Na recente viagem – a primeira a um país de língua oficial portuguesa, que não Portugal, claro… – fui abordado para dar a minha opinião sobre o que poderia antever dessa visita. Por lapso, certamente, ou por deficiente na audição da conversa telefónica em que possa ter havido interferência que colocasse dúvidas na sua audição, o meu entrevistador, por acaso, jornalista do Novo Jornal, repito, certamente por lapso, colocou no texto que eu teria dito que o PSD, o PS e o MPLA seriam partidos comunistas, o que não corresponde à verdade.
Recordo-me, por causa das boas relações que sempre houve
entre partidos portugueses e o Governo de Angola, liderado, desde a
independência pelo MPLA, de ter falado no PSD e de ter afirmado que no caso do
PS e do MPLA, essa relação até era mais consistente, dado ambos pertencerem à
Internacional Socialista (talvez a deficiente audição esteja aqui…). E até
falei nas boas relações que existem entre o MPLA e… o CDS-PP que, não me
recordo de as ver citadas
Bom, honestamente, e verdade seja dia, num país onde já
quase predomina o 5G, no caso de Portugal, não poucas vezes as chamadas caem,
mesmo as chamadas, “ditas normais”, quanto mais as via Whatsapp, embora a
chamada tenha sido via “normal, mais natural ainda que em Angola, onde é o 4G
que procura assentar, as “audições”, por vezes, sejam e se tornem, difíceis.
E como sou acusado de, por vezes, falar muito depressa,
principalmente em matérias que me são muito próximas, daí, continuo a dar o
total benefício e dúvida ao jornalista que me entrevistou. Por exemplo, ainda
ontem numa entrevista sobre uma outra matéria, pediram-me que fosse menos
rápido porque estavam a ter dificuldades em compreender algumas partes; esta conversa
foi via Whatsapp e não sei quando será publicada – se for…
Mas recordemos, um pouco como tem evoluído – e já muito
debatidas – desde sempre as relações entre os dois países e, a recente tomada
de posição do primeiro-ministro português Luís Montenegro, face à Oposição, na
visita que fez a Luanda.
As relações entre Portugal e Angola têm sido históricas e
complexas, e têm evoluído ao longo dos anos, especialmente desde a
independência de Angola em 1975. O laço entre os dois países é influenciado por
laços históricos, culturais e económicos, e começou a ser redefinido após o fim
da guerra civil em Angola e a descentralização de sua economia, levando Portugal
a cada vez mais procurar reforçar a sua presença económica em Angola, aproveitando
a busca do país em tentar continuar a diversificar as suas parcerias e
investimentos externos.
Só que a questão das reformas económicas em Angola, a luta
contra a corrupção e a promoção dos direitos humanos continua a ser factores
chave que influenciam as relações entre Angola e muitos potenciais
financiadores.
Todavia, não devemos esquecer a “fama” e o “proveito” que o
“Corredor do Lobito” tem, e continua a obter, juntos de muitos investidores,
seja, portugueses, belgas, suíços, norte-americanos – principalmente – e de
outras nacionalidades que começam a se perfilar para integrarem a “Lobito
Atlantic Railway” (LAR) que explora este corredor ferroviário e a sua ligação
ao porto do Lobito, bem como o interesse o Interland Africano em aproveitar
esta importante infra-estrutura.
Sobre Luís Montenegro, enquanto líder do PSD (Partido
Social Democrata) em Portugal, a sua posição em relação a Angola, era uma, a de
relações entre partidos e organizações políticas luso-angolanas. Naturais, ou
estas não fossem muito cordiais – diria, muito boas – entre o PSD e Angola, com
algum especial destaque, para as relações entre o PSD e o Governo de Angola
(liderado pelo MPLA).
Agora, já, propriamente, sobre a visita de Montenegro,
enquanto primeiro-ministro, pode ser interpretada através do prisma do realismo
político e das relações bilaterais. Montenegro tem enfatizado a importância das
relações de Portugal com os países africanos de língua portuguesa, mas a sua
abordagem pode ser sensível ao contexto político interno de Angola e às suas
implicações para a oposição.
Por isso, ainda que, porquanto observador angolano possa
considerar pouco cordial, já como analista e académico o não ter mostrado “capacidade”
para falar com a oposição angolana, pode ser visto como um reflexo de uma
estratégia política mais ampla que evite evidenciar posicionamentos que possam
ser considerados intervencionistas e, ou, intromissores.
Essa hesitação pode ser motivada pela preocupação com as
repercussões que uma tomada de posição pública possa ter em termos de
diplomacia ou estabilidade bilateral. Além disso, muitas vezes, figuras
políticas optam por não se envolverem em dinâmicas internas de outros países
para não comprometer as relações diplomáticas ou para evitar acirrar tensões e
criar novos “casos irritantes” que possam levar a consequências imprevistas.
Assim, a posição de Luís Montenegro e do PSD em relação a
Angola poderá ser entendida no contexto das dinâmicas políticas e económicas,
bem como das suas implicações para as relações bilaterais e a segurança
política numa região já marcada por suas próprias complexidades.
E o recente “debate” que as ONG da Sociedade Civil
levantaram aos Procuradores-gerais de Angola e Portugal sobre Isabel dos Santos
e os activos nacionalizados e vendidos por Portugal e ainda – supostamente –
não canalizados para Luanda, é mais um facto que leva – presume-se – a posição (equi)distante
de Montenegro face à Oposição Angolana e à comunicação com as questões levantadas.
Daí que, repito e tendo em conta uma recente análise do
Africa Monitor, sobre o referido distanciamento de Montenegro face à Oposição –
não se sabendo que entre Montenegro e Adalberto Costa Júnior parece haver uma
ligação directa entre ambos, enquanto líderes partidários –, a posição do
primeiro-ministro português, não surpreende.
Realmente, como poder-se-ia surpreender quando, antes da
visita, a Amnistia Internacional e a própria UNITA solicitaram a Luís
Montenegro que, e cito de memória,
em vésperas da sua visita a Angola, que aproveitasse a ocasião
para abordar com as autoridades de Luanda, várias questões relacionadas com os Direitos
Humanos e com as liberdades cívicas e políticas que, na opinião deles,
consideram estarem, de forma sistemática, a ser violadas pelo regime.
Ora, sejamos honestos, como poeria um primeiro-ministro que
ainda está nos primeiros degraus da sua liderança política, ir, logo na sua primeira
visita a Luanda (e a Benguela – parece que se esqueceu que Lobito é a sede do
ois empreendimentos; pelo menos não li que tivesse ido à minha cidade, ou
estarei errado… também…) –, criassem um… irritante?
Até lá,…
Lx, 8.Agosto.2024
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