Normalmente há por hábito analisar o passado, o que
se fez, o que se poderia e deveria ter feito e, principalmente, o que não se fez.
Vou-me permitir ultrapassar este ramerrão e, aproveitando a época que se
avizinha, o Natal, entrar na pele do Fantasma do futuro, o terceiro fantasma do
autocrata, avarento e solitário
Ebenezer Scrooge, personagem do livro “Contos
de Natal”, de Charles Dickens.
Estou num sonho onde…
– As próximas eleições tiveram um comportamento normal numa
democracia, onde a contestação, é a habitual, ou seja, onde todos ganharam, e
os outros é que não ganharam e, no fim, todos ficaram satisfeitos com os
resultados;
– Os deputados eleitos pugnam por defender os seus eleitores
e os eleitores nacionais, mesmo que isso contrarie alguns interesses instalados
dentro das cúpulas partidárias;
– Vamos ter eleições autárquicas e provinciais, com eleitos
locais pelo Povo e não impostos pelo Poder Central ou pelos impulsos
partidários;
– O
nosso País entrou no Índice de Desenvolvimento Médio e caninha a passos largos
para ser um País de forte desenvolvimento, com uma população onde a iliteracia
é quase nula e a pobreza quase erradicada;
– O
nosso Povo é muito farto, seja a nível cultural, seja a nível político, seja a
nível económico. A Cultura, os Livros, estão totalmente à disponibilidade dos
espectadores e dos leitores porque os preços assim já o permitem, dado que a
nossa economia é forte, florescente e dinâmica;
– O Poder político e o poder económico complementam-se, dado
que já não estão dependentes um do outro, nem colidem um com outro, e ambos
respeitam e não se intrometem, no Poder Judicial;
– A Justiça é prenhe, rápida e justa, como é normal num País
desenvolvido e respeitado, dado o inatacável carácter dos nossos juízes,
totalmente soberanos, face a naturais pressões externas, e sempre equitativos
nas suas decisões;
– O poder da escrita, da oralidade e da imagem do jornalismo
ajuda a governar melhor o País, as autarquias, as províncias e deixaram de ser
meios de transmissão destes ou de partidos, bem como deixaram de acobertar os
interesses de cada um, e só defendem o interesse geral, do Povo;
– Porque as cidades, as vilas, as aldeias, as comunas estão
todas com excelentes arruamentos, arborizadas, o saneamento básico que demorou
mais do que era expectável, é já um dos melhores de todo o Continente. Ninguém
tem falta de água canalizada, ligações aos esgotos com estes a serem tratados
em excelentes estações de tratamentos de águas residuais antes de serem
lançados para os rios e o mar, e, por esta via, as antigas doenças endógenas
estão quase erradicadas; a energia eléctrica e o gaz estão em todas as nossas
casas sem quaisquer impedimentos ou interrupções;
– As ligações ferro, aero e rodoviárias ligam o País de tal
forma que conseguimos nos deslocar de um ponto ao outro sem entraves de índole
alguma, principalmente desde que as linhas férreas foram todas electrificadas o
que nos trouxe mais comodidade e segurança nas deslocações;
– A corrupção, que sabemos ser impossível de extirpar, é
quase invisível; se há e provavelmente há, deve ser tratada em salas tão
abscônditas que nem os mujimbos ou Mídias abordam.
– E outros factos que por ora não me ocorrem, mas que colocam
o nosso País na linha do que todos os angolanos desejam.
O pastor
protestante e ativista político Martin Luther
King Jr. clamava “I have a dream” ou
seja, tinha um sonho; eu não, “I'm
in a dream”, eu
vivo, eu estou no sonho!
E como Scrooge, que quando acordou do sonho que o 3º fantasma
lhe proporcionou, também eu verei que pude realizar o que me foi predito e tudo
o que acima descrevi aconteceu ou está a acontecer desde que entrámos no ano 42
da nossa Independência.
Quando um Homem
sonha, o Mundo gira e acontece; quando um País faz sonhar o seu Povo este
torna-o mais País e melhor!
Publicado no semanário Novo Jornal,
edição 457, de 10 de Novembro de 2016, pág. 15 (saiu na véspera por razões técnicas)