04 maio 2009

A força abusiva de uma religião-estado?

Há muito que o Egipto anda à procura de impor em todo o país o islamismo como única religião, deixando de ser uma religião no Estado para se tornar numa religião do Estado.

São conhecidos os entraves que alguns sectores políticos e jurídicos egípcios têm colocado nas áreas ecuménicas não islâmicas, como por exemplo, os Baha’is mesmo que os direitos de cidadania baha’i estejam reconhecidos pelo governo e justiça egípcia. Mas nem por isso deixem de ser claramente perseguidos ao ponto de, segundo parece, uma determinada comissão inter-ministerial ter exigido ao Parlamento do país que considerasse a Fé Baha’i como uma seita que coloca em causa a segurança nacional.

E se a Fé Baha’i é, ou tem sido desconsiderada, já os cristãos coptas, embora em minoria, eram aceites e respeitados.

Eram porque, aproveitando a crise epidemiológica que a Gripe A/H1N1, ou “gripe suína”, tem provocado a nível mundial e sabendo que os porcos são considerados pelos islâmicos – tal como pelos judeus e neste aspecto, a gripe suína conseguiu o que muitos políticos e estrategas não têm conseguido, fazê-los falar a uma só voz e em unanimidade – como animais impuros, unicamente criados e como fonte de alimento pelos cristãos, o Egipto decidiu mandar
matar todos os suínos que existem no País, nomeadamente, nos bairros pobres de Cairo.

E mesmo sabendo, como a OMS o tem repetido, que não são os porcos os “culpados” desta gripe mas tão-só a razão do nome que foi dada à mesma.

Há aqui um claro ataque de radicais islamitas às outras convenções ecuménicas a que não será alheio, por certo, o poder dos
ayatollas iranianos e as suas interferências na política interna religiosa do Egipto…

Estas atitudes contrariam todos os valores que os teólogos islâmicos moderados tentam incutir e mostrar ao Mundo, ou seja, que o Islão, tal como as outros duas grandes comunidades ecuménicas, se tem pessoas que usam a religião para prevaricar, também as há as que respeitam e sabem respeitar os valores de cada comunidade.

Mas enquanto o Mundo estiver refém do petróleo árabe – e, sejamos honestos, os maiores fundamentalistas até nem são os iranianos (que não são árabes) mas os sauditas – ou temer a eventual força nuclear de Teerão e o poder dos fundamentalistas suicidas – a maioria provenientes de zonas de baixos recursos ou pouco cultas –, os radicais iranianos manterão este status quo e esta “umbrella” social sobre o Mundo Ocidental e alguns dos seus vizinhos!

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