(Tão colegas que nós éramos...; foto Internet)
Acontece que o novo presidente egípcio é conhecido
pelas suas inúmeras reencarnações. Ele já foi, logo após o golpe, a
reencarnação de Muhammad Naguib, o general que liderou a revolta para
derrubar a monarquia egípcia em 1952; posteriormente, se transformou em Gamal
Abdel Nasser, o coronel que derrubou Naguib e construiu um sistema socialista
ambicioso e manipulou o processo árabe e o médio oriente face às superpotências;
agora, acha-se próximo de um tipo de líder mais autocrata e autoritário
exemplificada em... pasme-se, António de Oliveira Salazar, um professor de
economia política que governou, sob mão-rígida, Portugal durante quase quatro
décadas, com início na década de 1930. Um sistema político que durou até 25 de
Abril de 1974…
Coitado dos egípcios, coitada de África!
Só falta vir dizer que também é uma reencarnação de
um qualquer faraó do Egipto antigo; ainda está a tempo de descobrir um
cartomante que o diga ou ateste…
De recordar que o senhor marechal na reserva,
al-Sisi, tomou o poder em 03 de Junho de 2013, com o derrube de Mohammed Morsi
e do governo do Partido da Liberdade e da
Justiça, umbilicalmente ligado à Irmandade Islâmica (dito, também,
Fraternidade Islâmica ou Muçulmana) e eliminou toda a oposição, islamita,
liberal ou laica. Um amor de pessoa que está, efectivamente e “de jure”, no
poder desde aquela data…
De evocar que Al-Sissi – na altura do derrube governamental era o chefe do exército – estabeleceu,
logo após o golpe, um governo interino, que instalou uma implacável e sangrenta
repressão sobre os apoiantes de Morsi, em particular da congregação islamita,
Irmandade Islâmica, que venceu todas as eleições desde a queda de Hosni
Mubarak, no início de 2011, após as crises da Praça Tahrir.
Este é um mesmo senhor que, antes das eleições
presidenciais (até aí foi, sucessivamente, primeiro vice-primeiro-Ministro e
Ministro da Defesa), aceitou que os tribunais egípcios – levou bem à letra a
separação de poderes entre o legislativo-governativo e o judicial,
principalmente quando isso lhe convém – condenassem à morte centenas de
egípcios, ditos próximos dos islamitas.
Pobre África que continua a ter dirigentes como o
egípcio al-Sisi, ou Bissau-guineense António Indjai, que decidem superintender
os destinos dos seus países através de golpes de Estado e da manutenção
subsequente do status quo, directa ou
indirectamente, sem que a União Africana consiga, de facto e de jure, anular
estas alterações constitucionais de forma imperativa e justificada.
Em ambos os casos nenhum dos países foi suspenso da
UA ou tornados párias. E não foi por razões de capacidade potencial; nesse
aspecto tanto o Egipto, como a Guiné-Bissau são bem diametralmente opostos!
Talvez que pelas costas dos outros vejamos as
nossas…
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