20 março 2018

Até quando este lavar de roupa suja em praça pública? - artigo

Há uns dias que, citando – como alguém já o denominou – o Muhammad Ali da radiofonia, Guilherme Galiano, decorre uma «lavagem de roupa suja na praça pública» entre as antiga e actual administrações da Sonangol, sobre actos de gestão praticados nesta principal e recolectora empresa para o OGE nacional.
Isabel dos Santos, a PCA da anterior administração da Sonangol, sentiu-se atingida no seu bom nome empresarial pelas declarações do actual PCA, Carlos Saturnino, e, de imediato, não só procurou rebater todas as acusações que foi alvo, como terá concedido um prazo para que Saturnino se retratasse, sob pena deste, em 24 horas, ser levado a Tribunal, algo que, como confirmou a Galiano, não o fez.
Ora e apesar do País já ter uma “excelente cobertura de Internet” , como as suas defesas não estavam a chegar a todos os concidadãos, Isabel dos Santos considerava que a sua defesa necessitava de uma maior audiência o que a TV Zimbo, e Guilherme Galiano lhe proporcionaram.
Vou comentar de memória – depois da entrevista, decidi não ver nem ler mais nada que pudesse ajudar a esta análise – algumas das fases da sua entrevista de quase meia-hora. Apesar de esperar uma maior acutilância de Galiano, na realidade, como demonstram os seus muitos anos de tarimba, este foi assertivo nas questões e nas interrupções que considerou necessárias fazer.
Só que Isabel dos Santos apresentou-se muito calma, de quem já anda nas andanças televisivas há bué, demonstrando que deve ter um bom assessor de imagem; parecia que estava em campanha eleitoral – o que, de certa forma, não será totalmente errado.
A sua calma olímpica só pareceu beliscada com a questão da Cruz Vermelha de Angola e com a sua putativa demissão do cargo de presidente desta reconhecida entidade de solidariedade nacional.
E pareceu safar-se, demonstrando que o seu cargo é meramente honorífico – ou seja não remunerado – e que a gestão da CVA depende dos fundos que são disponibilizados pelo OGE que o Executivo – discreto ataque – disponibiliza; além de, na sua opinião, a propalada Comissão de gestão que terá sido criada, não terá base estatutária.
No resto, entre os ataques e contra-ataques à actual administração, particularmente no que tange à preocupante situação social, económica e financeira da empresa, Isabel dos Santos, por mais de uma vez, remeteu para um relatório da administração de Francisco Lemos que apresentava já essas deficiências.
O único, para mim, facto em que Isabel dos Santos poderá ter ganho um ponto importante, foi com a abertura de conta no banco norte-americano Merrill Lynch; como se sabe, quer o Estado de Angola, quer – e principalmente -a Sonangol estavam condicionados, ou mesmo impedidos, de movimentar contas bancárias em dólares em território norte-americano. E, de acordo com a empresária, ela conseguiu que isso fosse possível.
De resto, e voltando a citar Guilherme Galiano quando questionou, quase no fim Isabel dos Santos «até quando este lavar de roupa suja em praça pública?», e apesar da PGR estar – ou dever estar – a trabalhar, juridicamente no caso, este parece estar para durar e que vamos continuar a ver e ouvir pedras no ar entre o pós-calado Carlos Saturnino e a mediática Isabel dos Santos.
De uma coisa, temos de reconhecer, Isabel dos Santos mostra as mãos e as pedras, atira-as e fica pronta para o retorno. Até agora, tem se mantido incólume. Aguardemos, como ela também diz aguardar, que a PGR faça o seu trabalho!
Publicado no portal Vivências Press News, rubrica «Malambas da Vida», em 15-Março-2018

12 março 2018

Angola na defesa e segurança continental - artigo

"Esta semana os sotos celebraram o papel de Angola, enquanto detentor da presidência rotativa do Órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC (OPDS), na resolução da crise político-militar de Setembro de 2017, no Reino do Lesoto, devido ao atentado que vitimou o general Khoantle Motsomots, comandante-chefe das Forças Armadas deste país (Lesotho Defence Force – LDF).

É certo que, num primeiro momento, os primeiros intervenientes na contenção da crise foram os militares das Força Nacional de Defesa da África do Sul (South African National Defence Force – SANDF), ou não fosse este pequeno reino um território encravado na República da África do Sul e que qualquer distúrbio político no reino de Sua Majestade, David Mohato Bereng Seeiso, ou Letsie III, poderia pôr em causa a já – então – difícil situação política e institucional de Jaco«b Zuma, à época o presidente em exercício da SADC.

O segundo momento, ocorreu quando Zuma, temendo ser acusado de intervenção armada num outro país e sem – até então – ter sido pedido pelo governo de Maseru (capital soto) qualquer tipo de interferência armada não requerida, em total conflito com as regras de Defesa a e Segurança quer da União Africana, quer da SADC, contactou João Lourenço, presidente em exercício da OPDS para que fosse providenciada e, caso disso, criada no âmbito deste órgão da SADC, uma força de prevenção e intervenção para impedir que a crise resvalasse em mais uma situação crítica, semelhantes a outras situações já ocorridas no passado e que tudo parecia indicar estar a se desenvolver: posicionamento de facções rivais para a tomada do poder no reino de Letsie III.

Do pronto contacto destes dois estadistas com os seus colegas regionais, e de acordo e legitimação com o Governo de Maseru, saiu, como se sabe, uma força preventiva denominada Missão de Prevenção da SADC para o Lesoto (Preventive Mission in the Kingdom of Lesotho – SAPMIL) liderada por Angola.

De registar que a SAPMIL foi aprovada em 15 de Setembro de 2017, na Cimeira da Dupla Troika da SADC (ou Double Troika Summit (DTS) – Zuma, como presidente da SADC e uma Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC -na prática faziam parte desta Cúpula, Angola, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia e Zâmbia, reunidos na África do Sul, criou a Dupla Troika). (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no Novo Jornal, edição 523, de 2 de Março de 2018, página 11 e pode ser lido, na íntegra, em: http://www.novojornal.co.ao/opiniao/interior/angola-na-defesae-seguranca-continental-50239.html

06 março 2018

Uma apresentação com notas soltas no mês da Mulher - artigo


"Neste meu primeiro contacto com os leitores e na sequência de um honroso convite para colaborar com o África 21 Digital e, simultaneamente, com o Portugal Digital, era minha intenção abordar vários temas avulso, apresentando-se os mesmos como uma indicação futura do que iria surgir aos vossos olhos.
Um dos tópicos iniciais, entre outros e porque estamos em Março, mês da Mulher, seria falar das mulheres, em geral, e das africanas e angolanas, em particular. Abordaria, ainda que de passagem, um flagelo que ainda persiste, apesar de já estar consagrada a sua ilegalidade pelos governos de vários países (Guiné-Bissau, por exemplo, é um deles): a excisão genital feminina; e um tema muito querido a uma pesquisadora angolana, Rosa Mayunga, sobre as Terapias Materno-Infantis da Medicina Tradicional de Angola “Mwalakaji” ou “Kivwadi”.
Infelizmente, começarei terei por começar a apresentar as minhas condolências às famílias das compatriotas angolanas que pereceram num acidente de viação, no sábado, a província do Huambo quando, independentemente da sua condição partidária, a OMA (Organização das Mulheres Angolanas) se preparava para celebrar o Dia da Mulher Angolana, ocorrido no dia 2 de Março. De qualquer forma, as angolanas celebram este dia como o início do mês da Mulher.
Pelo trágico acontecimento de sábado, os assuntos anteriores serão tratados noutros textos. (...)"
Publicado no portal do África 21 Digital em 6-Março.2018