29 março 2012

“Eleições” n’ A Gâmbia

(foto ©AP-DW)

Hoje há eleições n’ A Gâmbia…

Num Estado pluralista e democrático, onde as eleições presidenciais são um acto natural, as eleições presidenciais que vão ocorrer, hoje, n’ A Gâmbia, seriam mais uma acção popular para a natural escolha do candidato que irá gerir os destinos da Nação.

Todavia, o que se vai passar n’ A Gâmbia será tudo menos democracia.

Tudo porque a reeleição do golpista, autocrata, quiromante e senhor absoluto do País, Yahya Jammeh, está quase totalmente garantida.

O quase é para tornar um pouco credível a reeleição, até porque aparecem dois candidatos contra Jammeh: Ousaino Darboe, de 63 anos, que concorre pela quarta vez, e Hamat Bah, de 51, que vai na terceira tentativa. De notar que o (re)candidato presidente já está a caminho do garantido quarto mandato de cinco anos…

Tão garantido, que nem a CEDEAO se arrogou em apostrofar o simulacro a que chamam de eleições, abstendo-se, responsavelmente, de comparecer ao acto, evocando que as eleições não tinham garantidas os três principais factores que as deveriam caracterizar: livres, justas e transparentes.

Jammeh é visto como o governante que conseguiu garantir ao País um desenvolvimento como A Gâmbia, há muito, não via.

Mas se esse desenvolvimento é visível a população não consegue obter quaisquer dividendos justos. A maioria vive – ou subvive – com, somente, 2 USD por dia…

Além das eleições presidenciais, A Gâmbia também vai registar eleições parlamentares onde o partido actualmente no poder, Aliança para a Reorientação Patriótica e Construção (APRC), que já detinha 47 dos 53 assentos no Parlamento, irá conseguir aquilo que outros, ainda antes das suas, já dizem ir ter: a quase totalidade do Parlamento.

Quase, porque até ao fecho das urnas tudo pode acontecer.

É que os seis partidos oposicionistas fizeram saber que iriam boicotar as eleições, embora haja, e daí poder haver algum volte-face, quem defenda que, apesar de todas as justas críticas, ninguém deveria boicotar as eleições.

Ainda assim, de notar que apesar de rejeitar as críticas, a CNE local cancelou a votação em 25 dos 48 círculos nacionais.

Vamos aguardar para quem irão os 48 lugares em disputa directa, sabendo que 5 dos assentos são nomeados pelo presidente…

Citado no portal do Jornal Pravda.ru (http://port.pravda.ru/news/mundo/31-03-2012/33214-eleicoes_gambia-0/)

27 março 2012

Um hino à demo-probidade

Depois dos distúrbios e dos zigue-zagues da primeira volta nas eleições presidenciais senegalesas, a segunda ronda deu um desfecho que só diz bem da democraticidade e da rectidão dos intervenientes.

Recordemos que a primeira volta ficou marcada pela contestação à tentativa de Abdoulaye Wade, presidente em exercício, de 85 anos e já com dois mandatos, em voltar a recandidatar-se aproveitando uma lacuna legislativa resultante das alterações constitucionais.

Uma situação que levou a inúmeras contestações por parte dos eleitores e candidatos senegaleses mas que não evitou a concretização do sonho de Wade e que o levou, juntamente com um dos seus mais fortes opositores e antigo primeiro-ministro e presidente da Assembleia Nacional, Macky Sall, à segunda volta.

A segunda ronda, ocorrida no final da última semana, demonstrou, apesar de todos e inúmeros receios, que Senghor deixou uma excelente e indelével marca de democraticidade e de probidade no País.

Quando, à revelia do que seria expectável por parte dos analistas locais e dada a manifesta firmeza de Wade em se recandidatar, ao contrário de tudo o que demonstrava bom senso, o presidente-recandidato, sem rebeldia e com demonstração de total respeitabilidade pelos votos expressos, aceitou a derrota e vitoriou, publicamente, o candidato Macky Sall.

Uma enorme, um hino, à demo-probidade que deveria ser estudado e acolhido por outros.

Todos temos um sonho e esse passa por que haja mais senegaleses em África…

Transcrito no portal do Jornal Pravda, sob o título "Mais senegaleses, por favor" (http://port.pravda.ru/news/mundo/28-03-2012/33175-mais_senegaleses-0/)

25 março 2012

Que se passa na Rádio Ecclésia?


"Há dias li nas páginas sociais, assim aqui e aqui, que Nelson “Bonavena” Pestana, analista político, docente e investigador da UCAN e dirigente do Bloco Democrático, e Kalamata Numa, secretário-geral da UNITA e deputado nacional, teriam sido censurados pelo novo director-geral da Emissora Católica de Angola “Rádio Ecclésia” (ECA), Quintino Kandandji.

Em causa duas notícias do Magazine da Rádio Diocesana de Benguela, um espaço de informação generalista produzido pela aquela emissora católica emitida, em regra, todas as segundas, entre às 9 e 10 horas na Ecclésia.

A primeira notícia reportava-se e informava sobre o debate, em Benguela, promovido pela ONG “Omunga” e ao espaço cívico “Quintas de debate” onde o analista Nelson Pestana proferiu um tema sob o título “A intolerância política em Angola e suas implicações”, que teve como orador, o docente universitário e político.

A outra notícia informava que Numa, enquanto deputado e dirigente da UNITA, num comício no Cubal, província de Benguela, saudou os 46 anos da fundação da UNITA.

O caso, já de si inquietante porque há uma clara e manifesta atitude de censura, torna-se mais preocupante os dois criticaram – um direito a que assiste qualquer cidadão, desde que feito dentro dos limites naturais de respeito – o presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Do que sei estavam em causa os ataques que os manifestantes sofreram sob o olhar, no imediato, pouco interventivo, das autoridades.

É incompreensível que uma das primeiras medidas do novo director-geral da ECA-Ecclésia tenha sido uma dupla e ininteligível censura.

Mas se tivermos em conta o que reporta o Semanário Angolense, na sua última edição (458, de 24/Março/2012, p.6), parece-me que este nova personalidade não estará a fazer muito bem a um órgão informativo que mais credibilidade tinha junto da população luandense – o Poder continua a cercear as emissões da ECA para a cidade de Luanda.

Segundo aquele semanário, pela pena de Romão Brandão, no passado dia 19 de Março pp., dia do 15º aniversário da reabertura do sinal da ECA, devido ao encerramento que tinha sido objecto pelo anterior regime nacional, o que aconteceu (acontece) é um clima de crispação entre os jornalistas e outros funcionários devido, segundo aquela fonte, a um anormal chapéu censório – que parece ter sido mais efectivo após a visita da Ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira – e a um reduzido quadro remuneratório que, esperavam, viesse a aumentar e não se verifica.

Acresce a isso, o facto da ECA ter acabado com alguns dos programas desportivos, substituindo-os por música de fundo, ou suspendendo com os programas directos e só emitindo-os após gravação. (...)
" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no Café Drummond (ex-Perspectiva Lusófona), hoje.

24 março 2012

Onde anda o dinheiro de Cabinda?

Este é um preocupante artigo da última edição do Semanário Angolense (ed. 458, p.42) e assinada por Paulo Possas.

Preocupante, não a falta de fundos da Chevron - provavelmente devem ter canalizado, os mesmos, para limpar a trampa que parecem ter feito junto das costas cabindenses - mas porque uma parte significativa dos fundos do petróleo, conforme foi outorgado no acordo de Namibe, deveria ser canalizado para a província.

E, pelos vistos, parece que o governo provincial não deve ter esses fundos ou, por certo e de contrário, não permitiria este artigo.

É que, e toda a gente o sabe, o desporto, em geral, e o futebol, em particular, são veículos fomentadores de turismo e de propaganda cívica.

Penso eu de que...

23 março 2012

Pululu no Pravda 5


O factor "C"

"A meio da semana passada um abanão no xadrez político angolano provocou ondas semelhantes às de uma pedra lançada num charco.

Se uns dirão que foi mais que uma simples contracultura política nacional, por certo, que outros avançarão que foi a emergência de um novo “factor ‘C’” tão necessário para decadista meio político nacional.

O certo é que Abel Epalanga Chivukuvuku abnegou ao seu partido de origem, a UNITA, onde militou durante cerca de 38 anos, alguns dos quais, como figura carismática, e, de acordo com as suas palavras, foi “com mágoa, mas sobretudo com muita determinação, [que se viu] forçado, conscientemente, a ter de trilhar um novo caminho”.

Provavelmente, um caminho que alguns chamarão de “factor C”.

Com a saída da UNITA de Chivukuvuku emergiu na cena política nacional uma nova organização (ou será coligação?) política que poderá ter alguma palavra na cena estadística nacional.

Por curiosidade, a nova organização política está, também ela, enquadrada no novo “factor C” e que, segundo o seu criador permitirá “Servir Angola, Servir os Angolanos” e dará aos eleitores nacionais – infelizmente, e ainda, só para os que estão em território nacional, – a oportunidade de “abrirem uma nova página” na cena política angolana.

A nova organização política, cujo acrónimo não deixa de ser interessante, chamar-se-á, pelo menos até ser legalizada no Tribunal Constitucional, de Convergência Ampla de Salvação Nacional (CASA).

Um “factor ‘C’” que vai permitir a Chivukuvulu visar o seu principal e já há muito conhecido objectivo: a presidência da República. (…)" (continuar a ler aqui)

Publicado no semanário Novo Jornal, ed. 218, de 23 de Março de 2012, pág. 21 (e transcrito no portal Club-K )

22 março 2012

Porque hoje é Dia Mundial da Água...




...ximunei do Facebook (Brígida Brito) a imagem acima, recordando que o Mundo anda a preparar uma apocalíptica crise se continuar a desperdiçar este meio importante e primordial de subsistência...

Coup d’État no Mali

Quem dizia que África estava a dormir, o Mali hoje desmente.

Mais um Golpe de Estado militar e em vésperas de eleições presidenciais onde, paradoxalmente, o actual presidente, Amadou Toumani Touré, não era candidato...

A nova Junta Militar, dirigida pelo capitão Amadou Sanogo, líder do Golpe, tomou conta do poder, tendo já sido contestado pela CEDEAO.

Mais uma flecha bem apontada às legítimas pretensões da União Africana em ser credível e em querer a manutenção de um legítimo e legal status quo institucional.

Entretanto, o presidente deposto ter-se-á abrigado no quartel de Djikoroni-Paras, em Bamako, dos comandos pára-quedistas. De notar que Touré foi, também ele, um militar desta corporação.

Recorde-se que o Mali é conhecido por ter uma guerrilha tuaregue muito activa e por acoitar – embora nunca claramente provado – activas milícias da Al-Qaeda.

Uma "caça às bruxas" aos militares guineenses?

Depois do coronel Samba Djaló, ex-chefe das informações militares da Guiné-Bissau, quando o general Zamora Induta foi chefe das Forças Armadas guineenses, ter sido assassinado na noite pós-eleitoral, eis que Induta solicita asilo político à legação da União Europeia em Bissau.

E foi aceite…

Será que começou, de novo, a caça aos militares Bissau-guineenses?

Para quando a estabilidade político-militar que tanto andamos a apregoar e que, para tal, estamos a avançar com dinheiro e conselheiros militares.

Não basta pedir e exigir um inquérito ao caso. Será mais um a juntar aos que ainda continuam por esclarecer como as mortes de Mané,

Isto começa a ser uma má nódoa na nossa presidência na CPLP.

A não ser… a não ser que queiramos continuar iguais aos outros que passaram pelo mesmo estatuto na CPLP e continuaram a nada fazer. Como se vê…

21 março 2012

As eleições presidenciais recentes na Lusofonia...

As duas eleições presidenciais que este fim-de-semana ocorreram em Timor-leste e na Guiné-Bissau deram, como se esperava, direito a uma segunda volta.

Enquanto em Timor-Leste, surpreendentemente, ou talvez não, para a segunda volta vão Francisco "Lu Olo" Guterres, presidente da Fretilin, e o general Taur Matan Ruak, antigo chefe de Estado-Maior das Forças Armadas timorenses (Ramos-Horta, o ainda presidente limitou-se pelo terceiro lugar, o que não admira dado que o mesmo já tinha dado a entender que não desejava continuar na presidência pelo que não fez campanha eleitoral) - o Povo soube ler e julgar os prós e contras desta campanha e disse como se deve comportar; não esquecer que os timorenses só têm dez anos de Democracia, ao contrário de outros qe já a praticam - ou dizem praticar - há mais anos...;

Já na Guiné-Bissau os candidatos à segunda volta vão ser Carlos Gomes Júnior, ex-primeiro-ministro e líder do PAIGC, e Kumba Yalá, antigo presidente deposto e apoiado pelo PRS. Ou seja, e na prática, vamos ver uma pré-campanha eleitoral para as próximas legislativas entre os dois principais líderes políticos da Guiné-Bissau.

Vamos aguardar que o imprevisto - provavelmente, até não terá sido tanto assim, sendo com quem foi - assassinato de Samba Djaló, acontecido na noite da passada segunda-feira, não se repita e todos acabem por acatar a soberana decisão popular.

Não é uma «teoria da conspiração», mas…

Recentemente o Mundo civilizado foi horrorizado com a fria morte de três crianças e de um rabi, numa escola judaica, em Toulouse, França.

Segundo algumas testemunhas, este ignóbil e hediondo acto, teria sido perpetrado por um único indivíduo, que se fazia transportar numa mota.

As primeiras reacções indicariam que este seria o terceiro acto de uma “peça” já conhecida das autoridades francesas porque, tudo o indicava, que o assassino/executor seria o mesmo que teria praticado actos similares contra militares de origem magrebina 8de confissão muçulmana) e franco-caribenha.

Estranhamente, e segundo a revista Le Point, as autoridades francesas, numa primeira reacção, davam como tendo sido ex-militares expulsos, próximos dos neo-nazis, os autores destas três tristes e abomináveis façanhas.

Posteriormente, e fazendo fé, nas declarações públicas das testemunhas do ataque à escola judaica, tiveram de fazer uma inversão e já admitiam ter sido, talvez só um ex-militar com muita prática.

O actual e ainda presidente da República Francesa, Nicolas Sarkosy, também ele filho de imigrantes e casado com uma imigrante, e que tem criticado, mais que implicitamente, os imigrantes – parece estar a tentar roubar votos à extrema-direita francesa – tal como o seu primeiro-ministro, diz que tem de ser combatido estes actos xenófonos.

Mas… (os dois textos seguintes foram escritos na minha página do Facebook:)

[- Como pode Sarkozy prometer uma coisa que ele próprio, inadvertidamente, admito, criou com as "sanções" para os imigrantes. E esta já parece não ter sido original dado que o mesmo atirador poderá ter estado por detrás da morte de pára-quedistas franceses na semana passada."

"- É interessante que o que até agora era difícil de se apurar - quem era quem – seja tão rápido a ser apanhado e pertencer à Al-Qaeda. Logo uma pessoa que além de ter morto judeus também matou magrebinos, logo, islâmicos, e franco-cribeanos, que nada têm haver com a "Palestina".

Talvez, se analisarmos bem, talvez que pertença à mesma organização que matou um fotógrafo num navio do Greenpeace, em N. Zelândia, ou, como já se especulou e não foi pouco, também tentou - e parece quase conseguiu - destruir a vida política de DSK, evitando assim, que o Poder instituído se reafirmasse e mantenha.

Não esqueçamos que foi o Poder o primeiro a vir a público chorar "lágrimas de crocodilo", logo aproveitado por aqueles que ao Poder desejam subir...

Como acima titulo, não defendo uma “teoria de conspiração”, mas que quem ler as “histórias” da DGSE (Direction Générale des Services Spéciaux) ou das suas antecessoras e da sua subserviência política ao Poder – qualquer que seja a cor de momento – verifica que têm sido muitos os actos praticados e nunca assumidos que se assemelham a autênticos actos terroristas como os acima referidos.

E sempre a favorecer os interesses instalados dos Poderes instituídos.]

Reafirmo que não estou a defender uma qualquer eventual “teoria de conspiração”, mas…

Entretanto, as notícias dão como estando na perspectiva de detenção do alegado assassino, que segundo algumas fontes se terá identificado como membro da Al-Queda. Ora como esta anda, ultimamente, com as costas tão largas – até quando um dos alegados financiadores do senhor Sarkozy também o denunciava como todos os actos praticados no seu país derivavam deles, um tal Kadhafi – já acredito em tudo.

Não é que esteja a defender uma qualquer eventual “teoria de conspiração”, mas…

Dias Mundiais da Poesia e da Floresta

Os dois textos que se seguem foram, inicialmente, publicados na minha página do Facebook:

Pelo Dia Mundial da Poesia:

Porque ser Angolano é algo que não se define, é tão só uma questão de personalidade, no Dia Mundial da Poesia este meu "poema" publicado no livro «Angola, Saudade 60-70» da editora IPlay.

Saudades de Angola” que pode ser lido aqui:

Pelo dia Mundial da Floresta:

No Dia Mundial da Floresta (início oficial da primavera no Hemisfério Norte) a minha homenagem a uma das árvores que melhor definem o Continente-Mater: o Imbondeiro/Embondeiro!

17 março 2012

Não se cala o descontentamento...

(é um erro quem pensa que nos podem tornar cegos, surdos e mudos durante tanto tempo...)

Compreendo que a Justiça deva prevalecer sobre a infantilidade e a prepotência daqueles que desejam impor as suas ideias ao arrepio da ordem institucional. Ou seja se a autoridade, legítima ou não, determina que não deve haver manifestações em determinada localidade ou lugar, deve ser cumprida. Mas...

E há sempre um mas na arbitrariedade de qualquer acto...

Recentemente houve uma manifestação prevista para Benguela que foi proibida pelo Governo provincial e, ainda assim, levada a efeito apesar da citada proibição.

Todavia já não se entende o excesso de autoritarismo e a forma que levou aquela a deter os prevaricadores (basta ver e seguir o exemplo da detenção de George Clooney [actor e activista dos Direitos Humanos], ontem nos EUA) levá-los a tribunal sob acusação ridícula e depois vê-los ser inocentados dessa acusação e só serem acusados, naturalmente, de prevaricação.

Volto a afirmar que esta, gostemos, ou não, é justa. Já não me parece que seja justa é a pena aplicada: 45 dias de detenção (prisão efectiva) mais multa.

Se o efeito foi fazer que estas prevaricações não se voltassem a repetir, parece ter tido algum êxito já que a prevista para agora foi, uma vez mais e sem sentido, proibida pelo Governador provincial de Benguela.

Esta manifestação, prevista para ser apoiada pela Ong “OMUNGA” foi adiada para o próximo dia 24 de Março.

Um erro que qualquer governo provincial – tal como o Governo Central – pensar que pode, sistematicamente, impedir que as pessoas e organizações, desde que cumpram os requisitos previstos na Constituição – e, parece, que os sucessivos poderes provinciais e autárquicos andam a esquecer do que diz a Constituição – façam prevalecer o(s) seus(s) descontentamento(s).

Tal como também é um erro monumental pensar que pode calar as vozes dramáticas que clamam por mais justiça social, política e económica.

Depois não se surpreendam que vozes da Sociedade Civil façam cartas abertas tão significativas como a que, recentemente, Reginaldo Silva, Pepetela e Marcolino Moco, apresentaram e chancelaram e que, por certo, todos nós os que defendemos uma sociedade mais justa e equitativa também subscrevem.

Fim-de-semana de eleições na Lusofonia

"Este fim-de-semana vai ser profícuo em eleições presidenciais na Lusofonia. Dois países, por razões diferentes vão a eleições presidenciais: Guiné-Bissau (antecipadas) e Timor-Leste.

Na Guiné-Bissau, devido à prematura ausência do anterior presidente – falecimento por doença e, uma vez mais, um Chefe de Estado Bissau-guineense não conseguiu acabar o seu mandato – tem no domingo o dia do acto eleitoral a que concorrem 10 candidatos, alguns dos quais, embora independentes, são membros do partido do poder, o PAIGC que, todavia, apresenta-se ao plebiscito através do seu primeiro-ministro carlos Gomes júnior que diz concorrer para evitar que os “outros” despejam o PAIGC da sua actual “cadeirinha”.

O acto eleitora de Bissau vai ser visto por algumas dezenas de observadores, nomeadamente, da Lusofonia que, novamente, colocou, tal como a União Europeia e a África do Sul (RAS) – a “briga” por uma certa África entre Angola e RAS até aqui se verifica – dinheiro para que o mesmo se realizasse.

Registe-se que estas eleições serão, também elas mais que a eleição de um novo Chefe de Estado o constatar da capacidade dos Bissau-guineenses em mostrar uma estabilidade política no País.

Já em Timor-Leste o acto ocorre no sábado e deve-se ao fim do mandato do seu actual e recandidato presidente José Ramos-Horta.

Uma campanha tranquila só assombrada pelo passamento físico, por doença, do primeiro presidente não-oficial (proclamou a independência de Timor em 1975) e também candidato Francisco Xavier do Amaral. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , "Manchete" de 16/Março/2012.

15 março 2012

Abel Chivukuvuku… “at House”?…

(Jornal de Angola, 15/Mar/2012)

Abel Epalanga Chivukuvuku renunciou ao seu partido de origem, a UNITA onde militou durante 38 anos alguns dos quais, como figura carismática, e, segundo ele, “com mágoa, mas sobretudo com muita determinação, [viu-se] forçado, conscientemente, a ter de trilhar um novo caminho”.

Desde ontem emerge na cena política angolana uma nova organização (coligação?) política que poderá ter alguma palavra na cena estadística nacional.

Chivukuvulu, visando a presidência da República, vai liderar a CASA – Convergência Ampla de Salvação Nacional, que parece já ter ganho o apoio de outras organizações partidárias menores que pensam ver na CASA o caminho para uma maior harmonização partidária aquela que, só assim se entende o afastamento de Chivukuvuku da UNITA, esta não parece conseguir – e nem tentar – fazê-lo.

Paradoxalmente ou não a edição de hoje do Jornal de Angola no seu habitual e, por vezes, bem sagaz cartune, dá-nos uma ideia daquilo que os partidários do MPLA já sentem da presença de Chivukuvuku (ver imagem ao cimo), ou seja, temem os efeitos políticos da sua nova formação partidária.

Vamos ver se, de uma vez, tal como já se sente com a presença do Bloco Democrático, a vida política e partidária e o actual Estadão (roubei este termo ao politólogo José Adelino Maltez e que também aqui se aplica e bem) tem o abanão que se deseja.

Ou como diz o meu amigo Orlando Castro quando recorda, e bem, que Angola merece sempre o melhor; e aí defende que Chivukuvuku representa uma pedrada no charco, pelo que está nas mãos dos angolanos analisar bem todas as novas vertentes em perspectiva.

No entanto, e até às eleições muita coisa poderá ainda ocorrer, nomeadamente, as forças democráticas – as verdadeiras forças democráticas – se unirem a favor do único bem comum que não o ego pessoal: Angola.

Têm alguns meses, poucos, para ponderarem…

13 março 2012

F8 uma vez mais na mira do DNIC

Segundo o portal Club-K, elementos da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) terão entrado nas instalações do semanário Folha 8 e “confiscaram todos os computadores e deixaram os jornalistas em pânico ante as ameaças e a brutalidade exercida”.

Parece que os ditos elementos terão procedido à referida apreensão sem dizerem quais os motivos.

Sendo Angola um Estado de Direito – quero continuar acreditar que sim –,suposto seria que a autoridade, presente nas instalações, devesse ir acompanhada de um mandado de apreensão e acompanhada por um membro do Ministério Público.

O Club-K não indica se isto aconteceu.

Caso não se tenha verificado este natural pressuposto a confiscação está ferida de total ilegalidade.

De registar, ainda, que William Tonet, o director do F8 está, segundo o Club-K, incontactável. Não esclarece se porque não quer ser incomodado ou se por outra razão menos aceitável.

Depois do que aconteceu no passado sábado não me parece que esta nova situação venha a consolidar a imagem do País.

Por este andar ainda o ex-presidente de Portugal, Jorge Sampaio, vai ter de morder a língua no que toca a Angola…

12 março 2012

Quem manda e no quê na Democratura?

(da internet)

Existe um país que tem tanto de belo e rico, como de enigmático.

Esse país fica algures no continente genésico da vida e de todos os mistérios.

Governado por um técnico de um dos seus mais geradores de receitas, líder incontestado do seu partido, que, por sua vez, manda e domina no país há cerca de 40 anos, esse belo país vive um forte momento de Democratura!

Democratura não porque o seu líder não seja um verdadeiro democrata – tem de sê-lo, porque todos os líderes ocidentais o serviliam e bajulam a sua liderança e a sua defesa de Democracia – mas porque existem alguns indivíduos que se arrogam de protectores da sua imagem e atestam, forte e feio, sobre todos os que pensam em questioná-lo.

Aconteceu isso há uns meses e voltou a acontecer isso, este fim-de-semana.

O interessante é que tirando uma pequena nota de uma agência de um dos países que mais tem aproveitado dos fundos gerados pelo seu (dele, claro) principal fonte de receitas – por onde andava a representação televisiva deste país receptor – só as fontes estrangeiras e as páginas sociais fizeram eco dos distúrbios levados a efeito por energúmenos jovens, mulheres, e políticos oposicionistas que decidiram ir armados de vozes e palavras de ordem!

Mas numa Democratura as pessoas de bem não podem admitir a existência destes ignóbeis endemoninhados. Já se viu ir para uma manifestação só com palavras, com cartazes ou cânticos? Incompreensível.

Vai daí que os acérrimos e celebrados defensores da Democratura decidiram fazer valer da sua prosaica forma de vida e mostrar aos paladinos da voz como se deve prostrar e sensibilizar os pretensos manifestantes.

Para isso, e para que ninguém pudesse dizer que não estavam cientes da sua razão levaram alguns indivíduos fardados de um invólucro semelhante a pretensas autoridades e distribuíram fruta condimentada com metais e afins.

Cabeças partidas, hematoses pelos corpos, braços engessados? Meros simbolismos dos defensores da Democratura!

Defensores da Democratura? Não, impossível. Eram ordinários que acirraram contra outros ordinários; ou seja, o que aconteceu neste último fim-de-semana foi um pequeno recontro entre dois gangues que não souberam comportar numa sociedade livre, justa e democrata!

Duvidam? Perguntem ao comandante da polícia!

Tudo o que se possa dizer ou fotograficamente mostrar, seja em portais nacionais ou estrangeiros – habitualmente, até pró-Democratura, – é pura e sórdida especulação.

Duvidam? Perguntem ao comandante da polícia!

O mesmo comandante que disse ir fazer um inquérito aos acontecimentos do fim-de-semana.

Muito bem, mas… deveria ser o Ministério Público coordenado pela PGR e pelo Provedor de Justiça da mandar fazê-lo. Contudo…

Já agora, recordar que duma Democratura o líder, quando depois de apeado, rapidamente passa de magnífico a grosseiro e sujeita-se a ver o seu nome assinalado no TPI.

10 março 2012

O que querem os líderes moçambicanos?!...

"Afonso Dhlakama, líder do partido da Perdiz, (a Renamo), andava a clamar, ainda e cerca de 20 anos depois, que a Frelimo, não estava a cumprir com os Acordos de Paz de 1992, assinados em Roma.

Vai daí que ameaçava juntar os seus antigos guerrilheiros numa das cidades que mais o apoiavam e provocar rebuliços – tantos quantos os necessários – para que o Governo Central moçambicano (liderado pela Frelimo, desde a independência) assumisse os ditos erros de casting e fizesse letra os Acordos.

Se foi ou não devido às constantes manifestações de denúncia de Dhlakama, o certo é que o Perdiz-mor conseguiu que algumas dezenas de pessoas próximas da Renamo, chamados “desmobilizados” se juntaram numa das casas-sede provinciais da Perdiz, na Rua Sem medo, ameaçando o actual status quo moçambicano com manifestações nas ruas de Nampula, a chamada Capital do Norte.

Recordemos que um dos itens do Acordo de há cerca de 20 anos – depois deste acordo já houve várias eleições legislativas, presidenciais e autárquicas, pelo que esse item não se justifica mais – previa que o estado moçambicano prometia " que um determinado número [de ex-guerrilheiros da Renamo] teria o estatuto de polícia para guarnecer as instalações e quadros superiores", do maior partido da Oposição.

Ora isto nunca, segundo Dhlakama, terá alguma vez acontecido. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , secção "Colunistas" de hoje.

Manifs em Angola junta Oposição e Jovens

Manifestação Antigovernamental deverá juntar hoje pela primeira vez dirigentes da Oposição e Jovens (no Círculo Angolano Intelectual e nas Páginas Sociais)

- O governo de Benguela proibiu a manifestação convocada por um grupo de jovens para este sábado (aqui)

- Primeira tentativa de concentração dos manifestantes em Luanda corrida à bastonada pela polícia (aqui)

É bom que as autoridades se recordem que nenhum (NENHUM) regime, por muito democrático que seja, ou ainda mais se se arroga de Democrático, com violência política, psicológica e policial.

Igualmente bom seria que Angola e os nossos governantes se recordassem da história de um antigo P.M. português (hoje Presidente) que apesar de ter maioria absoluta acabou por “desistir” do Poder quando impôs a Força do Poder a manifestantes.

E apesar do mesmo hoje ser Presidente, já viu entrar no Parlamento um pedido de impeachment…

Acresce que as palavras do presidente Eduardo dos Santos, ontem no Dundo “Não nos deixemos levar por ideias de indivíduos que não conhecem a nossa história, que não sabem por onde nós passámos”, além de pouco sensatas, também não ajudam em nada em vésperas de uma manifestação…

05 março 2012

Depressão não é para todos…

(Da Internet; apesar de não gostar da analogia, uma batalha, não é uma guerra; para bem e por bem que o futebol é Desporto e nada mais)

Desde sexta-feira passada que cerca de 6 milhões de tugas e uns quantos lusófonos estão com uma profunda Depressão.

Serão (seremos) muitos mas há um estadista africano, de expressão lusófona, algures junto ao Atlântico, que está muito satisfeito com a vitória portista.

Com as depressões de uns, alicerçam-se as forças, mesmo que providas de mentiras, de outros…

02 março 2012

Guiné-Bissau prepara eleições presidenciais antecipadas, mas…

"Como se sabe, devido ao prematuro falecimento, por doença, de Malam Bacai Sanha, a Guiné-Bissau vai a eleições presidenciais a 18 de Março próximo. Nelas vão ao pleito 14 candidatos, havendo pretendentes novos e, naturalmente, repetentes.

Ente os candidatos estão o actual primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, com o apoio do PAIGC (não será já altura de alterar o nome do partido, nacionalizando-o e admitindo, de vez, que nunca haverá a tão desejada coligação Guiné-Bissau/Cabo Verde?), e Kumba Yalá, o antigo deposto presidente, que volta a concorrer com o apoio do Partido da Renovação Social (PRS), maior partido da oposição.

Mas também vão a “concurso” candidatos que foram preteridos pelos seus partidos de origem, nomeadamente, candidatos que queriam ser apoiados pelo PAIGC (“again”…) como, por exemplo, Baciro Djá, ministro, e Manuel Serifo Nahmadjo, presidente interino da Assembleia Nacional, concorrem como independentes a que se juntam, também como independentes, Luís Nancassa, professor ou Henrique Rosa, empresário, (um dos repetentes ao cargo).

Depois surgem candidatos apoiados por partidos mais pequenos ou candidatos de coligações, como Aregado Mantenquete, do Partido dos Trabalhadores (PT); Serifo Baldé, do Partido Democrático Socialista de Salvação Guineense (PDSSG); Iaia Djaló, do Partido da Nova Democracia (PND); Ibraima Djaló, do Congresso Nacional Africano (CNA); Cirilo Augusto de Oliveira, do Partido Socialista da Guiné-Bissau (PS-GB); Empossa Ié, do Centro Democrático (CD); e Vicente Fernandes, da Aliança Democrática (AD).

São 14 candidatos a uma cadeira que, até hoje, nunca viu nenhum dos laureados” terminar a sua função no respectivo lugar. (...)" (continuar aqui)

Publicado no , ed. 215, de hoje, pág. 21

Nota: já depois de ter sido elaborado e enviado o artigo acima, soube-se que, afinal, só 10 candidatos é que foram aceites pelo Supremo Tribunal de Justiça, entre eles, os principais.