Na Líbia, como se previa, a queda de Kadhafi não seria sinónimo de paz e evolução político-militar. A situação no país está entrar numa rotina de preocupantes conflitos locais com os principais países ocidentais a mandarem sair os seus cidadãos, nomeadamente, da “pátria” da revolta líbia, Benghazi, em parte devido às ameaças dos grupos fundamentalistas islâmicos do Norte de África, ditos aliados da al-Qaeda.
No Egipto a oposição ao presidente islamita Morsi mantém o país sob um clima de forte tensão devido, segundo aqueles, ao facto dos islamitas da Irmandade Islâmica e de Morsi terem criado uma Constituição que fere os desejos libertadores constitucionalistas dos “fundadores” da alforria da Praça Tahrir, ou seja, igualdade entre os Povos e entre os Homens e as Mulheres.
Mas se nestes dois países a situação é
crítica, no Mali a conjuntura é de guerra aberta entre uma certa legitimidade
(não constitucional) e um déspota terrorismo. E porquê uma legitimidade não
constitucional e um terrorismo? Recordemos a evolução.
O Mali, em Março de 2012, foi alvo de
um Coup d’État (Golpe de Estado) levado a efeito por militares liderada pelo capitão Amadou Haya Sanogo (estranhamente e ao
contrário das directrizes da União Africana (UA), esta reconheceu o novo
Governo). Este golpe despoletou a crise subsequente levada a efeito por
tuaregues e aproveitada pelos islamitas pró-al-Qaeda.
Os tuaregues liderados pelo Movimento
Nacional para a Libertação d’ Azawad (MNLA), um movimento laico que também
agrupa islamitas não radicais defendeu a separação autonómica do Norte do Mali
(Azawad) no que foi aproveitado por radicais islâmicos para declararem a
secessão integral e respectiva independência do território.
Só que os independentistas não se
ficaram pelo território secessionado. Quiseram progredir para sul o que levou o
presidente interino, Dioncounda
Traoré, ao abrigo da Resolução 2085
da ONU, sobre o Mali, solicitar ajuda à Comunidade internacional, leia-se, à
França e à UA.
Recorde-se
que Traoré ascendeu ao poder através de um novo Golpe contra Sanogo, evocando a
retomada da legitimidade constitucional. Nada mais erróneo dado que desde 2002
que o Mali era governado por golpistas.
A
aproximação dos golpistas terminou em Konna – na região de Mopti, que já não faz parte de Azawad –, a cerca de 300 quilómetros a norte da capital, Bamako,
com a entrada na cena militar de forças francesas.
E aqui
volta a velha questão da franconização de África que o presidente francês
Hollande disse ter terminado. (...)" (continuar a ler aqui)
Publicado no semanário Novo Jornal, edição 263, de hoje, página 19 (1º caderno)
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