29 janeiro 2015

Grécia aproxima-se da Rússia, no pós-eleições

Na passada segunda-feira (26 de Janeiro), num restrito grupo de amigos e colegas, perguntaram-me a minha opinião sobre a pós-eleição na Grécia e os efeitos do Syriza no seio da União Europeia (UE). Como sabem que sou um crítico da UE e do Euro, enquanto ambos forem dominados e subjugados por um ou dois países europeus (Alemanha, principalmente, e França)...

Na altura disse – e mantenho – que ou a Europa compreende as eleições e os pontos de vista dos gregos, independentemente de todas as falcatruas feitas anteriormente por estes para entrarem no Euro – diga-se com o claro e interessado apoio da banca alemã e da Goldman Sach – ou os gregos provocarão a bancarrota do país com o necessário impacto e descrédito do Euro.

Ora isso só iria dar razão àqueles que afirmam que o Euro está sobre – demasiado – sobrevalorizado. Recordo as constantes dúvidas dos britânicos e do reconhecido especulador George Soros.

O Euro e o Banco Central Europeu (BCE) não têm a mesma capacidade que o FED norte-americano e o Bank of England nem a sua total independência face ao poder político. São estes dois que determinam a vida económica dos seus Estados/Países ao contrário do BCE que, na maior parte dos itens está subjugado às políticas de Berlim e de Frankfurt.

E na sequência desta minha visão – provavelmente catastrofista para alguns e infantil para outros – perguntaram-me no caso da tal bancarrota para onde os gregos se virariam. E aí afirmei e continuo a fazê-lo – as reações posteriores vêm confirmando a minha posição – que os gregos (e não seriam os primeiros a ameaçarem fazê-lo; já os cipriotas o tinham feito) voltar-se-iam para os russos e para a sua “ajuda desinteressada”.

Achavam, os meus interlocutores, que isso era impossível até porque Moscovo vive numa incerteza económica muito forte e porque a Europa e os norte-americanos estão a “asfixiarem” a Rússia com sanções políticas e económicas, em grande parte devido à questão Ucrânia.

Talvez, mas…

Uma das primeiras medidas do novo premiê grego, Alexis Tsipras, foi, além de colocar em causa algumas das medidas da troika, como travar certas privatizações e repor o ordenado mínimo nacional, declarar-se contra as novas medidas sancionatórias contra a Rússia e ao povo russo.

Ou seja, ou a Europa se recorda que há umas dezenas de anos um país viu a sua dívida ser perdoada em 60% - com o apoio, e não foi pequeno, também dos gregos – e hoje é a maior potência económica da Europa, no caso, a Alemanha, ou Bruxelas, Paris e Berlim verão a União Europeia e o Euro estilhaçarem totalmente devido a uma “criancice” muito nacionalista só porque os eurocratas não compreendem os Povos nem as virtudes das suas dissemelhanças na unidade.

E a Rússia tornar-se-á no foco, indirecto, de uma nova crise política, de uma nova e quente Guerra-Fria, como vem denunciando, e com certa insistência nos últimos tempos, o senhor Mikhail Gorbachev.

Reproduzido no portal Pravda.ru em 31 de Janeiro de 2015 (http://port.pravda.ru/news/busines/31-01-2015/38021-grecia_russia-0)