(Soldados marroquinos na 1ª Guerra Mundial)
Para recordar esta data uma universidade privada
portuguesa vai promover uma Conferência alusiva à data na qual vou participar
com uma comunicação baseada nas participações africanas num conflito,
inicialmente europeu e que depois de 1916 se tornou mundial com a participação
de países como o Japão, os EUA, o Brasil e por arrastamento os territórios
coloniais africanos e asiáticos.
Todavia, o começo da Guerra em África, e
nomeadamente na África lusófona aconteceu logo em 1914, com as surtidas
efectuadas por alemães aos então territórios portugueses de Angola e
Moçambique. Em Angola, na zona do Cunene e em Moçambique na zona da foz do
Rovuma.
Na realidade, se a intervenção militar africana no
conflito teve logo o seu início em 1914, a verdade é que aquela começou muito
antes com a guerra anglo-boer e com a tentativa de partilha territorial
portuguesa conluiada entre a Grã-Bretanha
e a Prússia (Alemanha), pelo acordo secreto 1898;
era a partilha dos territórios portugueses de Angola e Moçambique entre as duas
potências (a quase totalidade de Angola e a zona moçambicana do Niassa iam para
a Alemanha; enquanto o sul de Angola e todo o restante território moçambicano
eram entregues aos ingleses). Esta pretensão revogada por inoperância de
Portugal – na realidade este acordo visava emprestar a Portugal, por parte das
duas potências, uma larga fatia de fundos e como a fazenda portuguesa estava
exaurida e não parecia ter possibilidades de pagar, o reembolso seria através
dos territórios afro-lusófonos – voltou às câmaras diplomáticas
anglo-germânicas em 1913, só anulada pelo conflito iniciado a 4 de Agosto de
1914.
Militarmente, a primeira investida
alemã da 1ªGG em território português ocorreu em Moçambique quando, na madrugada
do dia 25 de Agosto de 1914, pouco depois de definida a atitude portuguesa no
conflito europeu – na realidade uma atitude de não acolhimento às pretensões
germânicas mas sem as hostilizar, e que teria o seu apogeu com Salazar e a sua
neutralidade colaborante –, forças provenientes do «Tanganika» (Tanzânia), dirigidas por dois europeus, atacaram por
surpresa o posto de Maziúa, sito na margem sul
do Rovuma, saqueando-o e incendiando-o; do acto,
ocorreram algumas foram mortes, nomeadamente, a
do chefe do posto, enquanto outros dispersaram ou foram tornados prisioneiros.
Todavia, já em 1894 aconteceu, por
parte dos germânicos, um ataque e anexação de parte de uma região moçambicana de
Quionga, (um pequeno território de cerca de 3000 km2, na margem sul do rio
Rovuma, junto à foz), sendo incorporada na colónia germânica do Tanganica. Foi
devolvida com o armistício de 11 de Novembro de 1918.
Em Angola, no caso o que nos
interessa, houve diversas escaramuças resultantes da vontade alemã de juntar o
sul do território à «Deutsch-Südwestafrika»
(Sudoeste Africano/Namíbia). Duas das principais escaramuças verificadas
ocorreram logo no início do conflito, entre Outubro e Dezembro de 1914, com o
massacre de Cuangar, Cunene (Outubro), e quando um corpo expedicionário
germânico proveniente das terras áridas do Sudoeste africano, lideradas por um
tal capitão Weiss atacou e desbaratou o corpo expedicionário português na
Batalha de Naulila (18 de Dezembro) na margem sul do rio Cunene, em território
angolano dos cuamatos e junto aos territórios dos cuanhamas; um pouco a
sudoeste da confluência entre os rios Cunene e do seu afluente Caculevar. (...)" (continuar a ler aqui).
Publicado no semanário
angolano Novo Jornal, “1º Caderno” ed. 333 de
13-Junho-2014, pág. 22) /transcritos no África Monitor e no PINN-Portuguese Independent News Network)
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