30 setembro 2021

Uma "imprensa plural, rigorosa, isenta e credível" é o que todos almejamos…

 



(imagem via Internet/Google)

O texto que a seguir coloco, era para ter sido publicado num portal nacional – ainda que sedeado no exterior; todavia, por razões técnicas e operacionais do referido portal o mesmo não pôde ser publicado. Por esse facto, o início foi ligeiramente alterado para ficar mais próximo do facto/localização actual…

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Num texto de 3 de Maio pp, o portal do Novo Jornal (NJ) publicava um interessante artigo onde anunciava e escalpelava a vontade do MPLA em desejar uma "imprensa plural, rigorosa, isenta ecredível"; e sobre que bases assenta esta “nobre e meritória” vontade?

Esta ideia espiritualista foi transmitida pelo “Bureau Político” – dizer “Bureau” é intelectualmente mais bonito que dizer “Escritório” ou “Departamento” – pela ocasião do Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, que se comemora – ou relembra – a 3 de Maio de cada ano.

Há muito que não assistia, directa ou por gravação, ao “Jornal da Tarde” (o das 13 horas) da TPA Internacional. Hoje (04/Maio), durante esse horário, houve um largo período que foi dedicado, quase exclusivamente – retira-se ao encontro que ocorreu com o embaixador sul-africano –, a meras actividades políticas do MPLA; ainda que em várias províncias.

Uma imprensa rigorosa, isenta e credível, pode – deve! – noticiar actividades políticas, mas, e sempre, na base de uma mera informação curta.

Se o MPLA, a UNITA, a CASA-CE ou outra qualquer organização política (OP) deseja ver transmitidas várias das suas actividades, então só tem um de duas soluções:

·         ou compra espaço televisivo num órgão de imprensa – se no caso de televisão, ou rádio, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem de definir os tempos de antena que as OP podem comprar – o termo é este mesmo, comprar – fora do âmbito eleitoral, e usá-lo em espaços temporais previamente definidos, normalmente, são juntos de períodos noticiosos, para os divulgar, com

·         ou, na linha das modernas OP, criam um espaço numa ou nas principais páginas sociais – Facebook, Instagram e, ou, YouTube – e faz as suas transmissões, como as Instituições Superiores de Educação, por exemplo, para todos os que desejarem seguir essas actividades (sejam, militantes, simpatizantes ou meros curiosos ou analistas políticos).

De contrário, fazer afirmações destas, por muito bem-intencionadas e credíveis que desejam mostrar ser verosímeis, tornam-se meramente especulativas e sem sentido.

Ou melhor, mostram que apesar das "boas vontades" e das "boas intenções" parece querer continuar a haver uma vontade inequívoca de dominar a Comunicação Social.

E isso mesmo é reconhecido, no referido texto do NJ, quer por Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, quer por Luísa Rogério, presidente da Comissão da Carteira e Ética.

Tudo isto acaba por deixar um mau cartão-de-visita, ou transmite um mau presságio, principalmente depois da “aglutinação" de vários órgãos de informação, mais ou menos privados, sob a tutela dos principais órgãos de informação públicos, para as eleições que se avizinham.

Querem apostar – eu não o faço, porque, certamente, perderia se votasse pela benignidade das intenções, – que será isso o que acontecerá e será isso o que a Oposição – seja ela quem ou o que for – irá proferir, antes, durante e a pós a realização das mesmas?

10.Jun.2021


16 agosto 2021

E, em 2021, tudo os talibans apanharam em 3 meses…

Desde que começaram a ocupar os territórios afegãos liberados pelas forças norte-americanas e da NATO, ao abrigo do Plano Trump-Talibans (Trump-Taliban Plan) e que o presidente norte-americano Joe Biden, manteve, apesar das suas críticas a este plano, que os talibans (ou “estudantes”, mas de um Islão ultra-radicalizado – certamente que nunca leram Alcorão (al-Qurʾān – “O Livro” ou a “Recitação”), mas absorvem o que lhe imputam certos líderes religiosos) já chegaram à capital, Cabul, e em pouco mais de 3 meses.

Entraram ontem no palácio presidencial e reinstituíram o Emirado Islâmico do Afeganistão.

O pânico, naturalmente, é enorme. Há 20 anos que os afegãos gozavam de uma relativa liberdade política e religiosa, em particular. as mulheres, que durante o regime taliban foram obrigadas a envergar a burka (cobertura integral do corpo da mulher), a deixarem de ter presença em actividades públicas e a deixarem de frequentar as escolas.

Os talibans afirmam que não são, ou não têm, as mesmas ideias radicais de há 20 anos. Não exigirão às mulheres o uso da burka, mas sim o hijab (só a cabeça é coberta com um lenço, ficando parte do rosto visível).

Mas como já hoje comentava Jonuel Gonçalves, e cito «A Universidade de Cabul já se despediu das alunas e algumas empresas (bancos por exemplo) também demitiram as funcionárias dizendo que elas podem ser substituídas por um familiar».


Mas poucos são os que acreditam nestas promessas, tendo em conta que alguns afegãos já afirmam que as zonas ocupadas já sentem o impacto da sua teologia radical.
Mas não são só as mulheres que sentem o perigo do radicalismo taliban. Também os afegãos que não concordam com este Islão radicalizado, ou que foram funcionários governamentais e, ou, funcionários e agências internacionais e de embaixadas – principalmente, ocidentais – temem pela vida e tudo estão a fazer para fugir, mesmo que isso provoque o total caos e à sua morte

A estão que se coloca é o que pode, ou deveria ter podido fazer, a administração Biden, face a tão rápida progressão taliban?

Há quem critique Biden por, apesar de ser contra o plano Trump-Taliban, celebrado em Fevereiro de 2020, o ter mantido e desejar retirar as forças norte-americanas até 31 de Agosto de 2021. Só que Biden tem um duplo problema:

- ao  manter a retirada das tropas norte-americanas, criticam-no por deixar os “amigos” e “aliados” e as mulheres aos critérios radicais dos talibans, no que consideram a “pior decisão de Biden”;

- mas se ele não cumprisse esse acordo ficaria sob duas observações críticas: 
i) de um lado os norte-americanos que já consideravam – e consideram – esta guerra inútil porque além de muito dispendiosa, provocou inúmeras vítimas entre os seus soldados, aliado ao facto do motivo que levou à intervenção norte-americana e da NATO no Afeganistão já tinha sido cumprido, ou seja, a morte de Bin Laden, o líder da al-Qaeda que levou por diante  o que, dentro de cerca de 3 semanas se recordarão como os 20 anos de infâmia, ou seja o ataque do 11 de Setembro de 2001, que provocou milhares de mortos em New York, Washington DC e Pensilvânia;
ii) por outro lado, a diplomacia internacional poderia ver esse recuo de Biden como desrespeito por acordos internacionais e isso poderia ser aproveitado pelos “críticos” de Biden e por “inimigos” dos EUA, seja como um belicista – por manter uma guerra e acolher s interesses de certas empresas bélicas norte-americanas –, seja como indivíduo pouco credível para celebrar acordos, tratados e convenções internacionais – e em vésperas da Assembleia-geral das Nações Unidas e do CO26, em Glasgow, sobre o Ambiente e Alterações Climáticas…

Face a isto pouco resta a Biden que não retirar as suas forças militares do Afeganistão e desejar que “estes talibans” sejam mesmo diferentes dos “originais”.

Caso contrário, teremos o recrudescimento do terrorismo de base islâmica – o retorno da al-Qaeda ou do EI/Isis/Daesh não são de menosprezar, e no caso do Al-Qeada o (re)impacto em Moçambique junto dos insurgentes –, o retorno – há quem afirme que foi sempre o que os manteve, além do apoio nada discreto de alguns paquistaneses, os mesmos que acolhiam Bin Laden – à cultura e comercialização e dos campos da papoila-branca (papaversomniferum) para produção de opiáceos e sua exportação internacional e à propagaçãodo radicalismo islâmico para os países vizinhos da antiga-URSS, para  China e para o Médio Oriente e, daqui para a Europa e África…

Se estas situações se vierem a verificar só caberá à comunidade internacional, através da ONU uma forte intervenção armada, mas com apoio inequívoco das 3 grandes potências: EUA, Rússia e China e com apoio de islamitas moderados, da Índia, da NATO, e de toda uma larga comunidade de países, para tentarem o que ingleses (no século XIX-XIX – três guerras que terminaram com o Tratado anglo-afegão de Rawalpindi, em,1919), soviéticos (século XX) e norte-americanos (século XXI) nuncaconseguiram: dominar os afegãos (os povos das montanhas).


NOTA:
As imagens foram recolhidas da Internet e de vídeos publicados no Whatsapp

21 julho 2021

CPLP um clube linguístico intra-comunitarista de países… (Novo Jornal)

Com a reunião de 16 e 17 de Julho, Angola vai receber de Cabo Verde e assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), um clube de países onde todos são iguais, porque todos – supostamente – falam a língua de Camões e Fernando Pessoa, de Mário Quintana e Drummond de Andrade, de Ovídio Martins e Onésimo Silveira, de José Carlos Schwartz e Tavares Lima, de Alda Espírito Santo e Olinda Beja, de Agostinho Neto e Eduardo Agualusa, de José Craveirinha e Mia Couto, Afonso Busa Metan e Xanana Gusmão, de Juan Ávila Laurel e María Nsue Agues (não sei se escrevem também em português, ou só em castelhano…).

Um clube que teve por base uma comunidade linguística mas que procurou, desde o início, não esquecer a base económica e a expansão diplomática da língua como “ponte-de-lança” para a afirmação de dois países em ascensão politica, mas com a necessidade de usar como suporte ou ferramenta de elevação (vulgo macaco) os países africanos de língua oficial portuguesa saídos da descolonização portuguesa, os PALOP; Timor-Leste ainda não era independente e a Guiné-Equatorial ainda nem sonhava, algum dia, vir a ser considerado um país com interesses na aprendizagem do português.

Há quem considere, há muitos anos que a CPLP é um elefante branco posto numa discreta loja de porcelana, entre algo empático e abstracto, entre algo abstraído e claustrofóbico e, ou, apavorador. Uma organização comunitária que exige algo que alguns estão impossibilitados de cumprir: democracia plena, liberdade de pensamento e de opinião, de direitos humanos plenos, de respeito pelas diferenças, de uma harmonização linguística com respeito pelas raízes de cada um. (...) [para ler o texto na íntegra, pode continuar a ler aqui]

Publicado no Novo Jornal, edição 694, de 16.Julho.2021, página 23

23 junho 2021

“O Conflito Político-militar em Cabinda, vias de resolução” - Debate (Webinar)


«O problema da territorialidade de Cabinda e que solução»

por: Eugénio Costa Almeida

Texto apresentado no Debate (Webinar) “O Conflito Político-militar em Cabinda, vias de resolução”, ocorrido em 19 de Junho de 2021, através da plataforma Facebook, pelas 18 horas (Luanda e Lisboa).

Organizador e moderador: Makosu Sita

Oradores/Palestrantes: Eduardo Muindo (UCI); Henrique Malonda (ADCDH); Eugénio Costa Almeida (Investigador do CEI-IUL e CINAMIL)

 

Resumo:

Apresentação do meu texto no Debate (Webinar) «Conflito Político-militar em Cabinda, vias de resolução», onde é proposta como solução para o problema da estra-territorialidade do território (ou província) de Cabinda, no seio da República de Angola, uma revisão do seu actual estatuto político-administrativo. Nesta mesma apresentação abordo, sinteticamente, as diferentes condicionantes que levaram o território de Cabinda ao actual estatuto.

Palavras-chave: Angola, Cabinda, Conflito, Estatuto, Exclave, Enclave.

 
Abstract:

Presentation of my text in the Debate (Webinar) «Conflito Político-militar em Cabinda, vias de resolução (Political-Military Conflict in Cabinda, Ways of Resolution)», which is proposed as a solution to the problem of the stra-territoriality of the territory (or province) of Cabinda, within the Republic of Angola, a review of its current political-administrative status. In the same presentation I briefly refer to the different conditions that led the territory of Cabinda to its status as a province of the Republic of Angola.

Keywords: Angola, Cabinda, Conflict, Statute, Exclave, Enclave.



[i] Apresentado no Debate (Webinar) “O Conflito Político-militar em Cabinda, vias de resolução”, ocorrido em 19 de Junho de 2021, através da plataforma Facebook, pelas 18 horas (Luanda e Lisboa).

O texto da apresentação com a inclusão dos comentários ocorridos ao longo do Debate, podem ser acedidos aqui

16 junho 2021

Angola, mais que aviões, precisa de navios!

Segundo o portal/site do semanário Novo Jornal, Angola vai comprar «material militar à china no valor de 85 milhões de dólares com o objectvo de "reforçar o controlo do espaço aéreo e terrestre para salvaguardar os objectivos estratégicos nacionais"».

Para quê mais material terrestre e aéreo?

O que precisamos de reforçar – adquirir – é material naval para defesa das nossas costas, da ZEE e da nossa Plataforma Continental.

Se analisarmos a infografia do "The Military Balance 2021", por exemplo, teremos muito material aéreo (entre caças, bombardeiros e helicópteros de ataque, estaremos entre os cerca de 150 aparelhos); e ainda recentemente comprámos e recebemos aviões de combate russos SU-30K...

De acordo com este respeitável manual de assuntos militares da IISS em 2020 teríamos cerca de 1 milhar de veículos blindado (incluindo, tanques: 9 ASLT – de origem chinesa –, e cerca de 300 MBT, sendo que é certo que a quase totalidade de origem soviética e russa).

E vamos gastar logo 85 milhões de USD em compras à China. Vamos pagar como? Com petróleo, se a China já tem largo excedente pelo que tem vindo a diminuir ou mesmo suspender a compra de crude?

Este valor é para novos ou para pagar os que já, em 2020, comprámos e recebemos «seis aviões de ataque e treino (K-SW) fabricados conjuntamente pela China e Paquistão» e confirmado pela publicação "Chinese Military Aviation" que indica sermos «um“cliente” na compra destes aviões [e que] que 12 aviões foram comprados»?

Pelo artigo do Novo Jornal, tudo sugere que será novos materiais militares, na linha do que já teria sido ponderado em outras ocasiões que o Novo Jornal lá indica…

Mas não tinha havido um acordo com a Rússia, creio que em 2019, para a construção em Angola de uma fábrica de material de militar, incluindo, aviões.

Aceitará Moscovo esta duplicidade entre Angola, China e Rússia no que tange à compra de material militar?

Quererá Angola ser uma plataforma de espionagem militar? E não será só entre Moscovo e Beijing, mas também com a presença de "olheiros" de potências ocidentais que já se prontificaram a vender material militar a Angola?

E, ainda no que diz respeito à Rússia e à eventual construção de fábrica de material militar. Não estava esta associada ao perdão da dívida de Angola à antiga URSS, como recorda uma análise do portal/site da “DW, português para África”, quando recorda que em «1996, a Rússia perdoou 70% da dívida de 5 mil milhões de dólares de Angola, resultado principalmente de vários créditos à exportação que a URSS havia concedido para a compra de armas e equipamentos militares soviéticos»?

Ficam estas reflexões para ponderarem…