17 setembro 2011

Um acto de censura nunca dignifica a Democracia!

A fazer fé nas notícias do Club-K – e parece que são veras e credíveis, porque cita um comunicado de imprensa da “Independente Universal Produções” – o músico “Brigadeiro 10 pacotes” terá visto um seu disco, A ditadura da pedra, ser proibido – leia-se, impedido de sair – de se vender pelo Ministério da Cultura por “alegadamente conter criticas ao Presidente José Eduardo dos Santos e ao MPLA”.

Ora, num qualquer tipo de regime, chama-se a isto “Censura”!

Não está em causa a censura ao disco mas o acto de Censura que numa Democracia é sempre questionável e inqualificável.

Não é um qualquer Ministério, mesmo que de Cultura que pode, ou deve, impedir uma qualquer venda fonográfica ou de qualquer outro tipo de cultura.

Se, no caso, o disco – ou a canção – contem palavras pouco dignas para quem quer que seja, existem Tribunais para os visados se ressarcirem e castigarem os prevaricadores.

E serão – ou deveriam de o ser, numa Democracia de pleno direito – os Tribunais a decidirem qual o acto de Justiça a praticar.

Mesmo que isso, é só os Tribunais o poderão e deverão fazê-lo, implique a cassação do disco ou de um livro, ou de uma outra obra de arte…

1 comentário:

Orlando Castro disse...

Agostinho Neto foi também, segundo uma cartilha herdada do regime de partido único (hoje em termos práticos assim continua, repita-se), “um esclarecido homem de cultura para quem as manifestações culturais tinham de ser antes de mais a expressão viva das aspirações dos oprimidos, arma para a denúncia dos opressores, instrumentos para a reconstrução da nova vida”. É claro que o Brigadeiro 10 Pacotes não fala dos oprimidos nem denuncia os opressores. E não fala porque em Angola não há oprimidos nem opressores…