20 maio 2014

JOMAV o novo presidente da Guiné-Bissau

De acordo com os resultados provisórios anunciados pelo presidente da Comissão Nacional de Eleições,Augusto Mendes, o candidato José Mário Vaz (JOMAV), apoiado pelo PAIGC, venceu a 2ª volta das eleições presidenciais da Guiné-Bissau, realizadas no passado domingo, obtendo 61,9% dos votos, enquanto o candidato Nuno Gomes Nabian, independente apoiado pelo falecido antigo presidente Kumba Yalá (e do PRS, bem como, segundo algumas fontes locais, também conotado com os militares autores do golpe de Estado de 2012), só recolheu 38,1%.

Dos cerca de 800 mil eleitores Bissau-guineenses recenseados, JOMAV, de 57 anos, conseguiu 364.394 votos enquanto Nabian obtinha 224.089 votos. A abstenção subiu em comparação com a primeira volta das presidenciais e legislativas, passando de 10,71% para 21,79%.

De recordar que na primeira volta (13 de Abril, mesma data das legislativas) o candidato já tinha obtido cerca de 40% dos votos, enquanto o PAIGC conquistava a maioria absoluta nas eleições legislativas; o PAIGC faz, assim, o pleno, ou seja, Governo e Presidência.

O novo Presidente eleito venceu em 22 dos 29 círculos eleitorais da Guiné-Bissau; sendo que a nível regional, Nabian só conquistou votos maioritários nas regiões de Tombali (sul) e Oio (centro), enquanto Vaz vencia nas restantes sete regiões (Bissau, Quinara, Biombo, Bolama, Bafatá, Gabú e Cacheu) e na diáspora.

Especulava-se que havia alguma tensão em Bissau pelo – parecia – atraso na divulgação dos resultados – inicialmente previstos para ontem ou hoje de manhã – a que se juntava as análises, um pouco tensas, dos senegaleses. Parecia que estes apostavam em Nabiam em detrimento de Vaz, dado este ser mais próximo de Angola e dos separatistas do MFDC de Casamance, o que não seria bem acolhido pelo presidente Macky Sall.

Ainda assim, o embaixador do Senegal, em Bissau, general Abdoulaye Dieng – um general!! -, espera que do candidato vencedor assevere que a secular relação entre os dois países mantenham preservadas.

Acresce que o EMGFA, assinado pelo próprio CEMGFA, António Indjai – o líder golpista de 12 de Abril de 2012 – emitiu um comunicado apelando à calma, manifestando respeito pelas regras democráticas (que os próprios violaram e de que maneira!!!) e declarando submissão dos militares ao poder político. Como escreve Aly, descobriram a roda…

Ou seja, a própria CPLP – um organismo cada vez mais esconso e subalternizado à CEDEAO, pelo menos na Guiné-Bissau – está sentadinha a aguardar novos desenvolvimentos da habitual roda giratória Bissau-guineense: hoje, política e democracia civil, amanhã, golpe militar… E tudo via governo português

NOTA COMPLMENTAR: Nabiam depois de ter afirmado, durante a campanha, que aceitaria quaisquer que fossem os resultados, agora vem contestá-los e diz ir impugná-los! Tudo normal na vida política Bissau-guineense...

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