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19 março 2010

Será que é agora que vão ser mesmo construídos?

(O carmatelo no Lubango; foto ©O Apostolado)


Recordo-me que uma das promessas sociais das últimas eleições legislativas seria a construção de um milhão (1.000.000) de habitações para as necessidades da população angolana.


Era – e é – um desafio enorme que foi levado em conta a campanha que, na altura serviria os intentos do partido vencedor e que se tornava cada vez menos credível, embora, reconheça-se, que seriam só para estar prontas até 2012.


Era, como parece que, afinal ainda vai ser.


Segundo a ANGOP uma construtora – ou consultora de origem sul-africana, não tenho a certeza –, LR Group, vai construir, após a assinatura, hoje de um protocolo com o Ministério do Urbanismo e Construção, 100.000 (cem mil) fogos no âmbito dessa iniciativa eleitoral, a que sse juntam as 3.800 casas do tipo T2, T3 para viúvas de antigos combatentes, no bairro Nambambe, na cidade do Lubango, província da Huíla, que já estão apontadas para serem construídas por um consórcio angolano.


Segundo os responsáveis serão construídas vivendas e apartamentos do tipo T3 e T4 de raiz sociais mas cujas dimensões, caso também se incluam as vivendas, me pareçam pouco convincentes para a realidade angolana; cerca de 100 e 120 m2 cada.


Ainda assim, vamos esperar para ver e onde é que as casas vão ser construídas.


Recordemos que, talvez não fosse despiciente começar onde, recentemente e ciclicamente, infelizmente, mais se verificam cheias para realojar aqueles que perderam os seus haveres com as mesmas.


Além daqueles que sem nada o perceberem e muito menos compreenderem estarem a ver o camartelo derrubar as suas pequenas e deficitárias casas, como, por exemplo, no Lubango…

10 maio 2009

Atleta exige contrapartidas para representar selecção!!

Segundo uma notícia do Jornal de Angola (e que se pode ler na edição online nº 2819, de hoje) um dos melhores atletas de basquetebol angolano, no caso Miguel Lutonda , base do 1º de Agosto que acabou de se sagrar campeão nacional de basquete 2009, terá exigido, “(...), ontem, (...) o jogador disse que, para jogar na Selecção, bastava que lhe atribuíssem uma casa. O jogador disse que são muitos anos de trabalho e que o seu pedido podia ser satisfeito por quem de direito.

Ou seja, para continuar a dar o seu contributo à Selecção Nacional parece que o atleta exigiu contrapartidas, no caso uma residência!

Não contesto que o atleta exija uma casa. É um direito a que assiste a toda a gente que deseja ter um mínimo de condições de habitabilidade, conforme foi reconhecido pelo Presidente Eng.º Eduardo dos Santos quando afirmou que o Governo deveria criar condições para que fossem feitas, durante esta legislatura, cerca de 1 milhão de casas para os angolanos.

O que se discute – talvez ingenuidade minha – é que para fazer algo que se gosta e representar a NOSSA selecção – no caso a selecção angolana – um atleta imponha condições que não sendo pecuniárias, não deixam de ser materiais.

Como escrevia, será ingenuidade minha, mas o amor a um País, e no caso o que o representa, a Selecção, costuma(va) sobrepor-se aos interesses particulares.

É, desculpem, provavelmente será mesmo ingenuidade minha…

15 abril 2009

A exequibilidade das promessas em tempo de crise

(uma casa de pau-pique angolana; imagem ximunada aqui)


O MPLA prometeu caso fosse Governo, o que veio a acontecer, que iria construir cerca de um milhão de casa para os Angolanos durante a próxima legislatura.

Recordemos que uma legislatura é de 4 (quatro) anos…

A Conferência Nacional sobre Habitação que está decorrer em Luanda, aliada ao manifesto desenvolvimento de infra-estruturas habitacionais, e unicamente habitacionais, nomeadamente na província de Luanda – e não só, reconheça-se –, parece querer mostrar que essa ciclópica promessa – e com os empreiteiros a afirmarem estar disponíveis para ajudar a cumpri-la – poderá ser satisfeita ainda antes de decorridos os tais 4 anos da legislatura.

É evidente que a grande maioria da população angolana precisa de casa condignas aliadas a um efectivo e sólido saneamento básico onde a electricidade, a água canalizada e uma sólida rede de esgotos (de preferência que possam ser devidamente tratados) não sejam palavras ocas e vãs.

Recordo que, no primeiro dia do Congresso, um deputado do MPLA – parece-me que o é, mas em qualquer dos casos uma das figuras gradas do partido –, questionou no Congresso, nomeadamente os arquitectos e o Poder ali representados, porque é que, sendo a maioria da população constituída por 6 ou 7 elementos no seu agregado familiar, só mostravam e só erguiam casas do tipo t2 ou t3 (ou seja, com 3 ou 4 quartos)?

Uma interessante questão para a qual não me recordo de ter ouvido uma resposta clara e objectiva.

Tal como ainda não consegui ouvir uma resposta aos lamentos do senhor Presidente, Engº José Eduardo dos Santos (há os que são e parecem não gostar do tratamento, ao contrário do que não são e nem se sabe bem se serão…), quando afirmou ser incompreensível a manutenção de preços tão elevados como os que são apresentados nas vendas das casas. Recordo-me, vagamente, de o ter ouvido verberar a especulação.

Até ao final do Congresso espero ouvir alguém afirmar que essa especulação desenfreada vai acabar sem que a qualidade seja menorizada. Tenho esse sonho! Talvez assim possa pensar em ascender à compra de uma casa no meu País!

Entretanto as cidades vão crescendo em população e em altura esquecendo que o interior vai ficando desertificado e as condições humanas vão se deteriorando com o excesso de população.

Quem sabe se o programa do MPLA, perdão, do Governo para uma legislatura de 4 anos, não seja reduzido para menos de metade… Ao ritmo de construção que as sedes das províncias e principais cidades vão evidenciando…

Pode ser que, depois, se lembrem um pouco mais das estradas nacionais e evitar que as recuperadas hoje apareçam amanhã todas esburacadas ou, mais concretamente, evitar que estradas em terra surjam com bocados de asfalto como já tive oportunidade de ver fotos (e vídeos na TPA) recentes sobre estradas recentemente recuperadas, ou de perceber que os rios são – felizmente, ainda – selvagens e que não gostam que “abusem” das suas margens – por isso é que vimos o Cunene, entre outro, “gritar” como o fez – ou darem melhores condições financeiras às populações ainda subhumanizadas como, por exemplo, mais e melhores hospitais e clínicas públicas.

São sonhos que, talvez, este Congresso Habitacional possa mostrar que certas utopias devem ser menos alavancadas e que o engajamento ao desenvolvimento humano não passa só pelas habitações, mesmo que com arrendamentos financiados, se não houver, de raiz, infra-estruturas adequadas.

É que prometer não custa, mesmo nada! O problema é que, nem sempre, se ponderam as condições para que uma promessa seja realmente exequível. E a crise vai bater a todas as portas, nomeadamente quando um país, está quase monodependente de um produto cujo valor produtivo é cada vez mais muito volátil…
Texto retranscrito no , de 16.Abril.2009;