31 janeiro 2005

Brasil e as relações com a Lusofonia

Enquanto os partidos políticos portugueses se degladiam por ver quem ganhará o poder em Portugal e esquecendo que as relações externas num Mundo tão Global como é o nosso é tão, ou mais, importante que as questiúnculas internas, eis que o Brasil nos vem mostrar que os seus políticos não dormem quando toca às relações entre países irmãos.

Com a devida vénia retranscrevo um artigo que li no Jornal de São Tomé que, embora datado de 16 de Janeiro, está muito actual tendo em conta o artigo de opinião que escrevi no AngoNotícias.

Brasil propõe ligação por satélite entre escolas de países africanos de língua portuguesa

O Brasil propôs aos ministros da Educação dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), reunidos em São Tomé e Príncipe, a adopção de um sistema de ligação das escolas via satélite. O programa TV Escola Digital Interactiva, apresentado por técnicos do Ministério de Educação e Cultura (MEC), permite que, com uma antena parabólica, qualquer escola receba programas educacionais de qualquer país.

Os programas podem ser gravados num CD e, depois, passados para os alunos. Os países de língua portuguesa poderão, assim, receber programas de Portugal e do Brasil. Além desta proposta, os ministros da Educação conheceram o projecto Casa de Leitura que, em 2004, pretende distribuir 50 mil minibibliotecas para uso comunitário.

As bibliotecas serão instaladas em casas de particulares e geridas por associações de moradores. Cada biblioteca recebe os 114 títulos das 24 colecções do acervo do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), totalizando seis milhões de livros.

Cinema angolano em destaque nos EUA

© Foto Jornal Apostolado
A co-produção luso-franco-angolana “O Herói”, do realizador angolano Zezé Gamboa, venceu o prémio do júri para melhor filme estrangeiro na edição deste ano do Festival Sundance, o mais importante a nível mundial dedicado ao cinema independente e que terminou, ontem, em Utah, nos Estados Unidos.
Esta primeira longa-metragem de Zezé Gambôa, conta a história do regresso a Luanda de um ex-combatente, Vitorio, mutilado pela explosão de uma mina.
De notar que, em Maio, o filme esteve em exibição em Lisboa, onde passou quase completamente despercebido.

Pode ser que volte, de novo, e agora obtenha o reconhecimento que merece.

Este é o segundo prémio em dois anos, que o cinema angolano ganha. No ano passado, em Milão, um outro filme angolano, “A cidade vazia”, da realizadora Maria João Ganga, conquistou o 3º prémio do Festival milanês.

30 janeiro 2005

Portugal e CPLP; que Programa eleitoral...

Portugal vai a votos.
Os partidos políticos portugueses esfalfam-se em apresentar as suasl linhas programáticas.
Mas quanto às relações externas portuguesas, em particular noi que toca às relações com a CPLP, em geral, e com s PALOP, em particular...
Proponho-vos a leitura do artigo de opinião que escrevi para o AngoNotícias, sob o título "As eleições portuguesas e as Relações com os PALOP" e que podem ler clicando aqui.
Agradeço que o leiam e lá deixem as vossa opinião, se ele for credor disso.

27 janeiro 2005

747 da Taag arrestado em Joanesburgo


Esta retirei, com a devida vénia do AngoNotícias

Um Boeing 747 das linhas aéreas angolanas TAAG foi hoje apreendido no aeroporto de Joanesburgo por ordem de um tribunal sul-africano, deixando 230 passageiros sem voo para Luanda.
A apreensão - confirmada à Agência Lusa pelas autoridades sul-africanas - tem na sua origem um processo judicial movido contra o Estado angolano por um cidadão português residente na África do Sul.
Joaquim da Silva Augusto alega em documentos apresentados à Justiça sul-africana que a empresa estatal angolana Sacilda (Sociedade Angolana de Comércio Internacional Lda.) lhe deve mais de 3 milhões de randes (cerca de 390 mil euros), que se recusa a pagar apesar de condenada por um tribunal da Namíbia, país onde o queixoso residia e onde alegadamente a dívida deveria ter sido saldada.

O interessante disto é que o citado cidadão português, era o piloto do célebre avião acidentado, na Jamba, em 1989, que transportava, entre outros, João Soares – ex-presidente da Câmara de Lisboa e filho do antigo presidente Mário Soares -, Dr. Rui Gomes da Silva, o ministro que despoletou a saída do comentarista da TVI, Prof. Marcelo rebelo de Sousa, e de uma terceira pessoa que não me recordo.
Interessante, ainda, é que até hoje ninguém explicou, claramente porque é que o avião não conseguiu descolar, provocando o terrível e acidente.
Outro mistério como Camarate.


Crónicas de Luanda

© Foto de José S.Pinto (Tonspi)
A partir de hoje, e sempre que as crónicas, os temas, ou os apontamentos, o justifiquem será colocado á disposição de terceiros o blogue.
Começaremos hoje pelas Crónicas de Luanda de “José Tramaga”.
Como poderão verificar, trata-se de um luandense que, por razões que demonstrou óbvias, colocará as sua crónicas sob pseudónimo.
De outros artigos que já me tem enviado, e para outras pessoas, não tenho dúvidas que esse seudónimo é justificado. Enquanto “JT” o desejar assim se manterá.
Que esta seja a primeira de outras.
Já agora porque não as colocar, também, no AngoNotícias, como artigos de Opinião, na linha dos que já, anteriormente, nos foi remetendo. Fica a sugestão.

Crónicas de Luanda
Por: José Tramagal
Os noticiários principais não informaram nada sobre a catástrofe da chuva. Uma ponte que liga o país ao norte, desabou. Os comentários são que os produtos que chegam a Luanda, vem daí, e que a fome nos espera.
Vou tentar fazer uma resenha por pequenas notícias apanhadas aqui e ali:

Cacuaco: Está inundado de água e lama.
Junto á fortaleza, as terras começaram a inundar os esgotos. Estes ficaram entupidos, e as habitações alagadas.
Muitas viaturas ficaram imobilizadas. Não sabendo o seu número exacto.
Seis postes de alta tensão 15.000 Volts desabaram, os condutores caíram, não sabendo se houve vitimas.
Um poste caíu atravessado na via, e terras foram arrastadas, na zona do Rocha Pinto.
Na baixa outro poste caíu em cima de uma viatura.
Um muro desabou vitimando uma criança de dois anos.
Outro muro desabou, vitimando outra criança de oito anos.
Uma residência desabou, não sabendo se houve vitimas.
No Cazenga, na Lagoa de S,Pedro, mais de 2.000 residências foram destruidas, e mais de 2.000 familias ficaram ao relento. Não existem condições para acudir a estas vitímas. Um morador, disse que se viesse mais chuva, que o bairro Ngola Kiluangi seria inundado. Este bairro é densamente povoado.

A cidadela desportiva está uma grande piscina, de acordo com fonte da Lac, emissora privada. Colocaram uma moto bomba que retira 2.500 Litros de água por hora. Se chover mais, o que vai acontecer segundo as previsões de meteorologia, será talvez o fim da cidadela, conforme dito.
Nos bairros Rangel, e Sambizanga, a catástrofe é idêntica. Evitando os orgãos de informação dar noticias, não se percebendo bem porquê. Talvez para evitar o pânico? As vias que dão acesso á zona do asfalto estão intransitáveis. Buracos por todo o lado. Circulam poucos automóveis, a cidade parece que está a viver um feriado forçado. Uma greve geral, dir-se-ia.

As casas do Lar do Patriota no bairro Benfica, estão a meter água por todo o lado. Um empreendimento recente, com cerca de um ano habitacional. As desculpas do seu presidente, escutadas na Rádio Luanda, não conseguem tirar as dúvidas dos seus residentes, porque primeiro referiu-se que por causa de uma residência, querem denegrir o nosso empreendimento. Depois avança, mesmo que sejam, uma duas, tres, quatro, cinco, isso é normal. Apenas revelou nas suas afirmações, contradição que em nada justificam a sua defesa, indo ao ponto de citar o tsunami da Ásia.

Posso afirmar sem sombra de dúvidas, que são milhares de deslocados internos, a aguardar auxílio, que só poderá vir com ajuda internacional, porque não existem meios locais.

Uma das causas principais que a isto conduziu, é a anarquia do saneamento básico, e medidas populistas governamentais. O lixo, e a anarquia das construções que qualquer executa, seja ele quem for. Depois a água arrasta o lixo, entope todos os esgotos, e como as construções estão edificadas em locais impróprios, a água não consegue passar, e começa a subir, a subir. Dignitários da desordem estabelecida constróiem edificações em cima de colectores e de esgotos.

Sobre as províncias é dificil obter informações.

Pinto Bull, até sempre!

Mais um vulto da lusofonia que desaparece.
O Professor Benjamim Pinto Bull, nacionalista guineense que no início dos anos 60 chegou a Portugal para negociar uma eventual autonomia para a Guiné, deixou-nos académica e intelectualmente mais pobres.
Autor de várias obras, algumas das quais autênticos hinos à Negritude de Senghor, estadista que o professor muito admirava, irá ter a sua autobiografia publicada postumamente muito em breve.
A Guiné-Bissau ficou mais pobre... a Academia Lusófona, também.

25 janeiro 2005

Faleceu o escritor mindelense Manuel Lopes

© Foto Instituto Camões
Cabo Verde vê mais um dos seus ilustres filhos mindelenses desaparecer.
O escritor Manuel Lopes, autor de ”Chuva Braba”(1956), “Crioulo e Outros Poemas” (1964) e de “Os Flagelados do Vento Leste”(1968) - transposto para o cinema, em 1985 -, entre outros, e criador da corrente literária “Claridade”, em 1936, faleceu hoje em Lisboa.
Manuel Lopes autor de obras poéticas, ensaios, romances e contos, dedicou-se também à pintura; caracterizou-se por misturar no português, expressões em crioulo.

24 janeiro 2005

Postais de Luanda

©Fotos de J. Silva Pinto
E se por mero acaso vos disserem que os Deuses um dia se esqueceram de Angola, por favor não acreditem.
Ás vezes, distraídos e ocupadíssimos com outra makas como sempre costumam andar, dão o arzinho da sua graça e passam mesmo em frente à minha janela.
No céu deixam mensagens que quem quiser pode ler e guardar.
É o que eu tenho andado a fazer.
As fotos que vos envio hoje, foram todas feitas da minha pequena janela, no São Paulo, em Luanda
Uma boa semana de trabalho para todos.
Tonspi.

Nota: Era uma crime se eu não compartilhasse convosco estes magníficos postais da "Cidade Linda", em vésperas de fazr 429 anitos,por sinal tirados por um também lobitanga que já nos habituou a quadros maravilhosos do nosso país, conforme podem aceder ao link acima.

23 janeiro 2005

O África (meu livro), as Livrarias



Já se encontra à venda o meu livro "África: Trajectos Políticos, Religiosos e Culturais" nas seguintes Livrarias:

Coimbra:
Livraria Quarteto
Lisboa:
Livraria Apolo
Livraria Barata (Av. Roma e Campo de Ourique)
Bulhosa (Campo Grande)
Castil (CC Alvalade)
Climepsi (Fac. Psicologia)
Colibri (Fac. Ciências Sociais e Humanas - Av. Berna)
Edições Universitárias Lusófonas (Univ. Lusófona)
Ler Devagar (Bairro Alto)
Mabooki (Bairro Alto)
Obras Completas (CC Dolce Vita - Miraflores)
Livraria Portugal
Livraria Sá da Costa (Chiado)
Porto:
Livraria Leitura

Até ao final do mês, penso que estará, também à venda, no resto do país e nas Grandes Livrarias

Um computador, mas por favor

Meus caros,
Não é nem nunca foi intenção minha abrandar, abandonar ou muito menos fugir.
Por isso, aqui estou, embora num computador por empréstimo e por favor.
Assim, e dentro das condicionentes que devo tomar e ter, nestas circunstâncias, vou aqui vindo, sempre que possível e deixar a minha marca.
Obrigado pelo apoio que senti quer nos comentários, quer nos e-mails recebidos.

20 janeiro 2005

Computador out?!?!?!

Caros amigos,
Parece que, durante uns tempos, vou ficar sem computador.
O meu já está a pedir reforma e ainda não me decidi a prescindir dele, no imediato.
Por esse facto deverei vir menos vezes aqui do que desejaria.
Ainda assim, e sempre que me for possível, tentarei não deixar de aqui colocar os meus pensamentos e as minhas análises.
Obrigado

18 janeiro 2005

Carros de luxo para juízes do Tribunal Supremo?


O governo angolano desmentiu informações da imprensa segundo as quais teria comprado duas viaturas de luxo para os magistrados do Tribunal Supremo avaliadas em 1,7 milhão de dólares americanosl.
Em resposta a uma interpelação da bancada parlamentar da UNITA, o ministro das Finanças, José Pedro de Morais, negou que as viaturas, de marca Audi, tenham atingido os preços divulgados pela imprensa (800 mil dólares americanos cada e 100 mil dólares americanos para o despacho alfandegário).
Segundo o Ministro dos Transporte, André Brandão, que acompanhava o seu homólogo das Finanças "... apenas podemos confirmar que foram feitas as aquisições das viaturas e que os valores não são altos. São veículos especiais que garantem a segurança das entidades para quem se destinam", convidando os parlamentares a consultarem os dossiês da compra das viaturas.
Pelos vistos, o governo angolano, apesar de defender e incentivar a reconstrução nacional, depois duma guerra civil de cerca de 30 anos, parece continuar apostar “na compra regular de viaturas de luxo para os titulares de cargos públicos”, como refer o
Panapress.
Interessante o facto destas notícias também terem sido divulgadas na insuspeita Angop e no AngoNotícias.

Zimbabwe indispõe Cosatu e ANC

....
Interessante e educativo o debate entre o porta-voz da intersindical sul-africana Congress of South African Trade Unions (Cosatu) e o Secretário-geral do ANC sobre o Zimbabwe, que passo a transcrever a partir de um artigo do sul-africano Independent Online.

Cosatu has accused ANC secretary-general Kgalema Motlanthe of attacking the movement's integrity by suggesting that its plans to revisit Zimbabwe was motivated by a desire to attract media attention.
At a press briefing on Monday Motlanthe suggested the Congress of SA Trade Unions' behaviour had more to do with creating media hype than familiarising themselves with the situation in Zimbabwe.
During the last visit, Cosatu delegates were deported back to South Africa for involving themselves in Zimbabwean activities.
"They go there with the intention of defying a country's laws and they make it known. This has value for the newspapers but it has very little to do with familiarising yourself with the situation," said the African national Congress' secretary-general.
In a statement released on Tuesday, Cosatu spokesperson Patrick Craven said the organisation was concerned only with defending the human rights and economic well-being of their counterparts in Zimbabwe.
"This uncharacteristic comment borders on an attack on Cosatu's integrity when it addresses these important issues," he said.
Craven said although Cosatu had written to Zimbabwe's minister of labour, Paul Mangwana, to inform him about the fact-finding mission, they had not yet received a reply.
He said Mangwana had chosen to respond to Cosatu's request by telling the Daily Mirror at the weekend that "if they come we will force them into the next kombi".
Cosatu general secretary Zwelinzima Vavi would meet his counterpart from the Zimbabwean Congress of Trade Unions, Wellington Chibebe, in Cape Town on Saturday to discuss the situation.
"We invite those who said we acted irresponsibly by sending a fact-finding mission to Zimbabwe last year to tell us what we should do now, in face of the intransigence of the Zimbabwe labour minister."
Craven did, however, welcome Motlanthe's comments calling on the ruling Zanu-PF to allow the opposition MDC freedom to hold public meetings in Zimbabwe.
"These comments go a long way to closing the gap between Cosatu and the ANC that seemed to exist on Zimbabwe towards the end of last year," Craven said.

E o snr. Mugabe e Zanu-PF vão rindo...

O novo jogo electrónico da Tríada norte-americana

©Público.pt
De acordo com uma entrevista dada à cadeia televisiva norte-americana ABC, Bush não descarta a hipótese de atacar o Irão, caso este mantenha em funcionamento o seu programa nuclear que, segundo alguns analistas e corroborado por ElBaradei director da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA), já está bastante adiantado, devendo, por esse facto, ser levado em consideração.

Esta confirmação do presidente norte-americano apoiado no vice Dick Cheney e no Secretário de Estado da Defesa, Donald Rumsfeld, (a Tríada) segue-se à denúncia feita pelo jornalista Hersh, na revista New Yorker, que afirmava estarem os EUA a preparar um ataque contra os iranianos.

Segundo aquele jornalista – o mesmo que denunciou “a mentira” dos abusos contra os prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib e que resultou já em várias condenações de soldados norte-americanos – desde meados do ano passado que a inteligência militar norte-americana prepara o ataque.

Mesmo depois do fiasco que foi o ataque às armas de destruição maciça no Iraque, que teve o seu apogeu, agora, com a confirmação oficial que nunca lá houve quaisquer armas desse tipo (e que muitos aliados “paparam”) eis que George W. Bush, em vésperas de ser empossado como o 44º presidente da União, vem confirmar que está a preparar mais uma sessão de jogos electrónicos entre a sua belíssima equipa (o quatro cavaleiro já deu o salto – Colin Powell) e um país que, confirmadamente, está nuclearmente preparado, aliado ao facto dos iranianos terem uma capacidade inquestionável de juntar à sua volta toda uma panóplia de fundamentalistas islâmicos.

Será que os aliados estão dispostos a um novo jogo absurdo cujas consequências, desta feita, dificilmente se ficarão por umas eleições esvaídas de conteúdo, como parecem ser as que se vão realizar no final do mês no Iraque?

Mas se é verdade que um dos cavaleiros do apocalipse norte-americano considerou chegada ao fim a sua parceria no jogo, também é verdade que a sua previsível sucessora, Condoleezza Rice, já veio afirmar que os EUA devem estar preparados para, em momento oportuno, questionar os "postos avançados da tirania", citando os casos da Coreia do Norte, do Iraque(?), Cuba, Bielorrússia, Zimbabwe e Birmânia (Myanmar), e reafirmando que "Devemos manter-nos unidos na insistência de que o Irão e a Coreia do Norte abandonem as suas pretensões de possuir armas nucleares e escolham, em vez disso, o caminho da paz", conforme cita o canal português
SIC.

Reconheçamos que de um país que nos habituámos a respeitar pelo seu apego à liberdade, igualdade e parceria entre as Nações (umas vezes mais que outras, é certo), estas manobras “bushistas” podem tornar os EUA numa Nação fechada e por quem os aliados começarão mais do que respeitar, temer.

Será que estão preparados para isso. Relembremos o artigo anterior onde os norte-americanos, no estudo do NIC, preveêm o seu desgaste hegemónico nos próximos 15 anos a favor de potências actualmente pouco, ou nada, credíveis.

17 janeiro 2005

Os novos actores potenciais


Apesar de não fazerem parte de África e, de momento, poder nada ter haver com o continente, duas das futuras potenciais potências estão ligados – em alguns casos, fortemente ligados – ao Continente Africano, casos da China e do Brasil.
Com a devida vénia transcrevo alguns parágrafos de um artigo da Globo Online, sob o título “Escalada rumo ao poder” que tem por base um estudo do NIC, Conselho de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, que agrupa 15 agências norte-americanas coordenadas pela CIA.
Segundo aquele estudo nos próximos 15 anos, quatro países apresentar-se-ão como influentes actores globais — China, Índia, Brasil e Indonésia — e, principalmente, uma potencial forte aliança entre eles fará surgir não apenas um novo e poderoso bloco como também provocará transformações significativas na Geopolítica mundial.
Segundo aquele sítio, nesse período “a hegemonia dos Estados Unidos sofrerá desgastes, tornando-se mais vulnerável ao que acontecer em outros países na medida em que se aprofundarão as conexões no comércio global. A Europa terá de adaptar sua força de trabalho, sob o risco de enfrentar um período de prolongada estagnação econômica. E instituições como as Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial correrão o risco de se tornarem obsoletas se não se ajustarem às mudanças que serão provocadas pelo surgimento desse novo pólo de poder”.
Ainda de acordo com o estudo, denominado “Mapeando o futuro global”, aponta a China e Índia como os dois principais factores das mudanças que já estão se desenvolvendo, e que culminarão numa reviravolta sócio-político-financeira.

As potências arrivistas — China, Índia, e talvez outras como Brasil e Indonésia — poderão promover um novo conjunto de alinhamentos internacionais, marcando potencialmente uma ruptura definitiva de algumas instituições e práticas pós-Segunda Guerra”, diz um trecho do estudo obtido pelo GLOBO, e que deverá ser divulgado esta semana pelo NIC. As sugestões dos analistas que servirão de base à reavaliação da política externa americana, diante das previsões contidas no estudo, permanecerão sigilosas. A projeção da China, da Índia, do Brasil e da Indonésia no cenário mundial é apontada como algo semelhante ao advento da Alemanha unida no século XIX e ao poder obtido pelos EUA no século XX. O século XXI, segundo analistas, pode ser visto como a era em que a Ásia, liderada por China e Índia, passará a ser uma verdadeira potência — graças a uma combinação de alto crescimento econômico, expansão de suas capacidades militares e força de trabalho de suas grandes populações”.
O referido documento considera o Brasil como o menos problemático dado que continuará a ser o parceiro estratégico tantos dos EUA como da Europa enquanto que os outros três actores “têm potencial para tornar obsoletas as antigas categorias de Leste e Oeste, Norte e Sul, alinhados e não-alinhados, desenvolvidos e em desenvolvimento, tradicionais grupamentos geográficos cada vez mais perderão destaque nas relações internacionais”, principalmente a China com um PNB que será maior que o de todas as potências ocidentais nestes próximos 15 anos, aliado a um desenvolvimento petrolífero só acompanhado pelo Brasil.
O estudo termina com um alerta que nos diz particularmente respeito. A existência de “governos frágeis, economias atrasadas, extremismo religioso e o crescimento da juventude vão se alinhar para criar uma tempestade perfeita para conflitos internos em várias regiões. Alguns deles, particularmente os que envolvem grupos étnicos além das fronteiras nacionais, criarão o risco de uma escalada de conflitos regionais”.
Um estudo para meditar e estudar.

16 janeiro 2005

Nova numeração móvel em Angola



Desde as 00,00 horas de hoje que, em Angola, os telefones móveis passaram a ter nova numeração, de acordo com o novo plano nacional de numeração criado pelo Instituto Angolano das Comunicações (Inacom), conforme segue:
O utilizador deve deixar de utilizar o prefixo de acesso zero (0). Passa a inserir mais um dígito depois do código do operador. Ou seja, o código de serviço (9), do operador um (1), para Movicel; dois (2), para a Unitel, o novo código (2, para a Movicel, e 3 para a Unitel) e, finalmente, o número do subscritor, constituído por seis (6) dígitos. Importa realçar, que para a rede Movicel o dígito que se acrescenta após 91 varia de acordo à gama de numeração correspondente a cada província. Tratando-se das ligações internacionais, do estrangeiro para Angola, a estrutura do novo formato de numeração exige que se marque primeiro o código do país, a seguir o de serviço, o do operador, o novo dígito 2, para Movicel, e 3, para Unitel, e, finalmente, o número do subscritor.”
Assim os telemóveis da Movitel passam a ser 912NNNNNN e o da Unitel 923NNNNNN.

Mais informações poderão ser obtidas quer no sítio do AngoNoticias, quer no do Apostolado.

15 janeiro 2005

A crise da abertura dos têxteis à Ásia

Não é só na Europa, com particular destaque para Portugal, que a abertura da livre circulação dos têxteis aos países da Ásia tem profundas consequências.
Também no Reino do Lesotho essa abertura já produz os seus efeitos.
De acordo com o ugandês The New Vision, citado pela allAfrica.com, cerca de 7000 empregados dos têxteis viram os seus empregos desaparecerem.
About 7,000 clothing and textile workers face a bleak year after three factories in Lesotho failed to reopen after the festive season.
The impact of the closures on the tiny mountain kingdom, one of the least developed countries in the world, will be significant.
Deputy general-secretary of the Lesotho Clothing and Allied Workers Union, B. Shaw Lebakae, told IRIN that the end of quotas for cheap imports to the United States from Asian countries would cause more foreign factory owners, originally from Asia, to reconsider the location of their businesses.

Ou seja, a maior parte dos países não se preparam convenientemente para o fluxo têxtil que viria da Ásia, principalmente para o mercado americano, cujas quotas restritivas deixaram de existir desde 1 de Janeiro de 2005.
E o Lesotho gozava e continua a gozar de um certo privilégio no mercado norte-americano devido ao Africa Growth and Opportunity Act (AGOA), que lhe dá uma certa preferência no mercado norte-americano.

Mesmo assim...

Oscar Ribas homenageado na Casa de Angola

© Casa de Angola
Foi bonita a homenagem a um dos pais da moderna intelectualidade angolana, autor de Misoso, Uanga, Kilandukilo, entre outros, verificada na Casa de Angola, em Lisboa, ontem, 14 de Janeiro, com o descerramento de um quadro do homenageado que, mais tarde, irá ser colocado numa das salas mais importantes da Casa, onde estará, por certo, devidamente visível – a biblioteca.
Pena a ausência da Comunicação Social (falada e televisiva) e dos representantes da Embaixada de Angola, previamente previstos para estarem no evento.
Provavelmente, outros factores foram mais importantes e condicionantes para a sua não presença.

De certeza teremos oportunidade de os ver em outras ocasiões.

Alvor, 30 anos depois




Faz 30 anos que Portugal e os líderes dos três movimentos de libertação de Angola, FNLA, MPLA, UNITA, assinaram, em Alvor, o acordo que levaria o país à independência a 11 de Novembro.
Interessante o artigo do
AngoNotícias "Acordo de Alvor foi apenas um pedaço de papel" com extractos de entrevista de um dos signatários portugueses, Almeida Santos, principalmente porque, embora omisso, afecta um dos pontos mais quentes do pós-Acordo: Cabinda; e a confirmação que Portugal foi uma mera figura presencial no contexto das reuniões(?) havidas durante o conclave de Alvor.
Tem sido defendido pelos independentistas que o Acordo foi considerado nulo a determinado momento do seu percurso, o que lhes garantiria o direito à independência e o reconhecimento da eventual suserania de Cabinda a Portugal.
Logo, Cabinda deixava de ser parte corporal de Angola para ser de jure um território não-autónomo português.
Pois Almeida Santos diz a dado passo: “...acabou por ser suspenso temporariamente três meses antes da independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, pelo então presidente da República, Francisco da Costa Gomes, que invocou a sua violação constante”.
Ou seja, o Acordo nunca foi denunciado pela parte colonizadora pelo que, legitimamente, Angola é uma estrutura territorial onde Cabinda é, quer os independentistas, queiram ou não, território angolano.
Se deve gozar de um estatuto especial, devido à sua descontinuidade, aí a questão já será outra.
Concordo que sim.
Mas para isso será necessário haver um franco e aberto debate entre todas as partes, não devemos deixar de fora os nossos vizinhos –são partes mais que interessadas neste assunto (e nunca fizeram mutismo disso nem deixaram de apoiar os independentistas) -, e uma clara posição constitucional.
Ainda estamos todos a tempo de evitar e parar, definitivamente, o derrame de sangue angolano em guerras inúteis, principalmente quando entre irmãos.

14 janeiro 2005

Passamento de Mário Van-Dunem

Acabei de ouvir no Canal A (RNA) a notícia da morte de Mário Vieira Dias Van-Dunem, fundador do Clube Marítimo Africano (sobre este assunto ler a obra de Edmundo Rocha, Angola... Génese do Nacionalismo Moderno Angolano...) e membro da Casa de Angola, em Lisboa.
O Nacionalismo e a literatura angolana ficaram mais pobres.

13 janeiro 2005

RDCongo, Direitos Humanos onde estão?



A vida humana na RD Congo continua a não merecer qualquer respeito seja por parte dos próprios congoleses seja por parte de funcionários e militares da força de Paz da ONU (MONUC).
Senão vejamos:
No
Panapress lê-se que a Monuc denunciou que cerca de 120 mulheres foram vítimas de uma violação colectiva por parte de militares do 9º batalhão do exército congolês, baseado em Nsongo B’oyo, tendo ficado impunes.

Por sua vez a ONU denuncia que membros da missão de paz foram vítimas de “abuso e exploração sexual” por parte de funcionários e militares da referida força de Paz.
Também, num comentário colocado num anterior apontamento, o amigo
Horácio, colocou nos comentários um artigo sobre a violação efectuada por militares da ONU no país de que retiro este parágrafo e que tem por base um relatório do Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU, sobre a situação em Bunia, no leste do Congo “Em 2004, as tropas de paz foram acusadas de estupros colectivos, assédio sexual e de subornar crianças de 12 ou 13 anos com ovos, leite e alguns poucos dólares para fazer sexo com elas atrás de arbustos ou sob árvores” (todo o artigo pode ser lido aqui).

Apesar de Fukuyama acreditar no fim da História e achar que a mesma, em regra, não se repete, tal como Kissinger considero que cada vez mais a História e as estórias repetem-se.
O Congo volta a ter os mesmos problemas que teve por quando da independência com as forças de Paz da ONU, que várias e bastas vezes foram acusadas de roubos, violações e assassínios.

Ou seja, infelizmente a História volta a repetir no seus piores e mais obscuros aspectos.

12 janeiro 2005

Continua a campanha de solidariedade

Tocante as imagens da Guiné-Bissau, transmitidas hoje pela RTP África.
Num país pobre e carente de muita ajuda internacional as pessoas faziam fila para poderem contribuir solidariamente com as vítimas do maremoto do sudeste asiático e do leste de África.
Também um pequeno país pobre, como Timor-Lorosae, decidiu retirar 10 por cento ds donativos em dinheiro recolhidos na campanha que a Fundação Xanana Gusmão está levar a efeito em Portugal, e que serão entregues à AMI, para aplicação em projectos de apoio às vítimas da catástrofe que atingiu 12 países do Sudeste Asiático e de África.

Dário leva Académica para 6ª eliminatória

O mamba Dário abriu o caminho para a Académica passar à fase seguinte da Taça de Portugal.
O bom filho à casa tornou e já marca.

10 janeiro 2005

MPLA aposta no reforço da captação de angolanos


É neste tom que o Notícias Lusófonas aborda este fim de semana, pela pena de Manuel Gilberto, uma temática que, pela sua complexidade e, porque não dizê-lo, também, pela preocupação que gera junto da alguns sectores da Diáspora, credora de uma certa reflexão.
Fala do desinteresse que a UNITA parece evidenciar pelos seus antigos militantes que ausentaram do país na crise pré e pós independência e durante a guerra –civil e que o MPLA, muito inteligentemente, começa a assediar e capitalizar nas suas fileiras.
Alguns são quadros bem colocados e com vontade inequívoca de voltar a Terra-Mãe e, que, em determinado período, foram os que mais deram a cara pela defesa dos interesses do Galo Negro fora do País não deixando morrer – e bastas vezes, financeiramente suportando – o partido da Kwacha.
Não será altura dos dirigentes “kwachanos” começarem a se lembrarem que os angolanos rivalizam como os portugueses na disseminação planetária?

Principalmente quando se prevêm para breve (?) eleições no País.
E que alguns fizeram o tirocínio em Lisboa, ou será que já se esqueceram?E depois surpreendemo-nos quando vemos notícias (em regra fortemente criticadas e asperamente comentadas) em que fulano, beltrano ou sicrano bem assim mais uns quantos transitaram e assinaram um cartão com as cores do MPLA.

Guiné-Bissau: Organização islâmica reabilitada

A PGR guineense revogou os despachos exarados pelo governo do deposto presidente guineense Kumba Ialá, que, em Outubro de 2001, resultou na expulsão do país da associação islâmica Hamadiya, liderada pelo auto-proclamado xeque Hamadiye e sedeada no Reino Unido, e que motivou um pedido de anulação por parte de alguns cidadãos guineenses que seguiam o xeque.
A ilegalização da organização deveu-se a “interferência nos assuntos políticos” e “instigação à divisão dos muçulmanos”, sendo expulsa da Guiné-Bissau, todos os seus bens confiscados, e os seus dirigentes, maioritariamente paquistameses e indianos, expulsos do País.
De notar que esta organização, criticada pelos muçulmanos ortodoxos, defende acções que contrariam radicalmente as ancestrais prédicas islâmicas.
As razões para levantamento à suspensão desta organização por parte da PGR prende-se com o facto da Guiné-Bissau, segundo aquela procuradoria, ser facto de a Guiné- Bissau ser um “Estado laico, não permitindo qualquer perseguição religiosa a quem quer que seja”.

Alguns sectores parecem não ver com bons olhos esta reabilitação. Até porque na primeira fase e em apenas alguns meses, a associação ganhou notoriedade, principalmente junto dos jovens muçulmanos, a franja mais cativável, principalmente se o país estiver, como estava e está, em crise, tendo construído escolas e mesquitas em várias regiões do país.

09 janeiro 2005

Sudão assina acordo de paz com rebeldes do Sul

©Foto retirada do sítio BBCparaAfrica.com
Com a devida vénia reproduzo, quase na íntegra a notícia da
BBC para África:

O acordo de paz assinado entre Cartum e os rebeldes do sul do país visa pôr fim à mais longa guerra civil no continente africano.
A cerimónia reuniu milhares de pessoas ao ar livre, na capital queniana de Nairobi, com a presença do líder da facção rebelde John Garang e do vice-presidente sudanês Ali Osman Taha que explicou que este acordo marca o fim de uma longa era de meticulosas negociações detalhadas num documento de mais de 200 páginas "marca também o início da aplicação honesta de todos esses compromissos".
O dirigente sudanês avançou ainda que um governo de unidade nacional estará operacional dentro de semanas "não há tempo a perder, nem esforços a poupar".
O dirigente sudanês afirmou que “o Sudão terá um papel decisivo na paz em África e contribuirá extensivamente para o renascimento africano


Ainda de acordo com aquela
emissora/sítio o governo sudanês, através do seu MNE, Mustafa Osman Ismail, concordou em suspender as acções militares na conturbada região de Darfur com efeito imediato, alertando, no entanto, que sempre que as suas tropas forem atacadas responderão de imediato.
Esta tomada de posição prende-se com o ultimato da UA que expirou no sábado, dia 8.01.2005, com tropas sudanesas activas no terreno

Apesar de tentar ser sempre, e dentro do mais possível, pragmático, por vezes, desejo acreditar nos Homens e nas Instituições. Por esse facto deixo este relevo sob as reservas notórias e por demais evidentes.

08 janeiro 2005

Mantorras voltou no Sporting-Benfica

© africafoot.com . X
Não ganhámos (apesar de não gostar de perder, nem a feijões, com os lagartos, reconheço que estes foram melhores) mas recuperámos – e pela amostra, bem, – um grande senhor: Pedro “Mantorras”.
Aquele “” ao mamba Paíto (desculpem-me, mas...) foi uma delícia.
Que tenha vindo para ficar.
Obrigado Mantorras!!!

Sete milhões de potenciais votantes angolanos

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"Relativamente ao potencial votante já há números indicadores, cerca de sete milhões de habitantes, mas precisamos de saber quem é quem de facto, que poderá exercer o seu voto através da exibição de um documento que o identifica como cidadão angolano com idade activa", salientou Virgílio de Fontes Pereira coordenador da comissão inter-ministerial encarregue da preparação das eleições, citado pelo Jornal de Angola Online.

Nesse sentido, o ministro considerou necessário o recenseamento das pessoas que estão a entrar no país, nomeadamente os cidadãos angolanos que estiveram refugiados nos países vizinhos durante o conflito armado.
Já na mensagem de fim de ano, o Eduardo dos Santos apontou 2006 para a realização de eleições, apelando aos angolanos para exerçam o seu direito de voto e de escolha livre dos seus legítimos representantes num processo eleitoral competitivo.
Só uma dúvida fica no ar.

E a Diáspora também vota?????
Nada dela foi falado nem abordado.