão por certo.
Mas o que o senhor ministro – quem fala como ele falou não merece maiúsculas – não disse, e os jornalistas parecem ter pudor em lho lembrar ao entrevistá-lo, é que a média de vencimentos em Portugal anda pelos cerca de 960 euros e na Alemanha bem acima dos 2700 euros. Ou seja, muito próximo do triplo!
E os preços dos combustíveis, conforme o gráfico acima, não ultrapassam os… 0,6 cêntimos!!

Quem ganha com a divisão da FNLA?

A quem interessa a divisão da FNLA e o difícil reconhecimento da derrota pelos candidatos não eleitos ao ponto de já se constar que esta actual situação pode impedir o antigo movimento de libertação de concorrer à propaladas eleições de Setembro próximas?
Por certo que não deve ser um tal partido cujos dirigentes dizem já ter ganho tudo apesar de admitirem que esse tal partido está preparado para perder…

Petróleo e a fome no “tsunami silencioso”

(imagem daqui)

"O tradicional dito Mundo rico, nomeadamente o Ocidente, está a ser paulatinamente substituído por novos países cujas fontes de produção são manifestamente mais baratas, se bem que de clara qualidade inferior.

Mas o que o consumidor quer é usufruir, mesmo que de sucedâneos ou clones se tratem, de produtos que mostrem um tipo de vida que, até há pouco, era possível só para alguns.

Quantos não se lembram de, não há muito tempo, os povos economicamente menos favorecidos mostrarem reluzentes relógios rolexes, piagets, seikos, certinas, ómegas, pierres cardin, raymond veils, etc., que de comum só tinham o facto de terem, os tais nomes gravados nos mostradores e a pulseira que indicavam, claramente, que se tratavam de relógios. A maioria eram comprados nas ruas ou em zonas como as “chinatowns” norte-americanas ou britânicas e, mais recentemente, em alguns países do sul da Europa (em algumas casas de venda, substituem uma das letras, a primeira, em regra, para não serem apreendidos como falsificação).

Duravam, quinze dias, um mês, ou pouco mais. Mas até “morrerem” permitiam ao seu possuidor o necessário “status” que evidenciavam perante os seus colegas e concidadãos. E então se aparecessem na televisão, o que se via, logo, era o dourado e, ou, os “vidros” que adornavam os pulsos e reluziam nos pequenos televisores.

Com o advento do petróleo, nomeadamente, nos países árabes, alguns desses antigos artefactos de imitação foram substituídos por genuínos produtos, mantendo-se, agora e mais que nunca, a sua ostentação televisiva.

E se os árabes, cuja a educação social é posta em causa, segundo os padrões ocidentais e ocidentalizados, poderiam alardear uma riqueza para que nada tinham feito para a ter, porque não fazê-lo, também os novos produtores petrolíferos e os novos países cuja economia está em crescendo, precisamente à custa do petróleo de países produtores que querem desenvolver as suas economias sem ponderação e só vendo o lucro fácil que o preço do crude vem apresentando nos circuitos internacionais. (...)" (continuar a ler aqui)
Publicado no santomense , edição 165, de 18-Maio-2008

25 maio 2008

Esta é a África que africanos não querem!!

Relembra-se hoje mais um Dia de África!
Mais um Dia que alguns africanos fazem por tornar recordável pelas piores razões!
No Zimbabué o ainda presidente Mugabe “obriga” um avião da Air Zimbabwe a “despachar” os seus passageiros – pagantes – para ir fazer uma viagem até à China. Uns dizem que é uma viagem de negócios, outros que vai lá por razões de saúde. Por mim penso que vai perguntar aos chineses se desejam voluntários – começa a haver demais no Zimbabué por causa daqueles que não votaram nele e dos que, infelizmente, são obrigados a voltar devido ao xenofobismo sul-africano – para recuperar do desastre natural que foi o sismo de Sichuan – passe a ironia, que não têm a culpa e parece ter humanizado a nomenclatura chinesa – e agradecer os utensílios domésticos e de lavoura – armas, munições e diversos do navio An Yue Jiang – que a China parece ter conseguido fazer chegar ao Zimbabué de Mugabe!
No Sudão os interesses imperiais estão cada vez mais acintosos.
Norte-americanos e chineses disputam os terrenos sudaneses mais “fertéis” em petróleo por via de rebeldes do Darfur e tropas de Cartum e
Nem uns, nem outros respeitam ninguém.
Enquanto isso, o povo do Sudão vai vendo grupos armados assaltarem forças de Paz sob o olhar da AMI ou assistem à troca de armas que são vendidas por quem os deveria defender, as tropas da União Africana
Antes havia a disputa ideológico-imperial pelo Mundo entre norte-americanos e soviéticos. Agora vemos que essa disputa se tornou económico-imperial só que agora é entre os norte-americanos – os sobreviventes – e os chineses (na prática, estes sempre foram imperialistas apesar de o negarem em nome e sob a capada dos Não-Alinhados).
Entretanto, na Somália, no Chade, na República Democrática do Congo, na Nigéria, ou na África do Sul…
Ou, ditadores continuam no poder, enquanto outros são presos – e depois de circularem livremente na Europa – mas só quando já lá não estão ou quando os senhores do TPI lhes convém, e continuam ricos, cada vez mais ricos, enquanto a maioria dos seus povos estão pobres, cada vez mais pobres e esfomeados...
Assim não há Dia nem África que aguente!

24 maio 2008

Pelo Dia de África: Por onde anda e para onde vai esta África?

"Instabilidade política, contínuas mudanças políticas, sociais e ideológicas, espasmos sociais e xenófobos persistentes, saúde precária e falta de saneamento básico…
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25 de Maio está consagrado como Dia de África. Mais um que se passa e mais um ano que África vê alguns dos seus Estados em convulsões pouco agradáveis. Como seria bom que África padecesse de agitações provocadas por um crescimento económico consistente que resultasse num abalo social vitorioso. Infelizmente, vemos que os Objectivos do Milénio para 2015 estão perigosamente próximos da sua data limite e aqueles para os quais a ONU batalhou parecem cada vez mais longínquos.
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África comemora o seu dia há cerca de 36 anos, desde que a ONU instituiu, em 1972, a data da formação da OUA como o Dia de África. Mas África continua, infelizmente, igual a si mesma.
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Ou seja, mantém uma insistente instabilidade política, contínuas mudanças políticas, sociais e ideológicas, espasmos sociais e xenófobos persistentes, saúde precária e falta de saneamento básico.
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Quando tudo parece que os dirigentes africanos caminham no sentido de dar aos seus povos aquilo que mais desejam, Paz, Saúde, Estabilidade ou Desenvolvimento há sempre uma qualquer agitação que coloca em causa esse desiderato.

Elas são as eleições, cujos resultados raramente são aceites sem estrebuchamento do perdedor – se à partida todos são vencedores porque todos estão no jogo democrático, no final não há vencedores porque o maior derrotado é o povo que depositou na urna o seu veredicto e nunca é formalmente aceite sem haver questiúnculas, por vezes e não poucas vezes, por motivos mais imbecis que camuflam a verdade: a vontade iníqua do poder! Ainda não há uma verdadeira unidade africana.

Persistem crises inesgotáveis – ou como inextinguíveis, por vontades externas, – como os de Darfur, no Chade, na Somália ou na República Democrática do Congo, para já não falar das crises surdas dos Grandes Lagos ou das tentativas sessionistas de Cabinda, na Nigéria, ou mesmo embrionárias no Príncipe.

E depois temos casos ainda mais flagrantes e incompreensíveis. Autocratas, ditadores e assemelhados exercem o poder e blasonam fortunas que ninguém sabe esclarecer como obtiveram. (...)" (pode continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no /Manchete de hoje.

23 maio 2008

Navegar numa varanda na fronteira norte de África

(só faltou isto para ser uma tarde perfeita...)
Digam lá se para um africano, diasporado por terras da Europa, há algo mais agradável do que estar sintonizado com a imprensa africana – a TV ainda aqui não chega, nem via Internet, – numa qualquer varanda da fronteira Norte africana – na perspectiva de um africano – ou fronteira sul europeia – ALLGarve – na perspectiva do ministro português Manuel Pinho ou de um africano um pouco europeizado.
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Aproveitar este tempo meio fresco, meio chuvoso, ou meio ensolarado, enquanto a TMN me deixa para pôr em dia as notícias do meu Continente – a esta hora, cerca das 5 e picos da tarde, a velocidade é de 3,6Mb; à noite, um apelo à paciência porque a velocidade, e só na varanda, não ultrapassa os 236 kb; – ou ler, na blogosfera, poesia da boa e apontamentos interessantes, ou pôr em dia alguns dos livros que há muito comecei e factores vários não me deixa(va)m acabar de os ler, sob a névua de uma cachimbada (ah! a mim não há DGS que me multe porque estou em casa própria e... numa varanda!) enquanto vou ouvindo maravilhado o chilrear dos pássaros ou admirando o voo errático das andorinhas.

Sarkozy em Luanda

(foto Angonotícias)
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, efectua esta sexta-feira uma visita relâmpago a Luanda.
Segundo o presidente Eduardo dos Santos, esta visita só acontece devido aos esforços de Sarkozy em tudo ter feito para “ultrapassar os "obstáculos" que impediam as boas relações entre os dois países, falando numa "nova era" nas relações bilaterais”.
Ou seja, e por outras palavras, por ter abafado o caso “Angolagate”, já velhinho de uma década, e alguns dos eventuais indiciados!
E com o petróleo a preços tão altos convém recuperar o prestígio – nunca perdido, diga-se, – da petrolífera francesa Elf-Total que já chegou a deter alguns dos mais importantes poços petrolíferos da costa angolana…
E, já agora, pode ser que o presidente Eduardo dos Santos consiga persuadir os seu colega francês a solicitar à euro-franco-qualquer-coisa Airbus a deixar cair o lobby anti-TAAG por esta não ter comprado aviões àquela companhia.
É que dizer que a TAAG já está no bom caminho quanto à segurança é uma utopia, até porque essa mesma companhia não vê os seus voos proibidos noutras regiões; e uma delas bem mais restritiva que a europeia, os EUA.

22 maio 2008

No Chile, Allende caiu com os camionistas…

(DDR)
Em Portugal, o aumento desenfreado e inexplicável dos combustíveis – será que as gasolineiras não ouviram o presidente português Cavaco Silva que o custo é em Euros e não em Dólares (e que um dólar vale quase 50% do euro?) – começam a preocupar camionistas e pescadores.
Os pescadores já ameaçaram entrar em lock-out a partir do final da próxima semana e sem término previsto.
Os camionistas já foram dizendo que se param Lisboa morre à fome.
Será que a memória socialista – e de muitos portugueses, em geral – é curta e se esquecem que o que realmente despoletou a queda de Salvador Allende, no Chile, não foram os militares – estes foram o objecto final – mas uma greve dos camionistas?
A reestruturação e reescalonamento da dívida pública portuguesa não pode continuar a ser feita à custa dos contribuintes efectivamente pagantes, sob pena de um bebé chorão, um dia, ver a lhe tirarem a chucha!

21 maio 2008

O Dia de África em Portugal

O "Dia de África" vai ser comemorado em Portugal:

na Cidade do Porto, como habitualmente, no próprio dia 25 de Maio, com organização de personalidades luso-africanas (clique na imagem supra)


e em Odivelas, arredores de Lisboa, no próximo dia 24 de Maio, organização da RDP-África num previsto programa cultural, em colaboração com a Câmara daquela cidade dos arredores de Lisboa.

Do programa, que entretanto me fizeram chegar, destaca-se uma uma exposição colectiva de pintura no Salão Nobre da Câmara Municipal de Odivelas, à QUINTA DA MEMÓRIA, patente ao público, até ao final do mês.
Ainda no sábado, dia 24 de Maio, poderão assistir à apresentação de vários grupos tradicionais de música e dança de vários países, destacando-se Bonga, Semba Master, Tabanka Djazz, Hélder Rei do Cú Duro, Vadu, Dom Kikas, Orquestra Super Mamadjombo Gilyto.

Em casa de ferreiro, espeto…

(Foto Elcalmeida, via RTP-África)
Há um adágio popular na Europa que diz, mais ou menos, isto “em casa de ferreiro, espeto de pau”.
E pelos vistos também em Angola a situação é idêntica.
No já maior produtor de petróleo de África, a falta de gasolina é o pão-nosso de cada dia.
Enquanto na Europa, nomeadamente em Portugal há quem esteja largos minutos em bichas para atestar a sua viatura de gasolina a um preço mais convidativo, em Luanda, a capital do maior produtor de petróleo de África – e o maior exportador de crude para a China (ou como diz a canção "eles levam tudo e não deixam nada"...) – há quem esteja horas na bicha para conseguir uns litritos para a sua viatura!
A Sonangol diz que a situação já está regularizada.
O problema são os bidões e bidões que os luandenses guardam para especular.
Se a Sonangol – leia-se, o Governo angolano – não estivesse tão preocupado em tomar parte do capital dos Bancos angolanos e, ou, estrangeiros em vez de estabilizar os seus stocks nacionais ou se se preocupasse em pôr de pé e de vez – infelizmente, mas, do mal o menos – a refinaria do Lobito e recuperar a de Luanda – até já a compraram de vez – por certo que os angolanos, em geral, e os luandenses, em particular, não sentiriam a falta de gasolina.
E quem diz gasolina, por certo que dirá, também, a energia eléctrica, já que, se as barragens ainda não laboram a 100%, poderiam implantar nos arredores das grandes cidades, centrais termoeléctricas com o crude nacional.
E quase todos os dias a luz eléctrica só existe via geradores...

E passaram 4 anos; viva o 5º

Há 4 anos, depois de uma pequena experiência num blogue amigo "Ditadura do Consenso", começava, com um portal e logótipo próprios, esta minha caminhada na blogosfera.
Desde o início que afirmei a minha angolanidade e a vontade de ajudar, segundo as minhas ópticas, o desenvolvimento social e político do meu País.
Houve quem achasse que xingar e tentar insultar seria a forma mais fácil e rápida para me demover deste o caminho e fechar o Blogue.
Muitos me viam não como um Angolano mas como um Tuga perigoso e intrometido que se metia em terrenos que não eram meus. Como est(ão)avam enganados!
Neste dois últimos anos, e por duas vezes, senti que o Blogger parecia estar contra mim e me “prendia” o sistema.
Por duas vezes estive tentado a criar um novo blogue e, desta vez, sem me preocupar em ter paninhos quentes com a imbecilidade, a incúria, a impudência, ou o roubo descarado; ou seja, sem me preocupar com a vilania.
Felizmente que nas duas vezes – e quero acreditar que sim apesar de escritos em sentido contrário – devem ter acontecido acidentes de percurso dentro do sistema e do browser que suporta o Blogger.
Em qualquer dos casos, acreditem que não penso alterar a minha linha de pensamento só para agradar a uns certos “amigos” que me vão escrevendo sob anonimato.
Até porque, como já disse e escrevi várias vezes, não insulta quem quer mas quem pode! E se há alguém aqui que pode dizer “Vão à Tuge!”* sou eu!
E, assim, entro no 5º ano de existência epistemológica para azia de uns, felicidade de outros e, espero, compreensão analítica de muitos!
Aos que me honram com a leitura diária, felizmente já são mais de 150 visitas diárias, em média – nestes dois últimos dias e por razões que desconheço, ultrapassaram as 300 visitas –, aqueles que me têm incentivado a não esmorecer nunca, ao Rildo Ferreira pelos dois belíssimo logótipos que me ofereceu, um dos quais está a seguir ao original e o outro é o que actualmente aparece em relevo, aos meus companheiros de lides e de escritas noutros mêtiês, o meu muito obrigado.

* O angolê sabe o que é; os outros lusófonos utilizam uma palavra semelhante de ascendência francesa...

20 maio 2008

MPLA impôs, MPLA votou

O MPLA tinha, há dias, proposto uma alteração à Lei Eleitoral, nomeadamente ao período para divulgação dos resultados, e hoje fez uso da sua maioria parlamentar para impor as alterações.
A Oposição não se esqueceu de relembrar os problemas do Zimbabué.
Caberá ao Tribunal Supremo, como Tribunal Constitucional dizer se reconhece legitimidade para esta alteração até porque estamos em vésperas – será que estamos? – de eleições legislativas.
Ou será que o MPLA teme perder as eleições como se infere das palavras do seu Secretário-geral, num comício havido no fim-de-semana no Lobito?
Ou será que quer que as cenas recentemente havidas no Bié possam vir acontecer e tornar o acto eleitoral impossível?
Eu gostaria que Angola continuasse a ver a sua classificação a subir no ranking dos mais pacíficos.
Mas estas atitudes e alterações não vão ajudar nada!

A quem interessa os actos anti-emigrantes na África do Sul?

(Imagem via RTP-África)
Há uns dias que reapareceram na África do Sul, mais especificamente, perto de Joahnnesburg, como Alexandra, os maus célebres Necklacing (colares de fogo) com que o Umkhonto we Sizwe, braço armado do ANC, castigava os seus opositores ou os colaboracionistas pró-Apartheid, mulheres são estupradas e lojas incendiadas.
Sob a desculpa de falta de trabalho – há uma taxa de desemprego na ordem dos 23% e –emigrantes zimbaueanos e moçambicanos (já morreram 6 moçambicanos) são perseguidos e mortos por populares sul-africanos.
Desde Janeiro que os ataques aos chamados emigrantes ilegais, ou indocumentados, se vêem registando. E paradoxalmente, ou talvez não, um dos líderes dessa sanha é um antigo refugiado dos anos do regime de apartheid e que voltou ao país sob a protecção do ACNUR.
Os actos já entraram na parte “nobre” da capital do ouro sul-africano.
Mas será que estes actos anti-emigrantes são mesmo derivados ou movidos unicamente por problemas sociais e económicos?
Não esquecer que o ANC vive com algumas tensões internas que se irão reflectir nas próximas eleições.
As disputas entre o presidente Thabo Mbeki, que tem sido tolerante com o Zimbabué, e Jacob Zuma, que quer uma maior pressão sobre Mugabe são por demais conhecidas e poderão aumentar durante a campanha eleitoral.
Também a Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (COSATU) reconhece que os problemas económicos sul-africanos não se devem à emigração; bem pelo contrário. Foi muito à custa desta que, desde há 100 anos, se tem desenvolvido o tecido económico sul-africano.
Não esquecer que cerca de 10% dos 50 milhões de habitantes da África do sul são emigrantes e são esses que têm mantido a crença Mundial de que os sul-africanos conseguirão realizar o Mundial de futebol de 2010.
Estes distúrbios aparecem no momento menos oportuno e que põe em causa a habitual imagem de tolerância tão querida do país do Arco-Íris.
Por isso a pergunta do título é pertinente. A quem interessam estes distúrbios na África do Sul?
Com estes desacatos e a imagem transmitida a comunidade internacional vai, por certo e conveniência de terceiros, se esquecendo do Zimbabué e do Congo Democrático…

STP, Governo cai?

O que realmente querem os santomenses, ao aprovarem a moção de censura ao Governo e provocarem eventual derrube 3 meses após a sua posse?
Até parece que não gostam de elogios...
Querem que algum chefe militar – e no Governo está um que já deu bastas provas de que gosta de se mostrar… – ou outra entidade, aproveitando a não presença do presidente – Fradique de Menezes está em visita oficial a Taiwan e ao Japão – provoque um Golpe de Estado?
E com isso, querem a intervenção armada – ou pressionante – de algum dos Estados que mais giram – leia-se, mais querem dominar – em torno de São Tomé e Príncipe?
Para bom entendedor meio-termo é suficiente para saber de onde virão as pressões quer a Norte, quer a Sul!
E desta vez não me parece que algum eventual putsch fique só pela ameaça.
E nessa altura não pensem os deputados e dirigentes santomenses que irão ser Governo a breve trecho ou que haverá eleições que os salvaguardem.
Acreditem que quando o poder chama não há Cartas da União Africana que valham aos povos. Já viram o Darfur, a Somália, o Chade ou o Zimbabué? Como estão?
Parece que há quem queira tornar as ilhas maravilhosas em dois rincões turísticos mas sob a protecção de terceiros…
Da fama já não se livram; e, por este andar, poderão ser mesmo a 19ª província… (até porque já ensinaram terceiros como actuar...)

Seis anos depois Timor-Leste ainda é viável?

"Penso e continua a acreditar que sim! Países existem com menores capacidades de sobrevivência e mantém-se, uns, ou sobrevivem, outros, sem que a Comunidade Internacional pense ou questione da sua existência.

Como Estado novo que ainda é, Timor-Leste, peca pelo facto de ter nascido de parto prematuro – a velha mania anglófona de “não se entendem que se separem logo” – logo após o referendo e sem que lhe dessem uma oportunidade real e efectiva de se preparar para ser um Estado e uma Nação.

Os interesses dos vizinhos e de certos “amigos” cantou mais alto; e tudo em nome e sob o nome da ONU.

Numa Universidade portuguesa está a ser preparada – ou está mesmo concluída – uma Tese de Mestrado sobre as Alfândegas timorenses que mostra como os interesses desses vizinhos e “amigos” foram mais fortes que a vontade de deixar nascer e crescer naturalmente o novo País.

Vamos aguardar porque vai ser interessante.

Enquanto isso, a Nação timorense sente os ciclos de crescimento que os Estados novos também, e em regra, sentem: crises sociais, políticas, militares e uma necessidade de afirmação no contexto das Nações. (...)" (pode continuar a ler aqui ou aqui)
Publicada no /"Colunistas"

17 maio 2008

Galegos manifestam-se pela língua autóctone

A Associaçom Galega da Língua (AGAL), aproveitando a Celebração do Dia das Letras, vai manifestar-se este domingo, em Santiago de Compostela, numa iniciativa que espera aglutinar cerca de 30 mil pessoas, em defesa do reconhecimento da língua galega como língua nacional e como parte integrante da Lusofonia, dado que se reconhecem como falando "português da Galiza".
Um dos membros da AGAL, Alexandre Banhos Campo, defende que a Lusofonia teve o seu berço no Norte de Portugal e na Galiza, salientando que "o português original era a língua que se falava no século IX entre as cidades do Porto e Santiago de Compostela".
Recorda o activista filólogo que no Brasil o português é falado de uma forma diferente do que se fala em Lisboa, e ninguém duvida que as duas formas faladas não deixam de ser "português".

16 maio 2008

Cabo Verde, Autárquicas 2008

Cabo Verde vai este fim-de-semana, mais concretamente, no próximo dia 18 de Maio, a mais umas eleições autárquicas.
Quem quiser pode seguir os resultados, que a CNE prevê fornecer ainda no mesmo dia, através do seu portal; apesar de optimistas o realismo da CNE aponta para que dado que as primeiras resultados provisórios sejam publicados a partir das 15 horas do dia 19, ou seja, menos de 24 horas depois do fecho das urnas!
E não esqueçamos que são ilhas, a maioria, com deficientes ligações entre si...
Já agora e porque faltam ainda dois dias, posso propor à CNE angolana que mande observadores para ver como se fazem eleições e como não são precisas 15 dias para dar os resultados?
É só uma proposta. Os voos para Sal da TAAG ainda não estão proibidos e são rápidos…

Sim ao Acordo Ortográfico e ao 2º Protocolo Modificativo

"Há um grupo de pessoas que, embora merecendo o meu respeito, não acolhem a minha concordância sobre a questão Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa e que está muito na ordem do dia quer no Brasil, quer em Portugal.

Quando publicar este artigo já Portugal terá ratificado, ou não, o 2º Protocolo Modificativo que adenda ao Acordo Ortográfico de 1990, apesar das cerca de 30 mil assinaturas contrárias e menos de 1 milhar a favor.

Não escrevi mais cedo para, e, passe a imodéstia, no entanto, sei que há deputados e membros do governo português que lêem os meus artigos, para, escrevia, não vir a ser acusado de alguma influência no resultado da dita votação (o riso e o escárnio são bem aceites).

O que está em jogo, e ao contrário do que fazem crer alguns dos seus detractores não é o Acordo Ortográfico mas, tão só o 2º Protocolo Modificativo.

O Acordo Ortográfico foi debatido e assinado pelas partes subscritoras, os Estados da CPLP – Timor-Leste à data ainda não era um Estado independente –, prevendo-se, então, que a sua entrada em vigor seria em Janeiro de 1994.

Todavia, só foi ratificado por Portugal (em 1991), Brasil (1995) e por Cabo Verde quando o Acordo exigia a ratificação de todos signatários para entrar em vigor.

Em Julho de 1998, na Cidade da Praia, os Estados da CPLP acordaram em aprovar um primeiro Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que, e uma vez mais, exigia a ratificação de todos os Estados signatários para entrar em vigor.

E, uma vez mais, são os 3 países anteriores os únicos a que ratificarem o Protocolo.

Face a esta situação, em Julho de 2004, os Chefes de Estado e de Governo dos 8 decidiram aprovar um 2º Protocolo, – o da actual discórdia –, reconhecido como “Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico” onde, em vez de todos, bastariam 3 (três) Estados que o ratificassem para entrar em vigor o Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa.

Ora como este protocolo foi já ratificado por 3 dos Países da CPLP, a saber, Brasil (ainda em 2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006), de acordo com o novo Protocolo, rubricado pelos Chefes de Estado e de Governos de cada um dos estados da CPLP, já está em condições de entrar em vigor.

Alguns dos detractores do Acordo, nomeadamente em Portugal, consideram este 2º protocolo ferido juridicamente por não exigir a ratificação unânime dos países signatários.

Outros, menos juristas, afirmam para colocar em causa a exequibilidade do Protocolo que, ainda como hoje ouvi, Angola e Moçambique nada têm feito para o ratificar, bem pelo contrário.

Esquecem-se esses detractores que, apesar da sua legitimidade em o contestarem, há razões estratégicas e políticas dos 2 grandes Estados afro-lusófonos para estarem reticentes em o ratificar.
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Tanto Angola como Moçambique já adoptaram e há muito – desde que me lembre e desde que aprendi o português – as três consoantes da discórdia portuguesa: o K, o Y e o W.

Recordo de escrever, ainda antes da independência, embora às vezes, e não poucas, sempre criticado por professores oriundos de Portugal, por escrever Kwanza e não Cuanza, Kissama em vez de Quissama, ou serem aceites nomes como Walter em vez de Gualter, etc. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui).
Publicado no /Colunistas, de hoje

NOTA: De acordo com as últimas notícias, o 2º Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua portuguesa foi ratificado no Parlamento Português entrando, definitivamente em vigar dentro de seis anos. Até lá, as escritas estarão a vigorar em paralelo. Será interessante ver um professor analisar o fa(c)to ou o ó(p)timo…
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Todos pensaram na “habituação” mas esqueceram-se do mais importante: as crianças que vão começar a estudar …

15 maio 2008

Controlo financeiro em Angola?

Depois de ser o principal accionista de um grande número de bancos angolanos – leiam-se, bancos de capitais exclusivamente angolanos – a Sonangol perfila-se para ser também ela a principal accionista angolana dos bancos de Direito Angolano mas com proveniência externa, nomeadamente, nos bancos de capital português.
Depois de tomar firme uma parte substancial dos 49,99% do Millennium Angola (BMA), cujo capital era detido a 100% pelo seu congénere português, e de se ter tornado no maior accionista, com quase 10%, do MillenniumBCP, os restantes bancos caminham para ter também no seu capital a presença da Sonangol como um accionista principal.
Registe-se, ainda, que o BMA também passa a ter como accionista o Banco Privado Atlântico – vai cruzar parte do seu capital com o BMA – que, por sua vez, tem como um dos accionistas a Sonangol.
Dado que a maioria, para não afirmar a totalidade, do capital da Sonangol é detida pelo Estado Angolano – e segue, conforme hoje reafirmou o seu presidente, "uma política de Estado" – significa que a banca nacional vai passar a estar, indirectamente, nacionalizada o que poderá perigar a livre concorrência e a livre circulação de capitais além de poder ser posta em causa a tão exigida, pelo FMI e Banco Mundial, transparência no circuito financeiro do petróleo!

Lusofonia, enquanto uns se vão agitando…


"Há dias abordei no portal “Portugal em Linha” a atitude brasileira de deixar uns a falar e berrar sobre a Língua Portuguesa e quem domina quem a mesma, enquanto trabalhava no incremento da língua com a criação da Universidade da CPLP, no nordeste brasileiro, e o incremento da mesma na Guiné-Bissau, país fortemente cercada pela francofonia.

Também, recentemente num artigo da Lusa, e citado pelo jornalista Orlando Castro, se alertava para os esforços de um Bissau-guineense em não deixar morrer a Língua oficial do País, com os parcos meios que (não) tinha e que parece continuar a (não) ter.

Segundo Pier de Carvalho, assim se chama o defensor da Lusofonia na Guiné-Bissau que dá aulas sob a sombra de uma mangueira, as crianças Bissau-guineenses hoje em dia não falam o português já que preferem falar “o francês ou o inglês, o português é que não gostam de falar, talvez por complexo de errar.” Este professor da escola de “mangueira” culpa os pais das crianças que "não gostam de falar o português em casa" e o ensino oficial do país pelo nível da língua de Camões na Guiné-Bissau, admitindo que pelo caminho que a coisa está a ter – basta ver que os principais dirigentes falam melhor o francês que o português e perante as câmaras de televisão preferem falar uma língua próxima do crioulo, – qualquer dia " ainda será difícil encontrar um jovem guineense que saiba falar o português correctamente". (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado hoje no , e citado no /Lusofonia

14 maio 2008

Que se passa na RTP-África?

(imagem RTP)

Ontem, 13 de Maio, o programa “Repórter” da RTP-África, relembrou com imagens e uma análise interessante os 41 dias de greve de fome da antiga directora da Contra-Inteligência Externa angola, a tenente-coronel Maria da Conceição Domingas.

Se na 1ª. Edição do programa, a análise foi durante o decorrer do mesmo, na edição da noite foi logo no início como que a querer dar uma manifesta importância ao assunto ou...

Já hoje, estranhamente, a edição do jornal da Tarde da RTP, reproduzido, em simultâneo e na íntegra, pela RTP-África começou com um pequeno retardamento.

Se o telejornal português começou com uma pequena dilação, a 1ª edição do “Repórter” começou a ser vista em Lisboa quando já estava no ar a primeira(?) notícia.

E já não é a primeira vez que isto acontece.

Será um problema da RTP ou da TV Cabo?

Não acredito que o Governo socialista de José Sócrates (por acaso é, tal como o seu congénere angolano, membro da Internacional Socialista) tenha dado ordens para ver primeiro o conteúdo – não vá haver alguma incómoda crítica a Luanda e lá se vai o petróleo e a banca – e só depois permitir a retransmissão.

Eu não acredito; mas depois do que hoje li

Os disparates da subserviência

(imagem com base aqui)

"A Diáspora angolana, ou uma parte dela, verberou, e bem, as palavras escritas(??) pelo Director do Jornal de Angola, José Ribeiro, em editorial um pouco confuso que só ele, realmente deve ter entendido, no pressuposto, que foi ele mesmo que o escreveu – quero acreditar que sim –, bem assim de outras insertas em artigo do Jornal de Angola cuja responsabilidade da autoria não é muito clara.

Relembra-se que os escritos anunciavam que era altura de dizer basta aos que denegrecem a imagem de Angola, que, caso a imprensa portuguesa não se calasse seriam denunciados as quadrilhas e quadrilheiros que tinham estado ao lado de Savimbi – acredite(m) que se alguns estavam por interesse, muitos outros havia que estavam ao lado do Mais Velho por respeito e por acreditarem que Angola ainda era (é) possível – ou porque estavam fartos que a família Soares (acusaram o Mário, mas o filho João já disse que foi ele que o disse e não o pai) continuasse a afirmar que o regime de Angola – tal como o disse Bob Geldof – era uma cleptocracia, etc.

Tal como já escrevi em devido tempo e já o afirmei, também, ao Inter Press Service (IPS), não insulta quem quer mas quem pode.

E pelos vistos, tendo em consideração as reacções de um certo sector de Luanda, as palavras ditas –e ditas no estrito direito de liberdade de imprensa que parece ser desconhecida por quem o não devia – soaram como insultos. Ou seja, atingiram certeiramente algumas cabeças. Só quem é cleptómano é que não aceita a acusação e sente-se ofendido como uma qualquer falsa pudica virgem.

Voltando à Diáspora, esta verberou as tais palavras e exigem ao Ministro de Informação de Angola, Manuel Rabelais, para que “em nome da honra e da estabilidade/reconciliação nacional, dê 72 horas ao Senhor José Ribeiro para fazer o favor de avançar com o pedido de demissão das funções de Director do Jornal de Angola” e caso este não o fizesse incitam o Ministro a fazê-lo.

É legítima, e talvez oportuna, esta tomada de posição; melhor dizendo, seria oportuna – porque legítima continua a ser sempre – esta tomada de posição, se a pessoa em questão não fosse próximo do Ministro e não tivesse o apoio incondicional do partido de que é militante e da Cidade Alta. (...)
" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no /Colunistas, sob o título "Os disparates da subserviência em Angola"

13 maio 2008

Tráfico Humano legal?

Numa viagem pela Net, o meu dedo acertou em cheio nesta mensagem: LEILÃO DE CRIANÇAS. QUEM DÁ MAIS? que tem como fonte um artigo do “El Tiempo”, da Colômbia, com o sugestivo título de “Tribunal holandés dejó que familia que compró niña por Internet se quede con ella”.
Segundo o articulista um bebé terá sido “oferecido” pela sua mãe biológica a um casal belga que a contratou como “barriga de aluguer”, por 8.000 euros, e depois vendeu-o – correcto! Vendeu-o! – a um casal holandês por 15.000 euros!!!
Se aqui já começava a entrar tráfico humano na forma mais abjecta, mais estranho se torna o acórdão do Tribunal Holandês que decidiu permitir que a pequena “transaccionada” ficasse em poder dos pais “compradores” que o Tribunal chama de “adoptivos” porque, segundo aquele Tribunal “Donna es una pequeña [de 3 anos] que necesita protección para crecer de forma adecuada. Para Donna, la relación más importante de su vida es con quienes la han criado, sus padres adoptivos. Nunca ha conocido a otros padres”!!
Note-se que os belgas, quando souberam desta transacção comercial – chamemos os touros pelos nomes – interpuseram uma acção judicial num Tribunal do seu País tendo ganho a peleja. Todavia, uma Instância Superior anulou a decisão por considerar que o assunto era da competência dos tribunais holandeses.
Ou seja, os Tribunais europeus – qual será a posição do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos? – pelos vistos consideram-se competentes para dirimir um assunto colombiano e, mais grave ainda, uma transacção de “carne branca”!
Sem comentários…

A fórmula mágica para recuperar o País?

Será que Mugabe descobriu a fórmula para recuperar a economia e a vida social do Zimbabué?

Com o acto hoje ocorrido com o embaixador dos EUA, frente a um hospital nos arredores de Harare, parece que o regime de Mugabe quer uma intervenção armada dos norte-americanos e, após ela, obter o direito à recuperação do caos em que o País mergulhou.

Pois se é isso, é melhor que seja já antes do cowboy sair da Pennsylvania Av., porque o(s) futuro(s) inquilino(s) não parece(m) estar para aí virado(s), salvo se o objectivo se chamar Irão…

12 maio 2008

A Natureza é quem mais manda

(imagem DW-world)
No Ano Internacional da Terra, a Natureza continua a afirmar que é ela quem mais manda e não a mentecapticidade da Humanidade.
Depois da secas e cheias que ciclicamente a Terra sofre, do tsunami de 26 de Dezembro de 2004, parece que o Homem ainda não terá compreendido que muita da culpa é sua.
Sentimos, há dias, a catástrofe da Birmânia – que os seus dirigentes parecem querer perpetuar socialmente –, voltamos a ver o vulcão Etna entrar, de novo e após meses de sossego – continuamos a aguardar pelo supervulcão –, em forte erupção e acabámos de saber que a China sofreu, hoje, um forte abalo telúrico com muitas vítimas, entre as quais contam-se, principalmente, crianças que teriam ficado soterradas sob escolas destruídas.
Como não respeitamos as linhas de água, nem os terrenos onde pisamos, pensando somente no lucro rápido e fácil e no bonito da aparência para o Mundo exterior…
A Natureza avisa e castiga!