22 abril 2022

Juntar visitas oficiais de Estado a campanha eleitoral, não costuma dar bons resultados…

 


 

Não me parece que as assessorias do MPLA e do Presidente João Lourenço estejam a trabalhar muito bem. Para os apoiantes partidários até poderão estar, mas para a população, em geral, e para os analistas, não estarão, quase que certamente.

Juntar, uma vez mais e depois de muitas críticas como o que ocorreu na província do Cunene, uma visita de Estado, neste caso, agora, à província de Cabinda, uma quase imediata actividade política pré-eleitoral, denominada enfaticamente «acto político de massas», é – ou parece ser – pouco inteligente.

É certo que o Presidente da República é elegível como tal, segundo a Constituição da República, o candidato a deputado à Assembleia Nacional (Parlamento) colocado em primeiro lugar da lista partidária (partido ou coligação de partidos) mais votado; na realidade, e ao contrário do que alguns defendem, é uma eleição indirecta, dado que o eleitor vota, globalmente, numa força partidária e não uninominalmente em candidatos.

Para Cabinda onde está, hoje, em visita de Estado e onde inaugurou “obras-feitas”, certamente que o Presidente foi em avião e missão oficial. Ninguém duvida, é normal em todas as democracias que os pré-candidatos aproveitem dos seus cargos, para em “missões oficiais” fazerem pré-campanhas. Como afirmava Cristo, “quem não tiver pecados, que atire a primeira pedra”.

Mas estar a aproveitar-se dessa vantagem – viagem oficial  e uso de meios oficiais – para, 24 horas depois, entrar em efectiva em pré-campanha eleitoral, conforme se pode verificar pelos panfletos distribuídos pelos seu partido de quem mantém o cargo de presidente de partido – posso observar, e atento, que deveria se ter retirado de tal, mas a lei permite essa coexistência, e por isso, tenho de o respeitar – pode ser considerado uso abusivo de meios oficiais e, igualmente, ser avaliado como um possível tiro-no-pé.

Provavelmente, eu até estarei errado nesta apreciação, mas, será que estou?...

Recordo que em certas regiões onde a democracia pluralista e eleitoral está bem implantada, muitas vezes, aproveitar visitas oficiais para campanhas eleitorais, costumam a dar resultados aquém do expectável.

Mas, como já referi, talvez seja eu que esteja errado. Mas será que estou?...

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