20 setembro 2020

Quando tudo pode servir para ajudar uma reeleição; mas como ficam os peões intermédios?

 

(imagem montada a partir de internet)

Pode parecer mera coincidência. Mas quando, por norma os norte-americanos desconfiam de coincidências, principalmente quando está em jogo uma reeleição presidencial, então poderemos pensar que tudo pode servir para o senhor Donald Trump procurar a sua (natural) reeleição presidencial.

Depois de nada ter ligado às questões internacionais, excepto as disputas económicas com a China, agora faz avançar as tropas norte-americanas em duas frentes e contras duas grandes potências – uma antiga (ou renascida) superpotência e outra cada vez mais próxima de o ser – ou seja, Rússia e China.

No Mar da China, está um flotilha norte-americana a procurar salvaguardar a livre navegação em zonas reivindicadas pela China, Japão, Vietnam, Malásia e Taiwan (onde o Secretário de Estado, Mike Pompeo, esteve em visita e, com ele, aviões da República Popular da China a sobrevoar espaço aéreo considerado nacionalista - ver em: https://observador.pt/2020/09/17/avioes-de-guerra-da-china-sobrevoam-taiwan-coincidindo-com-visita-de-diplomata-norte-americano/).
O certo é que, segundo o site do “China Morning Post” citando alguns analistas asiáticos, há já países da área do Sudeste Asiático (Filipinas, Singapura e Malásia) que começam a perceber que, num caso de uma guerra EUA-China,dificilmente poderão ser neutros e a dissecam os prós-e-contras de quem deverão apoiar, e cito, «(que) superpotências em conflito em seu próprio quintal» (ver em: https://www.scmp.com/week-asia/politics/article/3101977/us-china-war-whose-side-southeast-asia-philippines-singapore-and)

Na Síria, quando tudo parecia indicar que o senhor Trump ia mandar regressar as tropas norte-americanas, dado já ter expulso e derrotado o Estado Islâmico (#Daesh) (mais ou menos sic) eis que volta atrás e para gáudio dos seus apoiantes multimilionários petrolíferos (será que é mesmo para interesse destes ou interesses eleitorais de Trump) mandou ficar as tropas para defesa do petróleo sírio. E, com isso, parece ter criado algum esbarro com as forças russas na área.
Recentemente, um grupo de viaturas militares norte-americanas terão sido abalroadas por uma outra coluna russa, com feridos entre os militares norte-americanos. A consequência foi o comando norte-americano em reforçar tropas na área (perto de 100 soldados, blindados, sistemas de radar e caças – ler em: Público, de 20.Set.2020, pág. 24) para, e cito, «“garantir que são capazes de derrotar a missão do ISIS [Daesh] sem interferências” (segundo o oficial Bill Urban, porta-voz do Comando Central americano, em resposta ao The New York Times, e que reforça) “Os EUA não procuram o conflito com nenhuma nação na Síria, mas não deixarão de defender as forças da coligação, se isso for necessário” (ler em: Público, de 20.Set.2020, pág. 24); mas “segundo um alto responsável militar ouvido pela agência sob anonimato, os reforços visam avisar a Rússia para evitar acções provocatórias contra os EUA e os seus aliados na zona”» (idem).

Tudo muito interessante, principalmente a altura e quando todos sabemos que os norte-americanos respeitam muito os feitos extramuros no que tange à defesa da imagem militar norte-americana.
Algo que, recordemos, o senhor Trump, não poucas vezes, desprezou, como recordamos o que ele pensava de um antigo candidato presidencial republicano, John McCain,
que esteve cativo de forças vietcongs e norte-vietnamitas durante 3 anos e que Trump, por mais de uma vez, destratou, ao ponto de McCain exigir que Trump não se fizesse presente no seu funeral…

05 setembro 2020

Não estará a Fundação AAN, uma vez mais, a se exceder?

Quer-me parecer que esta polémica relacionada com o cidadão Carlos Manuelde São Vicente e a eventual cativação de contas na Suíça e o comunicado da Fundação António Agostinho Neto (FAAN), ainda vai criar um bom imbróglio à Fundação.

Primeiro o cidadão em causa, quer a FAAN queira, quer não queira é genro do Dr. António Agostinho Neto (AAN) (mesmo que o casamento tenha sido pós-morte do primeiro Presidente de Angola – a redundância, logo na primeira linha de terem escrito "república popular", ainda por cima, em letras minúsculas, porque era mesmo nome da República e não, só, o tipo de sistema, faz parecer estarem saudosos desta tipologia republicana – não deixa de ser genro; salvo se está separado da filha de AAN e não o sei);

Segundo, o cidadão em causa, creio que não está detido, nem é arguido na Suíça ou em Angola – e só me refiro à cativação dos cerca de 900 milhões de dólares das contas particulares do antigo presidente da seguradora da Sonangol, a AAA, S.A.– mas as autoridades suíças aguardam por clarificação da proveniência dos referidos fundos;

Terceiro, a FAAN em vir a terreiro fazer as acusações que está a fazer de falta de respeito pelo primeiro Presidente de Angola, num caso de Justiça que, por acaso, tem como figura principal um genro de AAN, é não só absurdo, como parece ser extemporâneo na sua extensão; fico com a ideia, e este já não é um primeiro comunicado em que a FAAN parece “se estender a todo o comprido” por inoportuno e inconsequente, que já será altura da Fundação rever que está à sua frente, ou seja, quem a gere e, caso a República de Angola tenha alguma participação na Fundação, mesmo esta sendo oficialmente privada, do Ministério correspondente levantar esta questão, e substituir os gestores que não parecem defender, devidamente não só a Fundação como, e agora sublinho, reproduzindo uma das frases do comunicado, o primeiro Presidente de Angola, pelo «seu nome e a sua memória de pessoa falecida merecem o respeito de qualquer país» (não compreendo aqui o porquê de o “qualquer país” (sic no comunicado, 2º§, 5ª linha), como se nós fossemos mais que um País);

Finalmente, não vi, até hoje, qualquer acusação ao cidadão, em causa, nem à Fundação, mas, tão-só meros factos associados. Provavelmente se dissessem “Fulano de tal”, que, tal como eu, muitos não se recordariam quem fosse, a primeira impressão, normal na “vox populi”, é, ou seria, mais um que fugiu com dinheiro do Povo, ou seja, era já condenado sem que um qualquer Tribunal– Nacional ou estrangeiro – o fazer ou sem ser um arguido; facto normal na actual “zoocidade”.

Identificando o cidadão, no caso o senhor Carlos São Vicente, talvez as pessoas sejam mais comedidas no que tange a AAN – para a maioria tem uma imagem positiva e que, para muitos só terá mácula na questão do 270577 – ao contrário do que seria se o cidadão tivesse algo com a família do Presidente José Eduardo dos Santos – uma imagem mais recente e que muitos associam a factos menos claros na gestão do País.

Repito, até porque o nome de António Agostinho Neto não é propriedade de uma Família ou de uma Fundação, mas da História de Angola, que será altura de ser revistos os Estatutos da Fundação e o seu verdadeiro enfoque organizacional.

Não é a primeira vez, nem será a última se isto não acontecer. Para a Fundação – melhor, par certas pessoas que estão na Fundação – e para alguns membros da Família de AAN nada se pode fazer ou escrever sobre o mesmo sem lhes solicitarem autorização.

Repiso, de novo, o nome de António Agostinho Neto, a partir do momento que se tornou numa figura pública e no primeiro Presidente de Angola, deixou de ser titularizado pela Família ou pela sua Fundação, mas é um incontornável Nome da História de Angola

Para o mal ou para o bem – cada um interprete como entender –, primeiro, Agostinho Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto, como Nacionalistas, e depois, no caso de AAN,  tal como no de José Eduardo dos Santos ou, agora, de João Manuel Gonçalves Lourenço, como Presidentes, ao entrarem no galarim da Vida Nacional deixaram de ser meros nomes familiares e de familiares, mas Nomes da nossa História.

É bom que certas mentalidades comecem a entrar no século XXI e no direito ao livre pensamento, em que este entre na injúria como parecem, muitos querer fazer crer só porque não seguem as “linhas orientadoras” habituais!