"Desde há umas épocas que o al-Bahr al-al-Abyad Mutawassiṭ (nome árabe do
Mar Mediterrâneo, cuja tradução literal é Mar Branco do meio ou Mar Interior) é
o palco de imagens e meio de fugas marítimas de migrantes e refugiados para o
continente europeu visando procurar melhores condições de vida ou salvação das
suas vidas em zonas de risco económico e, ou, militar.
Quantas
vezes não assistimos a imagens televisivas de magrebinos e africanos das zonas
entre o Sahel e centro-africano tentarem fugir para as possessões espanholas em
Marrocos, Ceuta e Melila, procurando passar por cima de muros e vedações que
circulam aquelas cidades hispano-marroquinas e, através delas, chegarem ao,
aquilo que para ele é, o El Dourado económico, social e, pelo menos, isento de
conflitos armados.
Só que as situações pontuais que se verificavam
foram substancialmente alteradas.
Primeiro na Líbia, aproveitando a onda da Primavera
Árabe, devido a intervenção armada para derrubar o ditador – assuma-se o título
que lhe pertencia claramente – Muammar Kadhafi (ou Khadafi, ou al-Gaddafi).
Um ditador que “sustentou” alguns políticos e líderes europeus (Blair ou
Sarkozy, só como exemplos). Interessante; e o resultado está à vista.
Depois de uma periclitante estabilidade política e
militar pós-intervenção o país – considerado por muitos como um exemplo de
estabilidade social (ainda que manufacturada e dominada pela cúria kadhafiana)
– entrou numa espiral político-militar cujas consequências estão à vista de
todos os que a provocaram.
Sabe-se, hoje, que a Europa pagava
a Kadhafi para manter no seu país muitos dos migrantes que tentavam aceder ao
Continente Europeu. Recordemos a quantidade de africanos que regressatam a
alguns dos seus países bem armados e de onde emergiram grupos extremistas e
jihadistas bem armados cujas actividades continuam bem evidentes: Boko Haram
(Nigéria, Camarões e Chade), Al Qaeda no Magrebe Islâmico – apesar de ter sido
criado em 1998, inicialmente sob o nome de Grupo Salafista para Pregação e
Combate, recrudesceu com a queda do ditador líbio –, Ansar al-Sharia (Líbia e
Tunísia), ou o Ansar Dine (Mali). (...)" (continuar a ler aqui)
Publicado no semanário Novo Jornal, edição 401, de 9-Out.-2015,
página 20 (1º Caderno)
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