17 fevereiro 2016

A ponta de um iceberg no mal-estar na crise?

Algo vai mal na banda e tudo começa a ser tomado como génese do triângulo de um certo mal-estar social, político e económico a crise petrolífera e a falta de kumbu.

Mas será que estes dois genomas da crise justificam tudo o que se vai passando?

Senão vejamos:
- A persistente falta de fundos cambiais, de início para pagamentos ao exterior e transferências de vencimentos de expatriados contratados e, agora,  para permitir a compra de produtos da cesta básica ao exterior com evidentes reflexos nas prateleiras dos comerciantes, apesar da Ministra garantir que não há falta de bens essenciais mas só... racionamento;

- No Lobito e Catumbela os coveiros fazem o seu trabalho sem receberem os seus vencimentos há oito meses, vivem de esmolas e ameaçam parar o seu trabalho;

- Segundo o portal Club-K funcionários da Presidência República estarão sem receber salário há mais de um mês;

- Também os trabalhadores da EPAL (Empresa Publica de Águas de Luanda) vão fazer greve amanhã porque não recebem o seu salário há 3 meses;

- Um acto que é de direito público e social, a vacina de febre-amarela está a ser vendida (algo que é – e deveria ser sempre – gratuita num qualquer centro de saúde) a 1000 AOKwanzas

- A estranha e prolongada situação jurídica dos 15+2 onde, em complemento, se apercebe que algumas dos possíveis testemunhas arroladas pelo Tribunal não só não receberam as devidas convocatórias em tempo útil – ou nenhumas – como alguns têm pautado por não responder nem se apresentar a Tribunal para prestar as referidas declarações, demonstrando um profundo desrespeito por este órgão judicial;

- A nível do maioritário também as coisas parecem não estar a correr pelo melhor com dirigentes a dissertarem disparates como “comam atum em vez de bifes” (desconhecendo que a comunidade científica internacional quer uma suspensão de captura de tunídeos devido à sua escassez) (i); ou Virgílio de Fontes Pereira apresentou a sua demissão do cargo de presidente do Grupo Parlamentar do MPLA na Assembleia Nacional, porque o não estaria a suportar a pressão a que está sujeito da parte dos “mais velhos” com quem não estaria a ter uma relação pacífica e a velha guarda parlamentar”, terá escolhido o deputado Salomão Xirimbimbi para dirigir os trabalhos da bancada do maior partido angolano na Assembleia Nacional (ii); ou o caso do jovem Tomás Bica Mumbundo, primeiro-secretário da JMPLA que a Comissão de Disciplina e Auditoria do Comité Nacional deste órgão de juventude do MPLA, chefiada por Yolanda Sousa e Santos, terá mandado suspender porque aquele estaria a fazer “uma agenda própria” sem dar a conhecimento aos restantes membros de direcção da JMPLA (iii); e…

Para finalizar o caso de Bento Sebastião Bento (BB) (iv) que se despediu ontem de primeiro secretário do MPLA em Luanda com a sua substituição pelo general Higino carneiro, actual Governador Provincial de Luanda que, por inerência estatutária do então antigo partido único do país, era – e ainda é, embora já não seja o único, mas onde alguns militantes, por vezes, se comportam como ainda fosse – o MPLA, determina que o GP seja, em simultâneo, 1º secretário do partido na província. Algo que não se entende ainda persistir dado que n unca mais são convocadas eleições regionais, provinciais e autárquicas – nessa altura alguns perderiam, por certo, algumas das habituais benesses político-administrativas…
E na despedida BB deixou algumas frases interessantes e outras com alguns subentendidos (recolhidos em vários portais informativos onde, cada um, evidenciou o que mais lhe chamava a atenção).
Vejamos algumas:
1. Luanda “tem muitos chefes, toda a gente manda em Luanda” e que Higino Carneiro “tem que disciplinar essa gente;
2. “Aqui, todo o mundo manda em Luanda, todo o mundo fecha a água, tira a água, todo mundo é general”, embora reiterando apoio a Higino Carneiro;
3. “Quem vem me substituir é o camarada general Higino Carneiro por indicação do camarada presidente José Eduardo dos Santos. Portanto camaradas, é uma indicação superior do camarada José Eduardo dos Santos. O presidente é o superior gestor de quadros do MPLA. Ele sabe o que está a fazer (ou seja, se algo correr mal, a culpa é do…);
4. E logo de seguida “O líder é o gestor superior de quadros do MPLA. O camarada Presidente é superior gestor de quadros do MPLA, sabe o que está a fazer, ele vê a floresta e nós vemos as árvores”;
5. “Há militantes que ao invés de trabalharem tentam fomentar intrigas dentro do partido. Para o político, são os mesmos que levam os problemas internos da organização política que governa o país há 40 anos aos órgãos de comunicação”;


1 comentário:

Orlando Castro disse...


Este artigo foi transcrito no Folha 8.