A equipa redactorial do
Folha 8 elegeu como as duas figuras do ano de 2016. Pela positiva é Marcolino
Moco; e o presidente José Eduardo dos Santos, pela negativa, e
sobre isso solicitaram, enquanto angolano e investigador, a minha opinião.
E é nesta condição, e
unicamente nesta condição, que tentarei transmitir a minha opinião a estas duas
importantes figuras do panorama político nacional.
Deixem-me que diga que haveria outras personalidades
– individuais e, ou, colectivas – que poderia ter encimado a lista da redacção
do semanário Folha 8. Não sei quais foram os critérios que a equipa levou a escolher
estes – por certo que o arquivo permite-lhes melhor que a mim definir os
escolhidos – e é sobre estes que opinarei, ainda que possa não deixar de dar
algumas sugestões que, segundo a minha convicção poderiam ser, também elas, os
números “um”.
Não foi só este ano que Marcolino Moco tem emergido
como uma das nossas figuras políticas e académicas nacionais mais importantes.
É certo que, indiscutivelmente, a sua tomada de posição face a certos e pouco
atraentes desequilíbrios sociais e políticos ocorridos no ano que findou terá
levado que emergisse como a figura número um.
Destaca(ra)m-se as críticas e sugestões que tem
feito no seu portal para uma clara melhoria na vida política nacional, mas,
parece-me que foi a sua frontal tomada de posição face a uma manifestação –
mais uma que ocorreu durante o ano no país – de contestação à nomeação da
engenheira Isabel dos Santos para dirigir a maior empresa produtora e
exportadora nacional, a SONANGOL, que o fez suplantar personalidades como o
“caso 15+2” ou a ONG, OMUNGA (na área colectiva), ou o advogado e jornalista
Willian Tonet (santos em casa também podem e devem fazer milagres), o jornalista, escritor e professor universitário
Ismael Mateus, ou Luisete Macedo Araújo que frontalmente critica a forma de
eleição presidencial e já se disponibilizou, para, uma vez mais se candidatar
por uma organização política onde ela possa transmitir as suas ideias política
para o País.
Se pela positiva poderia haver mais
candidatos a liderarem a lista, também pela negativa essa posição poderia – e
teria – ter, e talvez até com mais consistência, outras personalidades.
O Presidente José Eduardo dos
Santos foi o escolhido. Pessoalmente não sei se foi a escolha mais acertada –
repito, estamos a abordar o ano 2016 – dada a sua tomada de posição em termos
de futuro, como foi o caso de sair da vida activa política em 2018 e já não se
candidatar às eleições deste ano; é certo que, como São Tomé, estaremos cá para
verificar se a sua vontade imperou. Foi a escolha da redação do Folha 8 e,
respeito-a. Creio que a escolha deveu-se á forma como o País tem sido gerido em
termos políticos e sociais – será que ainda é o engenheiro José Eduardo dos
Santos, eleito, constitucionalmente e por via indirecta, Presidente da
República, face às constantes idas ao estrangeiro por razões de saúde (ainda
que oficialmente, digam que é de descanso, mas que são as próprias autoridades
locais onde o Presidente vai “descansar” que dizem ser “saúde”) que gere o
País, ou os que o ladeiam como estriges? – ou a nomeação, independentemente das
suas reconhecidas qualidades, enquanto gestora, da engenheira Isabel dos
Santos, sua filha
Ora, tal como para liderar a lista
das figuras mais positivas poderiam sugerir outras personalidades, nesta lista
da personalidade mais negativa, há uma que para mim, pelos impactos económicos,
sociais e políticos que acarretou encimaria, indiscutivelmente, a lista da
personalidade mais negativa de 2016: a SONONGOL.
E porque não, também, a figura
colectiva que mais tem vindo a crescer – e exponencialmente quando em véspera
de eleições – negativamente para o desenvolvimento económico, social e político
do País, e que são reconhecidos como “Bajús” e que o cartunista Sérgio Piçarra
tão bem denuncia nas suas pranchas?
E houve outras personalidades
individuais que pautaram por atitudes negativas na gestão da coisa pública ou
pela imagem muitas vezes negativas que fizeram transmitir através da desculpa –
que já começa a ser esfarrapada, por, na realidade, ser um sacudir de águas e
responsabilidades – de que tudo o que não é bom se deve a “ordens superiores”.
E estas têm sempre um visado…
Lx., 5/Jan./2017