(Fotografia © Mohamed El Ghany/Reuters, in DN/Globo)
O Continente africano está a ser varrido por convulsões políticas e sociais como há muito não se via.
Tudo evidencia que parece ter começado com a crise na Cote d’ Ivoire e que se estendeu à Tunísia e daqui para quase todo o Norte de África – parece que a Líbia é ainda o único “estável” – com ligeira passagem pela península arábica, mais concretamente pelo Iémen, e com retorno a África, ao Gabão.
De facto, tudo parece indicar que na potência do cacau terá começado esta crise social e política como se um “la Niña” político se tratasse. Parece, mas, sê-lo-á?
Creio que, na verdade, tudo começou na eterna política anglófona de “não se entendem que se separem” cuja a última consequência parece ser o Sudão onde se efectuou por pressão anglo-americana e beneplácito da ONU um referendo para a divisão do Sudão entre um Norte, islâmico, pobre – ou maioritariamente pobre – e onde impera a Sharia, e um Sul, cristão e animista, rico – demasiadamente rico em hidrocarbonetos – e onde subsiste uma continuada revolta social que poderá ser – será?! – eventualmente minorada com a independência.
De facto o que se passa no Egipto, mais que uma revolta social e política contra a autocracia, a corrupção e o desemprego, na linha do que aconteceu na Tunísia com a chamada “Revolução do Jasmim ”, é também uma crise religiosa entre radicais muçulmanos e cristãos coptas e que teve o seu início na noite de ano novo em Alexandria.
Uma natural sequência do referendo sudanês que irá dividir, como já atrás referi, o país em duas entidades político-religiosas diferentes e pouco dadas à coexistência!
E, claramente, os Irmãos Muçulmanos – ou Irmandade Islâmica, como também é reconhecida – já está a se aproveitar, dada a sua forte implantação social.
Ora aquele efeito político-religioso acabou por degenerar num ensaio político-social de proporções inimagináveis e com contestações em outros países árabes, nomeadamente, nos já citados, com particular destaque para Marrocos, muito próximo da entrada para a chamada Europa livre, e do Gabão pela proximidade de outros países onde a autocracia já se conta pela vintena de anos de poder ou pelo facto de haver, na zona, certas tendências separatistas.
E, segundo algumas “bocas” já há inúmeros telemóveis com acesso à Internet que podem acender indesejáveis rastilhos sociais e políticos de insondáveis e imponderáveis amplitudes…
Há, claramente, um “La Niña” político-social que as forças do poder não devem, de maneira alguma, descuidar como uma avestruz…
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Publicado no Perspectiva Lusófona, sob o título "Um "La Niña" político ou efeitos do tsunami anglo-americano"
1 comentário:
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