"Há 40 anos, Angola, numa difícil noite de 11 de Novembro de 1975,
ascendia à sua independência como Estado e como uma República, embora politica
e militarmente dividida, mas unida na mesma génese: a Liberdade.
Comemoremos pois mais um dia da Dipanda e esperemos – diria mais,
desejamos –, que os nossos políticos meditem sobre o dia Nacional e se lembrem
que os Angolanos só pensam numa única condição, por sinal a maior delas todas,
como pessoas, como cidadãos e como Mulheres e Homens que se querem livres:
ANGOLA.
Por isso, 40 anos depois continuamos a querer, exigir, uma Angola
realmente livre, justa, fraterna e enorme, como os seus filhos só o sabem ser!
E nestes 40 anos que
balanço podemos fazer?
Na realidade deverá ser
mais elegante escrever “tentar fazer um balanceamento” do que avançarmos para
afirmação de um balanço do que já aconteceu nestes 40 anos em que Angola leva
de independência.
Estes 40 anos
mostraram-nos um País onde houve 27 anos de conflitos fratricidas (1975-2002),
intercaladas por um curto período de 1991-1992 (período das primeiras eleições
multipartidárias) e de 1995-1998 (quando foi empossado o GURN – Governo de
Unidade e Reconstrução nacional); na realidade o País ainda regista a
existência de um conflito interno, devido à questão do Enclave de Cabinda que
opõe as FAA aos secessionistas da FLEC. E enquanto esta questão não se resolver
– e terá de ser pela via política e nunca militar – Angola nunca estará,
realmente em paz militar; duas eleições legislativas e presidenciais (1992 e
2012), a primeira com resultados impossíveis de acolher porque julgávamos que
tudo tinha acabado e, na realidade, degenerou num novo período de instabilidade
político-militar – as próximas deverão ocorrer em 2017 e até lá continuamos a
aguardar a realização de eleições provinciais e autárquicas, sempre prometidas
e nunca vistas a sua realização;
Com a assinatura de Paz
de Luena, em 4 de Abril de 2002, assinada entre duas personalidades castrenses
(os generais Cruz Neto, por parte das FAA, e Kamurteiro, pela parte da UNITA)
Angola entrou num período de desenvolvimento económico, chegando a registar
crescimentos de cerca de 20% ao ano. O petróleo e os elevados preços que o
crude registava no mercado internacional muito concorreram para este
crescimento.
Para este crescimento
muito amplamente contribuiu o apoio financeiro da China. Angola diplomaticamente
abraçou a celebrada linha pragmática chinesa: não nos perguntem e nem nos
critiquem pelas nossas actividades político-sociais que também não vos
perguntamos para que querem o dinheiro e onde vão aplica-lo: era, estava e continua
a estar em causa o problema dos Direitos Humanos (DH). Os chineses facultaram
dinheiro em troca de crude angolano. Ainda que essa disponibilidade financeira
nunca tenha sido cabalmente esclarecida quanto aos contornos que levaram à sua
celebração e que agora, estão, uma vez mais, a ser postos que caso devido à
recente detenção na China, de uma dos maiores intermediários que cooperou para
a consolidação desses financiamentos: o senhor Sam
Pa, chinês, igualmente com, também, nacionalidades angolana e britânica e é
reconhecido nos meios internacionais por, entre outros nomes, António Sampo
Menezes.
Ora, a questão da não
evocação dos DH, verdadeiramente melindrosa, não deixou de ter sido pertinente
nem foi a despropósito. A China além de ter fornecido fundos financeiros
contribuiu para a produção nacional com a presença de inúmeras empresas e
trabalhadores chineses. Foi um contrato inteligente por parte do governo
chinês. Na prática, obtiveram o que precisavam e, na realidade, poder-se-á
dizer, grátis: o crude; ou seja, pela entrega do petróleo, enviavam dinheiro e
este volvia à China através das suas múltiplas empresas, a maioria de capital
público.
Os chineses, tal como
os judeus, sempre foram conhecidos por saberem fazer negócios frutuosos.(...)" (continuar a ler aqui)
Publicado no Novo Jornal,
edição de 406, de 13 de Novembro de 2015, páginas 18 e 19
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