31 dezembro 2011

Que seja feliz 2012


A todos os votos de Bom Ano e que 2012 nos traga mais Paz, mais Felicidade e mais Solidariedade institucional.

Bom Ano 2012!

30 dezembro 2011

2011, o ano quase dourado de Eduardo dos Santos

"O presidente Eduardo dos Santos – pelo menos até ás próximas eleições já ontem confirmadas mas não enunciadas a data da sua realização – fez ontem a habitual análise do ano que finda – a sua comunicação tão cedo, uma quarta-feira e a 4 dias do fim-do-ano deveu-se à sua necessidade de ir descansar mais cedo para a sua residência particular no Miramar? é que não fui só eu a notar que dava mostras de sinais de alguma debilidade física e, talvez, psicológica.

Deu-nos uma perspectiva de que tudo continua a correr como o ilustre mais alto magistrado da Nação e o seu Governo desejam – um ano quase dourado – embora, sublinhe, que nem tudo terá corrido como almejava, nomeadamente, terem ficado por realizar “ erradicação da fome, d pobreza e do analfabetismo; as injustiças sociais, a intolerância, os preconceitos de natureza racial, regional e tribal.”

De facto, estes valimentos sociais continuam por extirpar do seio da Nação. Como também, e não menos importantes, estão por resolver valência tão genéricas, quanto essenciais, como são a regularização de fornecimento de energia eléctrica; distribuição geral de água potável em todas as cidades, vilas e, logo quão possível, nas aldeias e sanzalas; a criação sustentada de um correcto saneamento básico – condição necessária para uma boa qualidade de vida das populações e um meio para minorar e aniquilar doenças endémicas desnecessárias, como, por exemplo, a cólera que mata os nossos concidadãos –; ou realojamento adequado aos cidadãos expulsos das suas casas e, ou, daqueles que ainda se mantêm auto-exilados nas grandes cidades deixando as suas regiões de origem despovoadas e sem auto-sustentação.

É bom que a Sociedade Civil e o sector privado continuem “a conjugar e a aumentar os seus esforços com o objectivo de corrigir o que está mal e melhorar o que está bem” e, ou, “criar coisas novas onde for necessário para aumentar a nossa capacidade de resposta e satisfazer as necessidades da sociedade”. É bom e necessário, mas cabe ao Estado, que é sustentado com os milhões do petróleo dar o passo mais agigantado nesse sentido.

Porque não se pode esquecer que só agora, quase dez anos após o fim da nossa fratricida guerra, que começa a emergir uma florescente Sociedade Civil e um Sector Privado. E se este sector ainda está muito dependente do apoio estatal ou de agentes que se firmam no Estado e na coisa pública, a Sociedade Civil também enferma de estar, na sua grande maioria, apoiada num florescente sector informal como o reconheceu, e muito bem, Eduardo dos Santos nesta sua anual alocução.

Será bom que as suas ideias/promessas sejam exequíveis. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado como Manchete do , em 30/Dez./2011

26 dezembro 2011

Bissau andava tão calminha…

Depois da visita de Carlos Gomes Júnior a Angola onde conseguiu obter mais uma linha de crédito de 25 milhões de dólares norte-americanos para apoios à reestruturação – que está em marcha ou, talvez, para pagar ordenados em atraso – das forças armadas Bissau-guineense e ao investimento angolano em Bissau eis que a capital guineense acordou na ressaca do natal sob movimentações militares havendo, segundo consta, tiroteio na zona do Quartel-general das Forças Armadas guineenses.

Tudo terá começado, uma vez mais, por causa do narcotráfico e do sobrevoo e aterragem nacional de uma avioneta na região de Jugudul, perto de Mansoa, que, eventualmente, traria droga para ser reenviada para outras zonas, recordando que a Guiné-Bissau é “conhecida” como uma das mais importantes placas giratórias do tráfico de droga proveniente, na sua maioria, da América Latina.

E, uma vez mais, as mútuas trocas de acusações entre altas patentes militares nacionais, de serem os mentores e líderes desta operação de narcotráfico, foram imediatas.

Os dois principais líderes militares de Bissau, o CEMGFA António Indjai e o CEMA Bubo na Tchuto ter-se-ão acusado, mutuamente, de serem os líderes da operação de narcotráfico e, por esse facto, segundo o Jornal de São Tomé, esta madrugada, António Indjai terá acusado Bubo Na Tchuto de tentativa de homicídio e promoção de um Golpe de Estado, sendo que o Quartel-General, em Amura, Bissau, tem sido palco de troca de tiros entre militares, embora não havendo ainda notícia de vítimas nem quem serão os autores.

O certo é que consta em Bissau que Na Tchuto poderá ser detido por forças próximas de Indjai que terão partido de Mansoa, para a capital com vista, segundo afirmam, evitar um banho de sangue aquando da detenção de líder da Marinha, o que poderá ocorrer a qualquer momento. Em qualquer dos casos, e segundo fontes de Bissau, citadas pelo Jornal de STP, no Estado-maior da Marinha, a situação é de passividade, não havendo quaisquer sinais de resistência.

Também na Base Aérea, e de acordo com o nosso confrade “Ditadura do Consenso” de Aly Silva, a calma persiste, tal como na Presidência e no Ministério do Interior, enquanto Gomes Júnior, que terá sido, tudo o indica, o verdadeiro principal alvo destas movimentações se encontra em parte incerta sob protecção policial.

Vamos aguardar novos desenvolvimentos e – não se riam – alguma rápida e concisa declaração da CPLP; e de Angola, claro!...

Transcrito pelo portal "Jornal Pravda" em 28/Dez./2012, com o título "Como anda a Guiné-Bissau?" ( http://port.pravda.ru/news/cplp/28-12-2011/32673-bissau_calminha-0/) e no Zwela Angola (http://www.zwelangola.com/opiniao/index-lr.php?id=7996)

Acidentes em Angola, continua a nova guerra-civil…

Este cartune, hoje publicado no Jornal de Angola e que, com a devida vénia, retirei do seu portal, diz muito sobre o que os nossos compatriotas continuam a fazer à sua vida e à vida dos outros: não ligar nenhuma.

Recordo que já em 2010 (Março e Novembro) abordei esta matéria aqui e no portal noticioso Zwela Angola.

Quase dois anos passados e a situação continua a persistir sem que as autoridades pareçam não ter mãos para minorar este desiderato, mesmo aplicando mais multas, mesmo cercando os infractores com operações stop e com a obrigação de seguro.

Talvez que os nossos automobilistas, kupapatas (e motociclistas) e peões precisem das visitas de uns PIR à fatazana…

Até lá, parece-me que a actual guerra-civil, que está a custar muitas vidas e muito dinheiro ao Pais, não parará…

23 dezembro 2011

Análise sobre RDC para a RFI

Uma análise telefónica para a Radio France International (RFI-Brasil) sobre o pós-eleições presidenciais no Congo Democrático (podem ouvir no acesso seguinte).


Lá vai tombando 2011…

"O continente africano viu o ano que finda ter sido bué profícuo em factos, evoluções e alterações políticas e sociais relevantes e, nalguns casos, trágicos.

Desde logo os acontecimentos ocorridos no Norte de África e que ficaram reconhecidos pela “Primavera Árabe”. Uma onda político-social, grande parte dela alicerçada nas redes sociais e no despotismo de muitos dos seus líderes, varreu toda a margem sul do mediterrâneo com evidentes impactos na margem norte e em algumas ilhas daquele mar interior.

Na Cote d’ Ivoire (Costa do Marfim – porque é que temos de adoptar, quer os lusófonos, quer os anglófonos, como genérico e obrigatório, o nome francófono e não fazemos o mesmo com Moçambique ou Açores; isto seria uma forma de afirmação da Lusofonia –), o desejo de permanência foi derrotada pela vontade de mudança, mesmo que esta não tenha sido absolutamente clara e inequívoca, excepto para os Poderes fundados fora do continente, “comme d’ habitude…”.

O paradoxal e controverso “Pai da União Africana” foi tragicamente deposto e expungido – o termo correcto é mesmo assassinado – sem que conseguisse almejar e ver concretizada a sua enorme e ascética vontade realizada. Ser o presidente de todos os Estados africanos amontoados no seu aluado e fantasista Estados Unidos de África.

A República Democrática do Congo (RDC), mais um cancro que nunca mais parece ser extraído, continuou nas páginas noticiosas pelas piores – uma vez mais – razões. As eleições gerais mostraram que em muitos países africanos a democracia ainda é um mito, ou mesmo um tabu. As provas de total ineficácia democrática e evidentes fraudes na RDC foram tão evidentes que o Tribunal Constitucional precisou de várias semanas para as sancionar e com o vencedor do costume: quem já estava no Poder, ou seja, e neste caso, Kabila Júnior. (...)" (continuar a ler aqui).

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 205, de 23-Dezembro-20111, pág 21

Pululu no Club K 3


Inicialmente publicado no semanário moçambicano "Canal de Moçambique" e aqui já referido.

22 dezembro 2011

A racionalidade é palavra vã?

O Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), pode-se dizer, começou só agora a estar operatório e a criar trabalho e condições de financiamento e operacionalidade com a abertura, em pleno, da linha Lobito-Benguela-Huambo.

Qualquer gestor de “meia tigela” sabe que enquanto uma empresa não dá mostras de vitalidade e de recuperação económica dos financiamentos colocados à sua disposição para estar operacional, dificilmente poderá satisfazer as vontades, legítimas, dos que lá trabalham para serem devida e correctamente remunerados.

E se a empresa em questão, e devido a factores exógenos, no caso à guerra fratricida, esteve dezenas de anos sem qualquer tipo de actividade, a garantir os ordenados dos que mantinham, minimamente, a actividade operacional, mesmo que quase estritamente local, é lógico que a empresa, qualquer que ela seja, passa por dificuldades financeiras naturais.

Ora no caso do CFB essas dificuldades são, necessariamente superiores devido não só às contingências já descritas como pelo facto de ter de recuperar, diria mesmo, totalmente, a linha que vai do Lobito ao Luau e as suas diferentes ramificações internas e de ligação ao exterior.

Sabe-se que essa recuperação só foi possível à custa dos cofres do erário público e da Sonangol. Sem o petróleo nada disto seria possível.

Se é certo que o CFB é uma empresa pública nacional, logo o accionista principal – único – é o Estado Angolano, também o único accionista da Sonangol, é igualmente certo que o CFB tem de prestar contas ao Estado Angolano e pagar a sua dívida. Porque se o CFB deve ao Estado, também, por inerência do facto, deve ao Povo Angolano.

Por isso é estranho que os trabalhadores, a maioria ainda agora recentemente contratados, estejam já a exigir aumentos salariais, alguns na ordem dos 150 a 200 por cento.

Como podem os assalariados do CFB exigir tais aumentos – mesmo sabendo que não auferem, em média, mais de 13 mil Kwanzas, o equivalente a USDólares130 dólares, – para, como dizem, equilibrar a perda do poder de compra.

Essa legítima pretensão deverão fazê-lo não a uma empresa que está a dar os primeiros passos como tal e, portanto, não tem condições de cumprir com o natural desejo de aumentos salariais que os trabalhadores exigem, mas ao Governo de Luanda que demonstra má gestão da coisa pública, ao não rever, devidamente, o ordenado mínimo nacional.

Há que ter racionalidade nas pretensões sob pena das mesmas deixarem de ter qualquer sentido. Não esqueçamos que o CFB ainda está a procurar prolongar a recuperação da linha-férrea até à fronteira angolano-congolesa.

Mas para que esta racionalidade seja credível, há situações que deveriam ser melhor ponderados pelos dirigentes sindicais nacionais. Pensarem mais nos trabalhadores e menos nas oportunidades políticas que os diferentes partidos lhes acenam em vésperas de eleições!

Transcrito no portal do jornal Pravda (versão portuguesa), secção Negócios

Egipto, a força das mulheres...



Podem ser fisicamente mais fracas, mas, na sua grande maioria, são moral e psicologicamente muito mais fortes que muitos de nós, como comprova a História de muitos países!

21 dezembro 2011

Porque hoje é um dos Solstícios…



A todos votos de Festas felizes e os votos de um Próspero Ano de 2012 com os maiores desejos concretizados!

20 dezembro 2011

Na Costa do Marfim, Ouattara junta parlamento às presidenciais

As eleições legislativas na Cote d’ Ivoire (Costa do Marfim) deram uma vitória clara e inequívoca ao partido de Ouattara, a União dos Republicanos (RDR) que consegui ganhar 127 assentos entre os 254 lugares à disposição.


O FPI (Frente Popular Marfinense) do detido ex-presidente Gbagbo decidiu boicotar estas eleições pelo que ficou arredado do Parlamento.




19 dezembro 2011

Eleições autárquicas para 2012

O Conselho da República (CR), convocado pelo ainda nosso Presidente, José Eduardo dos Santos – pelo menos até às próximas eleições gerais – após ser questionado por Eduardo dos Santos quanto há necessidade de fazermos eleições autárquicas e qual a data mais viável, apostou para 2014 evocando, entre outras prováveis e válidas razões o facto de em 2013 haver um Censo geral da População.

Não me parece que isto fosse impedimento para que as eleições fossem mais cedo. Que eu saiba e que saibam os angolanos, para as eleições contam não o Censo geral mas a actualização do Registo Eleitoral, que acabou de verificar o términos da primeira fase e que se manterá válido após as próximas – pelo menos assim o aguardamos – eleições.

Mas os conselheiros do CR, que engloba também os líderes dos partidos com assento parlamentar, não o pensaram assim e, talvez, estejam a ver melhor que eu…

Por isso aqui fica o comunicado final de imprensa do CR:



COMUNICADO DE IMPRENSA


O Conselho da República reuniu-se hoje, dia 19 de Dezembro de 2011, no Palácio Presidencial, sob a orientação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tendo abordado essencialmente questões ligadas ao processo eleitoral.

O Presidente da República proferiu breves palavras de introdução sobre os objectivos da reunião, como sejam, proceder a apreciação da actualização do Registo Eleitoral e analisar a possibilidade de se efectuarem eleições autárquicas no país nos próximos anos.

O Ministro da Administração do Território apresentou o ponto de situação do processo de actualização Geral do Registo Eleitoral referente ao período de 29 de Julho a 16 de Dezembro de 2011 tendo revelado como dados provisórios o registo de 489.159 novos eleitores e a confirmação de 4.751.553 antigos eleitores, o que perfaz um total de 5.240.712 eleitores nesta primeira fase.

Neste domínio, o Conselho da República pronunciou-se favoravelmente pela realização da segunda fase do processo de actualização Geral do Registo Eleitoral, no período compreendido entre 5 de Janeiro e 15 de Abril de 2012.

O Conselho da República considerou como sendo positivos os resultados alcançados na primeira fase do processo de actualização do Registo Eleitoral.

Por outro lado, recomendou que as eleições autárquicas devem realizar-se em 2014, tendo em conta que em 2012 ocorrem as eleições gerais e em 2013 o Censo Geral da População.

Ainda no âmbito das eleições autárquicas, o Conselho da República remeteu a questão para reapreciação na sua sessão do segundo semestre de 2012, altura em que serão abordados os assuntos inerentes à preparação do processo.

Os membros do Conselho da República recomendaram também que se observe rigorosamente o princípio de que o Registo Eleitoral é um acto individual e presencial devendo por essa razão evitar-se práticas que contrariem esse princípio, tal como a recolha indevida de cartões na posse dos cidadãos.

SECRETARIADO DO CONSELHO DA REPÚBLICA, em Luanda, aos 19 de Dezembro de 2011.

O CONSELHO DA REPÚBLICA

17 dezembro 2011

Obrigado Cesária...


http://www.youtube.com/watch?v=E_7BV-IuyKI&feature=player_detailpage#t=4s (para ouvir clicar)

Ainda agora partiu e as saudades já são imensas.

África, os africanos e os Caboverdianos não podem esquecer nunca a "diva dos pés descalços" e das suas melodiosas canções.

Obrigado Cesária Évora por nos encantar (1941-2011)

16 dezembro 2011

Como é possível?!!

Há coisas que se não víssemos e lêssemos não pensaríamos ser possível!

Dispensa qualquer tipo de comentários!...

A UNITA a Congresso

Realiza-se este fim-de-semana o congresso da UNITA que vai eleger um novo (?!) Presidente, como seria natural, segundo os seus Estatutos, mas…

No Congresso há duas candidaturas a concurso: Isaías Samakuva e José Pedro Katchiungo.

Um, se for eleito, é uma reeleição (mas, a fazer fé em certas leituras estatutárias, Samakuva pode mesmo ser reeleito? É que está há oito anos no assento do “galo”); o outro é uma candidatura que parece estar contaminada pelo vírus da derrota, logo de início.

A dúvida, natural, que se levanta prende-se que esta candidatura de um considerado indefectível de Abel Chivukuvuku que, já o disse, participará no Congresso e será sempre candidato da UNITA.

Talvez um aplainar de terreno para uma próxima e efectiva candidatura daquele que é considerado como o mais possível e credível candidato da UNITA para fazer frente ao MPLA.

Até lá só há um caminho, por sinal pouco risonho; que nas próximas eleições legislativas a UNITA não siga o mesmo caminho da FNLA e se transforme num partido residual.

Esperemos o que nos mostrará p Congresso!

15 dezembro 2011

Acordo de pescas UE-Marrocos suspenso

(foto retirada daqui)

A União Europeia suspendeu as conversações para a prorrogação dos acordos de pescas com o reino de Marrocos por… as águas onde são explorados os recursos piscícolas pertencem ao Sahara Ocidental que Marrocos, segundo a UE, ocupa ilegalmente há muitos anos.

É estranho que só agora os europeus tenham reparado nessa pretensa ilegalidade. Ou talvez se esqueçam que quem provocou essa eventual ilegalidade foi, precisamente, um Estado europeu (Espanha) quando cedeu o território, rico em nitratos, a Marrocos e à Mauritânia – tendo esta, posteriormente, prescindido da sua parte que foi ocupada por Marrocos.

Já não será estranho se levarmos em conta razões humanitárias, embora seja preocupante o timing escolhido quando Marrocos está a querer enveredar por um regime monárquico constitucional e quando o mesmo Estado europeu que se despojou do Sahara é, também ele, ocupante ilegal de territórios (localidades) em Marrocos.

Se os interesses europeus forem, meramente, humanitários vai haver mais locais em África que serão preteridos nas eventuais posteriores conversações – sejam sobre o que for – porque há mais regiões que, segundo alguns, estarão ilegalmente ocupadas.

Vamos ver a se a moda pega ou o que há, na realidade, é um interesse económico europeu em pagar menos pelos desmandos que fazem nas costas dos outros…

14 dezembro 2011

Mundial de Andebol Feminino: Angola escorrega…

(imagem ANGOP)

No Mundial que decorre no Brasil (Santos e S- Paulo) as nossas damas do andebol não conseguiram passar dos quartos-final e baquearam perante a Dinamarca por 23-28.

As nossas andebolistas não caíram; somente escorregaram e podem ainda melhorar o 7º do Mundial anterior, e preparem-se psicologicamente para fazerem um grande torneio nos Jogos Olímpicos de Londres de 2012.

Até porque a nossa opositora, que também escorregou nos quartos foi a Rússia, que é só e ainda, a campeã em título...

O efeito “Boomerang”

"A crise popular do Mundo Árabe, que tomou o nome de “Primavera Árabe”, em particular, no Norte de África, está a continuar a ter os seus efeitos.

Recordemos que os levantamentos sócio-populares, alicerçados em páginas e redes sociais da Internet, que ocorreram desde o início do ano – e que continuam – primeiro na Tunísia e que se alastraram, inexoravelmente, para ao Egipto e a Líbia, têm tido claras repercussões em outros Estados não só árabes como, e principalmente, em Estados africanos.

Se sempre houve – e persiste – crises sociais em África devidas não só à falta de alimentos, deficiente salubridade, ou à depreciação remuneração económica e financeira, as crises políticas essas estavam quase sempre na órbita castrense. Agora, constata-se que passaram dos silenciosos quartéis para as ruas e para as vagas de fundo populares.

Penso que todos se lembrarão da latente crise popular que emergiu na Cote d’Ivoire, em Novembro, após as eleições presidenciais, mas que só teve a sua explosão efectiva depois das revoltas populares árabes e teve o seu zénite no final do primeiro quartel deste ano quando o anterior e vencido presidente acabou por aceitar, na ponta de uma espingarda, o resultado das urnas.

Ou a contínua e latente crise social e popular que grassa no Zimbabué e que terá, por certo, desenvolvimentos exponenciais nas próximas eleições presidenciais e legislativas onde o senhor Mugabe persiste em se candidatar e fazer eleger para um novo mandato sob a capa de uma democraticidade que sabemos não existir.

E que dizer das manifestações populares ocorridas na Libéria durante as recentes eleições presidenciais, apesar destas serem escrutinadas por observadores internacionais que, parece, nada viram…

Tal como também não nos podemos esquecer que as eleições no Congo Democrático (RDC) continuam na ordem do dia com confrontos populares nas ruas em contestação de um acto que ainda não teve o seu desfecho nem se sabe, ainda, qual o resultado eleitoral final, mas que se antevê próximo das actuais autoridades, mesmo que sem maioria absoluta. Uma providencial emenda constitucional permite a vitória simples do mais votado.

E quem se esquece das manifestações que, periodicamente, vão surgindo em Angola, particularmente em Luanda, de contestação à manutenção no poder de Eduardo dos Santos – há 33 anos na presidência e a aguardar eleições – ou das políticas económicas do partido maioritário no poder, o MPLA, bem como de palavras de ordem contra a corrupção (um dos maiores e mais abjectos flagelos que grassam na maioria dos nossos Países).

Pois se as crises populares e políticas têm descido ao longo da costa ocidental africana, também não é menos verdade que começou, contornando o cone sul de África, a voltar ao ponto de partida, com alguns desenvolvimentos sociais e políticos contrários à actual policy establishment. (...)" (continuar a ler aqui)

Publicado no semanário moçambicano Canal de Moçambique, de 14/Dez./2011, pág. 14 8e transcrito no portal do Jornal Pravda, secção Mundo, de 15/dez./2011)

Eu e Manuel Vicente no Diário Económico...

"... candidatos possíveis a número dois", disse ao Diário Económico o analista político do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, Eugénio Costa Almeida. ..."

10 dezembro 2011

MPLA, 55 anos!

Parabéns pelos seus anos de luta pela libertação e independência nacional.

Tal como felicito pela luta cerrada que fez pela libertação nacional, gostaria, também, de o fazer pela mesma medida no combate à corrupção, ao compadrio, e à democratização do País.

Só que se o fizesse estaria a ser tão corrupto e falso como os que ao abrigo de utopias políticas o praticam!

Mas como entrou na nova idade da razão e vai ter um Congresso, em breve, talvez que aquela também seja um dos congressistas e faça valer a sua influência...

09 dezembro 2011

Há um efeito boomerang das crises árabes?

Há “manifs” em Angola, no Congo Democrático (RDC) há movimentações contestatárias a Joseph Kabila Jr, entretanto declarado vencedor das eleições, embora sem maioria absoluta – uma providencial alteração constitucional permite-lhe a vitória com maioria simples –, na Cote d’Ivoire (Costa do Marfim) o antigo presidente foi colocado sob detenção pelo Tribunal Penal Internacional onde presta declarações por acusação de vários delitos contra a Humanidade.

Na África do Sul houve três antigos baluartes do ANC que viraram para a oposição democrática e para um dos seus antigos membros, entretanto expulso daquela organização. (ver aqui)

Em Moçambique as eleições intercalares regionais deram vitória repartida entre a Frelimo – em Pemba, onde o seu candidato obteve quase 89% dos votos (também Mubarak chegou a obtê-los e vê-se…) – e a MDM, com o pretendente democrático a conquistar, com significativa maioria, a cidade de Quelimane, e a contestar a vitória da Frelimo em Cuamba. (ver aqui e aqui)

Será o início do efeito boomerang da Primavera Árabe, agora na parte meridional de África?
Transcrito no , secção "Moçambique"

Cabida, onde fica?

Fico sempre satisfeito quando do nosso país surgem notícias encorajadoras e apelativas, embora, não deixe de ser sempre preocupante que, quase uma dezena de anos depois do Acordo de Paz de Luena, ainda persistam informações sobre a "estabilidade militar" no País.

Porque, creio, que é no Pais que o Ministro da Defesa se reporta, no portal do Governo, quando afirma que em Cabida (ver imagem) a situação está estável!

Se não for demais, e assumo a minha total ignorância, algum compatriota ou mesmo estrangeiro pode esclarecer-me onde fica Cabida?

08 dezembro 2011

As dívidas na UE e a memória futura...

Este quadro é eloquente!Os maiores caloteiros da Europa são a Alemanha, com mais de doze vezes a dívida pública portuguesa, a Itália e a França. Sozinha, a Itália tem quase o triplo da dívida pública acumulada da Grécia, da Irlanda e de Portugal. Em percentagem do PIB, os campeões são a Grécia (157,7%), a Itália (120,3%) e a Irlanda (112%). Isto não vai acabar bem. Vamos mesmo todos para o buraco! Limpinho.

(tudo isto corre nos meios electrónicos)

Relativamente à minha opinião sobre a União Europeia e as suas derrogações e divagações, proponho-vos a leituras de dois artigos anteriormente escritos (aqui e aqui) ou o que penso da Europa "federada".

06 dezembro 2011

Pululu na Página Global 2


Apontamento aqui publicado no passado sábado, dia da Manifestação e agora reproduzido, com título e montagem da responsabilidade dos administradores da Página Global.

O novo portal oficial do Governo de Angola

O novo portal oficial do Governo angolano está interessante. Vá por aqui: http://www.governo.gov.ao/

Nele podemos aceder a vários itens, nomeadamente, informações sobre as Províncias (após aceder aos "Governadores"; deve ser figura pouco interessante para se tornar na primeira acessível...)

03 dezembro 2011

Hoje há mais uma manif…

Hoje, dia de sua majestade suprema e incontestada – pelo menos pelos seus correligionários e indefectíveis –, 3 de Dezembro de 2011, está – ou esteve – prevista (repito, está prevista…) mais uma manifestação por vários direitos e manifestos, com organização e realização da Organização 27 de Maio.

Entre os vários manifestos contam-se “Abertura de um processo sobre o 27 M”; entrega das ossadas das vítimas reclamadas e nunca disponibilizadas nem indicadas o lugar do seu enterramento e “emissão de certidões de óbito”; um “Memorial pelas vítimas do 27 M”; ou “indemnizações aos presos políticos e seus familiares”.

Está ou esteve prevista porque até ao momento já há notícias de expurgados, pela Polícia, que estariam no local da manif, no Cazenga, Luanda, e de espaçamento – por indivíduos que estariam à civil e pretensamente fardados – de um dos mais activos lutadores dos Direitos Humanos e um dos principais impulsionadores das últimas manifestações Carbono Casimiro (CC).

Este ignóbil acto contra o activista, que teve de ser assistido numa clínica do Prenda, na cidade da Kianda, aconteceu quando falava com a senhora Lisa, da Human Right Watch, e, segundo dizem e escrevem nas páginas sociais, sob a "vista" de jornalistas da RTP - será que vão mostrar imagens, ou... - do activista e escritor Rafael Marques, da Rádio Ecclésia-ECA, da Voz da América e de alguns membros de jornais privados nacionais.

Não é assim, com atitudes musculadas de quem devia fazer respeitar a diferença de ideias e a Constituição, que se afirma uma Democracia nem se dá ao respeito ou à afabilidade. Muito menos em vésperas de aniversário, de Congresso e da campanha eleitoral se houver…)!

NOTA COMPLEMENTAR: Segundo Jose Gama, "O Rafael Marques acaba de ser posto em liberdade. O regime havia prendido, também a jornalista Isabel João, Coque Mukuta e Antonio Paulo por terem feito cobertura de uma manifestação em Luanda. O Jovem Carbono Casimiro é dado como desaparecido enquanto que outros estão a receber tratamento no hospital após terem sido espancados pela Policia Nacional e elementos do SINFO que se fizeram passar por marginais. (Este é um dos muitos lamentos que correm na rede social Facebook).

Assim, dificilmente há um mínimo de credibilidade. Principalmente quando as televisões estrangeiras fazem uso deste tipo de informação - até as que mais próximas estão do Poder - ou quando circulam na Internet fotos bem sugestivas de indivíduos fardados a agredirem uma pessoa sentada no chão. É bom que Luanda se recorde que as fotos de Santa Cruz (Timor) levaram à queda do regime indonésio...

02 dezembro 2011

Guiné-Bissau, nova crise à vista?

Há muito que corriam rumores que o presidente Malam Bacai Sanha estava com sérios problemas de saúde. Eram conhecidas as constantes visitas, algumas repentinas, outras preparadas, a Dakar e a Paris para consultas e alguns internamentos, devidos a uma doença, nunca publicamente esclarecida.

Soube-se, há dias, que Sanhá tinha ido, uma vez mais a Dakar e recambiado de urgência para Paris onde o primeiro-ministro ter-se-ia deslocado para saber da situação clínica do Presidente, enquanto, na região, haveria algumas movimentações de países limítrofes, abrigando-se sob o chapéu protector da Comunidade Económica para Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO), para, caso necessário, intervir no único país lusófono daquela região africana – exceptuando, claro, mas este é outro “piano”, Cabo Verde – caso a situação degenerasse, como parecem não só prever, como desejar e ansiar.

E para reforçar a sempre latente crise que se reproduz na Guiné-Bissau, acabámos de saber, através do semanário electrónico “A Nação” que o Presidente Bissau-guineense já estará em coma hospital Militar Val de Grâce, em Paris, devido a sérias complicações de saúde, com os seus principais colaboradores a temerem pelo que se possa desenrolar no País onde, periclitante ou não, ia-se cimentando uma pequena estabilidade política, militar e social.

Esta situação não será tão estranha dado que, ainda recentemente, o premiê cabo-verdiano, José Maria Neves, que esteve durante uns dias de visita à Guiné-Bissau, também teria confirmado que o estado de saúde do presidente Bissau-guineense, transferido no último fim-de-semana de um hospital de Dakar para outro em Paris, inspirava “alguns cuidados”.

Igualmente a Oposição anda preocupada e deseja ser devidamente informada do verdadeiro estado de saúde do Presidente até porque o Chefe de Governo carlos Gomes Júnior que se tinha deslocado de propósito a Paris para ver o Presidente, facto que acabou por não acontecer, dizia ter recebido “notícias encorajadoras” quanto ao seu estado de saúde.

Para reforçar a já visível instabilidade política no País, também o Chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, Antonio Indjai – que há quem sussurre ter sido um dos mentores que levaram ao desaparecimento de alguns políticos no país após a última crise militar que quase depôs Carlos Gomes Júnior – terá avisado que haverá as habituais “barafundas” para a Guiné-Bissau, caso a CEDEAO decida enviar uma missão militar sob o propósito de garantir segurança às figuras públicas nacionais Bissau-guineenses, bem assim uma força de Paz.

Isto levou os cabo-verdianos, através do seu Ministro de Defesa, a apelar algum bom senso à CEDEAO e muita “prudência” na condução do processo de reforma da Defesa e Segurança na Guiné-Bissau, para evitar “factores de stress” e se prosseguir com o roteiro já orientado e definido com a CPLP.

Ora o que parece, está a passar, de novo, com a Guiné-Bissau. Uma nova e pungente crise à vista com muitos colaterais a salivar nos dedos. Será bom que a CPLP se mostre realmente e, goste-se ou não, que Angola sirva de charneira face a tão grandes e avassaladores apetites...

Não esqueçamos que Angola tem “observadores militares” a ajudar a reformular as forças de segurança na Guiné-Bissau e foi um dos principais financiadores para o o fundo de pensões para ex-militares Bissau-guineenses.

É que a estabilidade na Guiné-Bissau pode ser um farol para a estabilidade na região, principalmente quando com o fim da crise na Líbia se detectam, naquele espaço geográfico, do regresso “de várias pessoas ao Mali e Níger, provenientes da Tripolitânia, algumas delas na posse de armas pesadas”.

Cai ministra, viva ministro…

(o novo símbolo da EDEL - Empresa de Electricidade de Luanda - que "corre" nas páginas sociais)

Já há muito que se especulava que a Ministra da Energia e Águas, Emanuela Vieira Lopes, poderia cair dada a sua inoperacionalidade governativa numa área tão sensível tanto em Angola, no geral, como em Luanda, em particular.

Recordemos que o semanário Novo Jornal, na edição de 9 de Setembro, já antevia esta hipótese, quando num despacho do gabinete do Presidente Eduardo dos Santos, datado de 16 de Agosto passado, lhe eram já então retiradas todas as competência para exercer o cargo. Ora a queda acabou por acontecer neste início do mês e… ministro posto, ministro empossado.

Hoje o Presidente da República – ainda não mudou, continua a chamar-se e tudo parece indicar que assim se vai manter por mais 5 anos – José Eduardo dos Santos, empossou o novo Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, até agora Secretário de Estado deste ministério, apelando para que acabe a “«falta de eficiência» do sector eléctrico, designadamente no abastecimento de electricidade à capital”.

O que não deixa de ser interessante é que o ministério era totalmente inoperativo como se manda abaixo o titular e se eleva o secretário de Estado, por norma, quem mais deveria estar a produzir. Curioso e relevante…

Se o “jacaré” acordar…

e citado no Pravda

"A República Democrática do Congo (RDC) está na ressaca das votações presidencial e legislativa ocorridas na passada segunda-feira, 28 de Novembro. No momento que iniciei a escrita destas linhas ainda não se sabia quantos teriam votado e quem liderou a votação. Sabe-se, outrossim, que houveram distúrbios e boicotes em alguns círculos, nomeadamente em Lubumbashi, capital do Shaba/Katanga [, que estão confirmados a existência de, pelo menos, 9 vítimas mortais entre eleitores e simpatizantes dos candidatos e que um dos candidatos, Etienne Tshisekedi, viu a sua natural pretensão em votar ser impedida, numa primeira secção de voto – foi bloqueado pela polícia – e só numa segunda secção é que teve o privilégio de expressar sua preferência eleitoral.

Além de Joseph Kabila Júnior e de Tshisekedi, o já experiente candidato oposicionista, houve mais 9 candidatos à cadeira da presidência. As eleições tiveram o impacto e as incertezas que se conhecem. Da parte dos observadores há a ideia que tudo não correu tão mal que não fosse previsível. De acordo com uma ideia do observador internacional, John Stremlau há que esperar que além da paz que persistiu(?!)"(…) os candidatos devem aceitar os resultados das urnas". Sejam quais forem, talvez acrescente eu…

Ora a paz foi tão grande que a comissão eleitoral da RDC (CENI) decidiu prolongar por mais um dia as eleições. E estas já estão inquinadas não só com as vítimas mortais ocorridas durante o acto eleitoral como já haver candidatos, como o ainda presidente do Senado, Léon Kengo, a exigiram que o sufrágio seja considerado nulo devido às irregularidades constatadas e já assumidas pela CENI e por observadores independentes.]

Todavia, é ponto assente que Kabila Júnior, tem todas as condições para voltar a ser o escolhido como o “leopardo” da RDC à frente, bem a frente, de todos os seus adversários, por muito que estes sejam mais credíveis, estrebuchem ou tenham apelado a um boicote sectorial nestas últimas eleições.

E se Kabila parece estar na “pole position” para continuar como presidente da RDC, apesar da persistente concorrência eleitoral de Tshisekedi, essa é também a vontade de Luanda e do Governo angolano dado que, por um lado, já conhece a “peça” e por outro Luanda quer a manutenção da RDC estabilizada porque os dois países partilham uma longa fronteira comum (apesar desta estar a ser sujeita a um escrutínio feroz por parte dos congoleses na parte norte marítima angolana) onde as populações convivem há muitos séculos e pelo facto dessas eleições poderão ser determinantes para o futuro das relações entre os dois países. (...)" (continuar a ler aqui)

NOTA: a parte a azul, por razões de envio tardio à paginação já não pode ser incorporado. Fica aqui para análise e só por isso)

Publicado no semanário Novo Jornal, ed. 202, de 2/Dez./2011, pág. 23; e transcrito no portal, em língua portuguesa, do jornal Pravda, secção Mundo, sob o título "Eleições na RD Congo: Se o jacaré acordar" (http://port.pravda.ru/news/science/05-12-2011/32566-eleicoes_rdc-0/)
Publicado no semanário Novo Jornal, ed. 202, de 2/Dez./2011, pág. 23 e transcrito no jornal Pravda, sob o título "Eleições na RD Congo", em 4/dez./2011

01 dezembro 2011

Bobagens... ou caça aos gambozinos?

Tanta preocupação com os feriados que dão prejuízo de milhões às finanças portuguesas (e pensava eu que daria era às das empresas porque são as únicas que não dão pontes) e vem o Estado, o sempre grande patrão Estado a continuar a dar grandes benesses, como as pontes do Natal e Ano Novo (e, provavelmente, as da Páscoa), enquanto os outros são pura e simplesmente "lixados"!...

1º de Dezembro, Dia Mundial do HIV/SIDA


"A estabilização do VIH/SIDA, a diminuição das novas infeções e do número de mortes e o aumento do número de pessoas a viver com o vírus, são as principais conclusões de um relatório internacional da ONUSIDA, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado ontem. A África Subsariana continua a ser o foco central da doença, com 68% do total de infectados a nível mundial" (in sapo.pt)

30 novembro 2011

Gbagbo detido no TPI

Na sequência de um mandado internacional emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), sedeado em Haia, o antigo presidente da Cote d’Ivoire (Costa do Marfim), Laurent Gbagbo, foi detido e transferido para o centro de detenção daquele Tribunal, em Haia, onde vai enfrentar uma acusação cumulativa de quatro crimes contra a Humanidade.

Gbagbo, de acordo com o que anunciou hoje o TPI, através de um comunicado, vai assumir “a sua responsabilidade penal individual e como co-autor face de quatro crimes contra a Humanidade por homicídios, violações sexuais, perseguição e outros actos desumanos”.

É bom que o TPI faça valer a sua autoridade na questão dos crimes contra a Humanidade e, principalmente, face a indivíduos que não aceitam nem acatam o seu destino na boca das urnas. Mas, será que, no caso marfinense, foi só Gbagbo o único culpado?

Se bem nos recordamos, houve muitos dirigentes africanos que o apoiaram e quase incentivaram Gbagbo a se manter firme no poleiro. E também se sabe que da parte das forças republicanas lideradas por Ouattara igualmente praticaram actos reprováveis contra a Humanidade. Será que vão ser julgados?

Ou, provavelmente, porque Ouattara está a ser apoiado pela França, agora, e pelos EUA vai manter-se impunido e sem qualquer vislumbre de questão por parte do TPI, o qual, como se sabe, não é reconhecido pelos norte-americanos (pelo menos contra os seus cidadãos…)

Evoquemos as palavras da senhora Clinton quando Gbagbo foi, finalmente, destronado do Poder a que se tinha agarrado, recorde-se, com o apoio de outros dirigentes africanos – tal como aconteceu com Kadhafi, na Líbia – que tinha sido um aviso solene para todos os que se desejavam perpetuar no Poder.

Talvez que esta detenção seja mais um aviso solene…

Retranscrito no portal Perspectiva Lusófona (Mundo) sob o título "Gbagbo está detido no TPI… e os outros?"

28 novembro 2011

Pululu no Pravda 2


As eleições que decorrem em África debatidas aqui e citadas no Pravda (Mundo)

Hoje há eleições em África…

A trilogia eleitoral deste fim-de-semana, iniciada em Marrocos, na sexta-feira, continua hoje em dois outros Estados africanos.

1. Num dos casos, no Egipto, começaram as eleições legislativas que decorrerão até 11 de Janeiro próximo. Sei que são cerca de 40 milhões de eleitores, mas tanto dias para umas eleições? Não haverão legítimas dúvidas no final das mesmas quanto há possibilidade de haver duplicação de votantes, mesmo que coloquem o “dedinho” no tinteiro. Parece-me que a chamada tinta indelével só dura, no máximo dos máximos, uma semana…

2. No outro caso ocorrem eleições legislativas e presidenciais. É na República Democrática do Congo (RDC) onde se prevê a reeleição de Kabila para um segundo mandato – na prática é um terceiro porque já se encontrava no poder há 5 anos quando foi legitimado pelo voto no primeiro turno – facto mais reforçado por ter provocado uma alteração constitucional onde a simples maioria simples e numa única volta é suficiente para ser (re)eleito.

Apesar desta simples equação, ou talvez por causa dela, já houve distúrbios no Shaba/Katanga na linha do que já tinham acontecido, por toda a RDC antes das eleições se iniciarem.

3. As eleições em Marrocos deram aos islâmicos moderados do Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD), liderado por Abdelilah Benkirane, que terão obtido entre 80 e 107 – varia consoante as fontes lidas – das 395 cadeiras da Câmara de Representantes, correspondendo a 27% das vagas do Parlamento, o que faz com que o partido, ainda que vitorioso, seja obrigado a fazer alianças com outras siglas para obter uma maioria absoluta confortável para governar.

O PJD, ficou à frente do partido Istiqlal (Independência ou Partido Nacionalista), do atual premiê, Abbas el Fasi, que obteve 60 cadeiras, e da Reunião Nacional de Independentes (RNI), do ministro da Economia e Finanças, Salahedin Mezuar, com 52.

De registar que nestas eleições houve uma quota específica para jovens e mulheres (cerca de 90 assentos) e que tiveram como resultado final a igual supremacia do PJD com 24 lugares seguido do Istiqlal, com 13 deputados, do RNI, com 12 assentos, e do PAM (Partido Autenticidade e Modernidade), com outros 12 eleitos.

Onde estão os Direitos Humanos?

(Clique na imagem e leia)

Como é possível que a União Europeia e a Comissão dos Direitos Humanos ainda permitam factos como estes só por causa de "interesses políticos" escondidos sob a capa de "protecção"?

Fonte: Semanário Angolense, edição 433, de 26Nov.2011, pág, 48

27 novembro 2011

Fado, Património Imaterial da Humanidade

(da Internet)

O Fado, a música nacional dos portugueses, por excelência, viu a sua variável lisboeta – existe outra variante, a coimbrã – ser eleita, hoje, em Bali, Indonésia, e sob patrocínio da UNESCO, como Património Imaterial da Humanidade.

Parabéns, pois, ao Fado, e a Portugal, que viram a sua música se tornar mundial.

Talvez seja uma ideia a reter pelos nossos dirigentes, nomeadamente pela Ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, em pensar no mesmo para a nossa música, nomeadamente, para a Rebita, para o Merengue, ou seja, e genericamente, para o Semba, a(s) fonte(s) que geraram o Samba, a tão famosa música carioca.

Ou para Moçambique pensar na sua Marrabenta, também ela sinónimo de excelente qualidade musicológica.

De certo que a Humanidade também irá apreciar a musicalidade e a sonoridade das nossas músicas.

26 novembro 2011

Marrocos foi a eleições

Em Marrocos, ocorreram ontem, sexta-feira, dia sagrado dos islâmicos, as eleições legislativas para a Assembleia, as quais não tiveram mais de 45% de participação eleitoral dos 13,5 milhões de eleitores inscritos.

Ainda assim, superior aos 37% ocorridos em 2007.

A maioria dos eleitores marroquinos preferiram acorrer às mesquitas que aos postos de votação.

Em alguns destes postos verificaram-se boicotes devido aos protestos do movimento 20 de Fevereiro que apoia(ra)m as manifestações da Tunísia.

A nova Constituição que teve um apoio significativo do eleitorado marroquino, desta feita, não conseguiu arregimentar eleitores.

As eleições parece que foram livres e transparentes mas será que se podem dizer totalmente legítimas quando menos de metade da sua população eleitoral preferiu desprezar um direito inalienável de suporte da Democracia?

Por certo que os 55% dos abstencionistas não serão sarauis…

Já agora, e apesar de Marrocos não pertencer à União Africana, como é que esta entenderá estas eleições?...

N’A Gâmbia, o previsto aconteceu…

O que era previsível e o prenunciado aconteceu sem surpresas! O até agora presidente d’A Gâmbia, Yayah Jammeh, no poder há 17 anos foi reeleito para um novo mandato de 5 anos com cerca de 72% dos votos. O principal, opositor, do Partido Democrático Unido (UDP), Ousainou Darboe, que se candidata pela quarta vez, só obteve cerca de 17%, enquanto um terceiro, Hamat Bah – terceira vez que se apresenta ao acto – não foi além dos 10%.

A Oposição contestou os resultados da Comissão Eleitoral Independente (CEI).

Tal como em outros países africanos, a democracia n’A Gâmbia é de mera fachada. É um poder musculado, resultante de um Coup d’État ocorrido em 1994 e que reverteu numa pseudo-democracia onde o turismo contribui, substancialmente, para o crescimento económico ocorrido durante o corrente ano de 5,5%.

A prevista reeleição de Jammeh, de 46 anos, líder da Aliança Patriótica para a Reorientação e a Construção (APRC) e reconhecido por ter um “grande dom para curar males” e a falta de democraticidade no País era tão evidente que a CEDEAO recusou enviar observadores para o acto eleitoral por considerar que estas não seriam “livres, justas e transparentes”. Todavia – o que não surpreende – a União Africana, afirmou que, apesar de haver alguns constrangimentos, o acto e a operacionalidade da CEI foi normal, livre e transparente…

Uma cúpula de líderes obsoletos, na sua maioria, a mandar nos destinos de África continua a sobreviver na União Africana para desgraça dos africanos.

Já agora como ela definirá as eleições de Marrocos onde somente 45% dos eleitores foram às urnas? Legítima? Certamente! Mas normal e observadora da vontade popular? Parece-me que não…

Entretanto, o gambiano Jammeh (soa a “jamais” em francês) jamais deixará o poder salvo se a comunidade internacional tomar alguma previdência nesse sentido. Mas como n’A Gâmbia não há, que se saiba, petróleo e o Senegal quer um língua sossegada…

23 novembro 2011

Entrevista ao Novo Jornal devido ensaio "Angola,..."2

A entrevista dada à jornalista Isabel Bordalo do semanário Novo Jornal e publicada na edição 200, já referenciada. Reproduzida pelo portal Zwela Angola e aqui retranscrita.

Entrevista de ISABEL BORDALO, do Novo Jornal (Angola)


(Novo Jornal) O título do seu livro é «Angola. Potência em emergência». O que falta para Angola se tornar efectivamente uma potência?

(Eugénio Costa Almeida)
Há vários factores necessários para que um estado seja considerado uma potência, seja local, regional, intermédia ou global como, por exemplo, ter capacidade de influenciar, de uma forma organizacional, política, ideológica, económica, militar e tecnologicamente. Ora, neste momento, Angola ainda não goza de capacidade tecnológica para ser vista como um potência de facto.


(NJ)Face a países como África do Sul, Nigéria e Marrocos, por exemplo, Angola tem condições para se assumir como Estado director?

(ECA)Face à Nigéria e a Marrocos, definitivamente. Face à África do Sul já o caso é mais problemático. Os sul-africanos estão, tecnicamente, mais avançados e afirmados como potência africana. Todavia, Angola tem condições para, dentro de alguns anos, conseguir chegar ao mesmo estágio.



(NJ)Quais os trunfos que o país apresenta? E os constrangimentos?

(ECA)Os principais trunfos são, não necessariamente por esta ordem, estabilidade política, militar e alguma certa estabilidade organizacional. Quanto aos constrangimentos apontam-se de ordem sociológica, tecnológica e uma quase mono-economia assente recorrentemente no maior impacto do petróleo e dos diamantes. Contudo, parece ser vontade governativa alterar este critério económico pouco saudável, como reconhece o OGE, que já reduz o impacto do petróleo a 13,4% do PIB em contrapartida com outras actividades económicas que já atingem 12,5% do OGE.



(NJ)Que papel Angola joga hoje no contexto regional e continental? Que papel tem o petróleo nesse contexto?

(ECA)Angola é, ou está, considerada como uma plataforma de estabilidade na região onde se insere; no caso na região central e médio-meridional de África. Tem um papel de moderador e de estabilizador. Quanto ao petróleo penso que já respondi na pergunta anterior. Ainda assim, não devemos esquecer que Angola é – e agora mais do que nunca com a crise da Líbia – um dos dois maiores produtores e exportadores de crude de África.



(NJ)É ainda relevante o facto de Angola ter herdado um exército de grande dimensão no rescaldo da prolongada guerra à qual serviu de palco para essa afirmação?

(ECA)É evidente que sim. E é também evidente que esse facto contribuiu e contribui para que o Pais continue a ser respeitado, não só pela dimensão, mas também pela sua qualidade. As FAA’s “aglutinaram” dois exércitos combatidos, poderosos, respeitados e organizados que melhoraram qualitativamente a já boa organização das FAA’s. E isso, num continente onde as forças castrenses são e continuam, mesmo com as alterações políticas e o fim da maioria dos monopartidarismo, a ser muito respeitadas, o que tem muito impacto!



(NJ)A aposta na deslocação de forças militares para outras latitudes em África, como a Guiné-Bissau ou ainda a região dos Grandes Lagos, entre outros exemplos, é decidida no âmbito de uma estratégia que visa aumentar a influência de Luanda em África e, por essa via, adquirir um suporte para “falar” com o resto do mundo?

(ECA)Não creio, embora possa haver algum fundo de verdade nessa interpretação. Mas, como se viu, Luanda não quis colocar tropas suas na região dos Grandes Lagos, limitou-se a “assessorar” a política de entente da África do Sul na zona, como declinou imiscuir-se militarmente na Somália. A presença na Guiné-Bissau insere-se, creio, na afirmação de Angola no seio da CPLP e da Lusofonia face à grande potência que é o Brasil e a potência cultural que é Portugal. Tal como foi a presença, simbólica, segundo uns, mais efectiva, de acordo com outros rumores, em São Tomé e Príncipe, a dada altura.



(NJ)O seu doutoramento, com a dissertação "A União Africana e a Emergência de Estados-Directores no Continente Africano: O Caso de Angola" deu origem ao livro que lançou hoje. O que o motivou a passar este trabalho a livro? Chegou a alguma conclusão que o tenha surpreendido?

(ECA)O principal motivo deixar um trabalho para outros – ou mesmo eu – poderem continuar a desenvolver e porque fui incentivado nesse sentido durante a defesa oral pública do mesmo. Surpresas? Se houve, e há sempre, porque descobrimos sempre coisas novas, a haver aconteceram durante a investigação durante o chamado trabalho de campo. Outras surpresas, essas ficam para o leitor descobri-las, caso considerem-no haver.



(NJ)Acha que este seu trabalho pode influenciar a actuação do poder político angolano e, por outro lado, ajudar os actores políticos e económicos dos outros países a olharem para Angola?

(ECA)Nem pouco mais ou menos. Seria atrever-me a testar como influenciador da vida política nacional. E, honestamente, não me vejo nesse papel. Sou um simples analista político e, principalmente, um académico. E é nesse sentido que desejo ser lido e analisado. Se o livro ajudar a melhorar certos factores da vida política nacional ficarei contente por isso. Será o reconhecimento que o ensaio trouxe algo ao país. Agora ter capacidade de influenciar a actuação do poder político, penso que não. E quanto aos actores políticos externos, espero que eles continuem a olhar para nós com respeito e cordialidade. E se pudermos influenciar as suas vidas, então…



(NJ)Se José Eduardo dos Santos sair da presidência de Angola, este balanço expansionista pode sofrer algum revés?

(ECA)Depende o que considerar balanço expansionista. Em qualquer dos casos precisamos de não esquecer que os Países permanecem enquanto os políticos são “recicláveis”. Ou seja, nem Eduardo dos Santos é permanente e numa democracia existe a saudável alternância do Poder, nem Angola pode manter-se encostada nas boas ou deficientes decisões de um qualquer político por mais credível e forte que tenha ou possa ter sido, como é o caso de José Eduardo dos Santos. Por isso, creio que quando dos Santos sair deixará, por certo, genes suficientes para que o País não perda a sua influência.



(NJ)Na véspera da apresentação do seu livro, afirmou: “Não me parece que a democracia seja o ponto fulcral para a afirmação de qualquer estado como potência regional". Se olharmos para países como a China percebemos essa afirmação. Qual é então o ponto fulcral?

(ECA)Principalmente a estabilidade social, política e económica. Contudo é importante para a credibilidade de um Estado que as decisões políticas sejam praticadas com a maior transparência possível. E isso só é possível com a Democracia. Qual? Aí é que reside o grande problema. Segundo a Ciência Política a Democracia é a que nos oferece o Mundo Ocidental que bebeu na escola helénica. Ora os nossos Kotas dizem que em África também existe uma escola de Democracia que deve ser preservada. Isso deixo para os sociólogos especializados e para os antropólogos estudarem e nos oferecerem um trabalho nesse sentido.



(NJ)Qual é o seu conceito?

(ECA)Eu acredito que existe um outro tipo diferente de Democracia que não tenha de ser somente a do Mundo Ocidental. Mas também acredito que é o Povo que deve dirigir os seus destinos através de indivíduos habilitados e acreditados para isso. E porque a Democracia, dada as suas variantes, não é o ponto fulcral que o disse.



(NJ)Afirmou também que "Angola está para a região centro-austral da África como a Alemanha está para toda a Europa ocidental e central". Não é excessiva a comparação, tendo em conta que a Alemanha é a economia mais robusta da Europa e está assente na diversificação, ao contrário de Angola que está muito dependente do petróleo?

(ECA)Não. É preciso ver o contexto. Pode ter parecido excessiva a afirmação, mas quando é analisada historicamente, não penso que seja. E o contexto foi histórico. É certo que a Alemanha é nesta altura o motor económico da Europa. Mas recordemos que, em certos períodos da História europeia, os germânicos estavam quase falidos e não deixaram de influenciar a região onde se inseriam. Por isso, compreendo a sua questão, mas não me parece que isso possa ser suficiente para que Angola não continue a afirmar-se como potência. E, vejamos – embora sob uma forma irónica – se virmos bem a economia alemã assenta quase exclusivamente e também numa monoeconomia: a da indústria automóvel. É evidente que estamos a conversar sob uma análise irónica.



(NJ)O senhor questiona se será possível a existência de potências regionais no quadro da União Africana (UA), considerando que aquela organização prevê que haja "um único organismo que conglomere todos os países ao mesmo nível". O papel que a Alemanha e a França desempenham no contexto da União Europeia não esclarece essa dúvida?

(ECA)Não, porque a União Europeia ainda admite o cenário de Nações no seu seio. Ora a União Africana foi criada não como a sua antecessora, a OUA, ou seja, uma Organização de Países, Nações e Estados, mas visando a ideia peregrina de um visionário – fico-me por aqui na qualificação – chamado Kadhafi que queria uns Estados Unidos de África onde as Nações não existiriam mais e muito menos os Países! Ora quer a Alemanha, quer a França não prescindem do seu papel no seio da comunidade europeia e internacional. Talvez por isso a crise europeia não desenvolva nem acabe. Talvez possa degenerar mal. Recordemos que franceses e germânicos sempre se deram pouco bem e que ainda há territórios de uns na posse de outros…



(NJ)No caso africano quais são os países que podem ser potências regionais e quais são os trunfos que apresentam?

(ECA)Claramente, e na minha análise, a citada África do Sul, Angola, naturalmente, a Nigéria, como reguladora de uma parte substancial do Golfo da Guiné, Senegal, o Estado mais equilibrado política, social e economicamente na região – apesar de ter sido derrotado militarmente durante uma das enésimas crises da Guiné-Bissau – o Quénia e, ou, o Uganda na região oriental, devido à sua influência nas questões do Corno de África e nos Grandes Lagos, também, tal como o Senegal, gozam de condições políticas sociais e económicas assinaláveis além de uma boa organização militar. Finalmente, no Norte de África, prevejo que Marrocos e Argélia serão os que, dentro de algum tempo, poderão apresentar-se como as principais referências da região setentrional africana, a par do Egipto. No entanto, este pretende afirmar-se mais no seio do Médio Oriente e não tanto em África.



(Em caixa)

(NJ)Em 2007, começou uma conferência, na Universidade Católica de Lisboa, a propósito do Dia de África, com este preambulo. “Ser-me-ia politicamente correcto começar por afirmar que o Continente africano prospectiva um futuro risonho e inimaginável, principalmente, com o apoio esclarecido e despretensioso de todos os que o apreciam e adoram. Ser-me-ia fácil fazê-lo. Mas não estamos aqui para sermos politicamente correctos mas para analisarmos que futuro se perspectiva para África”. Cinco anos depois, há menos razões para ser cauteloso?

(ECA)Não pensava era que já nessa altura estivesse tão sob os focos da nossa imprensa. É que não me recordo de ter havido qualquer impacto dessa Conferência. Mas, quanto à sua questão, a resposta é não! Continuo academicamente tão ou mais cauteloso como na altura. Ainda persistem alguns constrangimentos que impedem África de ser o Continente que tanto desejávamos que fosse.


(NJ)Tem um blogue «Pululu», onde vai analisando a política internacional, com enfoque em África. Num dos comentários recentes, após a morte de Kadhafi, constata que “Os estados não têm amigos nem inimigos! Só interesses a defender!”, mas “quando a hipocrisia é demais, imunda”. Quer explicar?

(ECA)Parece-me que o texto é suficientemente esclarecedor e que a afirmação é suficientemente percebível para o que se passa, passou e, infelizmente, vai continuar a passar no seio das relações internacionais. Mas, sinteticamente, recordemos que enquanto esteve no Poder, Kadhafi foi a personna política africana que mais foi “acarinhada” pelos políticos mundiais, mesmo pelos políticos que tudo fizeram para o derrubar. Não foi por ser um déspota que foi derrubado. Não somos ingénuos.



(NJ)Foi porquê?

(ECA)Questões político-militares e económicas tiveram muito mais impacto na sua queda que o facto de Kadhafi ter sido um sanguinário ditador. A sua deposição foi sinalizada quando começou a ameaçar os eventuais podres de alguns dos seus correligionários em certos países ocidentais e mesmo orientais. A desculpa dos ataques à sua própria população só serviu disso mesmo: de desculpa. Porque é que não se usa a mesma desculpa para os ataques às populações sírias pelo líder e homens de mãos do presidente sírio?



(NJ)O seu blogue foi considerado, em Setembro de 2007, pela Gazeta do Povo, Brasil, como um dos 50 blogs para entender o mundo e um dos cinco mais entre os blogs africanos. O que o motiva?

(ECA)Penso que como todos nós quero contribuir para um Mundo angolano, um Mundo africano, um Mundo melhor. Por outro lado, o blogue serviu para começar a guardar informações que mais tarde seriam úteis na dissertação para o Doutoramento.



(NJ)Ficou surpreso com a classificação da Gazeta do Povo?

(ECA)Fiquei. Até porque só soube deste prémio”, chamemos assim, por terceiros, mais concretamente através do engº Professor Feliciano Cangue, autor do blogue “Hukalilile – don’t cry for me Angola”. Nem sabia que era tão visto no exterior e muito menos no Brasil onde, segundo alguns dos meus leitores de lá, dizem que só agora é que os assuntos africanos, e, particularmente, os angolanos, começam a ter algum impacto.



(NJ)No ícone que remete para o seu perfil no «Pululu, surge uma imagem do Pensador, estátua angolana tradicional, e a frase “de pensadores, todos temos um pouco”. A política internacional não aconselha a reformular a frase?

(ECA)Tal como já formulei em tempos e ainda há momentos reapresentou essa questão, a política internacional, actualmente parece ter muito de pouco clareza. Talvez por isso pense que ainda devemos ser todos Pensadores e reflectirmos como tal. Será possível? Deveremos reformular o(s) nosso(s) pensamento(s)? Talvez! Talvez devamos ser mais executores. Mas como ser bons executores, bons gestores se não soubermos ser bons Pensadores?



(NJ)Mas como sermos bons executores, bons gestores se não soubermos ser bons Pensadores?

(ECA) Continuo a olhar-me como um pensador do Mundo, em geral, e de tudo o que se passa com Angola, em particular. Não somos só pensadores quando cogitamos mas também quando analisamos. E ao pensarmos (cogitarmos, analisarmos, reflectimos) estamos a contribuir para melhor compreendermos o nosso país e onde eventualmente estamos inseridos!