31 dezembro 2010

Dilma e África

O segundo texto de Rildo Ferreira sobre Dilma Rousseff e as relações com África, texto escrito em Novembro passado:
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Política externa de Dilma é a continuidade do presidente LULA

Por Rildo Ferreira [Rio de Janeiro, Brasil]

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No programa de governo que o Partido dos Trabalhadores (PT) registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a política externa a ser implementada pela presidenta eleita Dilma Rousseff é a continuidade do programa do atual presidente Luis Inácio LULA da Silva. No item titulado “Presença do Brasil no mundo” o programa ressalta valores “como o multilateralismo, a paz, o respeito aos Direitos Humanos, a democratização das relações internacionais e a solidariedade com os países pobres e em desenvolvimento” (PT).

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Chama a atenção no programa a afirmativa de “fortalecimento da unidade latino-americana, às relações com África, à reforma das Nações Unidas e dos organismos multilaterais, e à construção de uma ordem econômica internacional mais justa e democrática”. Sob o governo do presidente LULA países africanos já foram beneficiados com o perdão de dívidas históricas[1] e o próprio presidente LULA defende que os países desenvolvidos perdoem todas as dívidas dos países africanos. Além disso, o Brasil tem dado aos países luso-africanos especial atenção e colaboração na transferência de tecnologias[2].

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Segundo o programa de governo, Dilma Rousseff “empenhar-se-á na conclusão da Rodada de Doha, que favoreça os países pobres e em desenvolvimento e, no âmbito do G-20, na reforma já iniciada do FMI e do Banco Mundial, contribuindo para a aplicação de políticas anticíclicas que permitam a retomada do crescimento e, sobretudo, o combate ao desemprego no mundo” (PT).
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Em artigo publicado do jornal britânico “Financial Times”, o presidente LULA disse que ao deixar o cargo de presidente da República Federativa do Brasil pretende “concentrar minha atenção sobre as iniciativas em benefício dos países da América Latina, Caribe e do continente africano” e que o “Brasil tem muita experiência que pode compartilhar. Nós não podemos ser uma ilha de prosperidade cercada por um mar de pobreza e injustiça social”.

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LULA, entretanto, tem afirmado categoricamente que não participará do governo da presidenta eleita, mas esta deixou claro que sempre que for necessário baterá à sua porta. Espera-se que a política externa e as relações de solidariedade com os povos africanos continuem a ser emblemáticas no futuro governo. O Brasil pode e deve colaborar muito mais com os países africanos, sobretudo porque o presidente LULA deverá criar uma Fundação para estabelecer políticas de combate a miséria e de desenvolvimento da pessoa humana nos países em desenvolvimento.

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Notas:

[1] O Brasil perdoou uma dívida de U$ 315 milhões de Moçambique em 2004; Cabo Verde foi beneficiado com o perdão de U$ 3,5 bilhões este ano.

[2] o Brasil estabeleceu relações de cooperação na área de agricultura através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o governo da Guiné Bissau este ano. E o O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) firmou uma parceria com a Direção Geral de Recursos Hídricos (DGRH) de Guiné-Bissau, com o objetivo de avaliar os dados de uso e ocupação do solo, disponibilidade e demandas de água e outros temas ambientais, socioeconômicos e de recursos hídricos subterrâneos de interesse.

Em reunião com representantes de 45 países africanos e 39 Ministros daquela região, além de Timor Leste, na qualidade de observador, bem como organismos multilaterais regionais e entidades da sociedade civil do Brasil e dos países africanos, o presidente LULA realizou, no Itamaraty, durante os dias 10 a 12 de maio corrente, o “Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural” onde propiciou-se propiciou uma discussão de temas e de propostas de cooperação entre o Brasil e a África no campo da agricultura e segurança alimentar.

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