"1. Quando este texto for publicado já se saberá de o
Reino Unido aprovou o Brexit (“British exit” – saída da União Europeia) ou se o
“Remain” (permanência) venceu o referendo que se realizará na próxima
quinta-feira, dia 23 de Junho.
Pensarão os leitores, e com alguma pertinência, o
que interessará a nós, angolanos, em particular, e aos africanos, em geral, se
os britânicos manter-se-ão ou não na União Europeia. Para nós, angolanos, e
para o s africanos, em geral, isto é um assnto interno dos europeus.
Não é bem verdade!
Aos angolanos que usam, geralmente e na sua maioria,
como porta de entrada na Europa, Portugal (Lisboa ou Porto) a saída do Reino
Unido acarretará mais constrangimentos dos que já aguentam actualmente.
Deixamos de poder usar Portugal – ou a França, se for por via do TGV –, como franquia
para um mundo que alguns de nós estão habituados, seja a nível académico, seja
– sublinhe-se – a nível de utilização de serviços de saúde britânicos.
Também a nível africano, os países membros da
Commonwealth – ao contrário do que se verifica com a grande maioria dos países
da CPLP que não o têm com Portugal – ao abrigo desta comunidade, que ficam,
actualmente, com quase livre acesso aos estados-membros da EU, deixam de o
poder fazer (...)
2. Uma vez mais, a quinta desde 2007/2008, o Prémio
MO Ibrahim, que celebra a boa governação dos Chefes de Estado ou de Governo,
ficou sem laureado. A Comissão do
Prémio, entidade independente liderada pelo antigo secretário-geral da então
Organização da Unidade Africana (OUA, hoje, a União Africana), o tanzaniano
Salim Ahmed Salim, que indica os laureados, declarou que não foi seleccionado
qualquer vencedor.
O prémio, instituído pela Mo Ibrahim Foudation, e
indicado pela referida Comissão independente, só foi entregue em quatro anos
(2007, 2008, 2011 e 2014), sendo os laureados o antigo presidente moçambicano
Joaquim Chissano (de 1986 a 2005), em 2007 – neste ano e em ex-áqueo foi
contemplado a título honorário Nelson Mandela; em 2008, o antigo presidente do
Botswana (1998-2008), Festus Gontebanye Mogae, em 2011 o antigo presidente de
Cabo Verde (2001-2010), Pedro Pires; e em 2014, o também antigo presidente da
Namíbia (2005-2015), Hifikepunye Pohamba.
Resumindo, desde 2006, ano quando foi instituído o
prémio de Boa Governação, que só foram laureados Chefes de Estado, o que mostra
que a governação no continente africano é, essencialmente, presidencialista e
que parece haver indicação de poucos bons governantes.
Ora, segundo a Fundação e o seu mentor Mo Ibrahim,
reconhece que os critérios de selecção são muito elevados e por isso não se
surpreende com esta decisão. (...)" (continuar a ler aqui)
Publicado no
semanário Novo Jornal, edição 437,
de 24 de Junho de 2016, pág, 19 (1º caderno)
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