21 agosto 2005

Palavras soltas em férias

1. Leio no DN, de hoje, que Francisco José Viegas fechou(?) o seu “Aviz” aquele que considero como um dos melhores blogues da blogosfera portuguesa e lusófona.
Esperemos que o seu regresso, em Novembro, através de um sítio pessoal como o DN noticia irá acontecer, nos traga de volta a Referência.

2. Image hosted by Photobucket.com Durante esta semana de férias aconteceu o que já se previa. O Supremo Tribunal de Justiça (o Tribunal Constitucional) guineense confirmou a eleição de João Bernardo “Nino” Vieira como presidente da República da Guiné-Bissau, chumbou o recurso interposto pela equipa de Malan Bacai Sanha.
O interessante não está na confirmação ou na rejeição. Está, isso sim, no acórdão ao considerar extemporâneo o referido recurso. Ou seja, os juízes guineenses desmarcaram-se da sua obrigação. Ouvir as partes e decidir em conformidade.
Mas também, depois do presidente português já ter mandado um telegrama de felicitações, na sendo do que o MNE português o já tinha feito, e dos franceses ofertarem dinheiro para Guiné-Bissau, quem iria contrariar uma Comunidade internacional que não queria ser conotada com a eventual ilegalidade que, segundo palavras da própria CNE, parecem ter realmente ocorrido?
O candidato derrotado, embora questionando a decisão do Supremo, parece ter aceite o acórdão; o pm Gomes Júnior remete para palavras de Yalá quando a dada altura afirmou “que os juízes (do STJ) foram demitidos porque não serviam os interesses do povo” e a ONU muito pilatica e salomonicamente pediu moderação aos dirigentes políticos guineenses e restabelecimento da ordem constitucional e a estabilidade no país e, ao mesmo tempo, exortou-os a absterem-se de actos que possam pôr em perigo todas diligências a favor da paz e da estabilidade no país.
Para isso muito terá de contribuir a Comunidade internacional ou o inimigo nº 1 de “Nino” aquele que se salvou da purga que levou à morte muitos dos seus camaradas de guerra não ficará quieto; quer queiram Portugal, França ou Senegal, quer não.
E, já agora, como vai ser o novo Governo do país? Um sistema de cohabitação política?

3. Em Angola, o juiz Caetano de Sousa, que já tinha sido o coordenador da CNE nas eleições de 1992, voltou a ser nomeado para as mesmas funções para as eleições de 2006.
Não quero aqui questionar da isenção e competência de Caetano de Sousa mas, considerando as acusações de falta de isenção e fraude ocorridas após as primeiras eleições multipartidárias do país não seria mais ajuizado poupá-lo e nomear uma outra personalidade com estatuto jurídico relevante?
Além de tudo mais, a chamada oposição civil (os POC’s) já questionaram a composição da CNE que consideram ter mais peso partidário que a de 1992.
Relembre-se que a CNE tem dois elementos nomeados pelos PR, seis indicados pela AR (três são do MPLA, dois da UNITA e um do PRS), um do Tribunal Supremo, um do Min. da Administração Territorial e outro do Conselho Superior da Com. Social. Interessante ver que um dos históricos da Libertação Nacional, a FNLA, não teve direito a indicar um comissário para a CNE.

4. 2 - 1: Lembram-se que houve no passado dia 18 (no mesmo dia do Portugal 2 Egipto 0) um amigável entre os seleccionados de Angola e Cabo Verde, com a taça ir para os angolanos?
Pois acreditam que só no dia seguinte consegui saber o resultado e só a TVI nos fez o favor de dar um pequeno resumo para as comunidades da diáspora.
Com serviços públicos assim quem precisa de outros?
Depois queixem-se que a lusofonia é algo cada vez mais distante.


5. Ainda em Angola a sensibilização que o Governo está a fazer junto da Comunidade Internacional para a doação de 1,3 milhões de dólares para o financiamento da terceira fase de campanha nacional de vacinação contra a poliomielite.
Se perguntar não ofende, onde estão os fundos do petróleo e dos diamantes e a linha de crédito da China que, por certo, não deverá ser só para grandes empreendimentos e cujos resultados ainda ninguém pôs o olho em cima.

6. Que nunca mais aconteça um “atira primeiro e pergunta depois”. Não estamos no Far West e nem o terrorismo é razão suficiente para isso. Já nada trará a vida a Jean Charles de Menezes. Mas pelo menos que os britânicos e todos aqueles que correram a achincalhar o nome o brasileiro tenham a honestidade de pedir desculpas à sua memória.
E entre comentadores portugueses (alguns com responsabilidades editoriais) li uns quantos que foram céleres em condenar a sua “fuga e sua pouco ortodoxa atitude”.

2 comentários:

Anónimo disse...

Só para fazer uma ressalva à crítica feita aos serviços públicos, a propósito do Portugal-Angola.
Não sei se foi porque você estava de férias, e então não teria acesso aos canais TVCabo... Mas o referido jogo foi transmitido EM DIRECTO e NA ÍNTEGRA pela RTP África às 18:00 do passado dia 18.
Portanto, desta vez não há do que se queixar.
Acho que o tal serviço público desta vez funcionou.
um Abraço

ELCAlmeida disse...

Seja a mão à palmatória.
Aceito o reparo e agradeço porque, de facto, one estava não tinha acesso aos canais da TV Cabo.
Todavia, não posso deixar de referir que nos noticiários da noite isso foi omitido: nem resumo nem resultados.
Um abraço ao distinto anónimo que esqueceu de se identificar.
Eugénio Almeida