Por vezes há países e/ou regiões político-económicas que gostam de ser o capacho ou fazer o jogo sujo de terceiros. E fazem-no ma melhor das suas aptidões como se fosse a coisa mais natural porque foi isso que o(s) seu(s) parceiro(s) assim o desejou mas que, por razões de momento, não poderão, segundo assim o pensam, fazer.
Vem isto ao caso da recente iniciativa Ocidental de penalizar o Irão por causa das denúncias da a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) – cujo principal patrão, é os EUA – suspeitar que o actual programa nuclear do Irão tem fins militares.
Perante estas eventuais pertinentes delações, a União Europeia, perdão, os líderes diplomáticos da União Europeia, decidiram fechar hoje a pasta que pondera impor ao Irão um embargo ao consumo (leia-se, importação) do seu crude.
Mesmo que, contingentemente, o Irão decida, arbitrariamente e ao arrepio das normas internacionais, fechar à navegação o estreito de Ormuz por onde passa mais de 60% do petróleo consumido a nível mundial, provocando com isso não só a ira dos Ocidentais e, em certa medida, também dos chineses (pouco), como, ainda mais grave, considerar como sua uma parcela que pertence a Oman.
E tudo isto baseado no facto do Ocidente, no alto da sua preventiva sobrevivência, temer que a campanha iraniana pelo enriquecimento do urânio, lhe possa permitir usufruir de condições para criar uma arma nuclear.
Não se contesta este receio até porque os iranianos já dispõem, segundo eles próprios e alguns dos seus aliados, de mísseis balísticos com capacidade para chegar a algumas das principais cidades europeias.
Sublinhe-se, unicamente, às cidades europeias e, por exclusão de partes já que são os seus recentes ancestrais inimigos religiosos – e só por isso e nada mais – os israelitas (leia-se, judeus).
Ora, se só chegam à Europa (e mesmo nesta nem em todas) – e aqui incluo, naturalmente, algumas regiões russas, mesmo que asiáticas, – e aos seus oficiosos inimigos árabes, os ditos moderados, – o grande dificuldade e óbice do Irão é não poder ser considerado árabe – e não chegam aos EUA, o seu “enorme” inimigo, a par de Israel, porque é que a União Europeia avança com as citadas sanções?
Vontade de ser vítima ou justificar a queda da sua unidade monetária, o Euro, ou dos seus eternos problemas político-económicos?
Ou seja, parece que a União Europeia continua a ser a lança de ataque de terceiros – recordam-se da Líbia? – e, neste caso, o seguidor das necessidades políticas e militares dos EUA (esta não é uma época privilegiada para iniciativas polítco-militares que ponham em causa as eleições presidenciais) e dos outros.
Ou será que os “simpáticos” ministros da relações exteriores eurocratas estão a ser os executantes – só para não chamar de contínuos, porque poderia insultar esta respeitável classe laboral, – das vontades dos euro-nórdicos (Noruega e Reino Unido/Inglaterra) bem assim, dos os russos, por acaso os principais – únicos, ainda – produtores de crude na Europa.
Ou seja, a UE vai continuar a meter a cabeça na trampa (na tuge) e os outros é que ganham dinheiro e sossego.
E, depois, ainda vem a União Africana parecer querer seguir as pisadas dos eurocratas quando deseja criar mais uma casa a partir do telhado: a livre circulação de capitais, bens e serviços a partir de 2017 sem ter criado condições para a integração plena dos países-membros...
Tenham dó!
Publicado no semanário Novo Jornal, edição aniversariante 210 (4º ano), 27/Jan./2012, pág 21.
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