Se houvesse não haveria disputas territoriais e
fronteiriças entre alguns estados, não veríamos países a despejarem refugiados
sob a desculpa – ainda que aceitável e possível – de no seu seio haver
extremistas radicais, quando na realidade os estados já não conseguem suportar
os elevados custos de manutenção do campos de refugiados e o apoio
internacional escasseia, nem veríamos, muito menos, o que se passa na Líbia!
E é sobre este país que me desejo concentrar.
Recordemos, sem necessidade de aqui o voltar a
escrever, como a Líbia se tornou num Estado falhado, desgovernado, e, acima de
tudo, quase que totalmente despedaçado e quase pulverizado.
Escrevia-se e sublinhava-se que com o
desaparecimento do ditador Kadhafi o país entraria numa nova linha histórica de
desenvolvimento político, social e económico. Quem provocou a queda do regime
de Kadhafi afirmava que o apoio futuro traria ao país um novo paradigma. A
realidade mostrou o contrário.
Entretanto como que querendo disfarçar os problemas
internos que grassavam após o fim da intervenção armada internacional foi
instituído um suposto governo de unidade nacional em torno de um
auto-denominado Conselho Nacional de Transição (CNT) cuja função seria preparar e levar a efeito
eleições nacionais para o Congresso
Geral Nacional, entretanto
realizadas em 7 de Julho de 2012;
após estas o CNT entregou o poder à assembleia recém-eleita em que teria a
responsabilidade de formar uma assembleia
constituinte a fim de redigir uma constituição permanente para o País,
que depois seria submetida a um referendo.
Só que a realidade
acabou bem diferente.
Prevaleceu a divisão do país por diversos grupos
armados e liderados por clãs que só se interessavam por dominar as suas regiões
de influência, algumas bem ricas, nomeadamente, em hidrocarbonetos.
O problema é que a maioria dessas regiões são no
interior profundo do enorme Estado e sem acessos livres aos portos e ao escoamento
dos seus produtos. Isso, naturalmente gera desaguisados que depressa se tornam
em conflitos armados de ferocidade inqualificável. A ONU só viu uma solução, no
imediato: decretar embargo de vendas de armas aos litigantes. (...) (pode continuar a ler aqui).
©Artigo de Opinião publicado no semanário
angolano Novo Jornal, ed. 434 de
3-Junho-2016, secção “1º Caderno”, página 19.
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