31 março 2011

As manifs do fim-de-semana

Estão marcadas para os próximos fins-de-semana concentrações da Juventude e dos defensores da Liberdade de Imprensa, numa reunião pública concentrativa de um 2 em 1.


Estão marcadas e, é de crer, já foram – ou terão já sido – entregues aos respectivos poderes provinciais os correspondentes manifestos indicativos, como determina a Lei.


Pelo menos a concentração convocada pela Juventude pela Liberdade de Expressão já está oficializada junto do Governo Provincial de Luanda (GPL) para ser efectuada no largo 1º de Maio, vulgo Praça da Independência.


Tudo normal.


Bom, tudo normal já parece que não é, a fazer fé nas notícias do Club-K que anunciam que o GPL terá proposto ou sugerido – aconselhado – que a dita concentração se realizasse no referido local mas num recinto fechado, a que os jovens chamam de “Quintal”, e onde, habitualmente, se fazem manifestações culturais específicas, como por exemplo, apresentação de produtos fonográficos – leia-se, CDs e DVDs de cantores.


Ora, os jovens, com a sua habitual teimosia irreverente, já disseram que a concentração vai ser na mesma na Praça da Independência e não no Quintal como foi, ou terá sido – agora há que ter algum maneirismo na escrita face à propalada nova Lei da Internet –, aconselhado pelo GPL.


Mostrar uma Democracia encapotada para consumo externo, mais do que para o interno, é bonito, é certo, mas não só é pouco aconselhável nos actuais estágios sociais como absurdo querer mostra algo mais que parece não ser…


Como diz o adágio, à mulher de César não lhe basta parecer séria… ou seja, não basta dar mostras de democraticidade quando depois se colocam eventuais entraves à sua efectiva execução.

26 março 2011

Entrevista ao Semanário Angolense

Entrevista concedida ao Semanário Angolense e publicada na edição 409, de 26 de Março, das páginas 18 à 20 sobre temas gerais, com particular relevo para a crise que afecta o Norte de África e a pouca relevância nos países ao Sul do Sahara.

Igualmente aflorada a situação de Cabinda no contexto angolano.

Esta entrevista está, integralmente transcrita no portal Club-K.

19 março 2011

Estado de Quimbanda sob forte ataque…

(foto ANGOP)

Durante os próximos dias o obscuro Estado de Quimbanda vai estar sob ataque das forças aerotransportadas de uma organização que dá pelo quase discreto nome de CPLP para acabar com séculos de ataques étnicos que proliferam em Quimbanda.

Caso desconheçam, é uma organização que se arroga de aglutinar todos os países que têm o português por língua oficial mas que, na prática, alguns falam menos e conhecem-na mesmos que outros que querem para lá ir, como são os casos de Cabo Verde ou Guiné-Bissau (o crioulo, no primeiro caso e o crioulo e o francês, no segundo são línguas predominantes) e Timor-Leste, onde a língua autóctone é o tétum mas falam, igualmente, uma língua é derivada do bahasa indonésio, no caso dos países lusófonos, ou da Guiné-Equatorial, nos que querem para lá entrar.

Mas não nos preocupemos com estes ataques e eventuais bombardeamentos das forças da CPLP, no âmbito da Tarefa Conjunta/Combinada Multinacional (FTCC).

O que se passa é que Angola, mais concretamente a região de Cabo Ledo, província do Bengo,vai ser palco, entre hoje e o próximo dia 28, dos exercícios “Fenino 2010” – que por acaso ocorrem em 2011 – e que visam a preparação, melhoramentos e harmonização dos conceitos, procedimentos operacionais, técnicas e tácticas das forças militares da CPLP para futuros mandatos de Paz por encargos da ONU ou da União Africana.

Participam nestes exercícios 850 militares angolanos, 29 de Portugal, São Tomé e Príncipe e Moçambique trouxeram 21 tropas cada e Brasil, Cabo Verde, Timor-Leste e Guiné-Bissau com 20 soldados cada.

Mulher africana - revista

Já saiu o primeiro número da revista Mulher Africana, sob a direcção editorial de Natália Henriques.
Boa apresentação, bom grafismo e excelente escrita.
Infelizmente por razões particulares não me foi possível estar na sua apresentação em Coimbra, mas a sua directora fez-me o favor de me enviar um "pdf" da mesma.
Face ao magnífico primeiro número, estou curioso quanto ao próximo.

14 março 2011

História de Angola dos 45 aos 50… anos


O 13 de Março e o 15 de Março são duas das grandes datas históricas da moderna História angolana.

A 15 de Março de 1961, a UPA (União dos Povos de Angola), chefiada por Holden Roberto dava início à luta armada pela independência de Angola, cujas primeiras iniciativas já tinham ocorrido em inícios de Janeiro, na Baixa do Kassange, e a 4 de Fevereiro, com o ataque à prisão central de Luanda e à 7ª esquadra da então PSP, nos arrabaldes do antigo Bairro Popular, na Estrada de Catete.

A 13 de Março de 1966 foi a vez da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), superiormente liderada por Jonas Savimbi – que, inicialmente, pertenceu à UPA e chegou a liderar o Ministério das Relações Exteriores do GRAE (Governo Revolucionário de Angola no Exílio) de pouca duração – dar início ao combate pela liberdade de Angola com o Manifesto de Muangai. A principal e efectiva imagem de ataque aconteceria, na noite de Natal de – creio – desse mesmo ano, com o ataque à vila fronteiriça de Teixeira de Sousa, actual Luau.

Duas datas históricas que nenhum movimento político mais obscuro pode ou conseguirá calar nem adormecer. A prova esteve nas duas arruadas/passeatas que, segundo soube, ocorreram em Luanda, uma realizada pela UNITA, entre o Bairro da Cassenda e Viana, e no Sunde, e outra pela FNLA (sucessora da UPA e após desintegração do GRAE) noutra parte da capital angolana.

E pelo que me informaram qualquer das arruadas, apesar de alguns pequenos problemas que ocorreram antes do "7M" com militantes da UNITA que terão sido detidos ou impedidos por terceiros de se organizarem, decorreram sem quaisquer incidentes nem colocaram a Paz em perigo…

11 março 2011

Angola: Líder militar da FLEC “aparece” morto

"Baía de Cabinda"; © foto Elcalmeida, Maio 2009

"Depois de ter sido atribuída ao Governo de Luanda a captura – segundo fontes próximas de cabindenses, foi rapto – do líder militar da FLEC, Gabriel Nhemba “Pirilampo”, há notícias agora que o corpo do mesmo está depositado na Casa Mortuária de Ponta Negra, República do Congo, com mostras de poder ter sido torturado.

Registe-se que Nhemba, auto-proclamado Chefe de Estado-maior da FLEC, residia, precisamente, naquela cidade congolesa e que, segundo fontes dos separatistas, terá sido encontrado por populares congoleses na aldeia de Tanda, na região fronteiriça de Massabi, entre o Congo e a o enclave angolano de Cabinda, província que advoga, pela sua especificidade territorial, a sua separação do território angolano.

É estranho que, depois de Luanda ter dito que terá acenado uma reunião com a FLEC para ser discutido e assinado um Memorando de Entendimento – que é feito do que assinou, em Namibe, em 2006 com o então representante da FLEC/Fórum Cabindense, Bento Bembe? – e de o movimento separatista o ter recusado, apareça, agora, o corpo baleado do antigo líder militar separatista.

Mas se pensarmos como foi, aviltadamente, apresentado o corpo de Jonas Savimbi, talvez até nem seja estranho o abandono do corpo… (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , "Malambas de Kamutangre", de hoje

07 março 2011

O logro do 7M...

Se a cidade/província de Luanda tem cerca de 7 milhões de habitantes (Paulo Catarro, RTP-África dixit hoje) e Bento Bento afirma que na manifestação de 5 Março, a Marcha pela Paz, estiveram 3 Milhões (apesar de outros se ficarem por milhares)...

Se Angola tem cerca de 14 a 16 milhões de cidadãos e em todo o país estiveram manifestados cerca de 4 milhões (como referiu, em título, o Jornal de Angola online, embora no texto não passem de milhares)...

Se for verdade que alguns dos manifestantes eram miúdos de rua à espera de uma refeição prometida e outros com receio de reflexos inoportunos no regresso ao trabalho (de acordo com alguns ditos - más-línguas, claro - na Net)...

Então seria obrigado a dizer que o MPLA já não merece a confiança de nem de 50% da população, o que seria preocupante para o partido do Poder e para o seu líder principal, dado que ganhou as eleições com uma maioria qualificada e que lhe permitiu fazer uma Constituição que alguns parecem desconhecer o seu conteúdo, como provaram a detenção de cerca de duas dezenas de pessoas, na Praça da Independência, dado não ter sido autorizada a sua "reunião" para canto e poesia (o que nunca seria necessário como reza a Constituirão).

Ora, nós sabemos que as contas não são sim tão fáceis.

Nem para as eleições contam todos - os menores de 18 anos não votam e começam a ser uma maioria considerável - como não se convoca uma manifestação com tanta antecedência e sem um figura aglutinadora visível e credível nem, tão pouco, uma marcha com tanta gente tão harmoniosamente vestida e "bonàzada" de branco com a esfinge do Presidente em menos de uma semana como foi a organizada para o 5 de Março.

Ou seja, como previa, o 7M foi um claro logro para outros fins que não o que estaria na pseudo-génese da mesma...

06 março 2011

Angola: Comunicação Social “embaraçada”?

" Há dias o Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS), em comunicado, felicitava a Comunicação Social angolana, no geral, pelo desempenho satisfatório da imprensa face à cobertura que, de uma forma geral, esta “tem estado a fazer relativamente as posições assumidas pelas duas principais forças políticas nacionais, com observância do respeito pelo contraditório” (ponto 1. do seu comunicado de Fevereiro de 2011), contrariando as posições anteriores que faziam eco da sua preocupação quanto à maneira como a imprensa, em particular, a estatal, fazia – ou não fazia – na cobertura jornalística das notícias.

Todavia, parece que o mês de Fevereiro, terá sido uma andorinha perdida a anunciar, com antecipação indevida, uma primavera ainda longe da sua data temporalmente oficial.

Isto porque ainda recentemente, o jornalista Armando Chicoca, correspondente da Voz d´ América e antigo correspondente da Rádio Ecclesia na província do Namibe, foi condenado a um ano de prisão “por crimes de injúria e difamação”, devido, alegadamente, ter entrevistado uma senhora, serviçal de um representante da Justiça angolana, que terá acusado este de “assédio sexual”. Compreende-se que o visado, naturalmente, levasse a julgamento quem o acusou; já não se entende que o “portador da missiva a Garcia” seja o condenado…

De notar que Chicoca, já em Novembro de 2008, tinha sido condenado a 33 dias de detenção, também por “alegados crimes de calúnia e difamação” e por o mesmo juiz ter escrito uma carta ao falecido bispo do Namibe onde terá lamentado que a emissora católica, Rádio Ecclesia, estaria mal representada naquela província, a Princesa do Deserto. (...)" (Continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , "Colunistas" de hoje

05 março 2011

Marcha pela a Paz…

(foto Angola24Horas)
Por iniciativa do MPLA, houve hoje uma manifestação, em contra-ciclo à convocada para 7 de Março, denominada “Marcha patriótica pela Paz” e apoio ao Engº José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, desde 1979, após o falecimento – nunca perfeitamente esclarecido – de Agostinho Neto, o primeiro presidente.

Por razões particulares ainda não me foi possível constatar a dimensão da mesma, o que espero fazê-lo logo, via TPA Internacional.

Todavia, e de acordo a agência noticiosa angolana estatal, ANGOP, a manifestação terá registado a presença de alguns “
milhares de cidadãos nacionais, na sua maioria militantes do MPLA”, mas também com presença de “membros de partidos políticos, igrejas, empresários, desportistas e artistas” a exemplo de Matias Damaso, Maya Cool, Puto Português e C4Pedro.

Até aqui nada de especial. As pessoas devem ser livres de se manifestar quando, onde e como quiserem desde que cumpram, naturalmente, os requisitos impostos no artigo 47 da Constituição da República de 5 de Fevereiro de 2010.

O problema, ou a questão já se põe quando a ANGOP, insuspeita, anuncia a presença de “alguns milhares” (mais próximo do avançado pelo Washington Post -
mais de 20.000 pessoas) e o primeiro secretário do MPLA, para Luanda, Bento Bento, avança com o astronómico e impressionante número de “três milhões” de manifestante na referida marcha.

Cada um defende-se como pode, mas manda o bom senso que não se exagere, tendo em conta, outras informações, talvez pela sua proveniência, mais credíveis (o portal Angola24Horas fica-se pelo "
meio milhão") e que não levem ao exagero que, naturalmente, descredibiliza qualquer anúncio menos consensual.

Além de que, até prova em contrário – e não acredito que alguém o queira contradizer –, Angola está em Paz há cerca de 9 anos, o que já por si, é sinónimo de confiança dos meios políticos mesmo que, por vezes, alguns manifestem, naturalmente, alguma insatisfação…

Antevisão do 7 de março (repercussões)


02 março 2011

Antevisão do 7 de Março… (artigo)

(Um dos cartazes, que circula na Internet, a convocar a Manifestação de 7 De Março)
-
"Segundo a Constituição da República de Angola, de 5 de Fevereiro de 2010, no seu artigo 47.º (Liberdade de reunião e de manifestação):
1. É garantida a todos os cidadãos a liberdade de reunião e de manifestação pacífica e sem armas, sem necessidade de qualquer autorização e nos termos da lei.
2. As reuniões e manifestações em lugares públicos carecem de prévia comunicação à autoridade competente, nos termos e para os efeitos estabelecidos por lei.

Assim, é incompreensível a atitude de alguns sectores próximos do Poder, em Luanda, nomeadamente, junto do secretariado do MPLA (vulgo “M”) quanto á hipotética manifestação convocada para o próximo dia 7 de Março, seja em Luanda, na Praça da Independência, seja no resto do País, seja, e principalmente, na Diáspora, dado que esta estará totalmente fora do domínio das autoridades angolanas, mas, somente, na do das autoridades locais onde as mesmas poderão ser efectuadas.

Num texto que eu publiquei no meu blogue “Pululu” e, posteriormente, citado no portal Zwela Angola – e que já constatei circula livremente nos diferentes endereços electrónicos – sob o título “Manif em Angola?” eu questionava, e continuo a questionar, da credibilidade de tal convocatória sob anonimato ou, mais concretamente, sob um pseudónimo onde são incluídos nomes de 4 personalidades relevantes da moderna história nacional – interessante como uma frase lá inserta e que alerta para essa “coincidência” ter sido repescada por órgãos de informação (mera coincidência, claro) sem se referirem à fonte original.

Tal como na altura, parece-me que seria mais credível que o autor, ou autores, da convocatória se assumissem sem subterfúgios, como faz, por exemplo, o Bloco Democrático, novel (reformulado) partido político angolano. (...)
" (Continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , de hoje, secção "Angola"