Na recente reunião da União Africana
(UA), onde o presidente etíope recebeu a presidência rotativa da Comunidade, a
problemática Guiné-Bissau foi abordada com o previsível confronto entre duas potências
regionais com interesses não só na região como na projecção da sua influência:
Nigéria e Angola.
Por Angola esteve presente o secretário de Estado das Relações Exteriores de
Angola, Manuel Augusto, que, segundo o África
21 Digital, terá afirmado que as reuniões, entre Angola, a Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com a Nigéria à cabeça, e
os restantes PALOP, devido à situação política na Guiné-Bissau, teriam sido
acaloradas.
De acordo com o
embaixador Manuel Augusto, houve – há – vontade da CEDEAO em forçar a UA levantar as sanções
contra a Guiné-Bissau porque, segundo os nigerianos,
“a situação já está normalizada e que há um governo de transição inclusivo”, fazendo,
provavelmente, um paralelo com a situação do Mali que, também estes, foram alvo
de dois Golpes de Estado e acabaram por ser “aceites” pela UA.
Segundo Manuel Augusto parece que
Angola e os restantes PALOP conseguiram fazer valer os seus argumentos no que
foram seguidos por outros países.
Houve, nesta reunião, uma clara
tentativa de marcar posições dentro do panorama político africano,
nomeadamente, na África Ocidental, com particular enfoque no Golfo da Guiné,
quer por parte da Nigéria – aproveitando os recentes encontros do seu
presidente em Davos – como por parte de Angola, potência emergente que prefere
mandar outros aos encontros presidenciais e ministeriais, que o seu presidente,
ora, legitimamente eleito (recordo que há uns anos, havia um país europeu onde o
seu Presidente do Conselho era conhecido por “ter ido” – sem ninguém o ter
visto – ou por nunca ir: e este tinha tomado o Poder…).
Por outro lado, a actual situação do
Mali veio, uma vez mais, pôr em evidência as carências político-militares dos
africanos. Só depois da intervenção armada francesa é que a Afisma, (“African-led International Support
Mission to Mali”
– força africana de cerca de 3464 soldados da CEDEAO), prevista após a
Resolução 2085, da ONU, começou a chegar ao País.
Uma força similar à
que deveria entrar na Guiné-Bissau para regularizar a situação militar dos
Bissau-guineenses. E do que se conhece só ainda lá estão algumas centenas de
militares nigerianos além das visitas regulares de superiores hierárquicos
militares senegaleses, outros interessados no actual status quo da Guiné-Bissau e que se mantém calados!
Este texto foi igualmente publicado no Notícias Lusófonas (Colunistas) e transcrito no portal do Pravda.ru
Este texto foi igualmente publicado no Notícias Lusófonas (Colunistas) e transcrito no portal do Pravda.ru
1 comentário:
Os guineenses estão tão divididos entre si, que talvez seja mais fácil entenderem-se os malianos, com a ajuda dos franceses, do que os guineenses com a "ajuda" dos vizinhos.
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