(imagem NaturalMedis)
Foram, têm sido, 53 anos de duras lutas pela
libertação total do domínio estrangeiro, do domínio político daqueles que acham
o país, uma coutada pessoal, ou da menoridade de uma parte substancial da nossa
população.
Como Roma e Pavia não se fizeram num dia, também
Angola – e nós – não podemos almejar que tudo sejam rosas (de fina porcelana)
sem que contribuamos, devidamente, para esse desígnio nacional que é o
desenvolvimento. Social, político, económico e financeiro.
Citando a jornalista e política Ana
Margoso, 39 anos depois, temos “independência, ou dependência? Neste 11 de
Novembro, deveríamos nos orgulhar de quê?”
Apesar de tudo podemo-nos orgulhar
de ter obrigado um certo sector político a se legitimar através do voto, mesmo
que indirecto, e praticamos uma independência que não sendo total – há a
globalização que torna os países um pouco dependentes das “vontades” das
grandes potências – é, ainda assim, suficiente para mostramos que somos um País
com projecção internacional e como um país potencialmente em ascensão.
É suficiente? Claro que não! Temos independência
política mas não económica. A nossa dependência de mono-indústrias (ou quase,
porque é o petróleo e os diamantes quem ainda sustenta o nosso PIB, felizmente que
já com menor preponderância que há uns anos) tem de ser totalmente graduada.
Há situações sensíveis que nos obrigam a ponderar se
desejamos ser unos e poderosos ou intransigentes e déspotas. É o caso – ainda –
da província de Cabinda e da sua situação pouco clara a nível social, político
e militar.
Recordo um recente debate, ocorrido no Voice of America (VOA), sobre Cabinda e
sobre, precisamente, o aniversário que hoje comemoramos, onde diversas personalidades
debatiam a actual situação na província. Algumas destas que se afastaram da ala militar da FLEC defendem uma
autonomia para Cabinda e a renegociação do Memorando de Entendimento assinado
entre o Governo e o chamado Forum Cabindês para o Diálogo (FCD). Entre
elas, o general Zenga Mambo, que lidera um denominado, Movimento Patriótico
para a Libertação de Cabinda, afirmou à VOA que o enclave deve ser uma região
autónoma e não submetida a um estatuto especial que na prática não funcionou
por conter o que chamou de “insuficiências jurídicas”
Tal como tenho defendido – e nem por isso admito que
me considerem menos angolano – Cabinda deve ter um estatuto especial dentro da
República de Angola. A sua descontinuidade geográfica e especificidade social e
antropológica já ajudariam a compreender este meu proto-argumento. Só a visão
curta e monolítica de alguns dos nossos políticos insiste em não ver a
verdadeira realidade cabindense.
É certo que para isso, deverá haver uma alteração
constitucional. Nessa altura dever-se-ia estender essa alteração a outras “obscuras
zonas políticas”… Não é independência da província! É dar um estatuto especial
à província.
Sem que tenha de ser estendido a outras regiões que,
inopinadamente, vêm reclamando, também, de autonomia, e, na minha interpretação,
sem razões histórico-políticas para tal – basta recordar o Tratado de Luanda de
1927 – Cabinda com um estatuto especial tornaria mais forte a Nação angolana.
Há muita coisa que ainda necessita de ser alterada e
melhorada: a corrupção, a gasosa, a incúria, a deficiente – ou quase nula –
redistribuição da renda, o saneamento básico, etc. Mas como Roma e Pavia não se
fizeram num dia, também, quero acreditar que muita coisa – além da já feita, reconheça-se
– será ainda feita em prole do desenvolvimento social, político e económico do
país!
Este texto foi igualmente citado no portal do semanário Folha 8. net e transcrito pelo Portuguese Independent News Network
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