"Nota prévia: nada tenho contra a harmonização da
escrita da língua portuguesa entre os diferentes países que a usam como sua
língua oficial desde que as especificidades de cada cultura sejam ressalvadas e
guardadas. Por isso, não tenho qualquer distinção contra o Acordo Ortográfico
(AO), em si, mas não acredito nas bondades tão evidenciadas por certos
linguistas quanto à sua total inserção impositiva nos fóruns nacionais e
internacionais, sendo o contrário visto não como um arcaísmo, mas sim como um
enorme erro, fortemente penalizado nos órgãos institucionais e de ensino.
Como já devem ter reparado, todas as minhas
crónicas, ensaios, e outros tipos de obras são escritas, sempre – apesar de
aceitar a tal harmonização linguística, leia-se o AO – escritas na versão
antiga, aquela que nós ainda usamos e escrevemos.
Posto esta nota prévia, vamos ao que interessa.
Recentemente, li um artigo no Jornal de Angola (versão online) que o AO está em
desenvolvimento, “bem encaminhado”, segundo o título do artigo, com Moçambique
a já ter aprovado, a nível de Conselho de Ministros a entrada em vigor do AO, aguardando
a ratificação pelo Parlamento, e que Angola já está em discussão para a sua
implementação.
Como disse no início, nada tenho contra o AO, mas há
situações que se tornam insustentáveis com o AO, devido aos homónimos que se
vão criar com evidentes lapsos semânticos e de sintaxe que os mesmos vão
fomentar.
No início de Maio, o primeiro canal da televisão
pública portuguesa (RTP) apresentou um novo formato de debate intitulado, salvo
erro – porque estive mais de 3 semanas sem poder ver televisão por razões de
saúde, motivo porque durante o mês de Maio não estive junto dos leitores –, «Palavras com atos».
Palavras com atos? São o quê, palavras atadas,
manietadas? É totalmente diferente de umas Palavras com Actos, que definem
acção, definição, objectivo. Resumindo, uma simples letrinha é suficiente, numa
frase curta e directa, para alterar um sentido; uma letrinha dita “ c “...." (continuar a ler aqui)
Publicado no semanário Novo Jornal, edição 383, de
5/Jun./2015, 1º Caderno, página 18.
Nota: já depois de enviado o texto e publicado a RTP voltou ao programa e o nome correcto é "As Palavras e os Atos"
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