30 setembro 2008

Dia da Quitandeira

(O Pregão da vendedora de milho; Tela de Tóia Neuparth)

Angola celebra hoje o Dia da Quitandeira.

Quantas ocasiões não foram elas, muitas vezes trôpegas e com enormes e pesadas kitandas à cabeça, que nos saciaram a fome e a sede com as suas frutas frescas e perfumadas recolhidas na penumbra do matinal cacimbo.

Quantas vezes suculentos abacaxis, maravilhosas espigas de milho, lindas laranjas, perfumadas pitangas, belas papaias, magníficas bananas, ou deliciosas mangas ou goiabas nos caíram nas nossas mãos ávidas da frescura que elas nos transmitiam esquecendo-nos das longas caminhadas já percorridas pelas, por certo, cansadas quitandeiras.

Associando-me a esta data relembro parte do poema de Luandino Vieira “Canção para Luanda”: E você / mana Maria quintandeira / vendendo maboques / os seios-maboque / gritando, saltando / os pés percorrendo / caminhos vermelhos / de todos os dias? / "maboque, m'boquinha boa / doce docinha; ou, então, propondo-vos uma leitura no Malambas do poema de Agostinho Neto “Quitandeira” ou "Névoas" de Namibiano Ferreira.

Deputados angolanos da 2ª Legislatura empossados

(a passagem do testemunho entre Roberto de Almeida, presidente cessante, e Fernando dos Santos, o novo presidente da Assembleia Nacional; foto via TPA-Internacional)

Apesar de ainda decorrer no Tribunal Constitucional a reclamação da FpD quanto à distribuição dos mandatos de deputados a CNE, que rejeitou, em primeira instância, essa reclamação, decidiu ir por adiante na tomada de posse dos deputados da 2ª legislatura, a primeira da III República.

Apesar de tudo registe-se a cordialidade que decorreu na primeira sessão, em porta fechada, onde todos os
novos membros da mesa foram eleitos quase por unanimidade.

Entre os novos deputados de registar a presença do mais velho deputado angolano, com 94 anos, o rei Ekuikui IV (na foto, via TPA), enquanto o mais novo tem 28 anos, ambos do MPLA. Receberam, protocolarmente e em nome de todos os deputados, os respectivos crachás identificadores.

Vamos aguardar que os novos deputados, estes, se confirmados pelo TC, ou os que o TC vier a reconfirmar, se lembram, como Roberto de Almeida, o presidente cessante da Assembleia Nacional, recordou, que serão os principais e máximos representantes da Nação a quem deverão responsabilidades.

29 setembro 2008

Angola vai ter um Governo só por um ano?

(imagem Club-k-Angola)

"Mário Pinto de Andrade, analista político angolano, numa análise para o Jornal de Angola, relembrou, e muito bem, que este Governo cuja tomada de posse deverá acontecer em breve, poderá não ter mais que um ano de vida governativa.

Pinto de Andrade recordou que a actual Constituição, na alínea b) do 118º artigo da Lei Constitucional, afirma que cabe ao presidente eleito – e as eleições presidenciais irão ocorrer, em princípio, no próximo ano de 2009 – nomear o Chefe de Governo, a partir do partido mais votado e depois de ouvir os partidos com assento parlamentar.

Por exemplo, foi o que fez Eduardo dos Santos, hoje, ao convocar os líderes dos partidos mais votados e com futuro assento na Assembleia Nacional que não contestaram o nome colocado na mesa, até porque, como eles muito bem disseram, tanto poderia ser Cassoma como outro qualquer que fosse indicado pelo MPLA, o partido vencedor.

Ora, como já referi, no próximo ano, haverá, salvo alguma “anomalia” de última hora, eleições presidenciais.

Mário Pinto de Andrade admite que este Governo até possa ser mantido com o aval do novo presidente, no pressuposto, e é isso que infiro das palavras do meu bom amigo e colega, que seja Eduardo dos Santos o eleito. No caso, mais reeleito ou reconfirmado. (...)
" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , rubrica "Colunistas"

Brasil promulga e Wikipédia disponibiliza

(Machado de Assis; uma tela ximunada aqui)

"Antes de entrar propriamente no artigo um pequeno esclarecimento aos leitores que se impõe. Estas semanas de mutismo se deveram, única e exclusivamente, a razões de ordem académica e nada mais. Um doutoramento a “despachar” e uma participação num júri de mestrado a isso o impôs. Dados estes necessários esclarecimentos vamos ao que interessa.

Comemora-se hoje o centenário da morte do grande escritor e académico brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis.

Por isso, nada melhor que esta data para o presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva promulgar Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Dezembro de 1990.

Depois de, e pela primeira vez, as Nações Unidas terem disponibilizado a tradução simultânea do português para as restantes línguas oficiais, depois dos presidentes português e brasileiro terem reafirmado da necessidade tornar a língua portuguesa, uma língua oficial nos diferentes areópagos internacionais, esta assinatura será o marco que a língua portuguesa e a Lusofonia precisavam para melhor a credibilizar no Sistema Internacional.

Provavelmente, e uma vez mais, os puristas dos dois países irão vociferar contra esta promulgação, esquecendo-se, ou talvez não, que a língua deve ser vista como um ser vivo, ou seja, com algo mutável e, simultaneamente, acolhedor às novas terminologias e aos neologismos recebidos a partir dos países onde o português se implantou e, ou venha a implantar.

O português é uma língua viva, evolutiva e tendencialmente exploradora. É altura dos puristas reconhecerem este facto e deixarem de bloquear, politicamente, a evolução natural da língua, falada e escrita. Essa é uma das razões porque só em 2015 o Acordo estará totalmente implantado em Portugal.

E porque o Acordo pretende visar a unificação e simplificação a forma de escrever nos oito países onde a língua portuguesa é oficial, o portal Wikipédia (http://pt.wikipedia.org) vai acompanhar esse processo introduzindo o novo Acordo Ortográfico no portal em duas fases: (...)
" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , "Lusofonia"

26 setembro 2008

Identificar depressa para o que antes era verdade depois já não o seja…

(foto Sem. Angolense)

Há cerca de duas semanas, o Semanário Angolense, na edição nº 282, pág. 6, avançou o nome de António Kassoma, governador da província do Huambo, como o mais que provável futuro primeiro-ministro do Governo saído das eleições de 5 de Setembro (perdão, 5 e 6 de Setembro).

Muito rapidamente, alguém que se identificava como fonte autorizada do MPLA, desmentiu essa notícia e que nada havia ainda em análise quanto a nomes para a chefia do Governo.

Um desmentido que soou a natural até porque quem determina “quem é quem” é o Presidente da República – apesar da Constituição dizer que Angola é uma república semipresidencialista, é-o, na prática, bem presidencialista, – e não o partido vencedor, qualquer que ele seja.

Todavia, não era de descartar a notícia dado que o líder do partido é, também ele, Presidente da República; mas, ao longo da história recente da política angolana, houve nome ventilados, e não poucos pelo Comité Central do Bureau Político do MPLA, que depois se viram vetados ou, pura e simplesmente, ignorados, pela Cidade Alta.

Por isso ficámos, muito naturalmente, sentados a aguardar os próximos desenvolvimentos.

Foram precisos só pouco mais de uma semana para sabermos que o Bureau Político do MPLA, decidiu, em
reunião havida hoje, indicar o nome de António Paulo Cassoma para chefiar o Governo e o de Fernando Dias dos Santos “Nando” para chefiar o futuro Parlamento angolano e João Lourenço e Joana Baptista para os 1º e 2º vice-presidentes das Assembleia Nacional.

Dado que, foneticamente, o nome não me era estranho e porque tal como o indicado pelo Semanário Angolense também é governador provincial do Huambo, só pude chegar à conclusão que a dúvida da tal fonte autorizada confundiu as pessoas por causa da letra inicial. Um escreveu o apelido com “K” e o Bureau identifica-o com um “C”.

Como uma letra pode fazer tanta diferença…

O que se espera é que ambos sejam melhores nos novos postos que o foram nos anteriores e que saibam que estarão a gerir os destinos de Angola e do povo angolano e não umas quaisquer suas eventuais fazendas.

Para eles, principalmente para C(K)assoma, já que dizem que o brilharete da província se deveu a uma pessoa que não ele, infelizmente recentemente falecido em desastre de aviação, o benefício da dúvida.
Nota complementar: Para além de que C(K)assoma poder ir, cada vez mais quase certo a sua nomeação, chefiar um Governo onde nada pôs nem dispôs como se pode inferir do artigo da edição desta semana do Semanário Angolense, nº 284, que, na página 2, claramente afirma que serão o presidente Eduardo dos Santos e o general Hélder Vieira «Kopelipa» Dias, quem estão a cozinhar o Governo.

24 setembro 2008

35 anos de que independência?

A República da Guiné-Bissau comemora hoje o 35º aniversário da sua independência.

Seria uma data para celebrar, e é-o, de certa forma, se o país não estivesse a braços com graves crises sociais, políticas e económicas para já não citar a continuada acusação de ser um dos países onde o narcotráfico melhor de movimenta.

Ainda assim, reconheça-se, há quem queira pôr termo a esta liberdade. Há poucas semanas um avião foi retido por, previsivelmente, estar ligado ao tráfico de droga da América Latina para a Europa – só não se compreende como “esconderam” do juiz que os pilotos estavam com mandatos de captura internacional, pelo que, correctamente e face às leis vigentes no país, os mandou soltar, o que agradeceram escapando do país – além de receber apoio de polícias de países amigos e da Interpol para o referido combate.

Mas outras situações mantém o país no rol dos mais pobres, economicamente, e dos mais insalubres, socialmente. A cólera é dos paradigmas mais marcantes da actual situação sanitária da Guiné-Bissau. Dizima pessoas – já vão em cerca de 200 mortos – e os parcos fundos económicos que tanta falta faz ao país.

Mas para que isto deixe de ser uma endemia e passe a ser casos pontuais é necessário que a Guiné-Bissau melhore o seu saneamento básico. Um país limpo é um país feliz e sadio.

É preciso que a República da Guiné-Bissau comece a ostentar o seu título com orgulho e que esse orgulho seja retransmitido ao seu povo. Para isso muita coisa tem de mudar. Como escreveu Aly Silva, no seu blogue “Ditadura do Consenso” é preciso que a Guiné-Bissau aprenda "que um País é um País e é assim, País, que deveria ser"; ou seja, os Bissau-guineenses precisam de tentar consolidar a democracia, as instituições do Estado, o desenvolvimento humano e económico, ao mesmo tempo que devem combater o narcotráfico instalado no país e em certas instituições.

Tal como é altura de certas instituições deixarem de vislumbrar, continuamente, Golpes de Estado atrás de Golpes de Estado; insubordinações por detrás de insubordinações; conjuras sobre de conjuras!

Como afirmou "Nino" Vieira – às vezes também sabe falar para fora – o "sonho da independência continua por realizar". É possível que as eleições legislativas de Novembro – será que se realizarão? – possam ajudar a cimentar o conceito de Estado e fazer recordar aos Bissau-guineenses que nenhum Estado sobrevive sem pagamentos de impostos. Mas para haver pagamentos de impostos é preciso que os contribuintes recebam, a tempo e horas e continuadamente, os seus vencimentos.

Transparency International continua a mostrar onde anda a corrupção e Angola já não é dos mais corruptos…

Uma vez mais a ONG Transparency International (TI) anunciou os países, este ano alargaram a 180, onde a corrupção é um “dom inato” e aqueles onde este vírus dá mostras de abrandar ou é diminuto.

Este ano o relatório da TI, o
Global Corruption Report 2008, teve com base de trabalho a água e o saneamento, ao ponto da ONG considerar a água como um factor de alto risco conducente à corrupção; uma combinação destrutiva, considera a TI.

De uma maneira global, os partidos políticos e os aparelhos legislativos parecem ser os principais veículos corruptíveis ou corruptores. Todavia, em África, é no aparelho judicial que os “dividendos” da corrupção parecem fazer-se mais sentir. A percentagem de actividades corruptoras junto da polícia foi cerca de 47,5% e junto do poder judicial cerca de 25%. Ambos os casos muito superiores aos países emergentes da antiga URSS e dos países asiáticos, já para não falar da América Latina dos países balcânicos e do sudeste europeu.

Relativamente à lista dos países constata-se que a mesma é liderada, ou seja, os menos corruptos, pela Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, com 9,4 pontos, seguidos de Singapura e Suécia com 9,3 pontos.

No extremo oposto vamos encontrar em 175º Tonga e Uzbequistão, com 1,7 pontos, Haiti, com 1,6, Iraque com 1,5, e, por último, Myanmar e Somália com 1,4 pontos.

No intervalo, onde Bostwana e África do Sul lideram a lista de África, respectivamente em 38º e 43º com 5,4 e 5,1 pontos, os países e territórios lusófonos estão como seguem e respectivas pontuações, por ordem decrescente:
Portugal
desceu do 27º para 29º com 6,5 pontos; Macau, passou do 26º para 34º com 5,7; Cabo Verde, em 49º com 4,9 (o que registou mais melhorias ultrapassando as ilhas Maurícias); Brasil, em 72º (era 70º) com 3,5; Moçambique, em 114º (era 103º) com 2,8 (manteve a pontuação); São Tomé e Príncipe, em 121º com 2,7; Timor-Leste, passou dos 117º para 128º com os mesmos 2,6; Angola perdeu 5 posições, embora mantendo a mesma pontuação, e é agora 147º e Guiné-Bissau em 148º, ambos com 2,2 cada; a Guiné-Equatorial (membro observador da CPLP que quer ser de pleno direito) passou do154º com 2,1 para 169º com 1,9 pontos.

De uma coisa é certa, Angola deixou de ser dos Estados mais corrupto do Mundo como estava no ano transacto. Mas também no relatório de 2007 só havia 163 países em análise. Registe-se, também, a entrada directa de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.
.
ADENDA: Todavia, e face à discrepância que eu verificava ao analisar os órgãos de informação, constatei que a TI apresenta para 2008 uma segunda tabela - solta, denominada "cpi 2008 table" - que não coincide com os valores apresentados no relatório.
Nesta tabela a posição dos países lusófonos e membros da CPLP aparece, mais preocupantemente, com valores que mostram não haver melhorias, bem pelo contrário.
Assim, verificamos que Portugal passa a ocupar a posição 32ª, macau desce para 43ª, Cabo Verde melhora para 47ª, Brasil tem uma queda abrupta para 80º lugar, Moçambique posiciona-se em 126ª trocando com São Tomé e Principe que mantém a posição 121ª, Timor-Leste cai para 145º, Angola separa-se do seu parceiro Guiné-Bissau e coloca-se na posição 158º enquanto a G-B fica-se pela posição 163ª e a Guiné-Equatorial mantém-se entre os mais corruptos na "maravilhosa" classe dos "10 mais" em 172º lugar.
Penso que as duas tabelas devem ser devidamente analisadas e ponderadas porque cada uma deve partir de princípios específicos.

23 setembro 2008

Manucho estreia pelo ManUnited

(Entrada de Manucho ao substituir Giggs; imagem da SportTV1)

O angolano Manucho estreou-se hoje em jogos oficiais pelo Manchester United numa partida da Taça da Liga que opôs o ManUnited ao Middlesbrough

Manucho substituiu o veterano Giggs autor de um dos golos do “Red Devils” e esteve quase a carimbar a estreia com um golo.

Para a estória da estreia fica o resultado; vitória do Manchester United por 3-1 com os outros dois golos marcados pelos portugueses Ronaldo e Nani.

Esperemos que este seja um dos muitos jogos em que veremos o atacante dos Palancas a jogar pela sua equipa e, assim, poder dar melhor contributo aos Palancas Negras.

22 setembro 2008

Ainda nem arrefeceu e… ala que se faz tarde!

(foto AFP via BBC/Google)

Ainda não arrefeceu nem foi confirmada no Parlamento sul-africano a demissão de Thabo Mbeki e já o ANC apresentou o seu vice-presidente Kgalema Motlanthe como presidente da República e com plenos poderes.

Até parece que o ANC tem receio que a sua maioria não acate a ordem do partido e rejeite a demissão de Mbeki, embora uma das razões que alguns analistas sul-africanos apontem com válidas para a escolha de "um conciliador" é que Motlanthe é visto como uma ponte entre os partidários de Mbeki e os acólitos de Zuma dado que, até ao momento, sempre soube estar equidistante das duas partes havendo quem dentro do ANC o considere demasiado “politicamente correcto”.

Note-se que o nome de Motlanthe chegou a estar virtualmente ligado ao escândalo do programa "Petróleo por Alimentos", no Iraque, mas nunca chegou a ser processado.

Vamos ver se realmente a Assembleia Nacional confirma a demissão de Mbeki e se aceita a proposta do ANC até às previsíveis eleições no segundo trimestre de 2009.

Apontamento citado no , na rubrica "Opiniões e Análises"

Militares a contas com a justiça?

(imagem internet)
De acordo com uma notícia do Notícias Lusófonas e assinada por Jorge Eurico que, recentemente, esteve na província do Bié, algumas altas patentes militares da Forças Armadas Angolanas (FAA) e membros da Polícia Nacional estarão em vias de serem chamadas à Procuradoria-Militar angolana para explicar uma sua eventual (com)participação na extracção de pedras preciosas naquela província de uma forma que parece não estar totalmente institucionalizada.

Segundo parece esta eventual chamada à Procuradoria-militar seria do conhecimento e teria o respectivo assentimento do Comandante-em-Chefe das FAA, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, antevendo-se como sendo uma das primeiras medidas do então candidato e líder do MPLA quando avisou que a corrupção e a utilização pouco clara da coisa pública tinha os dias contados.

Mas dado que são os militares quem mais mandam em Angola, nomeadamente, desde a crise do "27 de Maio" e ao contrário do que alguns querem fazer crer, ou não fossem eles que detêm uma importante fatia do espaço económico angolano como, ainda hoje, o portal macaeense que faz a ligação entre a China e os PALOP,
MacauHub, denunciava, é de temer que algum “apertão” que o espaço castrense possa sofrer poderá ter preocupantes consequências para a nova Democracia angolana e para a tão já propalada 3ª República.

As informações que Jorge Eurico nos oferece neste seu artigo são preocupantes pelo facto de, se nos recordarmos e não há muito denunciado num semanário independente angolano, alguns dos militares, nomeadamente antigos generais, são donos de empresas de segurança que trabalham com algumas das empresas extractoras de diamantes.

Não há que temer, mas deve-se tomar todas as providências para que algum indivíduo do espaço castrense não tenha demasiadas pretensões e que estas ultrapassem o espectro estritamente militar…

21 setembro 2008

Thabo Mbeki demitie-se?

(Em breve muda-se a profundidade da imagem entre Zuma e Mbeki; foto ©Paul Simão, daqui)


De acordo com as últimas informações o presidente sul-africano Thabo Mbeki, antecipando-se a uma quase mais que certa moção de censura que o Congresso Nacional Africano (ANC) iria apresentar, no início da próxima semana, na Assembleia Nacional, terá entregue a sua carta de intenções de demissão ao Presidente do parlamento sul-africano para que a mesma se torne efectiva após o Parlamento ter confirmado a sua cessação de funções.

Um pouco estranha esta atitude de Mbeki quando, na prática, se expõe à moção de censura porque só nessa altura a Assembleia Nacional poderá, de facto, confirmar o fim do seu mandato.

Ou, então, o que Mbeki terá solicitado ao Speaker sul-africano é que este solicite ao parlamento deste país que aceite a sua demissão e a torne efectiva.

Em qualquer dos casos, Mbeki já há muito tinha perdido a confiança do seu partido, o ANC, principalmente quando incutiu a demissão do seu então vice-presidente Jacob Zuma por motivos jurídicos, mais concretamente devido a acusações de corrupção e de violação.

Por isso não foi surpreendente que Mbeki, na declaração pública televisiva que fez quando informou da entrega da demissão, ter relembrado que desde 1994, com a conquista da liberdade o poder político e executivo tem "actuado de forma consistente na defesa da independência do sistema judiciário. Por esta razão os nossos sucessivos governos honraram todas as decisões judiciais, incluindo aquelas tomadas contra o executivo".

Mas como bom e subserviente homem do ANC que Mbeki é, aceitou as instruções do seu partido e que diz ainda pertencer diz e, por esse facto, "respeitar as suas decisões", ou seja, não continuar do poder até ao final do seu mandato em 2009. Não se sabe se haverá eleições antecipadas ou se o seu sucessor, interino por certo, continuará até às previstas eleições do próximo ano.

Enquanto isso, vamos ver como alguns dos seus vizinhos se vão comportar até porque, dois deles e ao contrário do que fazem crer não gozam das simpatias de Zuma, apesar de ainda recentemente o actual presidente do ANC ter visitado a capital desse país e dizer que as relações são privilegiadas…

Estranho, muito estranho…


É estranho que os novos deputados saídos do voto de 5 de Setembro (perdão, 5 e 6 de Setembro) que só deveriam ser empossados por volta de 15 de Outubro sejam já em 30 de Setembro conforme terá sido deliberado numa das reuniões ordinárias – sem ofensa, claro – da Comissão Nacional Eleitoral.

Se tudo estivesse normal, até se compreenderia para não haver um vazio de poder legislativo no Pais.

Mas quando, segundo parece, entrou no Tribunal Constitucional uma
reclamação da FpD e que já terá sido subscrita por mais partidos quanto à distribuição de assentos na Assembleia Nacional, é natural que passe a ser estranha esta precipitação.

Ou será que alguém quer pressionar o Tribunal Constitucional e depois do facto consumado já nada poder fazer sob pena de mostrar uma comprovada e paupérrima organização dos serviços da CNE?

É estranha esta pressa bem assim a falta de bom senso e ponderação perante uma reclamação pendente; é estranho, reconheça-se…

20 setembro 2008

Nada como aprender com a RTP

O portal noticioso da RTP (Rádio e Televisão de Portugal), citando a agência noticiosa portuguesa LUSA, num artigo assinado por NM, faz nota de um processo jurídico que os Estado senegalês levantou contra um juiz francês que acusou a antiga primeira-ministra, Madior Boye, e oito dos seus ministros de “responsabilidades no naufrágio do navio "Le Joola", em que faleceram 1.863 pessoas”.

Até aqui, nada demais, nem nada para aprender com a RTP, salvo o conhecimento do conteúdo da notícia.

O artigo justifica, citando o advogado do estado senegalês, que este processo se deve a uma injustificada atitude do juiz francês e “constituem uma violação do direito internacional”.

Ainda aqui, nada demais, nem nada para aprender com a RTP, salvo o conhecimento do conteúdo da notícia.

Relembre-se que o citado naufrágio ocorreu vai fazer 6 anos e que o referido navio transportava cerca de 2000 pessoas quando a sua capacidade máxima era de 500 passageiros.

Também aqui, nada demais, nem nada para aprender com a RTP, salvo o conhecimento do conteúdo da notícia.

Agora o que aprendi neste artigo é que a Zâmbia passou a ter costa marítima, porque não acredito que a RTP se esteja a referir ao rio Zambeze nem ao lago adjacente às cataratas Vitória, quando afirma o que está sublinhado na imagem seguinte: “O naufrágio do "Le Joola" ocorreu (…) na costa da Zâmbia”!

Aqui sim, sempre aprendi mais alguma coisa!!!!

Estavam sossegados…

(interior do Marriot Hotel após ataque; foto ©AFP)

Depois do Iémen agora o Paquistão.

Os terroristas, que se dizem islâmicos mas que contrariam tudo o que o Islamismo ensina e Maomé retransmitiu aos muçulmanos, relembraram do efeito 11 de Setembro e voltaram a carga.

Primeiro no Iémen onde atentaram contra uma embaixada norte-americana mas que só atingiram, essencialmente, a economia e população iemenitas e deram mais um motivo ao senhor Bush para manter a absurda e inconsequente política de “polícias do Mundo” esquecendo-se que grande parte dos seus problemas começa em casa onde deveria começar por limpar.

Hoje atacaram um hotel no Paquistão, do grupo Marriot, provocando, no imediato, entre 40 e 60 mortos e cerca de 200 feridos (interessante este título do Folha Online “Número de mortos em explosão em hotel de luxo no Paquistão sobe para ao menos 40” – será que desejavam mais? Também num artigo anterior diziam que “Ao menos 15 hóspedes ficaram presos entre as chamas no hotel” – sem comentários); é possível que estes números possam aumentar devido ao risco de derrocada do edifício onde ainda se encontra isolados cerca de dezena e meia de pessoas.

Apesar de ainda não reivindicado, é pertinente pensar que foi levado a efeito por terroristas pró-talibans, principalmente se tivermos em linha de conta que uma das medidas mais importantes do discurso de tomada de posse do novo presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, passou precisamente pelo maior empenhamento governamental no combate ao terrorismo.

E como a maioria das tribos próximas da fronteira com o Afeganistão têm afinidades, ou são muito próximas, dos talibans é natural que tenha sido um pérfido aviso.

Mbeki de saída? Com isso Mugabe vai protelando

(as preocupações de Mbeki são evidentes; foto ©Jon Hrusa/EPA/RTP)

Thabo Mbeki sabe, apesar da PGR sul-africana, a NPA, ter recorrida da decisão do Tribunal que considerou inválidas as acusações contra Jacob Zuma, que o seu, ainda, partido ANC não lhe perdoa ter estado por detrás – mesmo que não seja verdade, da acusação não se safa – do chamado complôt contra Zuma.

Por isso não é de estranhar que na África do Sul os mujimbos que correm sejam de que o ANC quer Mbeki seja demitido do cargo de presidente da república.

Apesar de Mbeki já ter feito chegar a informação que acolherá qualquer que seja a decisão do ANC, demiti-lo ou apresentar um voto de censura no Parlamento, ainda não colocou o seu cargo à disposição do partido nem se demitirá forçadamente, antes do fim do seu mandato no próximo ano.

Todavia, Mbeki terá convocado uma reunião de emergência do seu Gabinete para ver se consegue acolher o apoio – que parece difícil, se não mesmo impossível – de todos os seus ministros numa possível demissão em bloco, fazendo ver, deste modo, ao ANC que ainda goza de muito prestígio político.

Vamos aguardar pelos próximos capítulos desta novela Mbeki-Zuma e como estará pelos ajustes a procuradoria sul-africana sobre o caso Zuma.

Enquanto isso, o senhor Mugabe, apesar de ter assinado o acordo para o fim da crise zimbabuena e na linha do que eu próprio já havia preconizado, vai fazendo render a sua teimosia em não querer um Governo com ministros rejeitando as propostas do MDC e do seu líder quanto à distribuição das pastas. Para alguma coisa Mugabe afirmou que era humilhante ter de conviver com o MDC…

18 setembro 2008

FpD questiona distribuição de deputados

De acordo com um comunicado da FpD divulgado junto de alguns órgãos de informação nacional e internacional e no seu blogue de campanha, a distribuição dos deputados pelos diferentes partidos não está de acordo com o artigo 79º da Lei Constitucional angolana, que, naturalmente, se sobrepões à Lei Eleitoral quando esta não é mais favorável.

Porque também me parece o mesmo, embora me faltem alguns elementos nunca falei do assunto senão em conversas restritas e particulares.

Fazendo fé no comunicado da FpD o MPLA teria menos deputados, nomeadamente a nível provincial, porque a nível nacional isso seria por demais evidente.

A FpD, que não seria contemplada com nenhum deputado mesmo nesta resdestribuição, já enviou esta sua posição à CNE. Também eu já solicitei um pequeno esclarecimento a quem sabe melhor do assunto pelo que não me adiantarei mais até ver o resultado dos esclarecimentos solicitados e qual será a resposta da CNE.

Quem quiser saber mais sobre a "eventual correcta" distribuição dos deputados pode aceder aqui ou se lhe for de mais fácil leitura aqui ou aqui.

17 setembro 2008

Eu Ministro demito-me!

(imagem daqui)

Numa qualquer República, até mesmo a das Bananas ou no Burkina-Faso – que o meu amigo Orlando Castro tanto gosta de trazer à colação quando quer minorar a qualidade da República Portuguesa, embora em alguns aspectos os burkinasos dêem provas de melhor qualidade governativa – um Ministro que se sentisse desautorizado – para não dizer enxovalhado e ridicularizado – a primeira coisa que faria era colocar o seu lugar à disposição do Chefe de Governo, ou seja, demitia-se.

E foi isso o que o Ministro de Economia da República Portuguesa, Manuel Pinho não o fez. Razões? Só eles as saberá.

E porque havia de se demitir? Muito simples.

Ainda ontem o senhor Ministro da República Portuguesa afirmava, quando questionado sobre os preços dos combustíveis ao utilizador que se mantém estranhamente altos face à acentuada descida do preço do crude – creio que numa proporção de 5% de descida dos combustíveis face aos 40% menos que o crude vale nesta altura – que ninguém entenderia se os combustíveis não descessem na mesma proporção e muito rapidamente. Facto que
voltou hoje a reafirmar!

Pois, a BP, empresa de combustíveis britânica, dando mostras que é mais e vale mais que os interesses dos Ministros ou população portuguesa e num manifesto desprezo por estes decidiu aumentar o preço da gasolina em 1 cêntimo e baixar no mesmo montante o do gasóleo.

Hoje, há momentos, soube que a Galp, esta uma empresa portuguesa, embora detida numa grande fatia por interesses italianos e, creio, já que não tenho a total certeza, também espanhóis, já pondera seguir o exemplo da BP. Note-se que já há uns dias, um dirigente da Galp terá afirmado que o descer do crude não significaria um abaixamento dos combustíveis, até poderiam aumentar… Enquanto isso não acontece, diminuiu em… um cêntimo o gasóleo e manteve o da gasolina.

Entretanto, a espanhola Repsol vai descer o gasóleo em… um cêntimo e… manter o da gasolina!

E não há cartelismo, olha se houvesse.

Eu, se fosse Ministro, naturalmente demitia-me! Mas como não sou vou continuando a gozar com este estado de coisas...

Já são definitivos!

(fonte: Comissão Nacional de Eleições/CNE; clique na imagem)

Depois do Tribunal Constitucional ter considerado improcedente a reclamação da UNITA a CNE divulgou os resultados definitivos e os deputados eleitos; só se estranha que poucos minutos depois de se saber o acórdão do TC a CNE fosse tão pronta a divulgá-los quando durante o pleito eleitoral mostrou tão deficiente organização. Pode ser um bom augúrio para as eleições presidenciais…

Agora que o MPLA confirmou ter obtido a maioria qualificada é bom que não se esqueça que a Constituição que pensam apresentar deverá ser tomada em conta para 100% da população e não para os tais 81%. E andavam alguns dos seus militantes e dirigentes preocupados por acharem que não conseguiriam obter nem 2/3 dos deputados quanto mais 81,64% e 191 assentos. Por acaso, os mesmos que ainda há pouco tempo achavam estranho que no Egipto e na Guiné-Equatorial os respectivos partidos do poder tivessem um resultado tão elevado como o que obteve o MPLA.

Enfim, mudam os países mudam-se as estranhezas. Mas o povo é que tem razão na sua sábia escolha. Nem sempre…

Agora vamos aguardar pela tomada de posse dos novos deputados e a apresentação do Governo que, na prática, será mais de transição que efectivo. Não esquecer que no próximo ano haverá eleições presidenciais e o novo presidente poderá não querer no seu Gabinete alguns dos novos futuros Ministros. Mesmo, e esperemos que a sua pertinente ponderação lhe mostre que será mais útil fora que na presidência, que o novo presidente se chame Eduardo dos Santos…

Pode aceder à identificação dos deputados acedendo aqui.

Dia do Herói Nacional

Comemora-se hoje em Angola o Dia do Herói Nacional consagrado àquele que está comummente aceite como o primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto.

Tal como há um ano, curvo-me perante a figura do intelectual e poeta angolano, independentemente de haver quem considere haver melhores, o que se deve respeitar, mas continuo a questionar-me se Agostinho Neto é o único Herói Nacional.

Tal como há um ano, aceita-se e respeita-se a data pelo simbolismo que representa, ou seja, por ter sido um líder de um movimento que lutou pela independência do nosso país, mas não foi o único.

Porque, independentemente das simpatias partidárias ou do carácter dos mesmos, existem, pelo menos, mais dois grandes líderes que devem gozar do estatuto de Herói Nacional: Holden Roberto e Jonas Savimbi; ambos foram reconhecidos como líderes carismáticos que, cada um à sua maneira, lutou pela independência do nosso país. E outros houveram que de uma forma anónima ou mais reconhecidamente se evidenciaram na defesa da independência do país.

Por isso, neste ano que retornou Angola na cena das Nações onde o voto impera – pode-se questionar a justeza do mesmo, mas foi reconhecido internacionalmente como válido – bom seria que este Dia deixasse de ser de um único herói e se convertesse no Dia Dos Heróis Nacionais.

Não é o MPLA que afirma que José Eduardo dos Santos é o último grande herói e patrocinador da Paz?

Mantenhamos a data; Portugal também tem a data de Camões como um dia da Portugalidade e das suas Comunidades, independentemente do seu Dia Nacional. Ninguém em Portugal o questiona, ou não fosse Camões o príncipe da poesia portuguesa e um dos mais importantes da literatura lusófona.

Por isso, e porque Agostinho Neto está aceite como um grande Homem da Cultura e da Poesia, a que não se pode dissociar o ter sido estadista, é natural que mantenhamos a data, mas tornemo-la extensível a todos os heróis angolanos considerando este dia como o dos Heróis Nacionais.

Penso que politicamente seria muito bem visto e reconhecido. Que o novo Parlamento o saiba assim entender.

16 setembro 2008

Jornalista angolano condenado a 12 anos de cadeia?!

Fernando Lelo, jornalista angolano e antigo correspondente da VOA, depois de vários meses em que viu a sua situação jurídica inexplicada após a sua detenção na província de Cabinda e posterior transferência para Luanda, foi hoje condenado, por um Tribunal Militar, a 12 anos de cadeia sob a acusação de “crimes contra a Segurança de Estado e instigação à rebelião armada”, presume-se em Cabinda.

E com ele outros quatro angolanos foram condenados pelo Tribunal Militar a um total de 13 anos de prisão.

Vamos admitir que a acusação é líquida e que o jornalista deveria ser condenado apesar de se achar injustiçado como já referiu o seu advogado. Para isso há os recursos aos Tribunais Superiores. Só não sei se há uma Tribunal Superior Militar…

Mas sê-lo por um Tribunal Militar, numa província onde impera, quer Luanda queira ou não, alguma, e não pouca, instabilidade social e militar é, no mínimo, reconhecer que a província de Cabinda está sob domínio militar e não civil. Ou seja, há implícito neste acto um claro estatuto de excepção para Cabinda.

E porque Cabinda precisa, urgentemente, de ver a sua situação resolvida para que a Paz, esteja definitivamente em todo o País, não se entende os contornos desta condenação.

E menos se entende que a mesma tenha acontecido imediatamente após as eleições. Começam bem os quatro anos que aí se avizinham…

Caberá ao presidente Eduardo dos Santos, como supremo magistrado da Nação mostrar aos governantes de Luanda e aos militares onde deve imperar o bom-senso e a equidade da justiça.

Porque não é com pedras que se atraem as pessoas…
Publicado na secção “Colunistas” do , de 16/Set/2008, sob o mesmo título

15 setembro 2008

Zimbabué celebra partilha de poder; por quanto tempo?

(Os três homens da partilha com o negociador; imagem RTP)

Desta vez parece que as negociações tiveram mesmo um presumível final feliz.

Em sessão pública – esperar para ver o futuro – Robert Mugabe e Morgan Tsvangirai, com o apoio discreto, mas subscrito, de Arthur Mutambara, assinaram o acordo de partilha de poder entre eles e aconstituição de um Governo de Unidade Nacional com cerca de 31 ministros(!).

Há primeira vista a formação do Governo parece ter pernas para andar. Todavia, dois factos são de realçar. Um, prende-se com a distribuição dos pelouros ministeriáveis (teoricamente serão distribuídos equitativamente entre as duas maiores formações políticas; teoricamente, porque a antiga oposição – onde se inclui a facção de Mutambara – ficará com 16 ministérios e a ZANU-PF com 15 lugares; ora como não se sabe ainda como vão ser distribuídos os 16 da maioria, é muito possível que a ZANU-PF acabe por ter mais Ministros, como aqui parece indiciar…); o outro prende-se com a futura atitude de Mugabe. Não me parece que o líder da ZANU-PF, apesar de ficar como Comandante-Chefe das Forças Armadas, enquanto presidente, acabe por aceitar o poder dos Serviços de Segurança que serão tutelados por Tsvangirai, o novo primeiro-ministro.

Só uma forte melhoria da vida económica e social dos zimbabueanos poderá impedir esse confronto. Um primeiro passo já foi dado pela União Europeia que não renovou esta segunda-feira as sanções económicas ao Zimbabwé. Mas enquanto o caos social perdurar, os “maquis” de Mugabe serão sempre um potencial foco desestabilizador que será muito bem aproveitado por Mugabe e pelo mundo que o rodeia.

Não esqueçamos que este precipitado – porque o foi – acordo entre Mugabe, Tsvangirai e Mutambara se deveu, em grande parte a dois factores preocupantes para Mbeki, o negociador; a vitória folgadíssima do MPLA e o revés judicial do caso Zuma.

Estes dois casos poderiam transformar o muito depauperado capital político de Mbeki num agente para algo que se avizinha com certa intensidade O pedido da sua demissão como presidente, já muito solicitado nos meios públicos do ANC.

13 setembro 2008

Democracia é isto mesmo!

(Serra da Leba, Huíla; imagem José Matos Lourenço)

"O primeiro grande passo para a consolidação da democracia em Angola, mesmo que, eventualmente, musculada como provavelmente irá continuar a ser, começou pela aceitação por parte de todos os partidos da vontade dos eleitores angolanos.

Os angolanos poderão, durante 4 anos, ter uma democracia quase monopartidária. Mas foi isso o que os angolanos quiseram e é isso que deverá ser sempre respeitado.

E se a vontade dos angolanos é para ser respeitada nada como os partidos não-vencedores reconhecerem a vitória do partido mais votado e todos colaborarem para a boa governação de Angola.

Pode e deve-se prestar essa governação sem estar no Governo. A Oposição tem a obrigação, mais que moral, imperativa de vigiar a Governação do partido que, por certo, irá ser convidado a formar Governo, no caso o MPLA. Uma boa e profícua oposição é a melhor ajuda que um Governo pode desejar. (...)
" (continuar a ler aqui ou aqui).
Publicado no , edição 282, de 13 a 20/9/2008, pág 34

12 setembro 2008

Com uma vice assim quem precisa de um Bush…


Se a candidata do republicano John McCain a vice-presidente tiver realmente dito isto assim como sugerem que está no vídeo – no mesmo artido do Sol e que ainda não pude ouvir por razões informáticas (o certo é que há um blog da Wordpress.com que foi suspenso e que continha o vídeo) – e não tiver sido respigado de um outro qualquer contexto, temos de começar a pensar se Bush ainda não irá fazer muita falta.

Pelo que acima está citado não me parece que tenha havido “excesso de juventude” na conservadora “caçadora” do Alaska nem tão-pouco creio que seja efeitos do estudo de Geografia que alguns americanos praticam.

Parece haver sim uma clara demonstração de falta de conhecimento do que é a realidade político-estratégica Mundial. Nada que uns esclarecimentos de Kissinger não possam rectificar. Mas…

Entretanto quem pode capitalizar este cansaço de guerra que Palin parece querer esquecer será
Obama, o único que tem garantido a vitória presidencial, mas… fora dos EUA (como se os norte-americanos se preocupassem com a Europa salvo para dizerem que estiveram na Cidade-Luz ou em Pamplona…)

Mbeki em maus lençóis com Zuma ilibado

(Tomem!!; imagem daqui)


Apesar de, parece, ter conseguido um acordo entre os líderes zimbabueanos, Thabo Mbeki, e a sua equipa mais próxima, teve hoje um triste dissabor ao ver o Tribunal de Pietermartizburg, considerar inválidas as acusações de corrupção, fraude, lavagem de dinheiro e associação criminosa que tinham sido apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sul-africana (NPA) contra Jacob Zuma, presidente do ANC, partido no poder.

Segundo o juiz-presidente as razões para a absolvição de Zuma estarão no próprio PGR ao considerar que este e a NPA sofreram fortes influências do poder político, incluindo vários ministros e personalidades ligadas ao executivo de Mbeki, para que a NPA voltasse a acusar Zuma no caso de aquisição de armamento para as forças armadas, no final dos anos 90.

Esta vitória jurídica de Zuma teve como primeira consequência gritos de vitória dos seus apoiantes e queima de esfinges de Mbeki por parte destes o que condiciona, cada vez mais, a sua tentativa de recandidatura à presidência sul-africana. Os activistas do ANC consideram que Mbeki que está por detrás destes processos-crimes contra Zuma; registe-se que este era o quarto processo depois de outros três terem dado em absolvição: dois processos-crime por corrupção e um terceiro por alegada violação de uma amiga próxima.

Razões suficientes para não surpreender se este desfecho jurídico e o ANC não irão provocar antecipar as eleições na África do Sul. Há muito que o maior partido sul-africano, principalmente deste que Zuma ganhou a liderança, anda em quase completa rota de colisão com o actual presidente sul-africano.

Daí que o líder sul-africano se tenha agarrado à tentativa de resolução do conflito político no Zimbabué para recuperar algum do seu crédito político.

11 setembro 2008

Zimbabué, há acordo mesmo?

(imagem algures via Google)

Não chegou a 24 horas desde que aqui disse que ou o mediador da crise, o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, conseguia um acordo entre os partidários de Mugabe e a Oposição fosse possível sob pena de haver uma intervenção angolana com muitas possibilidades de o mesmo ser atingido para que o dito acordo pareça ter sido possível.

Segundo Mbeki o acordo de partilha de poderes já foi possível e será assinado na próxima segunda-feira. Um acordo que já tinha sido pré-anunciado pelo líder vencedor das legislativas Morgan Tsvangirai.

Era claro que estava muito em jogo na África Austral, mais do que aproximar os dois opositores zimbabueanos.

A liderança política austral era um dos factores que estava em jogo e os sul-africanos, nomeadamente o seu presidente não poderiam, sob pena deste perder todo o resto de capital político que ainda conserva, principalmente no ANC, para as presidenciais do próximo ano, deixar, eventualmente, cair nas mãos de Luanda.

Vamos aguardar que este não seja mais um acordo que dará em nada, como os anteriores.

10 setembro 2008

MPLA confirmado vencedor das legislativas com brancos e nulos entre os vencedores…

(imagem de algures...)

"A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) já confirmou a vitória do MPLA nas Legislativas angolanas de 5 de Setembro. Até tudo bem, até porque a Oposição, primeiro que os próprios vencedores que souberam, politicamente, estar a recato e não embandeirar em arco como se fosse o mais natural – ou talvez fosse – já tinham reconhecido a derrota.

Mas o que já não é compreensível é que a CNE não diga, com clareza, qual foi a abstenção – pelos números apresentados infere-se que terá andado próximo dos 25% a 28% de abstenção – e quantos deputados os partidos obtiveram.

É certo que se debruçar sobre o livro de Jorge Castelo David, “Dicionário de Administração Eleitoral”, que honrosamente o autor me solicitou prefaciasse – mas que ainda está, estranhamente e há tantas semanas, no prelo – tenho a certeza que saberei, com um erro muito ínfimo, quantos deputados cada uma das forças políticas ao pleito eleitoral ganhou.

Mas não me cabe a mim dizê-lo mas tão-só à CNE mesmo antes dos resultados serem confirmados pelo Tribunal Constitucional.

Há números que não metem. Podem estar ligeiramente incorrectos, mas não falham! E a CNE, neste caso, está a falhar ao não indicar quais os deputados que coube a cada força política, quer a nível provincial, quer a nível nacional.

É certo que o número de reclamações pode alterar a distribuição. Mas não deverá ser mais que um ou dois deputados. (...)
" (pode continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado como Manchete do , de hoje sob o título "Brancos e nulos entre os «vencedores»"

Um ano depois, a presidência

Um ano depois de entrar na OPEP, Angola vai ser o próximo presidente em exercício da organização – para o ano de 2009 –, através do seu ministro do Petróleo, Desidério Costa.

Se há coisas que não mudam, a força do petróleo é uma delas, que o diga a própria OPEP que determinou um plafond de produção para Angola e que este país o excedeu sem qualquer problemas.

Zimbabué, agora que está confirmada a vitória do MPLA em Angola…

De acordo com as mais recentes palavras de Thabo Mbeki o acordo para o Zimbabué está mais próximo de se efectivar mesmo que Mugabe ameace abandonar as conversações e formar Governo sem oposição.
Nada mais natural tendo em consideração os últimos desenvolvimento políticos na SADC.
Agora que o MPLA tem a vitória confirmada e o poder legitimado, é natural que Mbeki não queira perder a face junto de um dos maiores amigos do MPLA, o senhor Mugabe.
Por isso, nada como providenciar uma rápida e sanável solução para a crise zimbabueana sob pena de perder algum do pouco crédito que ainda mantém no seu país agora que as eleições presidenciais sul-africanas se aproximam.
Só não se sabe quem ganhará com a rápida resolução, se os zimbabueanos ou a imagem de Mbeki.
E não esqueçamos que Morgan Tsvangirai
pondera novas eleições – não esquecer que o MDC tem a maioria no Parlamento – o que iria de encontro de interesses que não dos sul-africanos mas de terceiros…

08 setembro 2008

África deve olhar para a Geórgia e tirar algumas lições

(imagem daqui)

"Quando se vai para férias o que mais se deseja é que o Mundo pare e nos deixe descansar sem nos preocuparmos com o que possa acontecer neste grande Condomínio que é o nosso Planeta e há muito a desvirtuamos e desleixamos com as consequências que se vão, infelizmente cada vez mais, avistando sem que alguns dos nossos caros vizinhos se preocupem com o bem-estar dos outros.

Primeiro, nós, depois, nós, a seguir sempre nós e quando já nada houver que vá para os outros, tem sido o lema abusivo e egoísta de nós todos.

Mas, infelizmente, se vamos de férias outros há que não se preocupam com isso e só nos arranjam temas e problemas para comentar.

Ninguém deixa descansar ninguém!

Por isso não surpreendeu a crise da Geórgia, um pequeno país do Cáucaso que só existe por ter sido nado-pátria dum ditador sanguinário chamado Joseph Staline, o principal criador e aglutinador da extinta (será?) União Soviética (URSS).

Desde a implosão da URSS e subsequente independência dos Estados que a formavam que a Federação Russa (Rússia) nunca viu com bons olhos, qual mãe-galinha ultra conservadora e protectora, a livre vontade desses países.

Para a Rússia a maioria dos Estados emergentes da URSS eram não só parte integrante da sua zona de influência como, nalguns casos, pertenciam mesmo à mãe-Rússia, pelo que desde o princípio tentou influenciar a vida política e económica da maioria deles.

Estes só sentiram que poderiam sair da órbita russa se se aliassem ao Ocidente, mais concretamente aos EUA e à NATO e, ou, à União Europeia (UE).

Alguns já o conseguiram. Outros vão a caminho de o conseguir.

Mas outros há que esperam a sua vez de entrarem numa das Organizações, particularmente na NATO, de onde acreditam vir o apoio e salvaguarda necessários e prontos para a sua integridade territorial e política.

Só que se esqueceram, ou pensaram que os outros não são eles, de olhar para um caso que a Rússia iria sempre aproveitar para fazer doutrina. Mais concretamente juntar uma nova doutrina à sua velhinha doutrina de soberania limitada (DSL) que lhe permitiu abafar e acabar com as “contra-revoluções” húngara, de 1956, e de Praga, de 1968. (...)" (pode continuar aqui ou aqui)
Artigo de opinião publicado no , de 6/Set/2008 (escrito em 19 de Agosto mas por razões editoriais só pode ser publicado agora)

Angola nos Jogos Paralímpicos de Beijing 2008


(imagem ©COI/Paralímpicos)

A participação angolana vai iniciar esta segunda-feira, no Atletismo, com a presença de Domingos Sebastião, na 2ª séries dos 200 metros T-46; de Evalina Alexandre, na 3ª série dos 100 metros T-12; nos 100 mestros T-11 participarão Miguel Francisco, na 1ª série, José Armando “Sayovo”, na 4ª série (de notar que Sayovo é o recordista paralímpico) e Octávio dos Santos, na 6ª série, e de Joaquim Manuel, em T-12, na 6ª séria dos 100 metros.

Para mais informações sobre a evolução dos Jogos Paralímpicos de Pequim, queiram aceder ao logo na banda lateral ou procurar pelo atleta (Apelido, Nome) aqui.

07 setembro 2008

Do 8 ao 80 e regresso à terra

Infelizmente foi o que aconteceu aos Palanca Negras.
Embandeirámos demasiado por termos ido ao Mundial, que não criámos as condições necessárias para manter na mesma linha. Passámos depressa do 8 para o 80 para descermos com estrondo à Terra!
Primeiro o Uganda e depois o Benin (derrota hoje, por 3-2, quando, no mínimo, deveríamos ter empatado) disseram-nos que ainda temos muito para aprender e melhorar.
Que o CAN2010, a realizar em Angola, seja o início de um caminhar certo e seguro para os Palancas Negras.
Só se lamenta que, como tudo indica – felizmente que o Uganda perdeu com o Níger e podermos ser sempre um dos 8 melhores a repescar para a segunda fase caso ganhemos, o que se exige, o último jogo em casa e o Uganda não ganhe ao Benin – estaremos fora do "nosso" Campeonato que vai decorrer na vizinha África do Sul que, registe-se, mostrou também estar muito mal e com evidentes dificuldades para se apurar para o CAN2010 de Angola.
Já agora saúde-se o bom trabalho da selecção Crioula que, apesar de derrotada na Praia pelos Camarões, ainda poderão estar presentes em Angola, no CAN e o excelente resultado dos Mambas que impuseram um empate a forte selecção da Costa do Marfim o que os mantém na corrida para os dois campeonatos.

Não houve transparência, mas não houve fraude!

"Como se pode dizer que há transparência quando a imprensa pública, claramente, fez campanha por um dos partidos concorrentes, incluindo no próprio dia da eleição?

Como dizer que houve transparência quando um dos candidatos “obriga” os votantes esperarem na fila de voto para ser o primeiro votante e em plena urna faz um gesto caracterizador do seu partido à frente de toda a gente, nomeadamente, do presidente da CNE sem que isso fosse criticado (numa democracia consolidada, o que infelizmente ainda não acontece com a nossa, esse gesto dava direito a processo crime)?

Como se pode dizer que houve transparência quando um dos nossos “Palancas”, em plena mesa de voto, declara na TPA que votou bem, dado que votou no “partido do seu coração” símbolo ligado a um dos actores concorrentes ao pleito eleitoral?

Como dizer que houve transparência quando um dos partidos tinha todo o dinheiro e os outros nada tiveram?

Como se pode dizer que houve transparência quando os boletins de voto andaram “perdidos” e as listas dos eleitores em papel ou digital estiveram “desaparecidas”?

Quando pode haver transparência se a maioria das urnas tiveram de ser enviadas para os Centros provinciais porque os locais de voto não tinham condições de luminosidade para os conferir e esta conferência só ter acontecido 24 horas após o encerramento da votação?

Como se pode dizer que houve transparência quando observadores dizem ser um “desastre” e depois virem dar o dito por não dito e esclarecer aquilo que quiseram dizer mas que não souberam sustentar porque Angola é só o maior produtor de crude da África subsaariana?

Como dizer que houve transparência quando um dos observadores afirma que os observadores internos independentes não obtiveram a sua credenciação e depois apareceram algumas centenas de observadores credenciados por um dos actores do pleito eleitoral?

Como se pode dizer que houve transparência quando um dos observadores internacionais afirmou que esta “desorganização” estava bem organizada, nomeadamente quando estava prevista a abertura de cerca de 300 mesas de Assembleia no segundo dia e depois só abrirem cerca de 40 mesas?

É claro que não houve transparência nas eleições legislativas angolanas!

Mas apesar de não ter havido transparência, não me parece, nem é crível que tenha havido fraude eleitoral!" (continuar aqui ou aqui)

Publicado no , de hoje, sob o título "Não houve transparência, mas glória aos vencedores"

A ponderar...

Até ao momento estão escrutinados cerca de 60% dos votos expressos.

Os resultados dão uma clara e inequívoca vitória ao MPLA; em termos desportivos diríamos que se tornou numa cabazada das antigas.

Mas, e há sempre um mas...

Se esta foi a clara vontade do povo que tem de ser acatada, é também uma indicação que o povo angolano quer que as promessas do último dia do MPLA, nomeadamente as proferidas pelo seu Presidente, e ainda Presidente de Angola, sejam efectivamente levadas a sério: combate ao compadrio, à corrupção, melhoria da vida dos angolanos, deluição da pobreza, melhor redestribuição da riqueza.

O que se deve lamentar, nestes números não é a vitória, em termos absolutos, mas a vitória em valores qualificativos que dará um peso enorme ao MPLA na futura Assembleia Legislativa que também vai ser Constitucional. A maioria qualificada vai deixar nas mãos de um único partido o direito a dispor de criar uma Constituição à sua única imagem. E isso, por vezes, é perigoso não só para a Legislatura como também o pode ser para os próprios vencedores. speremos que saibam ser moderados nas opções constitucionais e aceitem as propostas da sociedade civil e da Oposição para tornar a nova Constituição mais equilibrada e justa.

É que já dentro de um ano as políticas do MPLA irão ser escrutinadas com as eleições presidenciais.

Já agora há também que tomar em atenção ao elevado número de votos nulos e brancos e de como estes se tornaram na 2ª força política nacional o que não deixa de ser um claro aviso à navegação.

Agora, vamos ver que lição tiraram os partidos desta votação histórica e como se vão posicionar para as presidenciais.

06 setembro 2008

Saúde-se, mas...



Saúde-se o regresso do portal noticioso angolano Correio Digital depois de uns longos dias com a indicação de “Suspenso temporariamente”.

Saúde-se, mas estranha-se que tenha reaparecido logo no dia seguinte às eleições legislativas. Terá sido mesmo mera casualidade?…

Vamos admitir que tudo não passa de uma coincidência tal como nada é mais coincidente que as trocas “de mãos pelos pés” que muitos observadores andam tão desportivamente a praticar (ora as eleições são um desastre, ora tudo decorre normalmente só com aspectos negativos pontuais; ora são ilegais, ora problemas menores; ora o adiamento é incorrecto, ora nada há de ilegal, etc. – tal como o meu amigo Orlando Castro, estou curioso por ver o relatório preliminar dos observadores da União Europeia depois de ouvir a sua chefe e de ouvir alguns membros portugueses…)

Já agora e sobre a prorrogação decretada pela CNE saúdo a calma e pertinente observação do analista Mário Pinto de Andrade (meu colega e amigo) ontem à noite no Canal A, da Rádio Nacional de Angola, onde propôs que a CNE facultasse e previamente divulgasse quais, e onde seriam, as Assembleias abertas e divulgasse as listas dos eleitores – proposta que me parece também ter ouvido à Professora Adélia de Carvalho /ainda minha colega das lides académicas e quem também tenho a honra, tal como com os anteriores nomeados, de chamar amiga) – tão em falta durante o dia de ontem.

Como também não posso deixar de registar as lamentações ouvidas na Rádio Ecclésia/Emissora Católica de Angola dos membros das Assembleias de voto que estiveram muitas horas sem apoio alimentar e ao final do dia foram obrigados, mais do que seria desejável – que nem deveria ter acontecido com nenhum – verificar as urnas sob a luz de velas. Num país riquíssimo em petróleo e recursos hídricos continua injustificável a contínua falta de luz e água.

Tal como deixarem urnas sem o devido acompanhamento de entidades externas, pode - da fama ninguém se vai safar - ser, ou indiciar, como um meio para pessoas estranhas e sem escrúpulos procurarem defraudar as expectativas dos angolanos, qualquer que seja a sua cor política.

Por certo que ninguém gosta de ganhar sob o signo da fraude ou da desconfiança, como ainda de forma mais evidente os derrotados não gostam que os façam passar por parvos!

Porque os meios independentes são sempre de saudar, quando os órgãos oficias estiveram todos a favor de uma das partes, incluindo no próprio dia com observações e indirectas conotadas com um dos actores políticos ao pelito eleitoral sem que a CNE tivesse feito qualquer observação pública, saúde-se, uma vez mais, o reaparecimento do Correio Digital, só estranhando a data e o momento…

Vamos esperar que tenha sido uma mera e estranha coincidência que chegou para saudar a grande vitória do Povo Angolano no acto eleitoral: o seu inexcedível civismo e comportamento cívico!