Este termo desde sempre
foi associado – dito como “inventado” – aos helénicos atenienses (os
antecessores dos actuais gregos). E segundo aqueles ou os que os estudaram, a
expressão “Democracia” vem da composição (aglutinação) das palavras “Demos”
(Povo) e “Kratos” (Poder) – o Povo no Poder! (uma bela expressão, mas...) Era a
Democracia Ateniense ou Democracia Directa ou o primeiro tipo de Democracia!
Mas, recordo que há uns
anos, o antigo líder líbio, Muammar Kadhafi afirmava que a Democracia tinha
surgido em África, ainda que com matizes um pouco diferentes do que verificamos
no Ocidente. Para ele, o Ocidente tinha adaptado a original democracia aos seus
interesses e às suas vontades. Daí que se denominava, e com pertinência,
Democracia Ocidental.
Em contraponto havia
(há) a chamada Democracia Socialista assente nos princípios de Marx, Engels e
Rosa de Luxemburgo, readaptados por Vladimir
Ilyich Ulyanov (ou Lenine), por Iossif Vissarionovitch Djugashvili (ou Josef
Staline) e por Leonid
Ilitch Brejnev (com a Doutrina da Soberania Limitada ou Doutrina
Brejnev) – isto na antiga União Soviética – e por Josip Broz Tito, na
ex-Jugoslávia.
Mas também houve Democracia Populares assentes em
princípios da Ditadura do Proletariado estudadas e difundidas por Mao Tsé-tung (ou Mao Zedong) na China Popular e por Enver
Hoxha (ou Hodja, na Albânia e que num Discurso pronunciado, em 20 de Setembro de
1978, numa Reunião do
Conselho-geral do Partido Trabalhista da Albânia, a denominava de
“Verdadeira Democracia”). Recorde-se que Luanda chegou a adoptar este tipo de
democracia de proletariado com os comitês populares em alguns bairros populares
da cidade da Kianda.
Com o também houve a “Democracia
Mexicana” onde um partido, o Partido Revolucionário Institucional (PRI),
durante mais de 70 anos perdurou no Poder – havia eleições com partidos
oposicionistas mas a “vontade popular” dava-lhe sempre entre maiorias
qualificadas e maiorias absolutas – de registar que o PRI é um dos partidos
fundadores da Internacional Socialista; mera coincidência – levando muitos
académicos e analistas políticos mexicanos afirmarem que as eleições mais não
eram que simulações de votação e aparente democracia; note-se que este tipo de
sistema foi e tem sido copiado por alguns países…
Ainda recordando as
palavras de Kadhafi sobre a genealogia africana para a democracia, Kiesse/Ôlo,
na sua recente obra “Favos de Mel, Salalé Três Três os reis do Kongo” recorda
que África sempre foi a casa-mãe da Democracia, tão ancestral quanto a vindo
dos povos Ba Nto (ou Banto – “As Pessoas”) das terras norte-africanas do
Egipto, como recordavam os seus avós ao afirmar que «Ambuta zetu, batuka kuna Ngipito» (Os nossos mais velhos [os antepassados, os dikotas] que
saíram do Egipto), e que os nossos Reis sempre souberam respeitar os direitos
dos seus Povos, nomeadamente os anciãos, ouvindo-os sempre que as
circunstâncias o indicavam e seguiam as suas sugestões: poder-se-ia dizer que
havia um certo tipo de Democracia régia popular.
Se havia estas,
dir-se-ia, grosso modo, sub-espécies de Democracia, como outras que alguns se
arrogam de denominar democracia mas que desta nada têm, salvo a preservação dos
mesquinhos e autocráticos seus interesses pessoais, há agora uma nova
sub-espécie: a Democracia Brasileira.
O que se assistiu no
passado domingo na Câmara de Deputados da República Federativa do Brasil, foi
simplesmente irreal! Ou talvez não! (...)" (continuar a ler aqui)
Publicado hoje no semanário Novo Jornal, edição 428, página 19, 1º caderno.