30 abril 2014

E as nossas 7 maravilhas são...

(Morro da Lua, Luanda, um das candidatas)

Deveriam ser, mas, parece, que São Pedro não quer nada com as nossas maravilhas.

Há vários dias, pelo menos desde domingo, que as portas do Céu não param de verter inúmeras lágrimas, daquelas que os angolanos bem sabem como são.

Duas tentativas e por duas vezes foram abortadas.

Ou então, e quero acreditar que sim, está a dizer que são muito mais que as 7 habituais e que não consegue ver umas mais que outras. Além de terem ficado pelo caminho outras tantas maravilhosas.

A outra hipótese seria... mais política e acho que o São Pedro não se iria meter com o Chefe...

O certo é que Luanda está, um pouco, virada a Veneza...

25 abril 2014

Abril águas mil e outros apontamentos...


"Há um adágio popular, principalmente nas terras do hemisfério norte, que diz, mais coisa menos coisa, que «Abril, águas mil!»; tudo porque neste quarto mês do calendário gregoriano as chuvas costumas a fazer das suas. Ou seja, chove tanto que nem as terras aguentam os caudais pluviosos.


Mas não é só no hemisfério norte que isto acontece. Ainda, não há muitos dias, as ruas de Luanda tornaram-se em canais venezianos tal a quantidade de chuva que se abateu na cidade. Nem a reconstruída marginal – a avenida 4 de Fevereiro – escapou conforme provam as fotografias que correm nas páginas sociais.

E se Luanda e parte do país estiveram sobre os efeitos caudalosos das chuvas, também Moçambique se verificam problemas similares, em particular no sul e no norte (até agora a mais sacrificada, a zona do Zambeze, parece ter escapado, mas com o São Pedro, nunca fiando…).

Parece que dono das chaves que abrem as nuvens anda com alguma relativa discordância com os nossos países – se Portugal esteve um Inverno altamente pluvioso já Abril, até agora tem estado clamo, mas… – tal as cargas pluviais que nos oferece.

Ou, talvez, ele considere que os povos lusófonos deveriam se concertar entre si para melhor estudarem a hidrografia e meteorologia de cada um dos países visando um melhor aproveitamento dos seus inúmeros recursos hídricos; não esquecendo que Angola e Moçambique até são bastante carentes de energia eléctrica e que o petróleo – muito poluente (e barulhento, basta-nos recordar dos geradores) –e o gás – mais ecológico – ainda não chegam suficientemente para cobrir as nossas mútuas necessidades.

Há um carente desaproveitamento de certos recursos que deveriam estar no topo das prioridades políticas dos nossos dirigentes para desenvolvimento económico e social dos nossos povos.

Recordemos que, 12 anos passados do final de uma guerra que opôs irmãos desavindos, ainda há saneamento básico por tornar Angola num país de desenvolvimento médio mas, em compensação e fazendo uso do relatório do Instituto Internacional para a Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI – Stockholm International Peace Research Institut) gastámos, em 2013, cerca de 35% a mais em armamento, que 2012, – correspondendo a cerca de 4,8% do PIB. (...)" (continuar a ler aqui)

©Artigo de Opinião publicado no semanário angolano Novo Jornal, secção “1º Caderno” ed. 326 de 25Abril-2014, pág. 22)

13 abril 2014

Eleições na Guiné-Bissau

Hoje há eleições legislativas e presidenciais na Guiné-Bissau.

O Alto-representante da ONU para a “estabilização política” da Guiné-Bissau, senhor Ramos-Horta, há pouco tempo, não deixou de aconselhar que todos aceitem o veredicto das urnas e do vencedor chamar todos ao Governo para que o resultado seja um executivo forte e unido na persecução de uma boa-governação.

Ou seja, e por outras palavras, e a interpretação é minha, aconselhou aos partidos que se unissem para evitarem que os militares voltem a fazer das suas e se arrumem, uma vez mais, no Poder (até porque agora não há desculpa que os militares angolanos – Missão de Cooperação Militar de Angola na Guiné Bissau (MISSANG) – estão no país para o dominar…).

São candidatos à presidência os seguintes pretendentes:
1- Arregado Mantenque Te (PT)
2- Abel Incada (PRS)
3- Paulo Gomes (Independente)
4- Jose Mario Vaz (PAIGC)
5-  Ibrahima Sorry Djalo (PRN)
6- Jorge Malu (Independente)
7- Afonse Te (PRID)
8- Nuno Gomes Na Bian (Independente – apoiado pelo fantasma de Koumba Yalá)
9- Helder Lopes Vaz (RGB-MB)
10-  Iaia Djalo (PND)
11- Domingos Quade (Independente)
12- Cirilo de Oliveira,Partido Socialista (PS)
13- Luis Nancassa (Independente)

Às legislativas candidatam-se os partidos:
  1. Frente Democrática Social (FDC)
  2. Manifesto do Povo (MP)
  3. Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)
  4. Partido da Convergência Democrática, PCD
  5. Partido da Nova Democracia (PND)
  6. Partido Republicano da Independência para o Desenvolvimento (PRID)
  7. Partido da Reconciliação Nacional, PRN
  8. Partido da Renovação Social (PRS)
  9. Partido Social Democrata (PSD)
  10. Partido Socialista da Guiné-Bissau (PSGB)
  11. Partido dos Trabalhadores (PT)
  12. Partido Unido Social Democracia (PUSD)
  13. Resistência da Guiné-Bissau (RGB/Movimento Bâ-Fata)
  14. União para a Mudança (UM)
  15. União Patriótica Guineense (UPG)

Vamos aguardar que o acto seja o mais calmo, sensato e o resultado o mais democraticamente aceite.


E sem fantasmas, de preferência…

10 abril 2014

Eduardo dos Santos a Nobel da Paz – Comentário

Adoro quando se quer dar primazia à adulação para se tornar falado nas artes apostólicas da epistemologia comunicacional. Penso, mesmo, que é uma arte muito nossa – pelo menos, ultimamente – e bem aprendida com o actual dilema do antigo colonialista: bajular, bajular, bajular e quando não é bajular é subservir, subservir, subservir, sem esquecer a cunha, a nossa eterna gasosa!

Periodicamente e quando começam as “inscrições” para os Prémios Nobel lá surgem os habituais candidatos a um deles, nomeadamente o mais desejado, pelo menos a nível de interesse comunicacional: o Prémio Nobel da Paz. Pré-candidadtos e candidatos e quase certos… candidatos, nunca faltam. E se não são os próprios a se auto-proporem há sempre uma alma caridosa que nos oferece um nome, por mais estranho ou impossível que seja.

Não é o caso, mas já há uns 4 ou 5 anos que há sempre alguém que manda o seu nome para os meios informativos. De certeza que ele não tido nem achado e se deve divertir à grande ver os proponentes fazerem figura de acanhados.

Falo da proposta de Eduardo dos Santos a Nobel da Paz! A última foi avançada pelo cónego Apolinário ou Apolónio (nem no nome há acordo entre os meios de informação que avançaram esta proposta), um membro de destaque da Igreja Católica angolana, em recente entrevista ao Jornal de Angola (só podia…; lisonja por lisonja).
Não me parece impossível a sua candidatura; muito natural até. Se Barack Obama que fez a guerra no Afeganistão – onde ainda hoje morrem civis “por engano” – foi laureado com o Nobel da Paz, se Vladimir Putin, líder da recente anexação militar da Crimeia e dos ataques militares e mortíferos à Ossétia e Abkázia (retirados a Geórgia que, por acaso, até é associada da OTAN, coisas…) foi um dos principais candidatos – quase certo –, no ano passado, ao Nobel da Paz, porque Eduardo dos Santos que também teve uma guerra de onde saiu vencedor; esteve, indirectamente, no caso do 27 de Maio de 1977 então como líder da Comissão que estava a analisar o fraccionismo no seio do MPLA e que degenerou naquele datado caso, é o líder da Nação mais que mais se tem desenvolvido (política e economicamente que não socialmente) em África só ultrapassada – e viva o auto-sabujismo – pelas contas no novel PIN nigeriano, não há-de ser um natural candidato.

Nesse aspecto Oslo não é esquisita; aceita qualquer candidatura independentemente de ela vir de onde venha e de quem a proponha.

Mesmo que seja um cónego que vê a sua Rádio Eclésia-Emissora Católica de Angola continuar a ser condicionada nas transmissões radiofónicas só à cidade/província de Luanda e nada mais!


Adulação não tem limites; ou talvez tenha sido uma forma de louvaminhar as ideias de quem continua a não admitir a expansão radiofónica da Rádio Ecclésia; através da Cidade Alta…

(escrito em 10/Abril e posto aqui em 12/Abril/2014)


Igualmente publicado no semanário Folha 8, em 12-Abril-2014, pág 8, sob o título «A adulação não tem limites»

08 abril 2014

Deputados: quer-se exclusividade!


De acordo com a TVI (televisão independente, Portugal) o partido político Bloco de Esquerda - considerado próximo da esquerda mais radical ou extrema-esquerda, conforme os azimutes - quer que os deputados eleitos para o Parlamento português (a Assembleia Nacional portuguesa) gozem - tenham - um regime de exclusividade para evitarem aquilo que muitos praticam: mixórdia entre as actividades legislativas e as práticas de actividade privada (às vezes bem pública...)

Subscrevo esta pretensão do Bloco de Esquerda português. Até deveria ser extensiva a todos os representantes eleitos do Povo - diria, a todos os que, verdadeiramente, são os legítimos representantes do Povo e não funcionários partidários.

Na realidade se isto viesse a acontecer, acredito que só haveria no parlamento luso deputados do BE, e mesmo assim...

04 abril 2014

Há 12 anos de Paz militar mas não faltará a Paz social?...

"Faz hoje 12 anos que as armas se calaram, oficialmente, em todo o território nacional com a assinatura do Memorando de Paz de 2002.

Bom, infelizmente não se pode dizer que a Paz militar é total em todo o País; porque em uma certa parte do território nacional ainda vão persistindo alguns recontros militares, mesmo que esporádicos e a espaços, entre as FAA e os rebeldes (insurgentes, secessionistas, independentistas ou que quiserem chamar, mas que existem) da FLEC em Cabinda.

Do mesmo território que nós persistimos, e bem na minha opinião, em considerar angolano mesmo que sendo enclave, mas que o nosso governo pareceu estar disponível em “descartar” ao aceitar a anexação da Crimeia pela federação russa ao criticar aqueles que na Assembleia-geral condenaram essa mesma anexação.

Talvez uma disparatada distração semântica ou uma preparação para o Governo vir admitir aquilo que muitos de nós preconizam, entre eles, este que aqui assina, ou seja um estatuto autonómico especial para a província de Cabinda. Para isso, claro, há que alterar a nossa Magna Carta.

Em 12 anos muito aconteceu com a Paz militar e muito há ainda por se fazer para uma efectiva Paz social.

- Desenvolveu-se o Pais – é um eterno estaleiro de obras –, mas ainda faltam muitas casas para a população, água e luz e um saneamento básico por incrementar;
- Há uma Constituição, um Governo, mas ainda não há total justiça social nem um poder autárquico assente no voto dos que vivem nas comunas, nas aldeias, nas vilas, nas cidades, nas províncias;
- Há muito dinheiro resultante da, talvez, desmesurada extracção do petróleo, dos diamantes, de alguns minérios, mas o seu legado continua a estar dividido por muitos poucos em detrimento de muitos que ainda subsistem na miséria;
- Há partidos e organizações políticas legais, mas quem ouve, lê ou televê as notícias fica com a ideia que só há um partido no País; só muito esporadicamente se vislumbram notícias televisivas dos partidos da oposição;
- As principais vias-férreas estão quase totalmente operacionais, mas não teria sido mais aconselhável agora que estávamos a recuperar estas vias, ter modernizado as linhas ferroviárias tornando-as mais apelativas aos utilizadores (passageiros e aos exportadores/importadores) electrificando os caminhos-de-ferro? (...)" (continuar a ler aqui

Publicado no semanário Novo Jornal, edição 323, de hoje, 1º Caderno, pág. 22