Algo vai mal na banda e tudo começa a ser tomado como
génese do triângulo de um certo mal-estar social, político e económico a crise
petrolífera e a falta de kumbu.
Mas será que estes dois genomas da crise justificam tudo
o que se vai passando?
Senão vejamos:
- A persistente falta de fundos cambiais, de início
para pagamentos ao exterior e transferências de vencimentos de expatriados
contratados e, agora, para permitir a compra
de produtos da cesta básica ao exterior com evidentes reflexos nas prateleiras dos comerciantes, apesar da Ministra garantir que não há falta de bens essenciais mas só... racionamento;
- No Lobito e Catumbela os coveiros fazem o seu
trabalho sem receberem os seus vencimentos há oito
meses, vivem de esmolas e ameaçam parar o seu trabalho;
- Segundo o portal Club-K
funcionários da Presidência República estarão sem receber salário há mais de um
mês;
- Também os trabalhadores da EPAL (Empresa Publica
de Águas de Luanda) vão fazer greve amanhã porque não
recebem o seu salário há 3 meses;
- Um acto que é de direito público e social, a vacina
de febre-amarela está a ser vendida (algo que é – e deveria ser sempre – gratuita
num qualquer centro de saúde) a 1000 AOKwanzas
- A estranha e prolongada situação jurídica dos 15+2
onde, em complemento, se apercebe que algumas dos possíveis testemunhas
arroladas pelo Tribunal não só não receberam as devidas convocatórias em tempo
útil – ou nenhumas – como alguns têm pautado por não responder nem se
apresentar a Tribunal para prestar as referidas declarações, demonstrando um
profundo desrespeito por este órgão judicial;
- A nível do maioritário também as coisas
parecem não estar a correr pelo melhor com dirigentes a dissertarem disparates
como “comam
atum em vez de bifes” (desconhecendo
que a comunidade científica internacional quer uma suspensão de captura de
tunídeos devido à sua escassez) (i);
ou Virgílio de Fontes Pereira
apresentou a sua demissão do cargo de presidente do Grupo Parlamentar do MPLA
na Assembleia Nacional, porque o não estaria a suportar a pressão a que está
sujeito da parte dos “mais velhos” com quem não estaria a ter uma relação
pacífica e a “velha
guarda parlamentar”, terá escolhido o deputado Salomão Xirimbimbi para
dirigir os trabalhos da bancada do maior partido angolano na Assembleia Nacional
(ii); ou o caso do jovem Tomás Bica
Mumbundo, primeiro-secretário da JMPLA que a Comissão de Disciplina e Auditoria
do Comité Nacional deste órgão de juventude do MPLA, chefiada por Yolanda Sousa
e Santos, terá mandado suspender porque aquele estaria a fazer “uma
agenda própria” sem dar a conhecimento aos restantes membros de direcção da
JMPLA (iii); e…
Para finalizar o caso de Bento Sebastião Bento (BB) (iv) que se despediu
ontem de primeiro secretário do MPLA em Luanda com a sua substituição pelo
general Higino carneiro, actual Governador Provincial de Luanda que, por
inerência estatutária do então antigo partido único do país, era – e ainda é,
embora já não seja o único, mas onde alguns militantes, por vezes, se comportam
como ainda fosse – o MPLA, determina que o GP seja, em simultâneo, 1º
secretário do partido na província. Algo que não se entende ainda persistir
dado que n unca mais são convocadas eleições regionais, provinciais e
autárquicas – nessa altura alguns perderiam, por certo, algumas das habituais
benesses político-administrativas…
E na despedida BB deixou
algumas frases
interessantes e outras com alguns subentendidos (recolhidos em vários
portais informativos onde, cada um, evidenciou o que mais lhe chamava a atenção).
Vejamos algumas:
1.
Luanda “tem muitos chefes, toda a gente
manda em Luanda” e que Higino Carneiro “tem
que disciplinar essa gente”;
2.
“Aqui, todo o mundo manda em Luanda, todo
o mundo fecha a água, tira a água, todo mundo é general”, embora reiterando
apoio a Higino Carneiro;
3.
“Quem vem me substituir é o camarada
general Higino Carneiro por indicação do camarada presidente José Eduardo dos
Santos. Portanto camaradas, é uma indicação superior do camarada José Eduardo
dos Santos. O presidente é o superior gestor de quadros do MPLA. Ele sabe o que
está a fazer” (ou seja, se algo correr mal, a culpa é do…);
4.
E logo de seguida “O líder é o gestor superior de quadros do MPLA. O
camarada Presidente é superior gestor de quadros do MPLA, sabe o que está a
fazer, ele vê a floresta e nós vemos as árvores”;
5.
“Há militantes que ao invés de
trabalharem tentam fomentar intrigas dentro do partido. Para o político, são os
mesmos que levam os problemas internos da organização política que governa o
país há 40 anos aos órgãos de comunicação”;
1 comentário:
Este artigo foi transcrito no Folha 8.
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