17 junho 2014

Os 100 anos da 1ª Guerra Mundial


(Soldados marroquinos na 1ª Guerra Mundial)

"1. Estamos a recordar, este ano o centenário da primeira grande guerra (1ªGG), ou guerra mundial (também dito, entre Nações colonialistas), que teve o seu início em 8 de Agosto de 1914 e o seu términus com o armistício em 1918, no dia da nossa Dipanda.

Para recordar esta data uma universidade privada portuguesa vai promover uma Conferência alusiva à data na qual vou participar com uma comunicação baseada nas participações africanas num conflito, inicialmente europeu e que depois de 1916 se tornou mundial com a participação de países como o Japão, os EUA, o Brasil e por arrastamento os territórios coloniais africanos e asiáticos.

Todavia, o começo da Guerra em África, e nomeadamente na África lusófona aconteceu logo em 1914, com as surtidas efectuadas por alemães aos então territórios portugueses de Angola e Moçambique. Em Angola, na zona do Cunene e em Moçambique na zona da foz do Rovuma.

Na realidade, se a intervenção militar africana no conflito teve logo o seu início em 1914, a verdade é que aquela começou muito antes com a guerra anglo-boer e com a tentativa de partilha territorial portuguesa conluiada entre a Grã-Bretanha e a Prússia (Alemanha), pelo acordo secreto 1898; era a partilha dos territórios portugueses de Angola e Moçambique entre as duas potências (a quase totalidade de Angola e a zona moçambicana do Niassa iam para a Alemanha; enquanto o sul de Angola e todo o restante território moçambicano eram entregues aos ingleses). Esta pretensão revogada por inoperância de Portugal – na realidade este acordo visava emprestar a Portugal, por parte das duas potências, uma larga fatia de fundos e como a fazenda portuguesa estava exaurida e não parecia ter possibilidades de pagar, o reembolso seria através dos territórios afro-lusófonos – voltou às câmaras diplomáticas anglo-germânicas em 1913, só anulada pelo conflito iniciado a 4 de Agosto de 1914.

Militarmente, a primeira investida alemã da 1ªGG em território português ocorreu em Moçambique quando, na madrugada do dia 25 de Agosto de 1914, pouco depois de definida a atitude portuguesa no conflito europeu – na realidade uma atitude de não acolhimento às pretensões germânicas mas sem as hostilizar, e que teria o seu apogeu com Salazar e a sua neutralidade colaborante –, forças provenientes do «Tanganika» (Tanzânia), dirigidas por dois europeus, atacaram por surpresa o posto de Maziúa, sito na margem sul do Rovuma, saqueando-o e incendiando-o; do acto, ocorreram algumas foram mortes, nomeadamente, a do chefe do posto, enquanto outros dispersaram ou foram tornados prisioneiros.

Todavia, já em 1894 aconteceu, por parte dos germânicos, um ataque e anexação de parte de uma região moçambicana de Quionga, (um pequeno território de cerca de 3000 km2, na margem sul do rio Rovuma, junto à foz), sendo incorporada na colónia germânica do Tanganica. Foi devolvida com o armistício de 11 de Novembro de 1918.


Em Angola, no caso o que nos interessa, houve diversas escaramuças resultantes da vontade alemã de juntar o sul do território à «Deutsch-Südwestafrika» (Sudoeste Africano/Namíbia). Duas das principais escaramuças verificadas ocorreram logo no início do conflito, entre Outubro e Dezembro de 1914, com o massacre de Cuangar, Cunene (Outubro), e quando um corpo expedicionário germânico proveniente das terras áridas do Sudoeste africano, lideradas por um tal capitão Weiss atacou e desbaratou o corpo expedicionário português na Batalha de Naulila (18 de Dezembro) na margem sul do rio Cunene, em território angolano dos cuamatos e junto aos territórios dos cuanhamas; um pouco a sudoeste da confluência entre os rios Cunene e do seu afluente Caculevar. (...)" (continuar a ler aqui).

Publicado no semanário angolano Novo Jornal, “1º Caderno” ed. 333 de 13-Junho-2014, pág. 22) /transcritos no África Monitor e no PINN-Portuguese Independent News Network)

12 junho 2014

Al-Sisi, o novo faraó do Egipto

(Tão colegas que nós éramos...; foto Internet)

Numa cerimónia perante o Tribunal Constitucional e transmitida pela televisão, o senhor marechal, na reforma Abdel al-Sisi (de seu nome completo, Abdel Fattah Saeed Hussein Khalil al-Sisi) que ganhou as presidenciais de 26 a 28 de Maio com cerca de 97% dos votos expressos, onde apenas pouco mais de 47% dos eleitores inscritos a votar, tomou posse o segundo presidente egípcio eleito democraticamente, declarando “em nome de Deus, respeitar a lei e a Constituição” egípcias e defender a independência da nação e a sua integridade territorial. Se não fosse dramático, tendo em linha de conta como a sua eleição ocorreu e como ela teve início – com o Coupe d’État (golpe de estado) contra o anterior e primeiro presidente eleito pelo voto secreto directo e universal, Mohammed Morsi, – a tomada de posse seria risível.

Acontece que o novo presidente egípcio é conhecido pelas suas inúmeras reencarnações. Ele já foi, logo após o golpe, a reencarnação de Muhammad Naguib, o general que liderou a revolta para derrubar a monarquia egípcia em 1952; posteriormente, se transformou em Gamal Abdel Nasser, o coronel que derrubou Naguib e construiu um sistema socialista ambicioso e manipulou o processo árabe e o médio oriente face às superpotências; agora, acha-se próximo de um tipo de líder mais autocrata e autoritário exemplificada em... pasme-se, António de Oliveira Salazar, um professor de economia política que governou, sob mão-rígida, Portugal durante quase quatro décadas, com início na década de 1930. Um sistema político que durou até 25 de Abril de 1974…

Coitado dos egípcios, coitada de África!

Só falta vir dizer que também é uma reencarnação de um qualquer faraó do Egipto antigo; ainda está a tempo de descobrir um cartomante que o diga ou ateste…

De recordar que o senhor marechal na reserva, al-Sisi, tomou o poder em 03 de Junho de 2013, com o derrube de Mohammed Morsi e do governo do Partido da Liberdade e da Justiça, umbilicalmente ligado à Irmandade Islâmica (dito, também, Fraternidade Islâmica ou Muçulmana) e eliminou toda a oposição, islamita, liberal ou laica. Um amor de pessoa que está, efectivamente e “de jure”, no poder desde aquela data…

De evocar que Al-Sissi – na altura do derrube governamental era o chefe do exército – estabeleceu, logo após o golpe, um governo interino, que instalou uma implacável e sangrenta repressão sobre os apoiantes de Morsi, em particular da congregação islamita, Irmandade Islâmica, que venceu todas as eleições desde a queda de Hosni Mubarak, no início de 2011, após as crises da Praça Tahrir.

Este é um mesmo senhor que, antes das eleições presidenciais (até aí foi, sucessivamente, primeiro vice-primeiro-Ministro e Ministro da Defesa), aceitou que os tribunais egípcios – levou bem à letra a separação de poderes entre o legislativo-governativo e o judicial, principalmente quando isso lhe convém – condenassem à morte centenas de egípcios, ditos próximos dos islamitas.

Pobre África que continua a ter dirigentes como o egípcio al-Sisi, ou Bissau-guineense António Indjai, que decidem superintender os destinos dos seus países através de golpes de Estado e da manutenção subsequente do status quo, directa ou indirectamente, sem que a União Africana consiga, de facto e de jure, anular estas alterações constitucionais de forma imperativa e justificada.

Em ambos os casos nenhum dos países foi suspenso da UA ou tornados párias. E não foi por razões de capacidade potencial; nesse aspecto tanto o Egipto, como a Guiné-Bissau são bem diametralmente opostos!


Talvez que pelas costas dos outros vejamos as nossas…

08 junho 2014

Dia Mundial dos Oceanos

(Garças na baía de Luanda, em Maio de 2009, foto ©Elcalmeida)

Porque hoje é Dia Mundial dos Oceanos, a minha recordação.

Recorde-se que este dia foi formalmente "inaugurado" a 8 de unho de 1992 com o Rio-92, e com o Earth Summit.

Pena que muitos continuem a olhar o Mar e os Oceanos como os seus privados depósitos de lixo, principalmente, lixos tóxicos.

04 junho 2014

Tiananmen, e vão 25 anos...


Há nove anos recordava a Liberdade esquecida; agora que se estão a recordar 25 anos da tentativa dos chineses em chegar à Liberdade política, Hong Kong recorda esta data com a inauguração de um Museu a perpectuar Tiananmen e com uma manifestação no passado domingo a exigir Democracia agora”, “Fim do partido único” e “Libertem Gao Yu”.

Na China como em outras partes do Mundo continua-se a exigir aquilo que alguns dirigentes teimam em negar: Liberdade política e Democracia "real"!